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You're on your own, kid

Summary:

O Projeto 4ever havia falhado. Ninguém esperava que ele fosse descartado, visto o apego do Sr. Pato por crianças, mas ninguém esperava que o gerente fosse o levar como seu filho. Agora, eles tem que lidar com os filhos do chefe.

Ou

Onde Forever e Baghera são filhos do Sr. Pato

Notes:

Headcanon criado por @eyoobit no Twitter

Boa leitura!

( Me refiro unicamente aos personagens, o Q! não está sendo usado por questões de estética)

(See the end of the work for more notes.)

Chapter 1: Project 4ever

Chapter Text

Os alarmes soaram durante uma reunião, obrigando o Sr Pato a jogar tudo para o ar, praticamente voando para o setor afetado, enquanto dava ordens para que nenhum dos outros projetos deixassem suas salas sem que ele soubesse o que estava acontecendo antes. Ele não queria arriscar outra perda.

Deus.

Ele esperava que não fosse outra falha.

- Senhor! Senhor! - Um trabalhador sem rosto exclamou quando o viu, indo em sua direção.

- O que está acontecendo? Qual projeto deixou sua contenção?

Apesar de não ter rosto, o trabalhador parecia aflito, agarrando a prancheta com força.

- Foi- hm- o projeto 4ever, senhor.

- O que? - Ele perguntou confuso, pegando a prancheta das mãos do outro, - Esse projeto não estava adormecido até essa manhã?

O urso sem rosto assentiu.

- Estava. Mas como foi solicitado pelo senhor, implementamos mais da substância Hg. A atividade cerebral aumentou drasticamente e o individuo 4ever despertou. Ele quebrou o tubo e começou a quebrar tudo na sala.

O pato olhou para o trabalhador e para o corredor, onde alguns trabalhadores estavam amontoados atrás de Cucurucho que olhava para dentro de uma sala apaticamente.

- Tudo isso é por causa de uma criança?

Ninguém o respondeu. Ele seguiu para onde os outros estavam. Os trabalhadores abrindo espaço assim que o viram. Cucurucho o olhou.

- Senhor.

- Onde está o projeto?

O urso apontou para dentro da sala, fechada por uma porta reforçada. O Sr. Pato se aproximou da pequena janela, podendo assim ver toda a destruição causada por 4ever, esse que estava ajoelhado do lado de uma das maquinas, olhando curioso todas as peças amostra.

Ele franziu a testa e abriu a porta com seu cartão. O som não atraiu a atenção do garoto, que parecia ter apenas 8 anos.

4ever havia sido criado com uma mistura de materiais genéticos, mas o mais prevalente era sem dúvidas o do Sr. Pato, que deu cor aos cabelos loiros do garoto e a suas asas amarelas, fazendo com que ele também se parecesse com a irmã biologica.

- O que você está fazendo? - perguntou o gerente, caminhando até ele.

- Olhando.

- Você gosta disso? - o garoto assentiu. - Então por que você quebrou?

Ele não respondeu, fazendo uma careta no rosto.

Esse garoto era realmente engraçado. Diferente dos outros projetos que sempre agiam como filhotes medrosos, esse não parecia nem um pouco se importar. Tal como ela.

— Vamos, não fique emburrado. Eu não estou brigando com você, mas você sabe que não deveria ter quebrado isso tudo, não é?

4ever bufou, cruzando os braços em birra.

— 4ever, não faça birra. Olhe pra mim.

O garoto apenas virou mais ainda o rosto para não o olhar. Mais um pouco e ele torceria o pescoço.

Sr. Pato riu com a birra do garoto. Como alguém que tinha acordado em uma óbvia sala de experimentos tinha tanta birra e coragem em si? Humanos, mesmo que apenas metade, eram estranhos e engraçados.

Esse principalmente.

Havia algo nesse que dava vontade de sempre rir.

— Está bem, eu decidi. Forever, se você pedir desculpas, eu posso te levar pra brincar com alguém, o que você acha?

Forever o olhou, inclinando a cabeça confuso.

— ...desculpas?

Sr. Pato sorri e então pega o garoto nos braços. Com o ato repentino ele solta um gritinho e se debate, antes de agarrar as penas falsas da roupa de pato dele.

O homem então sai da sala, os trabalhadores já haviam saído, provavelmente mandados por Cucurucho que apenas observa.

— Cucurucho.

— Senhor.

— Envie um relatório a central, estou finalizando o projeto 4ever. A causa foi o aumento severo na atividade cerebral comprometendo o funcionamento do projeto.

Cucurucho o olhou em silêncio completo. Por trás da máscara Sr. Pato sentiu o julgamento do agente, mas ignorou totalmente quando Forever deu um tapa em seu ombro.

— Hm?

— Você disse que ia me levar pra brincar.

— Oh, é mesmo.

Ele disse e então se virou e começou a andar, deixando Cucurucho para trás.

Chapter 2: Brother

Summary:

Baghera ganha um irmão.

Notes:

Capítulo pequeno, desculpe.

Boa leitura!

(See the end of the chapter for more notes.)

Chapter Text

Baghera estava entediada.

 

Ela já havia brincado com todos os brinquedos que seu pai havia lhe dado, os espalhados e os reorganizado em diferentes ordens.

 

Ours Blanc parecia prestes a arrancar seus próprios cabelos sempre que a garota reclamava e choramingava para sair do quarto, algo que o agente estava negando, dizendo ser ordens de cima.

 

Baghera não entendia o que era ordens de cima.

 

Mas parecia que seu próprio pai não a estava deixando sair.

 

E ele nunca negou nada para ela.

 

Nem mesmo quando ela sem querer quebrou sua xícara favorita ou desobedeceu um de seus professores.

 

Ela estava curiosa.

 

E entediada.

 

Muitooooo entediada.

 

— Ours....Por favor...Apenas um passeio rápido, sim? Eu até fico perto de você, nem abro a boca! Você nem vai saber que eu to ali!

 

— Jovem senhorita, eu já falei dezenas de vezes. Não é permitido deixar os quartos agora, para sua própria segurança.

 

Ela bufou, girando de seu canto deitada no chão para olhar o urso.

 

— Por que?

 

— Confidencial.

 

— Você sabe que o papai vai me contar depois, não é?

 

— Então só resta a senhorita ter paciência e esperar até que o Senhor Gerente a conte.

 

Baghera a olhou e então soltou um de seus gritos finos indignados. Eles sempre faziam com que os outros cedessem. Mas como se em sintonia com seu grito, a tranca externa da porta foi desfeita e a porta se abriu.

 

Ours Blanc se levantou em um pulo, enquanto a garota sorriu se sentando ao ver quem entrava.

 

— Pai!

 

Seu pai usava uma roupa de pato que só deixava do pescoço para cima, revelando um rosto de um homem relativamente jovem com apenas algumas rugas em sua expressão calma.

 

Apesar da roupa de pato ser um tanto excêntrica. O que realmente chamou a atenção da garota foi a figura em seus braços. Um garoto um pouco menor que Baghera, mas que possuia os mesmos cabelos loiros e asas amarelas nas costas, estava agarrado a ele, uma expressão confusa em seu rosto.

 

— Quem é esse? — Ela perguntou, se levantando ao mesmo tempo que seu pai deuxava o garoto descer de seus braços para o chão.

 

— Baghera, dê olá para seu novo irmão, Forever.

Notes:

Ours Blanc = Urso Branco

Obrigado por ler!
Até quarta feira!

Chapter 3: Je vois les étoiles

Notes:

Capítulo fora do dia em especial aos 1k de seguidores no Twitter!

Muito obrigado a todos que estão acompanhando YOYOK, me deixa muito feliz ver toda essa repercussão e vocês não sabem o quanto estou grato!

Obrigado mesmo!

Boa leitura!

(See the end of the chapter for more notes.)

