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Aprimoramento

Summary:

Aviva cria um novo chip de aprimoramento do traje animal, permitindo que Martin se torne versões realistas dos animais selvagens, entendo assim mais profundamente os instintos animais, porém, movido pela curiosidade e impulsividade, Chris Kratt utiliza o novo aprimoramento e uma nova falha do traje acontece.

Chris não deveria mexer naquilo que ele não entendia.

Notes:

Essa é a minha primeira fanfic, espero que gostem

Chapter 1: Sendo um pouco Martin

Chapter Text

Um ano

Já havia se passado um ano, Martin não aguentaria nem metade disso, meu irmão era ansioso e imediatista.

Aviva estava criando um novo aprimoramento do traje animal, onde tornaria as transformações mais realistas, abraçando ainda mais a ideia de trajes que abandonassem as características mais humanas, para assim melhorar o estudo sobre seus instintos e comportamentos. Porque o aprimoramento não só tornaria eles visivelmente mais parecidos com os animais da vida selvagem, mas também adicionariam seus instintos, todavia, sem abandonar seu lado humano racional.

Era uma linha tênue, que deveriam ter cuidado, por isso ela estava fazendo tantos testes e demorando tanto para adicionar esse aprimoramento nos trajes.

Já faz um ano desde o início dos testes, Aviva criou um pequeno chip que seria adicionado ao traje animal e daria a ele a opção de se tornarem animais ainda mais realista, quase abandonando a ideia de trajes híbridos que eles estavam acostumados a utilizar. Infelizmente, Martin tomou a frente dos testes e fui quase que completamente excluído do processo de aprimoramento, claro que poderia participar como observador nos testes, mas não era a mesma coisa.

Isso tudo me fazia lembrar dos primeiros anos daquela afiliação, onde Martin e Aviva trabalhavam dia e noite em diferentes laboratórios para criar o primeiro protótipo do traje. Ainda lembrava da minha primeira visão daquela invenção maravilhosa, era gigantesca, pesada e ligada a inúmeros fios, parecia pronta para explodir a qualquer momento, era difícil ver futuro naquilo, porém Martin me apresentou aquela geringonça através de seus olhos, mostrando um futuro onde eles, juntos, poderiam ajudar os animais e descobrir seus segredos.

Então, aquela invenção barulhenta se transformou em meu maior sonho.

Ainda lembro na primeira vez que Martin se transformou, foi em um simples cachorro de porte médio, mas foi quase mágico. Foi naquela transformação azul que vi meu futuro, junto do meu irmão.

Depois disso, Martin e Aviva apresentaram seu progresso para as universidades que vinham financiando o projeto, os acadêmicos ficaram maravilhados, depois disso novos investimentos foram feitos, não só pelas universidades, mas por laboratórios, milionários, centros de pesquisa e muito mais.

Não demorou muito para a necessidade de um meio de locomoção, já que a ideia do projeto era viajar pelo mundo e explorar todos os habitats. Foi neste momento que a primeira ideia da Tartaruga foi apresentada, porém houve um problema, Aviva não conseguiria fazer aquilo sozinha.

Neste momento chegou a aluna de engenharia mais brilhante da Imperial College London, a universidade mais prestigiada nas áreas de ciência, tecnologia, engenharia, medicina e negócios, a aluna que possibilitou a criação da Tartaruga, a aluna que gostava de ser chamada de Koki.

No início ele não gostava muito do meu irmão, suas personalidades eram bem diferentes, ela era sarcástica, séria e bem reservada quando não possuía intimidade, enquanto meu irmão era uma bola brilhante de alegria que conseguia ser amado por todos ao seu redor. Provavelmente, Koki detestava meu irmão por seu jeito alegre e distraído, porém ela acabou sendo conquistada depois de ouvir ele falar tão carinhosamente de mim.

Pelo menos foi isso que ela me disse.

“Achei muito fofo o jeito que ele demonstrava que gostava de você e com você por perto ele ficava bem menos no meu pé.”

Foi meio constrangedor, mas me deixou um pouco contente.

Faltando um ano para o Martin terminar a faculdade, Aviva e Koki apresentam o Jimmy, o piloto da Tartaruga. Ainda é um mistério, tanto para mim quanto para o Martin, onde elas conheceram o Jimmy, quando perguntam elas só respondem uma coisa.

“Era escuro e vazio, o mundo nem existia.”

Tenho uma teoria que elas o encontram no final do universo ou em outra realidade.

Bem, não importa muito. O ponto que em todos aqueles momentos não fazia parte daquela equipe, não tinha lugar entre eles, ainda era um adolescente que seguia animadamente os passos do irmão mais velho.

Bem, sempre foi assim.

