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Fandom:
Characters:
Language:
Português brasileiro
Stats:
Published:
2022-09-27
Words:
1,858
Chapters:
1/1
Kudos:
1
Hits:
18

(Não) Tão Ruim

Summary:

Um dia ruim de Remus.

 

 

Ou não tão ruim, talvez.

Work Text:

Remus estava tendo um dia ruim.

Quinta-feira era um dia ruim pelas aulas em si: História da Magia, duas aulas de Poções, Vôo, Transfiguração e Aritmancia. A única explicação possível para um horário como este era se ele tivesse cometido o pior crime já pensado em sua vida passada.

O inverno naquele ano estava mais rigoroso do que jamais estivera, e naquele dia em específico, mais frio do que os outros.

Seu nariz acordou ruim, causando a ele uma inconveniência na garganta realmente irritante e desgastante.

A temperatura estava negativa e seu suéter mais quente estava para lavar, então ele teve que usar duas vezes mais roupas do que usaria normalmente e mesmo assim estava gelado.

Um garoto do sétimo ano esbarrou nele no corredor com um copo de café e seu trabalho de Transfiguração de várias horas na biblioteca, noites dormidas pela metade e tinta de várias penas havia ido para o lixo.

Sua cabeça começou a doer na metade da aula de História, como sempre acontecia. A vida do Sr. Binns deve ter sido realmente patética e monótona, por isso suas aulas eram tão simplesmente patéticas e monótonas, Peter dizia.

Snape provocou-o durante a prova de Poções, e Remus utilizou toda a paciência que lhe restava para impedir James e Sirius de arranjarem outra detenção — eles já estavam com pelo menos três naquela semana, e aquilo fazia a Grifinória perder pontos (e ele sabia que acabariam ganhando o Campeonato do mesmo jeito, porque eles eram bons demais para não fazer isso, mas gostava de ter alguma desculpa para fazer seus amigos não saírem testando todos os feitiços novos que aprenderam nas pessoas da escola, mesmo que o próprio Remus tivesse vontade disso, às vezes).

Snape havia perturbado-o durante o almoço com perguntas e provocações idiotas sobre a prova de Poções, e a esse ponto do dia ele estava cansado e irritado demais para fazer alguma coisa, então quando James estava prestes a lançar algum feitiço em Snape, ele apenas deu uma ideia de um que ficaria por mais tempo e o incomodaria mais. Sirius era Sirius, e não podia ficar sem ajudar seu amigo (amigos no caso, certo?), então jogou um feitiço na mesa da Sonserina inteira. Remus não pôde deixar de rir, juntamente com Marlene e Mary, e uma Lily que fingia estar dando uma bronca em James e Sirius enquanto falhava miseravelmente. Ele não encontrou Dorcas na mesa da Corvinal, e sorte que Emmeline havia saído para o banheiro, se não eles a encontrariam furiosa mais tarde.

Bem, pelo menos eles tinham quatro detenções e não cinco.

Ele tinha certeza que aquele era o pior dia do ano até agora até entrar na Comunal da Grifinória e encontrar o ponto alto de seu dia. Se o Sr. Binns tivesse visto algo parecido com aquilo em sua vida, Remus tinha certeza que ele não seria tão ruim como era.

Chovia lá fora, e as luzes do Salão eram amarelas e algumas estavam apagadas, o que o lembrava de coisas estranhas e aleatórias, mas estranhamente reconfortantes e boas, como o Natal nos Potter, Noite do Pijama no dormitório, pós-festa de uma comemoração de vitória de Quadribol da Grifinória. A lareira estava acesa, e o ambiente mais quente era tão bom que Remus poderia morrer ali, e o barulho do fogo crepitando era familiar, assim como o cheiro.

Mas por mais que essa parte fosse boa, nada poderia se comparar com o que estava realmente ali, nos sofás e no chão.