Chapter Text

Seu pai não ficou muito tempo no quarto depois de trazer Forever, que rapidamente deixou a timidez — se é que ele havia a tido em algum momento — de lado para brincar com os brinquedos de Baghera, que apenas observava sentada em sua cama, uma expressão curiosa enquanto analisava o menino.

 

Eles se pareciam, tinham o mesmo cabelo loiro e as mesmas asas amarelas, ainda que as de Baghera fossem mais emplumadas e maiores. Mas fora isso, não havia mais nenhuma semelhança. Seu suposto irmão tinha olhos vermelhos e orelhas pontudas e era tão inquieto se mexendo a todo instante quanto Etoiles em um teste de combate.

 

Ela se perguntava como ele estava.

 

— O que você tá olhando? — Forever perguntou, assustando Baghera que deu um pequeno pulo deixando o interior de sua própria mente.

 

Ela piscou, percebendo que esse tempo todo estava encarando o garoto, que também a olhava de volta agora, as sobrancelhas claras arqueadas enquanto ele remexia com uma peça de construção.

 

— O quarto é meu, eu não posso olhar? — Ela retrucou de volta, meio emburrada.

 

— Mas você não estava olhando o quarto — Forever disse, mexendo a mão como se estivesse procurando as palavras certas antes de continuar, — Você tava olhando pra mim.

 

— Não, eu não estava.

 

— Estava sim.

 

— Não estava não!

 

O garoto sorriu, — Tava sim, tava sim, tava sim...

 

— Não, não, não eu não tava!

 

— Tava sim! Tava sim! Você tava me olhando! Você me acha....bonito? Ah?

 

— O que? Não, eu não! Pare com isso, pare de ser chato!

 

— Eu não sou chato.

 

— Sim, você é! — Ela exclamou de volta, se levantando e caminhando até sua caixa de brinquedos, pegando os que ele tinha espalhado e começando a jogar dentro da caixa — E eu não deixo crianças chatas brincarem com as minhas coisa!

 

— Ei! Não é justo! Me devolve!

 

Baghera pegou a peça de construção que Forever segurava, mas o garoto não soltou, a segurando com mais força.

 

— Solta! É meu!

 

— Papai deixou eu brincar! Solta você!

 

— Mas os brinquedos são meus! Solta Forever!

 

— Não!

 

Os dois começaram a gritar, enquanto puxavam cada vez mais o brinquedo. Isso durou por menos de alguns minutos antes que Forever soltasse, fazendo com que Baghera caísse sobre seus próprios brinquedos.

 

— Então engole eles! Sua chata!

 

Forever gritou, se levantando e caminhando para a outra ponta do quarto batendo os pés com raiva. A garota mostrou a língua para o outro e se sentou, começando a brincar sozinha com seus brinquedos.

 

Afinal de conta, eles eram seus!

 

Quem esse moleque pensava que era para querer brincar com eles?

 

Papai deu eles para ela. Não para ele.

 

Se ele queria tanto seus brinquedos, que pedisse seus próprios!

 

Um silêncio desconfortável reinou no quarto, nenhum dos dois falou com o outro, mas a garota escutou Forever resmungando consigo mesmo enquanto estava deitado de pernas pra cima na outra ponta, longe dela.

 

Como tinha feito antes do menino chegar, Baghera organizou e desorganizou seus próprios brinquedos, brincando sozinha com suas bonecas antes do tédio a encher.

 

Brincar sozinha era chato.

 

Mas brincar sozinha quando tinha outra pessoa para brincar era ridículo.

 

Uma vozinha que ela não conhecia, talvez fosse a dela mesma, soou em sua cabeça, a repreendendo e zombando.

 

Por que ela estava desperdiçando uma chance dessa?

 

Não era sempre que ela podia passar tanto tempo com outra criança.

 

Etoiles estaria aproveitando isso.

 

Mais uma vez seus pensamentos foram para seu único amigo, aquele que ela não via a quase três meses e que deveria estar trancado sozinho em uma sala de combate com nada além de uma espada de madeira.

 

Baghera bufou e olhou para Forever.

 

— Sabe — Ela falou, alto o suficiente para sua voz ecoar no quarto, — Talvez se você pedir desculpas por ser um idiota...A gente possa brincar juntos?

 

O garoto a olhou, soltando uma risadinha.

 

— Se você pedir desculpas também.

 

— Mas foi você que começou!

 

— Porque você é chata!

 

— Eu não sou- AH! ESQUECE, você é insuportável! Se eu soubesse que você ia ser chato assim, eu não teria pedido ao papai um irmão — Ela resmungou, voltando a guardar seus brinquedos com raiva.

 

Forever não retrucou de volta, estalando a língua e começando a bater os pés na parede.

 

Mais uma vez nenhum dos dois falou nada por alguns minutos. O silêncio sendo preenchido apenas pelo som dos brinquedos batendo um no outro ao serem lançados dentro da caixa e pelos pés de Forever batendo na parede.

 

— Pare com isso — Baghera mandou.

 

— Com o que?

 

— De bater os pés.

 

— Por que?

 

— Porque é irritante.

 

Forever bateu os pés com mais força.

 

— Forever!

 

— Que!?

 

— Pare com essa porcaria!

 

— Se não o que?

 

— Se não- se não- se não eu vou te bater.

 

O garoto riu, colocando cada vez mais força nas batidas. Baghera soltou um de seus gritos finos, jogando um último brinquedo com toda sua força na caixa antes de se levantar em um pulo, as asas batendo em resposta a seus sentimentos.

 

Forever apenas riu mais alto, batendo mais e mais, até que a garota correu na direção dele. A risada do garoto aumentou enquanto ele se levantava em tropeços desajeitados, escapando por pouco das mãos de Baghera.

 

— Ha! Você errou! Você errou!

 

— Seu-!

 

Ela gritou todos os insultos que seu pequeno vocabulário permitiam, perseguindo Forever que sempre escapava por pouco de ser agarrado.

 

Eles correram por todo o quarto, saltando pelos móveis e rindo. Não foi só até Forever cair de cara no chão depois de errar um pulo que os dois pararam. Baghera se jogando no chão, ofegante, logo depois

 

— Trégua? — Ela ofereceu. Quando recuperou fôlego o suficiente para isso

 

— O que isso quer dizer?

 

— Que não vamos brigar, por enquanto.

 

— Okay. Eu não- eu não aguento mais correr mesmo...

 

Baghera riu, — Ah, eu não sinto meus pés~

 

— Imagina eu

 

— Você bateu seus pés porque quis.

 

Forever bocejou.

 

— É legal te irritar.

 

— Oh, você acha?

 

— Uhum. Seu rosto fica estranho.

 

— Estranho como? — Ela pergunta, se virando para ver o garoto, que dá de ombros.

 

— Não sei, é engraçado?

 

Baghera solta uma risada seca, se virando para olhar o teto de novo. Diferenre do quarto que era pintado em tons de amarelo e rosa, o teto era azul escuro com algumas estrelas que brilhavam quando as luzes se apagavam. Algo que seu pai havia mandado por quando em uma de suas aulas, ela viu um desenho do céu e desde então pediu para ir vê pessoalmente.

 

Esse foi seu pedido por muito tempo, mas seu pai nunca permitiu. Ele não a disse o porquê,mas esse foi o único pedido que ele recusou.

 

O enorme estoque de brinquedos e livros em seu quarto e o garoto deitado ao seu lado eram a prova disso.

 

— Forever, você não é tão chato assim — ela disse, esperando algum comentário da parte do mais novo. Mas ele não respondeu.

 

Baghera se sentou para o olhar, querendo ver sua reação, mas tudo que viu foi o rosto tranquilo do menino, seus olhos fechados suavemente e seu peito subindo e descendo em seu sono.

 

Ela não conseguiu impedir o sorriso que se formou em seu rosto. Baghera se levantou e foi até sua cama, pegando se cobertor e indo até onde o garoto estava.