Meu amor pelos animais veio de meu irmão, ainda me lembro da primeira vez que ele segurou minha mão e me levou para ver os novos filhotes de guaxinim que haviam nascido naquela temporada, eles eram fofos e gordinhos, Martin explicou seu modo de caça e o motivo das manchas em seu pelo. Aquele foi o primeiro de muitos outros animais, vi o mundo através dos olhos do meu irmão e entendi a vida por meio de suas palavras, na minha infância, Martin era tudo.

E de certa forma, ele ainda era.

Agora, enquanto via o início de um novo teste, me sentia novamente aquele adolescente deslumbrado e afastado, que não fazia parte da ação, mas era apenas um visitante enquanto meu irmão mais velho desvendava o melhor da vida. Era de certa forma inveja e um pouco de ciúmes, já era um homem adulto, quase chegando aos trinta, não era a hora de me jogar naquele sentimento.

– Vamos começar. – Aviva diz enquanto insere o pequeno chip de aprimoramento no traje animal do Martin, ativamente ele logo em seguida com um clique rápido em um dos botões superiores. – Martin, lembre-se que o botão de desativação vai sumir nesta forma, então você só vai conseguir voltar ao normal falando o código de desativação.

– Eu sei, Aviva – meu irmão fala pronto para começar os testes, parecia pronto para pular e correr ao mesmo tempo. Martin sempre foi um homem cheio de energia nervosa, talvez isso fosse por seu TDAH ou era apenas sua natureza alegre. – não precisa se preocupar comigo.

Aviva respira fundo e se afasta, dando espaço para o Martin, apesar de terem feito isso milhares de vezes, cuidado nunca é demais. Jimmy , Koki e eu estávamos atrás de um vidro de segurança, protegidos de qualquer descontrole que ele pudesse ter, já Aviva utilizava seu próprio traje animal e tinha um pêlo de urso em sua palma para qualquer eventualidade.

– Pode começar – Koki fala começando a gravar os dados que eram apresentados em seu tablet, onde informava a situação do traje em sua nova forma.

– Ativar o poder do leão! – naquele momento uma luz azul inundou a sala, dificultando a visão direta da transformação, porém, assim que a luz se foi um grande leão surgiu.

Se não fosse pela cor azul, ninguém poderia dizer que aquele não era um leão de verdade, era idêntico em tamanho e forma, tive dificuldade em acreditar que aquele era meu irmão.

– Um leão adulto – Jimmy exclamou surpreso.

O entendia, nas últimas transformações o Martin sempre se transformava em versões filhotes das criaturas, já que temiam que os instintos iniciais fossem fortes demais para o Martin controlar. Então os primeiros testes foram realizados na forma filhote, o que foi a melhor escolha, nos primeiros testes o Martin em versão de Diabo da Tasmânia correu para cima da Koki e quis mordeu ela como um filhote assustado, Chris teve que acalmar ele até que ele percebesse que estava seguro e voltasse a razão.

Só que o Martin havia se transformado em um leão adulto ao invés da versão filhote do animal, o que deixava ele mais legal do que fofo.

– Como os instintos estão mais controlados resolvi mudar a forma do traje para a versão adulta do animal, assim poderemos ir para a próxima etapa dos testes. – Aviva explica analisando a nova transformação.

– Bem, ele está bem estável, sem nenhuma oscilação – Koki afirma animadamente, mostrando o gráfico de cores vibrantes na grande tela para todos verem.

– Desativar o poder do leão. – Martin diz e o leão volta a ser meu irmão, que sorria todo bobo e orgulhoso. – isso foi incrível, consegui sentir tudo, não tinha aquela sensação de afastamento que os trajes normais têm, sentir como se o traje fosse realmente minha pele.

Isso parecia ser incrível, uma tecnologia acima de qualquer outra.

Queria sentir aquilo, nem que fosse uma única vez.

– Bem, da próxima vez iremos testar em campo, quero ver se a versão do guepardo corre tão rápido quanto o original e se você consegue respirar dentro d'água igual um peixe. – a engenheira começou a escrever loucamente em seu bloco de notas, parecia eufórica com a ideia de novos testes.

– Aviva. – a chamo, ela imediatamente olha para mim, me dando total atenção. – quando vou poder participar mais diretamente desses testes?

– Chris, ainda não é seguro para você. Deixa comigo. – Martin responde no lugar da Aviva, já a engenheira apenas concordou. – mas você me ajudar de outra forma, precisamos testar as diferenças de ambas formas do traje, que tal apostarmos uma corrida para decidir quem é mais rápido? – ele pergunta me puxando para perto, colocando o braço em volta do meu ombro. A animação do Martin era contagiante e não consegui resistir, me permitindo ser abraçado por meu irmão mais velho, que sorriu alegremente ao me ver facilmente derretido naquele meio abraço.