James e Sirius dividiam o sofá da esquerda, como sempre faziam. O sofá estava virado de frente para a porta, de modo que ele tinha uma visão perfeita dos dois: James estava sentado do lado esquerdo, a cabeça apoiada no braço passado atrás da cabeça, em cima de várias almofadas. Ele estava de olhos fechados, como se estivesse meio cansado, mesmo que seus lábios se contorcessem em um sorriso fácil e amigável, e ele fazia alguns comentários sobre qual fosse o tema da conversa. Sirius estava do outro lado, as costas apoiadas em almofadas e os braços cruzados apoiados em cima dos joelhos, com sua cabeça inclinada para o lado em cima deles. Seus olhos estavam um pouco baixos e sua expressão era mais fechada; Sirius devia estar começando a ficar doente e não tinha percebido ainda — provavelmente achando que era só cansaço, mas Remus sabia que era mais, ele sempre sabia —, mas tudo bem, seu amigo cuidaria disso. Seu nariz estava um pouco vermelho, como se ele tivesse espirrado várias vezes em um curto período de tempo. Uma coberta grande e vermelha, obviamente, estava jogada sobre as pernas dos dois garotos, que usavam também seus pijamas de frio e casacos finos.

Mary estava sentada na poltrona que ficava de frente para a lareira, mas a uns três metros de distância. Algumas mechas de seu cabelo castanho liso estavam meio avermelhadas, o efeito das luzes do ambiente refletindo nelas. Sua cabeça estava jogada para trás, seus olhos estavam fechados, e ela estava definitivamente dormindo, a expressão relaxada e sua boca fazendo um pequeno "O". Seu cobertor era vermelho também — por Merlin, eles eram tão amadores daquela casa que chegava a ser eufêmico dizer que a amavam, apenas —, mas estava por todo seu corpo, até os ombros. Adorável.

Marlene estava ao lado da lareira, seu cabelo longo e loiro emoldurando seu rosto conforme caía. Ela não tinha nenhum cobertor, apenas almofadas em cima de suas pernas dobradas, e gesticulava com seus braços para o tópico da conversa. Ela também ria, mesmo que seu tom fosse um pouco mais lento que o normal, que era um sinal de cansaço vindo dela.

Lily estava sentada na frente do sofá de James e Sirius, no lado esquerdo, no tapete. Sua cabeça estava encostada para trás, no sofá, e a mão livre de James fazia cafuné em seu cabelo ruivo brilhante. Seu cobertor era meio dourado, e devia ter estado mais para cima alguma hora, mas caiu e agora estava meio embolado em seu colo. Suas pernas estavam juntas, e seus braços sobre seu colo. Um sorriso cansado e agradecido pairava em seus lábios. Ela parecia estar imensa na conversa, totalmente alheia ao seu redor.

No outro sofá, de costas para a porta, Peter estava empoleirado no canto esquerdo, com uma coberta tão estupidamente vermelha para si, enquanto dizia alguma coisa sobre o Homem-Aranha, segurando um quadrinho em suas mãos. O outro lado do sofá estava vazio, mas uma coberta que parecia confortavelmente quente e uma barra de chocolate estavam ali.

Os sofás estavam mais distanciados um do outro, feito deles para poder colocar um colchão no meio, onde Alice e Frank dormiam embolados em um cobertor vermelho e velho. Eles pareciam calmos, e Remus sentiu um pouco de energia se esvaindo dele.

Dorcas estava no tapete, na frente da poltrona de Mary, discutindo com Peter sobre provavelmente o Homem-Aranha e o quadrinho que ele segurava. Um cobertor estava sobre suas pernas, mas esse era meio dourado — ele começava a achar que seus amigos não conheciam outras cores a não ser vermelho e dourado —, como o cabelo de Marlene.

Emmeline estava deitada em seu colo, a cabeça sobre suas pernas enquanto Dorcas fazia cafuné em seu cabelo. Seus olhos se fechavam e se abriam devagar, e agora Remus achava que havia duas conversas rolando ali — a de James, Marlene e Lily e a de Dorcas, Peter e Emmeline. Mary devia ter participado de alguma das duas antes de adormecer, assim como Frank e Alice, mas ele achava que Sirius há muito havia desistido de participar de alguma delas.