 

A menina se abaixou, dando um beijo na testa dele, algo que seu pai costumava fazer nela quando era mais nova, e em seguida se deitou do lado dele, os cobrindo com seu cobertor.

 

— Bonne nuit, petit frère.

Notes:

Espero que tenham gostado!

Próximo capítulo: Insane
Dia 17 de agosto

Chapter 4: I can't see you

Notes:

(See the end of the chapter for notes.)

Chapter Text

As horas correram rápido enquanto Forever dormia.

Tudo era novo e estranho pra ele, mas ele não poderia estar mais feliz.

Quando ele acordou após sua trégua com Baghera, sua irmã — ele não sabia o que isso queria dizer, mas como seu pai — que ele também não sabia o que isso queria dizer — e ela mesma lhe disseram que era isso que ela era dele, ele apenas aceitou — , o mesmo homem com a máscara estranha que estava com ele naquela sala cheia de coisas, apareceu com um carrinho cheio de comidas.

Baghera o comprimentou com um sorriso, chamando o homem de "Cucurucho" e então começou a mostrar e a ensinar o nome de todas aquelas comidas para Forever. Ele havia gostado da maioria e comeu tanto que ficou com sono.

O garoto queria se deitar de novo e dormir mais, mas quando Cucurucho retornou para levar o carrinho, ele não fechou a porta, algo que animou mais ainda Baghera e o puxou para sair do quarto.

Os dois caminharam sozinhos por um longo tempo. A garota apresentando e falando animada sobre cada canto do que chamou de "Federação".

Ela própria não sabia muito sobre aquilo, só que o pai deles era dono e que essa era a razão para ninguém em momento algum ter os impedido de vagar por aí.

Foi só quando eles estavam prestes a descer algumas escadas que um par de mãos os segurou pelo ombro.

Cucurucho que não aparecia desde aquela manhã os pegou no braço e os guiou para outro corredor, só os soltando quando as escadas não estavam mais a vista. Forever pisou no pé dele sem querer, mas antes que ele pudesse se desculpar a risada que Baghera soltou só o animou a não fazê-lo.

O homem de toda forma não expressou nada, apenas dizendo um estranho "Desfrute la federación" antes de sair mancando.

O que fez os dois irmãos rirem enquanto seguiam de volta pelo corredor.

A próxima pessoa que os parou em sua exploração foi o pai deles, que deixava uma sala de reunião acompanhado de várias pessoas que usavam diferentes máscaras com números estranhos desenhados.

Baghera parou de andar assim que os viu, mas Forever seguiu direto para os braços do Sr. Pato quando o homem sorriu, o pegando.

Ele falou algo para as outras pessoas que se despediram com acenos. Só então Baghera se juntou a eles com um sorriso em seu rosto.

Então,todos os três seguiram para uma sala que Forever ainda não tinha visto.

Ela era enorme, ainda maior que o quarto de Baghera. Haviam várias estantes repleta de livros, algumas plantas de decoração e um quadro do pai deles. Mas o que mais chamou a atenção de Forever que saltou do colo de seu pai assim que o viu, foi algo parecido com o tubo que ele estava preso anteriormente, mas mil vezes maior e ao invés de ter alguém dentro, haviam várias coisas que se mexiam.

— Uau! Pai! Pai! Pai! O que é isso? — ele perguntou, pulando de um lado para o outro tentando seguir as coisas.

— É um aquário. Você gosta, Forever?

— Sim, sim! É tão- é tão- como é a palavra que você me ensinou, Baghs?

— Maravilhoso? — a garota perguntou, sendo colocada no chão pelo pai e indo até o irmão, — eu também acho.

— O quê são essas coisas se mexendo?

Sr. Pato se aproximou dos dois e apontou para as coisas que estavam presas no chão.

— Isso são algas, aquilo — ele apontou para as coisas pequenas que estavam flutuando por todo aquário — São peixes.

— Tem tantos!

— Tinha mais — Baghera contou, — Mas tinha um peixe grandão que matou eles.

— Ah, eu não to vendo um peixe grandão, só pequenininhos.

— Isso foi porque papai o tirou daí, pra ele não matar os que sobraram.

O pato riu levemente, — O peixe grandão se chama tubarão, Baghera.

— Eu ainda não vi isso na minha aula pai — a menina resmungou baixinho.

— O que é aula?

— Hm, como explicar isso...É algo que você tem para aprender mais coisas. Baghera tem muitas aulas, não é querida?

A menina assentiu. Forever olhou para ela e então para o pai, fazendo um biquinho chateado.

— Eu não tenho aulas...

— Você vai ter, Forever, mas você ainda é muito novo. Por enquanto, tudo que você tem que fazer é brincar, está bem?

— Mas eu quero ter aulas com a Baghera!

Sr. Pato sorriu, bagunçando o cabelo dele. As portas duplas da sala mais uma vez se abriram, alguns carrinhos sendo empurrados para dentro por algums trabalhadores sem rosto.

— Peça outra coisa, Forever. Qualquer coisa, menos isso, e eu te darei, está bem?

— Qualquer coisa?

— Sim, qualquer coisa.

Forever apontou para o aquário.

— Então eu quero um aquário!

— Tudo que é meu, é de vocês dois, Ever.

— Mas Baghera não me empresta os brinquedos dela!

Baghera, que já havia caminhado até a mesa e se sentado em uma das quatro cadeiras que estava lá, olhou para ele com os olhos arregalados ao ouvir a acusação.

— Ei- isso não é verdade!

— É sim! Você disse que não ia me emprestar suas coisas!

— Pensei que a gente tava de trégua?!

— Crianças, crianças, não briguem — Ele pediu, — Quanto a isso você não precisa se preocupar, Forever, eu já pedi para Cucurucho ajeitar um quarto para você, sim? Com todos os brinquedos que você queira.

Forever piscou os olhos. Um quarto só para ele? Com todos os brinquedos que ele queira?

— Ele vai sair do meu quarto, então?

— Sim, você vai voltar a ter seus brinquedos só para você, Baghera.

— Mas a gente ainda vai poder brincar, né?

— Quando você não estiver em aula, sim.

Baghera olhou para Forever e então para seu próprio colo.

— Ele vai ficar sozinho?

O garoto cantarolou.

— Preocupada comigo?

Ela inflou as bochechas, cruzando o braço.

— Preocupada que você exploda tudo no tédio.

Sr. Pato balançou a cabeça rindo com a provocação dos dois. Ele caminhou até a cadeira que estava na cabeceira da mesa. Mesmo trocando provocações com a irmã, Forever o seguiu e se sentou em seu lado esquerdo, enquanto Baghera estava no direito. Um de frente para o outro.

Assim que todos estavam sentados, os trabalhadores começaram a servir os pratos, apresentando-os a Forever que parava de provocar Baghera apenas para perguntar o que era aquilo.

O mais velho deu tempo para que os dois parassem de se provocar, mas quando isso não aconteceu, ele mesmo interviu. Os três então comeram. Ao fim da refeição, as duas crianças foram mandadas de volta para seus próprios quartos por Cucurucho.

Baghera não fez birra, entrando no seu quarto depois de dar a língua para Forever. Mas o garoto insistiu que não estava cansado e em um momento de distração do homem de branco, saiu correndo pelo corredor.

Sendo mais novo e mais energético que Cucurucho, ele conseguiu fugir das garras do mesmo diversas vezes. Rindo e gritando que não seria pego.

Forever até mesmo conseguiu chegar até as escadas que tinha visto antes com Baghera. Ele parou para respirar, olhando para trás pelo corredor que tinha vindo. Sem ver Cucurucho, ele soltou uma risadinha e começou a descer os degraus, pulando alguns para conseguir descer mais rápido.

Adrenalina correndo por todo seu corpo e a curiosidade de descobrir o que havia ali em sua mente.

Ele repetia para si mesmo que ia conseguir.

Baghera iria ficar tão irritada em saber que ele conseguiu e ela não!