 Aviva sorrir com a interação, não era de hoje que ela abertamente demonstrava que achava a nossa relação fofa, a própria Aviva não tinha uma relação tão boa com a irmã mais velha, pareciam estar sempre brigando e discutindo, já que Alicia, não aprovava o modo de vida da irmã mais nova.

Não conseguia entender esse tipo de relação, Martin nunca pararia de falar comigo por conta das minhas decisões de vida, sempre seríamos próximos.

– Já está tarde, é melhor terminar os testes hoje. Amanhã iremos para a Savana Africana realizar a comparação – Koki diz desligando seu tablet.

– Vamos, meninos – Aviva os chama, com Jimmy, que já estava vestido com seu pijama de Mario, logo atrás dela. Olhei uma última vez para o chip de aprimoramento animal em cima da mesa de teste e fui até o Jimmy, com Martin logo atrás de mim. Uma pequena fila foi formada e Aviva guiava ela até o banheiro, onde todos iriam escovar os dentes.

O banheiro era bem grande, todos ficavam neles de forma desorganizada, com Jimmy, que estava completamente pronto para dormir, falando animadamente sobre o novo jogo que inventou para o Martin, que sorria animadamente, fazendo expressões de surpresa a cada novo detalhe que Jimmy contava. Aviva e Koki arrumavam o cabelo uma da outra. 

Uma vez perguntei o motivo do processo de colocar tantos tubos e panos no cabelo, elas disseram que era para acordar com o cabelo perfeito no dia seguinte, como achava os cabelos delas lindos, não questionei mais.

Entrei em uma das cabines, tirei a roupa e liguei o chuveiro. A água estava fria, Koki ainda não havia consertado o registro e a água quente não era uma opção, mas a noite estava quente e aquele não era um problema. Depois de um tempo ouvi a cabine ao meu lado ser ocupada e ouvir uma pequena reclamação da própria Koki.

– Esqueci de consertar essa merda – depois da exclamação da Koki, a risada do Martin e do Jimmy foram ouvidas.

Fui o último a entrar nessa equipe, eles tiveram quatro anos para se familiarizar uns com os outros antes da minha chegada oficial, mas mesmo assim, me sentia completamente parte dessa estranha família formada por pessoas completamente diferentes.

Martin era alegre e bobo, além de muito carinhoso.

Jimmy era nervoso e desajeitado, porém muito observador.

Koki era reservada e sarcástica, todavia, muito divertida.

Aviva era doce e protetora, com uma curiosidade inegável.

Fico me perguntando o que eu sou no meio deles.

.

.

.

Apesar das reclamações da Aviva e seu pedidos para irmos dormir cedo, Martin acabou vendo um pequeno escorpião e correu para ver qual era a sua espécie, o que nós levou para uma nova aventura tardia, um novo disco de poder animal e um novo animal para o acervo interno da tartaruga. Tudo isso resultou em uma noite perdida.

– Bom dia, galera – Jimmy diz enquanto deita em sua própria rede.

– Bom dia! – Aviva e Koki dizem ao mesmo tempo subindo nas respectivas redes. Tanto eu quanto Martin caímos no mesmo saco de dormir, já que estávamos com muito sono para abrir o outro, metade do nosso corpo estava para fora, mas o saco servia como um bom travesseiro e só isso bastava no momento.

Apesar do cansaço, não conseguia dormir, não conseguia tirar da minha mente o pequeno chip no andar de baixo da tartaruga, como se ele me chamasse para testá-lo. Sabia que meu traje animal era diferente dos outros, mas a base era a mesma, então se funcionava no Martin, também funcionaria comigo, isso era óbvio.

Séria rápido, podia ir discretamente para a sala de invenções, usar o aprimoramento, ver como era a sensação, me destransformar e voltar a dormir tranquilamente.

Com a decisão tomada, olhei para meu irmão para verificar se ele dormia e me levantei devagar, sempre checando para ver se ninguém da equipe acordava. Assim que estava completamente levantado, fui rapidamente para a sala de invenções, tomando cuidado com as armadilhas e alarmes, qualquer um deles estragaria meu plano.

Como havia ajudado a montar os alarmes desviei deles facilmente e logo estava de frente para o chip, que estava na mesa de inversões da Aviva, sem qualquer segurança. Peguei meu traje animal e o vesti, abrindo o seu compartimento antes de pegar o chip, com ele em mãos cuidadosamente adicionei ele ao traje, o traje brilhou levemente em azul, mas voltou a ser verde em um piscar de olhos, se adaptando ao meu traje animal.

E por um longo tempo permaneci ali parado, olhando para o meu traje e pensando se aquilo valia a pena. Não demoraria muito para Aviva atualizar todos os trajes, provavelmente levaria mais um ano, eu poderia lidar com mais um ano de espera, era a opção mais segura, sensata e precavida.

