Actions

Work Header

bigger than the whole sky

Summary:

Rhaenyra, em sua raiva, pela perda de sua filha, amaldiçoa toda a linhagem de sua antiga amiga, Rainha Alicent. Anos depois ela se arrependeria de ter jogado sua maldição ao perceber que, agora seu próprio filho sofria com ela.

Work Text:

Rugidos de dragão podiam ser ouvidos em toda fortaleza vermelha, as pessoas tremiam de medo ao ouvir, mas nada os assustava mais do que os gritos desesperados de seu amado cavaleiro. A rainha viúva Alicent andava de um lado para o outro em pânico. Seu amado filho, seu precioso menino estava em agonia e ela nada podia fazer.

Servos corriam com baldes de água e roupas de cama sujas de sangue para todo lado, esse foi o cenário em que Lucerys entrou assim que desceu de seu dragão.

“O que está acontecendo?” Andou rapidamente até o meistre mais próximo e o segurou pelos ombros com firmeza. “Diga-me.”

O meistre tremeu assustado e encarou o jovem Herdeiro em silêncio antes de responder com a voz trêmula. “A criança está vindo, Alteza.” Demorou apenas alguns segundos antes que Lucerys capitasse suas palavras e seu coração doeu ao sentir o peso delas.

“Ele viverá?” Tudo o que Lucerys pensava, era no bem estar de seu marido, seu Aemond. Nenhuma criança era mais importante do que seu ômega. O meistre o olhou com tristeza e antes que pudesse responder, outro grito desesperado veio de trás das portas junto com um rugido alto de Vhagar. Lucerys largou o velho meistre e entrou rapidamente.

As parteiras tentavam chegar perto para que pudessem ajudar Aemond, mas ele as afastava com gritos de raiva e dor enquanto apertava a barriga rechonchuda. Havia sangue por todo o chão e tudo cheirava a ferro. “Saia! Fique longe.” Gritou o príncipe em pura agonia. A rainha viúva chorava ajoelhada ao lado de seu filho, mas sem o tocar.

Lucerys engoliu em seco antes de avançar até Aemond e o abraçar por trás com força. “Shh. Eu tô aqui. Vai ficar tudo bem.”

Aemond se deixou cair nos braços de seu marido por um tempo antes de processar o que estava acontecendo, e então se afastou o olhando com mágoa. “Me solte, bastardo!”

As parteiras prenderam a respiração ao ouvir as palavras do ômega e a mais velha delas deu um passo à frente para que parasse qualquer punição que viesse, mas ficou surpresa ao ver Lucerys sorrir com tristeza e sussurrar palavras doces no ouvido de seu ômega.

“Vamos, meu amor. Você precisa deixá-las ajudar.” Sussurrou suavemente fazendo com que Aemond fechasse os olhos e encostasse a cabeça em seu ombro.

“É cedo demais, ele ainda não está pronto para vir.” Negou apertando sua barriga protetoramente. Suas damas de companhia paradas no canto do quarto choravam baixinho por seu príncipe. “Ainda não, Luke. Por favor.” Implorou mesmo sabendo que nada mais podia ser feito.

Lucerys fechou os olhos com força e pressionou um beijo em sua têmpora. “Eu sinto muito, meu amor. Mas você precisa empurrar.” Aemond tentou se afastar, mas Lucerys o segurou com mais força. “Eu não posso perder você, minha preciosa pérola.”

O momento parecia íntimo demais fazendo com que todos naquele lugar sentissem como se estivessem invadindo algo privado de seus príncipes. Demorou um tempo antes que Aemond concordasse em empurrar, a dor era absurda e a perda de sangue estava fazendo com que ele perdesse as forças. O ômega empurrou o mais forte que pode soltando um grito que fez todos, até mesmo quem estava fora do quarto, prender a respiração com pesar por seu futuro rei consorte.

Tudo ficou em silêncio e Aemond se negou a olhar para baixo sabendo que seu filho, o que quer que seja, não havia sobrevivido. Lucerys o apertou e cantarolou baixinho enquanto sua mãe, Alicent, pegava o bebê em um pano. A rainha viúva soltou um soluço ao ver seu neto e suspirou de tristeza.

“Ele é tão lindo quanto você quando nasceu.” Aemond abriu os olhos e encarou a parede, se recusando a olhar para o pequeno cadáver que sua mãe segurava. “Você precisa segura-lo, Aemond. Ele precisa saber que, mesmo que não tenha vivido, ele foi amado.” Lucerys olhou para o pequeno ser no colo da antiga rainha e sorriu com pesar.

Aemond pegou seu filho relutantemente nos braços e olhou para ele sem expressão alguma. O coração doía em culpa. “Eu sou amaldiçoado. Os Deuses estão levando meus filhos, mãe.” Lucerys suspirou fechando os olhos com força e a rainha se aproximou colocando uma das mãos no rosto de seu filho.