Forever saltou o último degrau, olhando para o corredor em que estava.

Diferente dos que ele já tinha passado no andar superior, esse era mais escuro. Poucos trabalhadores andando por ele empurrando carrinhos com coisas que ele nunca viu manchadas de vermelho.

Todas as portas estavam trancadas, nomes e números gravadas nelas em diferentes cores.

Uma porta se abriu de repente, mas antes que ele pudesse ver qualquer coisa saindo dela, um braço circulou sua cintura e o levantou.

Forever gritou de susto, enquanto era colocado sobre os ombros de Cucurucho que sem uma palavra se virou e começou a subir as escadas.

O menino gritou para que ele o colocasse no chão, se debatendo como podia. Mas o homem não o deu ouvido. Sabendo que era uma luta em vão, Forever parou de se debater com um bufo e ergueu a cabeça, conseguindo ver algo que parecia ser penas azuis, antes de Cucurucho deixar a escadaria.

Foi quase.

Notes:

Vocês veem aquelas nuvens de tempestade ou é só eu?

Chapter 5: Insane

Notes:

Boa leitura!

(See the end of the chapter for more notes.)

Chapter Text

Os dias se passaram como um borrão.

Baghera havia sido obrigada a voltar a ter suas aulas particulares como antes, essas que duravam a tarde toda e assim fazia com que os dois irmãos se visse menos.

Forever, que acordava sempre tarde, começou a se obrigar a acordar mais cedo apenas para que os dois pudessem tomar café juntos. O pai deles as vezes participaria, mas era um evento raro visto que pelas manhãs ele tinha reuniões de trabalho. Assim, a única hora que todos estavam reunidos de certeza era durante o jantar.

Durante todo esse período, Forever ou sairia para dar mais uma excursão pelo prédio, ou ficaria em seu quarto vendo o livro de figuras que o Sr. Pato lhe deu em um dos almoços que eles ficaram juntos.

Era um livro com figuras aleatórias, mas que realmente chamou a atenção do garoto e o distraiu por um tempo, dando descanso a Cucurucho que não aguentava mais o perseguir pela Federação para o impedir de voltar para as escadarias centrais.

Foi uma pena que não demorou que Forever acabasse de olhar o livro e quisesse colocar em prática tudo o que viu.

Seria um trabalho difícil, mas não tão difícil já que o pai cumpria o que tinha lhe dito, sempre lhe dando tudo o que ele pedia, independente do quão difícil fosse ou de como Cucurucho parecia contra fazer isso.

— Senhor, há esse nível, o jovem senhor vai precisar de um quarto maior — Cucurucho disse a seu pai, depois que ele concordou em lhe dar uma espécie de carro. — E eu não acho que exista uma sala que possa caber toda a ganância do jovem senhor.

— Isso não é um problema, se não existe uma sala que caiba tudo que meu filho quer, construa uma nova.

Foi o que o gerente respondeu. Seu tom foi mais que o suficiente para que Cucurucho nada mais dissesse, enquanto deixava a sala para conseguir o item pedido.

O homem de branco não era o único que parecia um pouco hesitante com a quantidade de coisas que Forever andava pedindo. Baghera se mostrou bastante chocada quando foi chamá-lo para brincar durante seu tempo livre e mau conseguiu abrir a porta com uma de suas tralhas na frente.

— Pra que você ta pedindo tudo isso? O que você está aprontando, Forever?

— Nada. Eu só estou entediado. É tão chato ficar sem fazer nada, Baghs!

Ela riu.

— Oh, então você está com saudades de mim?

— Eu estou com inveja de você! Eu queria tanto ir para a aula também! Deve ser tão legal! A única coisa que papai me dá são livros com figuras! Eu quero ler!

— Você quer? Você realmente quer ler?

— Yeh! Eu quero!

— Muito bem, então, eu vou te dizer como encontrar livros, mas você tem que ter certeza que ninguém vai te ver, está bem?

Forever rapidamente abandonou a mini construção que estava trabalhando, prestando atenção em tudo que sua irmã lhe contava. Baghera lhe contou como entrar na biblioteca, uma sala que o garoto já tinha encontrado em seus passeios mas que não conseguiu entrar, sem que ninguém soubesse e até lhe disse qual estante tinha que livro.

Toda a conversa fez com que eles gastassem todo o tempo da pausa da menina, que foi levada mais uma vez por Ours Blanc, uma mulher que usava uma máscara idêntica a de Cucurucho, para suas aulas.

O garoto esperou até que o corredor mais uma vez ficasse calmo, antes de sair do quarto. Ele olhou ao redor tentando localizar Cucurucho, mas assim que não o viu começou a seguir as instruções de Baghera, tendo que as repetir em voz baixa para não esquecer.

Ele quase se distraiu algumas vezes com alguns trabalhores conversando sobre novos projetos que estariam sendo transferidos, algo que ele não entendeu mas empurrou para o fundo da sua mente pra perguntar a seu pai ou a sua irmã depois.

Mas no fim, conseguiu chegar até a pequena portinhola vermelha que Baghera disse do outro lado do refeitório. Como ela disse, ele bateu algumas vezes na porta, que estalou, se abrindo.

 

[ ... . --. .-. . -.. ---]

 

Forever entrou pensando se tratar de um corredor apenas para escorregar por uma rampa e cair de bunda com um estrondo sobre alguns livros que estavam empilhados.

— Merda Baghera! — ele resmungou baixinho, seus olhos se enchendo de lágrimas com a dor nas suas costas e bunda.

Ele apostava que ela escondeu esse detalhe se propósito,até podia imaginar a garota rindo ao imaginar aquela cena.

Forever resmungou mais um pouco, se levantando e limpando a poeira de suas calças, batendo as asas para ver se não havia as danificado.

— O que você está fazendo aqui?

O garoto deu um pulo com o susto, mais uma vez tropeçando em um dos livros e caindo de novo. Seu coração eufórico soando em seus ouvidos enquanto ele ofegava.

Ele repetiu todas as palavras que Baghera já lhe ensinou em francês em sua própria mente, respirando fundo para não surtar, seus olhos indo para o garoto o olhando com um sorriso no rosto.

Ele era um pouco mais alto que Forever, talvez com a mesma altura que Baghera tinha. Seus cabelos eram quase loiros, mas um pouco mais escuros, orelhas como as de gato apareciam entre eles. Diferente dos irmãos que só tinham roupas brancas, ele usava uma blusa vermelha de mangas compridas com uma calça preta. Seus olhos risonhos eram de um azul extremamente claro que lembrava a Forever o céu em uma das figuras de seu livro.

— Eu que deveria perguntar isso — o garoto retrucou, colocando o livro que segurava em uma das prateleiras e segurando seu braço, ajudando-o a levantar, — Você por acaso não fugiu de uma das salas do último andar, fugiu?

— E se eu tivesse, o que isso tem haver com você?

O garoto sorriu, o soltando e se virando para pegar seu livro de volta.

— Tem haver que meu pai trabalha lá e ele me daria muitas coisas se eu denunciasse uma fuga.

— Seu pai é o Cucurucho? — Forever perguntou sem nem pensar duas vezes.

Cucurucho e Ours Blanc eram os únicos trabalhadores da federação que ele conhecia que poderia ter filhos.

Mas a pergunta fez com que o cabelo do garoto se arrepiasse, suas orelhas ficando em pé enquanto ele virava rapidamente, quase fazendo Forever cair de novo.

— Deus me livre ser filho daquela- daquela- daquela coisa! Meu pai é Rubius, Ru-bi-us! Você pode soletrar?

— Não, eu não posso.

— O que?

— Eu não posso soletrar, o que é isso, na verdade?

O garoto semicerrou os olhos, desconfiado.

— O que? — Forever perguntou.

— Se você não saber soletrar o que diabos ta fazendo em uma biblioteca?

— Eu não sei ler, mas minha irmã sabe. Ela vai me ensinar.