Apenas esperar, uma pessoa normal faria isso.

Esperaria.

Porém ele era Chris Kratt, seu caminho foi guiado por Martin Kratt, a pessoa mais cabeça de vento e impulsiva que conhecia.

Lembrando que neste modo não era necessário tocar em nenhum animal, pensei nas possibilidades e na rede de dados de animais inseridas no traje, com um único comando de voz poderia me tornar tudo.

Mas só um animal estava na minha mente.

– Ativar o poder do leão!

Com o meu comando toda a sala de invenções brilhou em verde, parecia um pouco descontrolado, mas a eletricidade corria sob minha pele e podia sentir meu corpo mudando para se adequar ao novo. Em uma transformação já conhecida cai ao chão.

Não conseguia me manter de pé, ao fim da transformação meu corpo doía, uma dor estranha, que se estendia por toda parte. Tentei chamar alguém, mas o que saiu da minha boca foi um pequeno ruído sofrido, tão baixo que nem se tivessem do meu lado ouviriam. Felizmente a dor foi aos poucos diminuindo e pude finalmente voltar a realidade, foi neste momento que senti a leve brisa em meus pêlos, o chão sob minhas patas e sentir minhas orelhas se mecherem.

Era diferente do traje tradicional, não parecia haver algo entre minha pele e a brisa, era como se o animal fosse eu e não o traje que me revestia.

Olhei ao redor, uma visão diferente dos meus olhos humanos, além disso, estava baixo demais.

Olhando para o vidro que guardava os trajes animais pude ver levemente minha aparência atual, para minha surpresa um pequeno e verde filhote de leão olhava para mim, se não fosse pela cor era impossível me diferenciar de outros filhotes da mesma espécie.

Porém, antes que pudesse pensar em mais alguma coisa relacionado a minha mais nova forma, algo muito perigoso surgiu em minha mente.

Não havia ninguém ao meu lado, a sala de invenções normalmente era bem pouco visitada depois de uma missão, estava completamente sozinho.

Então era isso que o Martin falava quando descrevia o sentimento do animal invadindo sua mente?

Sem pensar muito, levei meu pequeno corpo para o esconderijo mais próximo, rezando para ser encontrado.

“Martin”

Choraminguei em busca de uma ajuda que talvez demorasse muito para chegar.





 

Martin:

 

Despertei em um susto, apesar da minha desorientação, não foi difícil perceber o vazio no saco de dormir.

Chris não estava em lugar nenhum.

Provavelmente levantou para ir ao banheiro ou saiu para comer alguma coisa, nada para se preocupar, mesmo assim algo me incomodava.

Algo parecia errado.

Olhei ao redor, em direção ao trio de redes, tanto Jimmy quanto a Koki ainda dormiam profundamente, com o ruivo claramente sonhando, já que balbuciava algumas palavras desconexas durante o sono. Parei um pouco para entender o que dizia, infelizmente, a maioria das palavras que saia de sua boca eram incompreensíveis, o que dificultava e muito na minha tentativa de adivinhar o que ele estava sonhando, minha maior aposta que seja algo relacionado a comida ou a um novo jogo.

Espera, quase ia me esquecendo do mais importante, o Chris.

Ignorei o resto das palavras ditas pelo Jimmy e me levantei pronto para ir atrás do meu irmãozinho, Chris já deveria ter voltado.

Todavia, onde estava a Aviva?

A rede de cor roxa estava vazia, da mesma forma do Chris, a inventora não estava na sala principal da tartaruga. Talvez estivessem juntos, ambos gostavam de acordar cedo para tomar café, seu irmãozinho sempre ficava mais irritado quando não comia, enquanto Aviva acreditava que o café da manhã era uma tarefa que deveria ser realizada o mais cedo possível.

Sorri pensando nos dois e finalmente me levantei para encontrá-los.

Calcei meus sapatos, já que não planejava sair naquele dia, a aventura com o escorpião naquela madrugada já foi o suficiente. Com passos cansados ando em direção a cozinha compartilhada, porém a única pessoa que encontrei foi a engenheira, que falava ao telefone com alguém.

– Alicia, já te falei, não estou interessado no Tiago. – Aviva fala parecendo completamente exausta, não só pela falta de sono, mas pelo simples ato de falar com a própria irmã.

Não conseguia entender aquela relação, amava falar com meu irmãozinho, Chris era divertido e muito esperto. Só que isso não acontecia com Aviva e Alicia, duas irmãs de vidas opostas e complicadas, entendia que Alicia queria que a caçula fosse mais presente nos assuntos da família, mas a Aviva estava vivendo seu sonho, irmãos mais velhos deveriam entender isso.