“Jamais pense assim, meu filho. Talvez eu não saiba o plano dos Deuses para você, mas eu sei que você não é amaldiçoado.” Aemond optou por não responder, apenas ele e Lucerys sabiam do que ele estava falando. A rainha sorriu suavemente, deu um beijo na testa de seu filho e se levantou acenando para todos na sala para que dessem privacidade ao casal.

Lucerys se levantou para que pudesse se sentar ao lado de Aemond na cama e segurou sua mão. O platinado o encarou com rancor e se afastou. “Isso é culpa sua. Culpa de sua mãe prostituta.”

Lucerys tentou segurar sua mão outra vez fazendo com que Aemond apertasse seu filho morto nos braços. O ômega aproximou o rosto do pequeno embrulho frio e deixou um beijo em seu rostinho. “Meu irmão, Daeron, em batalha.” Ele sussurrou apenas o suficiente para que Lucerys pudesse ouvir. “Meu irmão, Aegon, para o veneno de seu avô.” O castanho engoliu dolorosamente o choro e apenas ficou calado, ele sabia que Aemond precisava descontar sua raiva e tristeza em algum lugar. “Minha amada irmã, jogada de uma torre por culpa de sua mãe prostituta. E agora os meus filhos. SEUS. por uma maldição que sua própria mãe criou.” Agora ele estava aumentando o tom de voz e sua garganta doía de tanto prender o choro. “Eu deveria ter matado você, eu deveria ter matado Rhaenyra quando tive a chance.”

Não havia som algum além dos soluços de Aemond enquanto apertava seu filho nos braços o balançando de um lado para o outro como se estivesse o fazendo dormir.

“Eu te amo.” Lucerys falou em desespero tentando segurar Aemond pelos ombros. “Me perdoa. Me perdoa.”

Aemond negou com a cabeça antes de voltar seu olhar para o marido e riu com escárnio finalmente deixando Lucerys o tocar. “Quando Rhaenyra perdeu Visenya, ela amaldiçoou toda a linhagem de minha mãe, isso inclui nossos filhos agora.” Lucerys engoliu em seco e prendeu a respiração. “Então os Deuses estão tirando meus filhos de mim. Lembre-se disso quando reverenciar aquela prostituta em lealdade.”

Aemond havia perdido quatro filhos, apenas seu primogênito, Aeron, chegando a infância, mas morrendo por uma doença misteriosa no sexto dia de seu nome. Ele amaldiçoou sua meia-irmã com gritos de desespero durante dias por isso, e todos no castelo sofreram a perda do jovem príncipe. Seu segundo filho, uma menina, Helaena, havia nascido retorcida, com a cabeça igual ao de um dragão e uma pequena asa. O terceiro nasceu fraco demais e viveu apenas alguns dias antes de morrer durante o sono. Seu nome era Baelor. Todas as crianças nascidas com cabelos e olhos iguais aos dele. No entanto, esse, ele tinha tanta certeza de que sobreviveria. Seu pequeno Aemon que nunca veria a luz do sol.

“Eu não aguento mais, Lucerys. Faça parar. Por favor.” Ele havia perdido seu irmão na guerra, mas nada disso doeria mais do que ter que presenciar seu ômega em pura agonia ao perder seus filhos. “Ela matou nossos filhos.” E então, Aemond não conseguiu mais segurar seu choro e desabou em Lucerys enquanto segurava seu filho com força nos braços como se tivesse medo de que alguém o levasse.

“Vai ficar tudo bem. Eu prometo.” Lucerys sabia que não deveria prometer coisas fora de seu controle, ele não tinha ideia do que aconteceria agora ou se um dia eles viveriam normalmente sem que uma criança precisasse morrer para isso.

Rhaenyra se sentia culpada o suficiente para que nem conseguisse olhar direito nos olhos de seu irmão. Como mãe, ela sabia que nada era mais doloroso do que perder um filho, e ela pôs essa dor ao seu próprio. Aemond não a olhava ou sequer reconhecia sua presença nos corredores. Como rainha, Aemond teria que reverência-lá em respeito assim que a visse, ou atender suas chamadas, mas ele apenas ignorava sabendo que ela jamais poderia fazer mal à ele. Ele era o marido do futuro rei depois dela.

E assim, todos na fortaleza viviam com o clima de tensão entre os irmãos Targaryen. Rhaenyra jamais olhando Aemond sem sentir culpa ou vergonha, e Aemond a desprezando e a chamando de vadia assassina de crianças sem se preocupar com quem está perto para ouvir.

Lucerys apenas aceitava a raiva do marido e o tratava com todo o amor e paciência que ele tinha para dar. Ele desejou Aemond por anos, só não imaginou que quando conseguisse seu amado ômega, seria tão doloroso.