— Quem é sua irmã? Quem é você, aliás?

— Minha irmã é-

— Cellbit? — Uma terceira voz soou de repente, um garoto, — Cellbit, você está aqui?

O garoto, Cellbit, arregalou os olhos, empurrando Forever para baixo.

— Esquece, é melhor você ir embora. Eu deixei você se explicar, mas ele não liga para isso. Se ele te ver você ta ferrado — Cellbit murmurou, seu tom mais sério.

— Quem é ele?

— Cellbit? Rubius está procurando por você!

— Eu já vou, estou só guardando um livro! — o garoto gritou, se virando para Forever e abaixando o tom mais uma vez, — Isso não importa, vai embora.

Sem esperar que Forever dissesse mais nada, Cellbit se levantou e deixou as estantes. O loiro se ergueu um pouco para espiar, vendo um garoto de macacão azul conversar algo baixo com Cellbit.

O mais novo ficou onde estava, os dedos batendo rítmicamente em um dos livros, esperando que os dois saíssem para poder fazer o que veio fazer.

Entretanto, quando os garotos seguiram para a saída, Cellbit se virou mais uma vez com a desculpa de colocar o livro que segurava em uma estante, os olhos dos dois se cruzaram mais uma vez, um alerta para obedecer estampado nos olhos claros, paralisando Forever que só voltou a si quando o som da porta se fechando soou.

O que diabos tinha acabado de acontecer?

Notes:

Foi aqui que pediram insaneduo?

Chapter 6: Your Sister is Right

Notes:

Desculpem o atraso, estava estudando pra prova e esqueci de postar.

Boa leitura!

(See the end of the chapter for more notes.)

Chapter Text

Baghera não tinha muitas lembranças dos seus primeiros anos de vida, sendo sincera, tudo que ela tinha eram flashs que ela preferia ignorar pelo seu próprio bem, porque tudo que eles o traziam era um medo intermitente, a sensação de que tudo aquilo estava errado.

Talvez estivesse.

A garota não era tão idiota quanto todos esperavam ou achavam que ela era.

Baghera apenas era inteligente o suficiente para saber quando deveria ignorar e deixar pra lá.

Uma inteligência que foi obtida quando era mais nova. Ela não costumava ter papá nas línguas, era muito mais nova que Forever é agora, e perguntou ao seu pai sobre o porque dela nunca poder descer para os outros andares pela escada.

Ele não respondeu diretamente, mas disse que quando ela tivesse idade o suficiente saberia tudo que quisesse.

Não foi uma resposta que agradou a garotinha e quebrou o toque de recolher, indo para o andar inferior.

Ela não chegou muito longe antes de Ours Blanc a pegar, mas pelo menos conseguiu se encontrar com seu único amigo.

Etoiles.

Ele estava saindo de um dos quartos acompanhado de um dos homens de máscara com números. Assim que o viu, Baghera gritou e perguntou o nome dele e o que ele estava fazendo ali. Mas a única resposta que ela teve foi o nome dele.

Mesmo depois, quando seu pai cedeu em deixá-la se encontrar com o híbrido de pepino, Etoiles nunca o contou nada sobre o porque ele estava lá e o que fazia quando os dois não estavam juntos independente do quanto Baghera o pertubasse.

Ela nunca tirou nada dele ou de qualquer outro.

Mas ela sabia.

Ela só tinha escolhido fingir que não.

“Omitir: Ocultar a verdade.”

Era o melhor, tanto para ela, quanto para seu irmão.

...

— Ba-ghe-ra! — A voz estridente de Forever soou, momentos antes da porta se abrir com um estrondo que poderia muito bem ter a quebrado.

A garota sorriu, levantando seus olhos do livro que lia para o irmão que entrou saltitando na sala, um livro em suas mãos.

— Olá, Forever, o que você está fazendo?

— Nah, nada importante. Você sabe que eu te amo, não é?

Baghera riu, revirando o olho.

— O que você quer, petit freré?

O loiro fez um biquinho dramático, seus olhos se enchendo de lágrimas em tempo recorde.

— Ah! Por que você acha que eu disse isso só porque quero algo? — ele perguntou, — Você não me ama de volta? Você não me ama!?

— Não seja dramático — zombou, apertando a bochecha do mais novo, — Você quer algo, não quer?

Ele fez uma careta, batendo na mão dela e se sentando ao seu lado na cama, abrindo o livro que trazia.

— Sim, eu quero, o que é essa palavra?

— Oh! Então você disse que me amava só porque queria algo! Agora eu já sei! Você só me ama quando eu te ajudo, né?

— Quem está sendo dramático agora?

— Você.

Os dois se olharam. Baghera soltou uma risadinha, colocando uma mecha de cabelo solta atrás da orelha, olhando para o livro aberto.

— Vamos, deixe-me ver a palavra.

Forever assentiu e trouxe o livro para mais perto do próprio rosto, procurando a palavra antes de enfiar o livro no rosto da irmã, apontando para a palavra.

— Essa aqui! O que é isso?

— Tire isso- deixe eu ver — Ela tomou o livro das mãos dele, olhando a palavra apontada, — Re-redstone? Redstone.

— Redstone? O que significa?

— Pedra vermelha, mas é um tipo de minério, eu vi isso em uma das minhas aulas.

— Oh, como eu consigo?

— Para que voce quer redstone, Forever?

O garoto piscou e então fechou o livro, se levantando.

— Nada. Para nada, eu não preciso, quem disse que eu preciso?

— Forever.

— Que?

— Me diga.

— Dizer o que?

— Para que você precisa de redstone?

— Você promete guardar segredo?

— Forever....

— Prometa! Ou eu não te conto!

Ela suspirou. — Eu prometo.

O garoto ergueu o dedinho.

— De dedinho?

Baghera sorriu e entrelaçou os dedos.

— De dedinho.

Forever sorriu e então se sentou de novo, abrindo o livro e o folheando.

— Eu vi que redstone abre portas. Quero testar isso.

— Nenhuma porta está trancada para a gente, Forever. Você só precisa pedir ao papai.

— Eu não quero pedir ao papai, ele está ocupado, eu quero fazer eu mesmo!

— Então, como você pretende conseguir Redstone?

— Você sabe onde tem?

— Que porta você quer abrir?

Forever pisou no pé dela.

— Ai!

— Pare de responder uma pergunta com uma pergunta!

— Você não precisava ter pisado no meu pé!

— Apenas responda!

— Eu não sei, talvez no refeitório? Eu não sei. Em alguma das salas do segundo andar, provavelmente.

— Você não sabe qual?

— Não.

Por um momento, Baghera pensou que Forever tinha desanimado, mas ele sorriu e se levantou.

— Bom! Isso não é um problema! Nós podemos descobrir!

— Nós?

— Sim, nós, vamos lá, Bagh!

Antes que ela pudesse recusar, Forever agarrou sua mão e a puxou para fora do quarto. A soltando apenas para entrar no próprio quarto, pegando um taco que seu pai havia o dado a alguns dias, e então a puxando para as escadas que subiam.

Em algum lugar, Cucurucho sentiu um arrepio, deixando sua xícara de café encima da mesa e saindo do próprio escritório. Parando um dos trabalhadores.

— Você viu a senhorita e o jovem senhor?

— Não senhor. Está tudo calmo no andar de baixo.

— Sim.

Estranhamente calmo.

As luzes rapidamente mudaram para o vermelho, o alarme soando.

O corredor calmo se tornou agitado em um piscar de olhos.

...

— Então? Quem está me contando o que aconteceu? — O Sr. Pato perguntou, achando graça da cena a sua frente.

Ambos seus filhos estavam descabelados, as roupas brancas manchadas de cinzas, poeira e gracha, a camisa de Forever havia até sido reduzida a trapos. Haviam algumas manchas na roupa de Cucurucho, mas essas haviam provavelmente sido feitas pelo garoto mais novo que ele segurava por baixo do braço.

