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I'll Keep You Safe

Summary:

Viver com Katsuki era muito mais fácil do que imaginava, mesmo nas situações difíceis, os dois sabiam exatamente como cuidar um do outro.

Notes:

Muito feliz de estar participando desse desafio com mais uma fic.
Será que consigo participar de todos os dias?
Vamos tentar!

Obrigado a todo o carinho que existe no BKTD Month, vocês são incríveis.

💖

Sem betagem.

Work Text:

Shouto acordou com o movimento ao lado do colchão e algo tornou-se distorcido em sua cabeça sonolenta. A primeira coisa que Katsuki fazia ao se deitar era aninhar-se em torno de sua cintura e provocá-lo até que ambos estivessem nús e ofegantes, o quê não aconteceu. 

Ele forçou abrir os olhos e encarou as costas do garoto que parecia ridiculamente pequeno, encolhido num abraço solitário. Shouto não sabia descrever a enxurrada de sentimentos que o afogou, complacente da dor que parecia nascer dentro dele também. 

— Katsuki. — murmurou baixinho, inclinando-se sobre o garoto para olhá-lo nos olhos. — O que aconteceu?

As mãos de Shouto afagaram os cabelos loiros com carinho e o cheiro de fuligem e caramelo ganhou força no ar, intoxicando imediatamente os pulmões.  Ele não quis se afastar mesmo que o silêncio fosse a única resposta que recebeu do homem que tremia como uma folha dispersa ao vento. 

Ser um herói significava abdicar da própria vida para salvar pessoas, ou vencer para salvar como dizia o próprio loiro no auge de sua determinação. Ambos sabiam que em algum momento, agora ou lá no futuro, um não deitaria mais naquela cama, que não haveriam mais promessas de regresso ou mãos entrelaçadas na busca de conforto.

Katsuki estava num momento difícil, o que era assustador para Shouto, que sempre foi prontamente acolhido por aquele coração de chamas que moveria o mundo para vê-lo feliz. Ele sempre acreditou que era a parte mais frágil e problemática do relacionamento, mas ao assistir o homem que tanto amava em ruínas, descobriu que também era forte. Ele seria forte por cada parte, por eles, o acordo foi que nenhum perderia enquanto estivessem juntos, essa era a verdade. 

Todoroki venceria e Bakugou também.  

Os lábios do bicolor procuraram a pele do loiro, beijando-o pelo braço e os dedos aterrados na nuca, mantendo-o firme como deveria ser. Shouto queria drenar através de carícias a dor de seu combatente suicida, que nunca baixou o rosto para nenhum inimigo. Para seu pai. 

Shouto estava disposto em dar o melhor, ele carregaria Katsuki quando não pudesse caminhar, alimentaria ainda mais o amor que construíram juntos ao longo do anos, entregaria estrelas numa bandeja de prata se pudesse ter para sempre os olhos carminos acesos por ele. Para o mundo.  

O corpo de Shouto deslizou sobre o de Katsuki até ficar em pé ao lado da cama, um pouco assustado ao observar as escoriações, queimaduras e cortes pela pele pálida. Ele já tinha visto aqueles machucados inúmeras vezes no próprio corpo e em outros heróis, mas sempre era mais difícil quando as marcas estavam nele. Doía mais fundo, quase visceral ao vê-las no homem que estava dedicando a vida em cuidar de seu coração que vinha em pedaços desde a infância. 

— Kats, vamos para o banho. — As mãos se enrolaram nos pulsos um pouco mais forte do que deveria, tomando consciência que independente do que estava acontecendo, ele conseguiu voltar para a casa com vida. Shouto se sentiu tão mesquinho, mas não poderia perder algo que há tanto tempo estava procurando, ou melhor, o sentimento que nunca achou merecedor. O amor. — Vou encher a banheira para nós, vai ser bom. 

O loiro abandonou um grunhido abafado no travesseiro, mas seguiu os comandos do bicolor, sentando-se na cama. Os olhos vermelhos estavam longe de alcançá-los, cravados em algum ponto no chão de madeira como se houvesse apenas aquele ponto para focar. 