Peter havia dado a ele uma câmera fotográfica no último Natal, e Remus a usava para registrar todos os momentos que achava importante — aqueles que ficariam marcados em sua cabeça para sempre, os mais importantes que já viveu com seus amigos, os que valiam a pena ter um dia ruim se isso significasse que no fim se teria um desses momentos. Ele a levava para todos os cantos, porque por mais que tivesse medo de estragá-la, tinha mais medo de não usá-la e perder essas memórias especiais com seus amigos. Sua família. Seu lar.

Remus colocou sua bolsa de lado no chão, pegou a câmera e rapidamente tirou uma foto. Esse seria um daqueles momentos que ele guardaria em sua memória até o dia de sua morte, dali há muito tempo e muitas outras memórias com seus amigos — que ele fazia questão de lembrar de todos, detalhadamente.

O barulho da câmera chamou a atenção de seus amigos.

— Ei, Moony. — Sirius levantou a cabeça de seus braços.

— Remus! Boa noite. — Marlene disse.

— Estávamos esperando você. — disse Lily.

— Desculpe Mary, Frank e Alice. Eles tentaram. — James riu.

— Vamos lá, Moony. — Peter chamou. — Sente-se e vamos conversar sobre o Homem-Aranha.

Sirius gemeu.

— Pelo amor de Merlin, Pete, vocês estão nisso há horas.

— E você só está assim porque não é uma conversa sobre o Homem de Ferro.

Sirius deu de ombros.

Dorcas riu.

— Por favor, sente aí. Trouxemos uma barra de chocolate e uma coberta para você.

— Vocês não vão dormir? — ele perguntou.

— Vamos dormir aqui. — Lily sorriu.

— Mas…

— Sirius está doente, por mais que não vá admitir isso. — James interrompeu-o, e graças a Merlin, pelo menos um amigo de Remus sabia quando as coisas estavam erradas. — O que significa, — ele sorriu. — que todos nós também estamos, provavelmente. — e deu de ombros. — Ganhamos a sexta-feira! Mais um dia para o fim de semana. Marotos um, escola zero.

— Obrigado por existir, imunidade baixa. — Sirius brincou.

— Mas e se não estivermos doentes? — Remus rebateu.

— Então simplesmente amanhã é sexta-feira e meu Merlin, ninguém merece aula de sexta-feira. — Marlene revirou os olhos.

Peter apontou em concordância.

— É uma ótima desculpa e estamos fazendo tudo baseado nela. Porém, — James continuou quando Remus ia abrir a boca. — nosso querido Moony é muito certo para isso, então precisamos de uma desculpa melhor.

— Que é?

— Acabamos todas as nossas provas do bimestre. Trabalhos também. Semana que vem já saímos para o recesso de Natal e não faltamos em quase nenhuma aula o ano todo. — James disse. — Temos crédito para fazer o que quiser, se contar que todos nós fomos bem nas provas e até a Minnie nos liberou das detenções.

— Liberou mesmo ou você inventou isso? — Emmeline perguntou, rindo.

— Não chame o Prongs de mentiroso, Emme. — Sirius defendeu. — Ela incrivelmente nos liberou e não vamos reclamar! Apenas mais um motivo para faltar aula amanhã: não atrapalhamos o dia dela em compensação de estarmos liberados das detenções. Tcharam.

— Justo. — Dorcas deu de ombros.

Lily suspirou.

— Vem logo, Remus. — ela chamou. — Sente aí e vamos ter uma boa noite em paz. Tudo bem?

Ele suspirou, cansado.

Seu dia havia sido horrível, e ele queria bastante deitar em sua cama e dormir até acordar sozinho, mas não havia nada nesse mundo que o faria trocar uma noite com seus amigos.

— OK.

Ele se dirigiu ao lugar ao lado de Peter, e logo entrou na conversa sobre Homem-Aranha, comendo satisfatoriamente seu chocolate e observando seus amigos, cansados, porém felizes, tendo um momento em grupo feliz.

Bem, talvez o dia não tenha sido tão ruim, afinal de contas.