— Foi culpa dele! — Baghera gritou, seus olhos brilhando com lágrimas, — Ele me obrigou a ir, papai!

— Mentirosa! Você foi porque quis!'

— Eu estava muito feliz lendo meu livro, e ele veio e disse, ele disse — a garota afinou a voz, — Que se eu não fosse, ele ia contar pro papai que eu mandei ele ir!

— Mentirosa! Mentirosa!

— Eu não queria ir!

Os dois começaram a gritar um com outro. Cucurucho apenas continuou olhando o nada. O Sr. Pato quase podia sentir seu pedido de socorro.

— Está bem, está bem, eu não quero saber de quem foi a idéia. Eu quero saber qual foi a idéia, está bem? Eu não estou com raiva nem nada.

Baghera parou o choro falso, olhando para Forever e então para o pai.

— Não-

— Ele queria redstone!

— Baghera!

— Redstone? — A garota assentiu, — Forever, se você queria redstone, bastava apenas pedir.

— Sério?

— Eu disse, seu idiota!

— Pai!

— Baghera, não chame seu irmão de idiota.

— Desculpe papai.

O homem acenou em dispensa. Um sorriso em seus lábios com a cena de seus filhos.

— Está bem. Agora, Cucurucho, você pode levar os dois para tomar um banho?

— ...Sim, senhor.

— Ótimo, vocês podem ir agora.

— E meu redstone?

— Cucurucho vai providenciar, não se preocupe.

O garotinho sorriu e se debateu, sendo solto por Cucurucho. Ele correu até o pai e se inclinou, dando um beijo em sua bochecha.

Baghera resmungou algo e também correu, dando um beijo na outra bochecha.

O garotinho fez uma careta para irmã e saiu correndo da sala, a menina o seguindo. Os gritos dos dois ecoando pelo corredor.

— Quanto ao andar A04, senhor?

— O Projeto P13 já havia alertado que algo aconteceria com ele. Apenas não imaginei que se tratava desse número 4, deixe como está. Veja o que consegue salvar e passe para o andar seguinte.

Cucurucho assentiu.

— CUCU-PAIIIIIII BAGHERA ESTÁ ME MATANDO! ELA ESTÁ ME MATANDO — A voz de Forever soou esganiçada

— Devo continuar vigiando a atividade cerebral do jovem senhor?

— Até que P13 esteja em condição de receber uma visita, é o melhor.

— PAI!

— PARE DE GRITAR!

— PAI SOCORRO!

— Quanto a senhorita? Ela continua pedindo para ver o Indivíduo E20.

Sr. Pato soltou uma risadinha.

— Ainda não. Ainda não é a hora

Uma pancada soou, seguido de um grito e do choro alto de Forever.

— Agora vá, leve-os para descansar antes que o choro de Forever acorde os mortos

Notes:

Olá! Passando pra avisar que esse é o último capítulo do primeiro arco, os dois próximos serão extras e após eles serem lançados, infelizmente vocês ficaram mais ou menos uma semana se capítulo enquanto eu reviso os já lançados e acabo o segundo arco.

Obrigado por ler até aqui, até quarta.

Chapter 7: EXTRA - Vivre dan les étoiles

Summary:

ATENÇÃO: ESSE CAPÍTULO CONTERÁ CENAS DE VIOLÊNCIA, PENSAMENTOS SOBRE MORTE E NEGLIGÊNCIA INFANTIL. CASO ISSO POSSA GATILHA-LO, PULE, ELE NÃO MUDARÁ MUITO O RESTANTE DA HISTORIA. CASO AINDA LEIA, VOCÊ FOI AVISADO!

Notes:

(See the end of the chapter for notes.)

Chapter Text

Two birds of a feather
Say that they're always gonna stay together
But one's never going to let go of that wire
He says that he will, but he's just a liar

- TWO BIRDS (REGINA SPEKTOR)

 

Etoiles não sabia o que era liberdade.

Fosse o significado literal da palavra ou a sensação, ele não compreendia.

Mas estava tudo bem.

Ele não precisava da liberdade de todo jeito.

Ter ela seria igual a morte, e por mais ruim que pudesse ser as vezes, ele ainda não queria isso.

Essa era uma das diferenças dele para a maioria dos projetos.

Eles não sabiam o que era a morte, não sabiam para o que foram feitos, quais objetivos deviam alcançar.

Etoiles sabia de tudo isso.

Algumas dessas coisas ele aprendeu sozinho, outras fora a mulher gentil de cabelos loiros que costumava cuidar dele que o contará.

Mas isso não importava realmente.

Ele até gostava de lutar.

A espada em suas mãos era a única coisa que ele podia controlar e ele gostava disso.

Ele gostava dela.

A lâmina era tudo que ele tinha.

Até aquele dia.

....

Etoiles havia acabado seu primeiro combate do dia com uma falha. Um ataque da criatura que tinha o dobro do seu tamanho fez com que ele recuasse rapidamente, o movimento o fez pisar com mais força que o necessário e ele sentiu seu pé latejar imediatamente.

Entretanto, tão acostumado com a sensação ele continuou o combate até que a cabeça da criatura caísse no chão com um baque e seu corpo se desintegrasse em poeira.

A porta pela qual ele veio foi aberta e ele saiu. Um dos homens sem rosto se aproximou e lhes fez perguntas e avaliou seu corpo, ao notar a torção, rapidamente o dispensou, mesmo que o garoto insistisse que poderia continuar lutando.

Isso era tão irônico.

No início eles o deixavam lutar mesmo quando a flecha de um esqueleto perfurou sua barriga, agora estava sendo dispensado por uma torção.

Ele bufou descontente enquanto seguia outro, ou talvez o mesmo ser sem rosto para fora. Etoiles saiu primeiro, apenas para levar um susto quando alguém exclamou ao seu lado.

— Oh! Olá! — A voz de uma menina soou.

O garoto deu um pulo com o susto. Por mais que soubesse que não era o único a frequentar o corredor, ele não esperava encontrar alguém.

Principalmente uma garota.

Ela parecia mais nova que ele, não muito, mas sem dúvida era uma cabeça mais baixa. Tinha a pele pálida com algumas sardas, seus olhos eram azuis e seus cabelos incrivelmente longos e loiros.

— Olá? — Ele disse de volta.

— O que você estava fazendo?

— Eu-

Antes que ele pudesse responder, um homem incrivelmente alto com uma máscara de urso no rosto surgiu. Ele agarrou a garota pela cintura a pegando no braço, essa que soltou um grito indignado, se debatendo.

— Cucurucho! Me solta! Me solta! Eu estava conversando! Me solta! Eu vou contar pro meu pai!

Etoiles arregalou os olhos, mas não se moveu nenhum pouco enquanto a garota era levada.

— Ei! Qual o seu nome? Você tem um nome? — ela gritou, mas sem ter a resposta foi levada embora.

O homem que estava responsável por ele o olhou e mesmo sem ele ter rosto, o garoto podia sentir o aviso. Ele não disse nada enquanto era guiado de volta para a sua sala, fingindo que nada daquilo tinha acontecido.

Etoiles esperava esquecer tudo isso. Fingir que nada aconteceu e que não viu nada. Mas pouco tempo depois, durante sua "folga", ele recebeu a visita do mesmo homem de máscara de urso daquele dia.

— Olá, indivíduo E20. Meu nome é Cucurucho e eu sou o responsável pelo setor de experimentos, você sabe o que isso significa?

— Mais ou menos...?

— Ótimo. Noto algumas falhas em seu projeto que resultariam na suspensão do mesmo, você sabe o que isso significa?

Oh.

Falhas.

— Sim, morte.

— Ótimo. Entretanto, graças ao evento inesperado de uma semana atrás, o Gerente realizará uma intervenção desde que o indivíduo cumpra algumas condições.

Etoiles não disse nada, esperando que ele continuasse.