Realmente, uma relação bem complicada.

– Estou morrendo de sono, não tenho cabeça para falar sobre isso agora. – a engenheira diz enquanto esvaziava completamente uma xícara de café e depois voltava a encher ela novamente. – não seja idiota, Alicia!

Me aproximo dela, o que faz ela se assustar um pouco, mas rapidamente se mostra bem mais relaxada ao me ver, com a sua permissão silenciosa, puxo ela para um abraço, lhe dando apenas o espaço necessário para falar ao telefone.

– Desculpe, não deveria ter gritado com você, só estou cansada – ela pede parecendo derrotada e pela sua aproximação, dessa vez consegui ouvir a resposta de sua irmã.

– Só estou preocupada, eu vejo as notícias, os lugares que vocês viajam, os perigos que vocês passam. Mamãe também está preocupada, quando você se tornou engenheira achávamos que você só consertaria algumas coisas aleatórias, viajar pelo mundo sem data para voltar nunca passou por nossas cabeças. – Alicia diz parecendo ainda mais exausta que a própria Aviva.

Nunca tinha ouvido a parte da Alicia nesta história, apenas escutando as reclamações da minha amiga, mas olhando através dos olhos de um irmão mais velho, conseguia entender sua preocupação. Só de pensar em passar meses sem saber se o Chris estava bem e seguro me causava arrepios, além disso conseguia pensar em dezenas de situações onde quase perdi o ar ao vê-lo em perigo.

Não saberia lidar com o Chris desaparecido.

Espera.

Chris estava desaparecido!

– Chris.

Soltei a engenheira, que me olhou confusa.

– Aviva, você viu o Chris?

 

Chapter 2: consequência

Summary:

Chris é encontrado e um antigo conhecido precisa se contatado

Notes:

Espero que gostem

Chapter Text

Martin:

 

Em algum momento do dia, o caos se instaurou na equipe Kratt, com o desaparecimento do membro mais jovem da equipe.

Chris estava desaparecido desde antes deles acordarem naquela manhã, Koki e Jimmy foram imediatamente acordados para ajudar nas buscas, a Aviva já olhava as câmeras de segurança, o que me deixava ainda mais frustrado, eles haviam desligado as câmeras hoje de madrugada enquanto se aventuravam com o escorpião. Basicamente, Chris estava completamente perdido.

– Ele não estava na sala de invenções, procurei e não o encontrei. – Koki fala assim que entra na sala de comando, junto com Jimmy, que também não parecia feliz com toda aquela situação – também não encontrei o traje animal dele, talvez tenha saído para dar um passeio, ele já fez isso antes.

– Ele nunca sairia sem antes avisar, a única vez que fez isso, ele voltou bem rápido – respondo olhando para o horizonte além das janelas amplas, ao longe avistei um papagaio, que falava algo que daquela distância não conseguia ouvir.

Isso não importava, sem meu irmão aqui, isso não tinha importância.

– Podemos procurar pelo rastreador do traje, adicionei um desde a última vez que um vilão tentou sequestrar vocês – Aviva diz voltando a sua atenção para a grande tela da sala de comando, suas esperanças pareciam renovadas, porém seu sorriso rapidamente se desfez. – não está aparecendo em lugar nenhum.

– Procure sua última localização – mandei com certa urgência, mamãe ia me matar pela falta de educação, mas estava preocupado.

– Aqui diz que sua última localização foi na sala de invenções, onde ela fica guardada. Isso não ajuda muito, sinto muito, Martin. – Aviva diz se afastando dos teclados.

– Chequei os vilões e eles ainda estão bem longe daqui, não acho que tenha sido eles dessa vez – a cada palavra que ouvia minha mente se distanciava cada vez mais, possuía muita facilidade neste requisito, minha mente sempre foi mais agitada que o normal. Chris foi o único que nunca me julgou por isso, disse que isso me ajudava a inventar as melhores brincadeiras e aventuras, mas sem meu irmãozinho, minha agitação mental não servia para nada.

Respirei fundo algumas vezes, ignorando a conversa que acontecia ao meu redor, aquele não era o momento para perder a cabeça com as minhas inseguranças. Olhei para o painel onde mostrava a última localização do traje animal, através da tela se podia ver que o último local conhecido do traje foi a sala de invenções, onde os trajes eram normalmente guardados, porém, ao analisar o pequeno ponto verde que indicava a sua localização pude ver uma pequena, quase inexistente, movimentação.

Quase como se o traje tivesse se movido por alguns centímetros.

– Aviva, pode checar se houve ativação do traje hoje mais cedo? – pergunto interrompendo a discussão que acontecia entre os outros membros da equipe.