A maquiagem negra esfumada do uniforme de herói acentuou a linha d'água avermelhada, Shouto não precisava ser nenhum detetive para saber que o namorado havia chorado e que estava sofrendo por uma pauta que saberia só mais tarde. Poxa, estamos falando de Katsuki, o homem que gostava de guardar tudo para si.

O bicolor inclinou-se para trás para esticar os braços e impulsionar o garoto para o alto, que cambaleou para frente ao seguí-lo na direção do banheiro. 

Os dois entram no local e Shouto indicou para que Katsuki sentasse na privada, enquanto ele preparava a banheira com os sais favoritos do companheiro. 

— Você não precisa fazer isso, Shou. — ele coçou a nuca um pouco sem jeito, enquanto disfarçava as novas lágrimas que se formavam no canto dos olhos. — Foi apenas um dia de merda.

— Eu quero. — As mãos dispararam em torno do maxilar do loiro para que olhasse em seus olhos díspares. Ele queria ser engolido, queimado, devorado por aquele homem, não importava quantas vezes Katsuki caísse no limbo de sua cobrança insaciável, ele iria ao seu resgate. — Eu quero fazer isso, Katsuki. 

A mente de Shouto agiu no piloto automático, moldando-se no herói que deveria ser dentro daquele minúsculo banheiro. Os lábios alcançaram com ternura a boca trêmula de Katsuki, que suspirou pesadamente antes de recebê-lo com a língua no céu da boca e pintar tristes constelações das dores que estava sentindo. 

Mãos firmes envolveram a cintura de Shouto, agarrando-se com fúria no cós da calça de moletom, no apelo silencioso para ser salvo. E ele foi, ele sempre se jogaria de qualquer penhasco por ele. Sempre foi recíproco de qualquer forma. 

A pele áspera das palmas inflamadas subindo por baixo da camiseta de algodão sempre seria uma das sensações mais incríveis para Shouto. Ele sentia-se tão especial, algo de valor inestimável, capaz de dilatar as pupilas dos olhos mais belos conjurados nessa terra. Ele se transformava na luz do fim do túnel, na esperança onde não havia mais nada. 

Shouto nunca pensou que pudesse ser o mundo de alguém também. Era mágico e triste, eram besteiras das quais ele pensava enquanto cantava gemidos junto de Katsuki que também batalha contra seus fantasmas. 

— Porra, você nao precisa. — O loiro afastou-se para olhá-lo. A expressão de dor estampada na face feriu o bicolor mais do que uma guerra inteira poderia fazer. — Seu turno é daqui algumas horas, Shou. 

— Quero cuidar de você, não seja teimoso. — O corpo de Shouto deslizou para o colo de Katsuki, que o segurou no mesmo segundo. Com os braços entrelaçados em torno do pescoço, ele voltou a beijá-lo dizendo sem frases que tudo ficaria bem, pois ambos tinham um ao outro e era o suficiente. 

Bakugou sabia que o sinal estava verde, que ele poderia fazer o que quisesse com o corpo acima de si. Todoroki havia dado permissão, mesmo ciente que ele nunca quebraria seus limites.

A camisa terminou no chão e os dentes afiados agraciaram os mamilos com mordidinhas e beijos de cura. Shouto tinha certeza que nunca se cansaria daquele homem, sempre na espera de seus toques, ansioso para descobrir qualquer falha para que pudesse ser útil na mesma proporção que Katsuki era para ele. 

Como aquele homem conseguia lidar com tudo sozinho? O bicolor foi assim no início da adolescência e foi a pior fase da sua vida, pois além de agressões externas, a mentalidade era seu inimigo também.

Shouto desmanchou em ternura, conseguiu construir uma vida, encontrar um amor, deixar o passado seguir seu fluxo. Foram fases, dores, medos compreendidos, mas nunca superados, diferente de Katsuki que fazia moradia em lugares inalcançáveis, muito longe de receber a devida luz que merecia. 