— O Projeto E20 continuará realizando os procedimentos, buscando melhoria e a perfeição, entretanto nos horários vagos, ao invés de mandado para sua sala, irá fazer companhia ao Projeto Canard, que responde por Baghera.

— A garota daquele dia?

— Sim. Seu objetivo é fazer o Projeto Carnad feliz. Para isso,em hipótese alguma se deve mencionar qualquer coisa sobre os demais projetos ou se referir aos procedimentos. Descomprimento de qualquer uma dessas coisas resultará em morte. O Indivíduo está de acordo?

— Se eu recusar eu morro, certo?

— A suspensão do projeto ocorrerá.

Etoiles se perguntava se eles achavam que ele realmente recusaria.

Ele assentiu e então, desde então sua vida foi virada de cabeça pra baixo.

O primeiro encontro com a garota ocorreu algumas horas antes de um procedimento, ele foi levado até um corredor que ele nunca viu antes. Em frente a um dos quartos, uma mulher de cabelos grisalhos estava parado ao lado da garotinha daquele dia, que sorriu assim que o viu, dando pulinhos animados enquanto o comprimentava.

— Olá! Olá!

— Olá, Baghera — ele comprimentou.

— Oh! Você sabe meu nome? Eu não te disse meu nome, disse?

— Ele foi informado, Baghera — a mulher falou e então abriu a porta detrás das duas, — Por que você não mostra seu quarto para ele?

— Oh! Certo, claro, aqui — ela disse e então pegou sua mão, o puxando para dentro da sala.

O quarto era incrivelmente diferente de qualquer outro que o garoto já tinha visto. As paredes eram rosas, rabiscadas em alguns cantos, uma cama que se parecia muito fofa estava mais ao canto, cheia de brinquedos encima.

Havia uma mesinha com alguns papéis, para onde a garota o puxou diretamente.

— Aqui, vamos pintar! Você sabe pintar, certo?

Ele não sabia, mas assentiu.

— Ótimo, aqui, você pode pegar a cor que quiser — ela colocou um copo cheio de canetas para perto dele, enquanto dava a volta para se sentar do outro lado, — Eu não te perguntei seu nome, perguntei?

— Não, você não.

— Qual é o seu nome?

— P- Etoiles.

— Oh! Etoiles! Como estrela, certo?

— É isso que significa?

— Sim, Ours Blanc me ensinou isso, é francês.

— Francês. Eu gosto de como soa.

— Eu também! É tão-! Eu não sei a palavra, desculpe.

— Está tudo bem, eu também não sei a palavra.

— Sério? Você parece ser mais velho que eu, quantos anos você tem?

— Ah- eu não sei, nunca parei pra contar.

— Como não? Como você comemora seu aniversário então?

— Eu nunca comemorei, eu acho. Não sei o dia.

A garota parecia chocada, parando de desenhar.

— Bom! Então! Se você não sabe, podemos só dizer que você faz aniversário hoje! — Ela declarou como se estivesse resolvendo tudo, a garota olhou para a mulher que estava parada os observando — Ours Blanc, você pode conseguir um bolo? E alguns balões?

— Baghera... Você não...

— Não, eu quero! Você pode?

Ours Blanc assentiu.

— Oui, jovem senhorita — e então saiu da sala, os deixando só.

Baghera sorriu para ele e voltou a desenhar, Etoiles a seguiu.

Ele não entendia porque ela estava fazendo isso, mas se isso estava a fazendo feliz, que ela continuasse.

Não demorou que Ours Blanc retornasse com os itens pedidos. Baghera amarrou os balões nas pernas da mesa e deixou que a mulher posicionasse o bolo. Uma vez que estava tudo pronto, a garota o empurrou para o canto certo e bateu as palmas animada.

Ela pediu uma câmera a Ours Blanc, que dessa vez recusou dizendo não saber onde estava. Baghera fez birra por alguns instantes mas rapidamente deixou de lado para cantar parabéns.

Etoiles apenas sorriu enquanto escutava, assoprando as velas uma vez que a música acabou.

Por um momento ele se sentiu realmente feliz. Realmente bem.

E não foi a última.

Sempre que ele retornava para ver a garota, ela o faria rir voluntariamente, faria o sorriso se tornar verdadeiro.

As visitas se tornaram o apoio de Etoiles quando os procedimentos se tornaram mais intensos.

Falhas agora resultavam em punições.

Punições fariam que toda sua vontade de viver fosse embora.

Baghera sempre a trazia de volta depois.

Sempre faria tudo valer a pena.

O quarto de Baghera era a paz que ele precisava. Lá ele poderia fingir que nada acontecia do lado de fora. Com sorrisos e um otimismo falso.

Estava tudo bem.

Tudo bem.

Estava tudo bem desde que Baghera não perguntasse. Não soubesse.

....

— Etoiles — Baghera o chamou.

Os dois estavam sentados no quarto dela. No mesmo canto que alguns anos atrás.

— Oui?

— Sei que você não gosta que eu fale sobre...

— Baghera.

— Mas eu preciso saber. Cada dia que você volta você está pior, não pense que eu não notei as novas cicatrizes, seu humor caindo. Por favor, me diga o por que, eu posso te ajudar!

— Baghera...

— Por favor, Etoiles, por favor — ela implorou indo até a sua frente. A garota se abaixou do seu lado, pegando suas mãos na dela, acariciando um corte que seguia do pulso até o polegar.

Por mais que ele quisesse. Ele nunca poderia.

Etoiles sabia o quanto Baghera amava o pai. Sabia o quanto tudo aquilo era importante para ela. Ele sabia que Baghera não aguentaria a verdade.

Ter tudo que você acreditava provado como mentira. Como falso.

Como alguém sobreviveria a isso?

Como uma garota de 10 anos sobreviveria a isso?

— Está tudo bem, Bagh, eu apenas fui descuidado. Não é nada, você não precisa se preocupar.

— Por favor, Etoiles, não minta para mim. Isso- isso não é descuido, algo está acontecendo e eu tenho medo, eu tenho-

— Do que?

— De que um dia você não volte. De que um dia você saia por essa porta e eu descubra que você foi embora.

Ele sorriu, apertando as mãos dela.

— Não seja boba, para onde eu iria mon cherir?

— Eu não sei! Eu não sei e é isso que me assusta, como eu posso mandar papai te buscar se eu não sei para onde você vai?

— Olhe para o teto.

— O que?

— Olhe para o teto.

A garota bufou mas obedeceu.

As estrelas penduradas no teto estavam brilhando um pouco mesmo com as luzes ligadas

— O que tem?

— Sempre que você sentir saudades de mim, que eu não puder estar com você, olhe para lá. Eu moro nas estrelas, é lá que eu vou estar.

Baghera a olhou, fazendo bico.

— Elas nem são a coisa real.

— Mas é o que temos. Nos trabalhamos com o que temos, sim?

— Eu não quero trabalhar com o que temos. Eu quero você.

— E você vai me ter. Enquanto eu puder estar aqui, eu estarei.

— Promete?

— Sim, eu prometo.

......

O garoto estava correndo.

As luzes vermelhas piscavam acima da sua cabeça junto com o zumbido incessante de um alarme.

Uma mão estava agarrado a sua enquanto ele era puxado. Seus pés estavam doendo. Sua cabeça latejava. Ele queria parar, mas não podia.

Não mais.

Não havia mais volta.

— Vamos, vamos, corra mais rápido!— Ele gritou para ele, tentando o puxar mais.

— Eu estou tentando!

— Tente mais!

Etoiles bufou mas obedeceu, tentando acelarar mais ainda seus passos.

Por sorte, não demorou que eles chegassem a única porta do corredor. O outro soltou sua mão para pegar nos bolsos de seu macacão um cartão.

Etoiles franziu a testa, mas nada disse, o vendo levar o cartão até o leitor do lado da porta, que estalou se abrindo.

— Você primeiro — ele disse.