Ela confirmou e imediatamente tomou o meu lugar na frente do computador, digitando algo que não entendia nas teclas idênticas, em poucos segundos um pequeno gráfico de energia de transformação surgiu. No gráfico mostrava os dados de energia que foram utilizados pelos trajes animais ao longo dos meses que se passaram desde a última recarga.

A maioria da energia estava em quase 100%, menos a do Chris, que não aparecia, o local que deveria indicar a energia do traje verde não estava presente.

– Isso não faz sentido, pelo histórico de ativação do traje do Chris, ele ativou uma única vez e isso foi o suficiente para drenar toda a energia armazenada. – Koki diz surpresa. 

– Isso não importa agora, talvez o Chris tenha se transformado em uma criatura pequena e o traje deu defeito por algum motivo misterioso, mas o importante nisso é a localização dele – apontei para a pequena bola verde que indicava a sala de invenções. – talvez ele esteja ali, só que miniaturizado.

– Isso faz sentido – a Aviva fala um pouco chateada, ela estava claramente angustiada com a sua invenção, mas sabia que a segurança do amigo era mais importante.

Não esperei por mais comentários, correr diretamente para a sala de invenções, ignorando os passos apressados que vinham atrás de mim. Aviva me chamava ocasionalmente, pedindo para ter cuidado ao correr pelos corredores da tartaruga, Jimmy reclamava da correria, mas não deixava de me seguir, já a Koki me seguia silenciosa.

Com a minha correria não demorou nem um minuto para chegar à porta da sala de invenções, sem qualquer excitação passei pela porta e fui direto para o local onde se guardava os trajes animais. No momento, o meu, o da koki e o da Aviva estavam presentes, mas o local destinado para o traje do Chris estava vazio.

– Irmãozinho, você está aqui? Mano?

Antes que pudesse chamar uma quarta vez senti algo pular em mim, um pequeno peso sobre minhas coxas, agarrado firmemente.

Assim que olhei para baixo avistei um pequeno filhote de leão pendurado com as garras em meu pijama de leão marinho. A pequena criatura miava tristemente, chorando por atenção, porém não foi isso que chamou a minha atenção, mas sim a sua coloração.

Verde.

– Chris?

Peguei o filhote nos braços e o abracei forte, quase esmagando a pequena criatura, lágrimas de alívio inundaram meus olhos.

– Nunca mais me assuste desse jeito, estou te procurando a horas.

Afrouxei o aperto e olhei para meu irmãozinho, porém não encontrei o brilho que normalmente encontraria, parecia um simples filhote, sem a mente brilhante e divertida do meu irmão. Só naquele momento percebi o óbvio, ele estava usando o chip de aprimoramento do traje.

Ainda lembro da primeira vez que utilizei aquele traje, a forma que minha mente ficou confusa e assustada, porém tinha meu irmão para me acalmar e me trazer para a realidade.

– Não se preocupe, Chris – falei aconchegando seu pequeno corpo no meu, da mesma forma que ele havia feito comigo.

Aviva escolheu aquele momento para chamar a nossa atenção, ao olhá-la vi sua expressão de reprovação, é bem provável que estava completamente focada no fato da utilização indevida do chip, que não estava nem perto de está pronto para uso.

– Chris, o que você pensa que está fazendo, te falei mil vezes que o chip de aprimoramento foi feito exclusivamente para o traje azul, o desenvolvimento de seus trajes são diferentes, apesar da base ser a mesma – a engenheira reclama se aproximando do Chris em meus braços, o pequeno filhote por sua vez se encolhe e se esconde.

– Aviva, você tem razão, meu irmão fez algo de errado ao utilizar algo sem a sua aprovação, mas até eu fiz isso antes inúmeras vezes. – criei uma distância entre a engenheira e o meu irmão, para deixá-lo mais tranquilo. – mas esse não é o momento de falar isso, ele nem está te entendo.

Só assim ela verdadeiramente olha para o animal em meus braços e ver que naqueles olhos não havia nenhuma consciência humana.

– Você lembra do meu primeiro teste, fiquei fora de ação por horas e só voltei a mim quando Chris me acalmou, me dando espaço para pensar, você reclamar com ele agora não vai ajudar em nada – explico calmante, sabia o quanto Aviva se preocupava com suas invenções, mas também sabia o quanto ela se importava com a gente.

– Desculpa, você tem razão. Mas não ache que ele escapou de uma bronca.

– Eu sei disso, não se preocupe.

Assim Aviva faz um sinal para Koki e o Jimmy saírem da sala de invenções para nós dar espaço. Só com o fechamento da sala que o filhote voltou a se acalmar, provavelmente demoraria um pouco para ele voltar a racionalidade, mas fazê-lo parar de tremer já foi um ótimo começo.

– Tudo bem, irmãozinho, estou aqui com você até você voltar.