Porque era tão difícil de Bakugou ver o quanto era majestoso como o nascer do sol num dia de verão? Ele cegava por sua beleza, era temido por seu poder e necessário para a existência da vida.

— Eu te amo. — As juras deslizavam como mel pela garganta, deixando-se cair para trás para ficar mais exposto ao ser devorado como uma suculenta maçã, elevando-se ao céu ao sentir os dedos calejados apertando a carne da cintura. 

O som comprimido que escapou da garganta de Bakugou foi dolorido, como  se um tiro tivesse perfurado o meio do peito a queima roupa. Todoroki sabia que ele não estava negando amor, apenas não sabia o que fazer com tudo aquilo. 

Ele sabia que todo o sentimento estava na pegada que deslizou para os quadris e o ergueu contra a parede, colocando mais gasolina no incêndio que crescia abaixo do abdômen. As pernas de Shouto envolveram o corpo de Katsuki, desmanchando-se contra ele, servindo de cobertor para um dia frio e chuvoso. 

Infelizmente, as investidas que estava recebendo de Bakugou tiveram que cessar quando a água da banheira escapou da borda e molhou os pés. Ele fez uma caretinha ao colocá-la no chão para fechar o registro. Todoroki aproveitou a pausa para retirar o resto da roupa e abraçar o namorado por trás.

— Eu quero tirar sua roupa, Kat. — ele sussurrou gentil, respirando com zelo o cheiro caramelado e fumacento mais acentuado na curva do pescoço. Shouto sempre gostou do aroma de batalha, sempre viciado em Katsuki.

O corpo do loiro vacilou, deixando-se levar pelas sensações de quente e frio correrem pelo corpo como ondas eletromagnéticas, retirando cada pedaço de pano que cobria sua beleza. 

A pele coberta de cicatrizes e agraciada por delicadas sardas no topo do nariz e nos ombros de Bakugou eram fascinantes. Todoroki faria uma promessa para cada uma delas que sempre ficaria, desde que ambos estivessem em segurança.

Também havia um segredo, ele sempre achava os olhos do namorado mais belos durante o choro, era como o despertar de uma supernova que transformava o vermelho em sangue vivo, cintilando dourado nas bordas. Ele era tão lindo e tão dele, que era impossível os batimentos não cantarem mais alto.

Shouto o levou para a água quente, acomodando-se com os joelhos nas laterais do corpo de Katsuki, sentando-se sobre as coxas grossas, ao ser aberto pelos dedos experientes. 

Eles dançaram a valsa que já estavam acostumados, o loiro sempre o levava com maestria à loucura, desfazendo qualquer amarra de sua boca, possibilitando dizer o seu nome em voz alta ao ser recheado de prazer no fundo das entranhas. 

Shouto sentia-se brilhante, uma bomba que estava aquecendo cada vez mais rápido, mais letal, mais… Ah, ele estava completo mesmo no campo de destruição.

— Eu também te amo. — Katsuki terminou com as palavras mais doces que ele já ouviu, foi impossível esconder o calor que subiu pelas bochechas, o que era um pouco bobo quando ambos estavam transando na banheira segundos atrás. 

Todoroki empurrou os fios loiros para trás e depositou um beijo casto na testa, agarrando-se aquela noite que ficaria para sempre na história de sua vida. Bakugou nunca precisou dizer o que havia acontecido, ele também sentiu coisas parecidas quando perdeu seu primeiro civil.

Machucava como o inferno, deixava em zona conflituosa, se era isso mesmo que gostaria de fazer ou não pelo resto da vida. Shouto se perguntou muitas vezes se realmente aquele era seu lugar.

No meio de tantas dúvidas, havia uma certeza, ele estaria lá para Katsuki como ele esteve quando passou pela mesma situação. Era sempre acolhedor sentir a cama quentinha quando apenas queria deitar e desaparecer do mundo.

Shouto finalmente encontrou seu herói.

Seu lar.