.

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Chris

 

Estava mais escuro do que lembrava, além de estar bem mais quente.

Tentei me espreguiçar para tirar o sono do corpo, porém, por algum motivo externo não conseguir, como se algo ou alguém me abraçasse, já conhecendo meu irmão, sabia que era ele. Tentei reclamar de seu aperto, porém não consegui pronunciar seu nome, muito menos uma reclamação completa, ao invés disso a única coisa que saiu da minha boca foi um pequeno miado, muito parecido com o som de um filhote de leão.

Antes que pudesse surtar com essa nova percepção, uma pequena linha de luz apareceu em meu campo de visão e os braços que me apertavam se afrouxaram, revelando assim o olhar gentil do meu irmão.

– Boa noite, parece que dormiu o dia inteiro. – Martin diz acariciando minha cabeça, fazendo um pequeno carinho, tentei reclamar, todavia, não conseguir verbalizar a minha irritação. – Chris? Você recobrou a consciência?

Martin me colocou cuidadosamente no chão, o que me fez perceber o meu tamanho, estava minúsculo em comparação ao meu irmão, só que não me lembrava de ter utilizado o miniaturizador naquele dia. Respirei fundo e tentei lembrar dos acontecimentos que me levaram até ali, só que tudo era um borrão de sentimentos.

Surpresa.

Medo.

Solidão.

Então, ouvi uma voz familiar.

Felicidade.

Segurança.

Mas do nada houve um som alto, talvez gritos, era difícil saber.

Isso levou ao medo, mas não durou muito, já que pouco minutos depois surgiu a segurança e a sensação quentinha no pelo.

Pelo?

Olhei para o meu corpo e vi os pelos verdes que me cobriam, não só isso, mas também o formato de minhas patas e a sensação estranha na minha espinha.

Tinha dormido utilizado o traje animal de novo.

Não, não era só isso.

Então uma imagem surgiu em minha mente, o Chip de aprimoramento do traje, eu usei, para piorar, nem conseguir aproveitar a transformação, já que deixei os instintos animais dominarem a minha mente, o que não anormal para mim, vivia constantemente batalhando contra os impulsos do meu traje tradicional.

Que droga.

– Acho que sua expressão de frustração indica que você voltou ao normal. E você nem imagina o quanto a Aviva deseja reclamar com você, desde que te encontramos ela já veio sete vezes verificar se você já tinha recobrado a consciência. – com as palavras de Martin quase quis me jogar no chão e voltar a inconsciência, as broncas da Aviva eram as piores, da última vez que quebrei uma invenção dela ela me deixou de castigo, literalmente um mês sem usar o traje animal.

Martin ri de minha desgraça, mesmo sendo ele o responsável pela maioria dos surtos da Aviva.

– Bem, sei que é legal ser um leão, mesmo que em forma de filhote, mas acho melhor você voltar ao normal. – ele recomenda entregando as minhas roupas, isso me deixou com um pouco envergonhado, mas fazia sentido, nas primeiras tentativas da Aviva, as roupas nunca eram incluídas na transformação, a engenheira teve que fazer inúmeros ajustes para consertar isso, assim o Martin parou de perder suas roupas por conta das transformações. Isso levantou algumas dúvidas, já que a Aviva havia consertado esse problema, então por que ele acabou de acontecer comigo? E será que esse é o único erro?

Resolvi não pensar nisso agora.

– Pronto, agora é só falar. – Martin incentiva enquanto coloca a roupa ao meu lado.

Me posicionei em uma pose maneira e falei:

Um som saiu de minha boca, porém não foram palavras.

Merda, não conseguia falar.

 

Martin:

 

Poderia ser chamado de especialista nas expressões do meu irmão, Chris era famoso por ser um livro aberto, mesmo que fosse bem mais reservado do que eu. Mesmo na forma de um filhote, que limitava a mudança no seu rosto, sabia que algo estava errado.

– Irmãozinho, por acaso, você não está conseguindo falar? – seu rosto estampado com horror foi a única resposta que obtive. – não se preocupe, tenho as duas maiores engenheiras do mundo aqui para te ajudar, vamos ficar bem.

Coloquei a minha mão em meu ombro minúsculo, tentando transmitir segurança, porém a única coisa que obtive foi afastamento. Chris está travado em sua forma atual, o que provavelmente indica que ele quebrou o traje, vai deixar tanto a Aviva quanto a Koki furiosas, elas levaram anos para criar esse aprimoramento e estão fazendo testes pesados há um ano.

– Não se preocupe com elas, você está incrivelmente fofo, elas não vão conseguir brigar com você.

Isso era verdade, da última vez que ele acabou quebrando o braço mecânico favorito da Aviva, rapidamente me transformei em um filhote de coala e ela apenas me abraçou super forte, o que resultou em zero brigas.

Uma verdadeira vitória.

– Melhor a gente ir logo – estendi meus braços e o Chris imediatamente subiu neles, era hora de apresentar o problema para a Aviva.

 

Chris:

 

Martin estava certo, as meninas ficaram furiosas inicialmente, mas depois se acalmaram e começaram a me abraçar como se as vidas delas dependessem disso. Amava se amado, então só sair ganhando, sem broncas e cheio de abraços. Porém houve outro problema, minhas cordas vocais haviam se ajustado a forma de um leão, o que me impedia de falar como um humano, então dizer as palavras de desativação, era impossível.

A vontade de chorar era gigantesca.

Koki me devolveu para meu irmão e fomos juntos a sala de comando, onde as garotas começaram a trabalhar, Jimmy tentou dar algo para elas comerem, mas foi inútil, agora elas estavam focadas em resolver o meu pequeno problema. Não entendia nada de tecnologia, meus pequenos testes animais envolviam meias e lixos aleatórios, então não conseguia entender se elas estavam progredindo ou não em suas pesquisas.

O que era bem frustrante.

– Consta como se o traje do Chris estivesse desativado, assim como havíamos visto antes, todavia, agora que sabemos o que procurar podemos ver que o chip de aprimoramento está agindo com força total – Koki fala depois de horas em completo silêncio.

Aviva surgir do completo nada e conecta alguns fios multicoloridos em mim, principalmente em meu peito, onde normalmente ficava localizado o botão de desativação do traje tradicional.

– O chip está agindo de forma diferente ao seu corpo, você parece mais animal do que nos testes que fizemos no Martin, tirando o chip, nada em você ressoa a energia eletromagnética que deveria emitir. Isso é bem estranho, mas podemos explicar isso com a diferença entre seus trajes.

Sabia sobre isso, o meu traje e o do Martin tinham cinco anos de diferença, o dele sendo o protótipo original e o do meu sendo o aprimoramento, possuindo bem mais instintos animais e velocidade de transformação, além de variabilidade genética em seu armazenamento. Os trajes eram conectados a tartaruga, se a nave para de funcionar, os trajes também param, só que eles possuem o armazenamento reserva, para caso algo aconteça, como uma caixa preta em um avião, dados que devem ser preservados, neste caso, o meu traje possui mais dados relacionado aos animais em seu armazenamento interno do o meu.

Isso, em uma situação normal, não significa nada.

Ambos os trajes eram incríveis igualmente.

– Então tem como desativar manualmente? – Martin pergunta me abraçando um pouco mais forte, ele estava claramente preocupado, ele sempre ficava quando era algo relacionado a mim.

– Não exatamente, como a Koki falou antes, o traje do Chris consta como se já estivesse desativado, o nível de energia está estático, nem uma única linha a menos. – Aviva explica sem olhar para nós, seus dedos lutando contra o teclado, como se ele fosse o culpado por tudo.

Depois desse momento nunca mais vou agir de forma imprudente.

– Estou procurando uma forma de ativar o traje, para que assim, consiga desativá-lo, só que parece impossível. – os dedos da engenheira pararam e ela finalmente olhou para nós. – desculpa, Chris.

Martin me abraça, não para me acalmar, mas para tranquilizar a si próprio.

Mamãe ia odiar ter um filho leão, ela odiaria a sujeira.

– Talvez pudéssemos pedir uma segunda opinião. – Koki propõe olhando para a Aviva.

– Como assim? Não tem como pedi uma segunda opinião, fiz os trajes sozinha.

– A tartaruga é a sua criação, você inventou tudo que faz ela funcionar, mas fui eu que montei a grande maioria das coisas. A mesma coisa com o traje do Chris.

Aviva parou para refletir, como se perguntasse se aquilo valia a pena.

– Faz anos que não falo diretamente com ele, a última vez que interagi com ele foi para indicar aquela bióloga para ele.

A conversa entre a Koki e a Aviva me trouxe mais dúvidas do que resposta.

De que elas estavam falando.

– Ele ficou melhor em arrumar a nossa bagunça, talvez ele consiga ver algo que não estamos enxergando, ele sempre foi louco nos detalhes – Koki diz e sinto meu irmão ficar mais tenso.

– Não custa tentar, já que estamos sem muitas esperanças. – Aviva confirma meio cansada, então as duas olham em minha direção, mas especificamente para o Martin. – tudo bem para você? Sei que não gosta de falar sobre o Carlos.

Carlos?

Quem é esse?

E qual é o problema dele com o meu irmão?

Olhei para o Martin, ele já estava olhando para mim, então, com todo o carinho do mundo ele sorriu.

– Tudo pelo meu irmão, então podem ligar para ele.