O garoto não protestou e entrou, apenas para a porta se fechar assim que ele entrou.

— Etoiles! — O outro gritou,batendo na porta — Merda- Etoiles, você está aí? Você está bem?

— Eu estou aqui, eu estou bem. O que aconteceu? Por que a porta se fechou?

— Eu não sei, mas me escute, vá em frente, você está vendo o portal, certo? Uma pedra com uma rocha roxa no meio?

Etoiles procurou ao seu redor, rapidamente a achando.

— Sim, eu estou.

— Vá até ela e a toque. Eu vou dar a volta e já te encontro. Onde quer que você apareça, me espere e eu já estarei indo.

— Você tem certeza?

— Quando eu já menti para você? Eu já estou indo. Apenas me espere lá, okay?

Etoiles assentiu e escutou o que parecia ser passos se afastando da porta. Respirando fundo, ele seguiu até a pedra a tocando. A rocha brilhou soltando brilhos roxos que o circularam o forçando a fechar seus olhos.

O garoto sentiu-se leve e o chão sumir de seus pés por alguns instantes.

Etoiles apenas abriu os olhos quando teve certeza que seus pés estavam apoiados em algo. Mas demorou para que seus olhos se acostumassem as novas cores enquanto ele olhava ao redor.

Vendo a grama verde e úmida debaixo de seus pés. Sentindo o vento que passava por ele e vendo o céu escuro onde as estrelas brilhavam.

Oh.

As estrelas.

Elas eram-

Algo o atingiu.

Uma espada percurou seu peito, sendo arrancada na mesma velocidade em que foi perfurada.

Sangue subiu pela garganta do garoto ele sentiu o doce que sempre lhe doi reclamado e viu as es estrelas piscaren para ele enquanto ele caia na grama, sangue jorrando de seu ferimento tal como a vida deixava seu olhos.

— O Projeto E20 foi finalizado.

Notes:

Obrigado por ler :>

Chapter 8: EXTRA II - Fail

Notes:

(See the end of the chapter for notes.)

Chapter Text

Cucurucho era uma criatura sem sentimentos. Ele havia sido projetado para tal e tinha cumprido tal função desde que foi designado muito bem.

Até que ela se foi e o Senhor Gerente estava muito apegado às crianças que ela deixou.

Ele entendeu a razão da garota.

Ela era uma cópia da mulher, os mesmos cabelos, os mesmos olhos e até mesmo alguns de seus comportamentos.

E o Senhor Gerente precisava de um substituto assim como ele era de seu progenitor.

Era entendível.

Cucurucho podia não saber como era ou retribuir esses sentimentos. Mas ele compreendia que havia uma razão para que o Sr. Pato desse tudo que a menina pedia.

Era assim que se ganhava a confiança de uma criança.

Mas, ele não conseguia compreender a razão para a existência do garoto.

Ele era um projeto falho.

Diferente da irmã que mau adentrou um laboratório, o indivíduo 4ever nasceu e deveria morrer em um.

Mesmo que ele se parecesse com ela.

Ele nunca poderia ser moldado nela.

Não havia para que ele estivesse vivo.

A substituta não precisava de um substituto.

O indivíduo 4ever deveria ser eliminado.

>>>

— Ei, Cucu.

A criatura olhou para o jovem garoto. Um ano e meio se passou desde que ele deixou o andar A08, assim Forever havia envelhecido um pouco mais em aparência, quase superando a altura de Baghera. Seus cabelos loiros estavam ainda maiores, soltos nas costas nuas do garoto.

— O que você está pensando? — Forever perguntou, batendo seu lápis sobre o caderno aberto na mesa.

— Preste atenção no vídeo.

— Eu não consigo prestar atenção! Isso é tão chato, como Baghera pode gostar disso?

— Ela sabe o que ela tem que fazer. Preste atenção e você poderá sair.

Forever resmungou, o imitando enquanto se debruçava na mesa. Cucurucho olhou novamente para a tela, onde um vídeo sobre algumas espécies estava passando.

Falando sobre híbridos.

Que graça.

— Cucu~

— Sim, Jovem senhor?

— Me deixa ir, papai não vai se importar, por favorzinho~

Cucurucho o olhou mais uma vez.

De fato o Sr. Pato não se importaria. O indivíduo 4ever era livre para fazer o que desejava uma vez que não havia uma função futura o designado.

Cucurucho parou a transmissão do vídeo, vendo um sorriso surgir no rosto do garoto que se levantou em um pulo. Suas asas batendo em animação.

— Ae, Cucu! Obrigado!

O indivíduo não esperou que o outro falasse nada, saindo correndo da sala. Cucurucho o escutou gritar pela irmã. Os dois provavelmente começariam a aprontar pelos corredores.

Ainda bem que ele foi designado para um novo projeto.

Notes:

Capitulo curto apenas para a quebra de tempo.
Nos seguintes iniciaremos um novo arco com um avanço de alguns anos!

Chapter 9: Partner's

Chapter Text

Ii Arco - Two Birds

 

Os dias avançaram tão rápido quanto um raio atingiria a terra.

A federação foi cada vez mais aumentando, o prédio sofrendo tantas mudanças quanto as crianças que lá viviam.

Forever havia superado Baghera em tamanho, mas sua maturidade permanecia a mesma de antes. Ele gastava todo seu tempo aprontando, exigindo mais presentes e coisas de seu pai que, apesar de ter diminuído o tempo que passava com seu filho mais novo, continuava sempre fazendo seus gostos.

Baghera também não havia amadurecido tanto em mentalidade, mas sem dúvida alguma, ela não tinha mais os mesmos pensamentos que tinha em sua infância. Seu pai havia lhe mostrado mais coisas e colocado sobre a garota o peso da herança.

O tempo que os três passavam juntos era quase escasso, cada um fazendo sua própria coisa. Mas quando eles estavam juntos, agiam como a mesma família que eram três anos atrás.

...

— Forever, você está pronto? — Baghera chamou, batendo na porta do novo quarto do irmão.

Com as mudanças na arquitetura do prédio e com o crescente número de coisas que o mais novo tinha pedido, eles haviam sido mudados de andar. Levados para um onde as únicas coisas que existiam era seus quartos, um de cada lado do corredor.

A porta do seu irmão era enfeitada com desenhos de minérios e asas douradas, seu nome, escrito em vermelho.

Ela escutou o som do que parecia ser algo empurrado e então passos indo até a porta. Forever a abriu e saiu, fechando a porta logo em seguida com um baque,sem deixar que a garota tivesse se quer um vislumbre da bagunça que era seu quarto.

Urgente demais. Muito suspeito.

Baghera arqueou uma sombrancelha.

— O que você estava fazendo? — ela perguntou, colocando a mão na cintura.

O garoto sorriu.

— Bagh! Quanto tempo, você está linda! Vamos? — ele disse, e então saiu andando, sem a esperar.

A adolescente balançou a cabeça e se apressou em segui-lo. O que foi difícil com a velocidade que Forever caminhava.

— Por favor, não me diga que você estava fazendo outra bomba.

— Por que não? A última deu certo.

— Você explodiu todo um andar.

— E? Deu certo!

— Forever — ela resmungou, parando de andar e segurando o braço do irmão, — Pare com isso, você só está fazendo o papai gastar mais com você atoa.

— Baghera, pare de ser chata. O papai é rico, ele não dá a mínima pra isso.

Forever sorriu gentilmente e segurou a mão da garota, entrelaçando os braços.

— Agora vamos, ou ele vai mandar o cucu atrás da gente.

— Não mude de assunto.

— Eu não estou mudando de assunto. Depois eu te conto, soeur.

Ela revirou os olhos com o sotaque. Mas também não insistiu mais.

Os dois seguiram pelos corredores, indo até o elevador e descendo para o próximo andar. Ambos usavam roupas formais em tons de branco, Baghera usando um vestido rodado meio acinzentado e Forever uma camisa social branca com uma calça cinza.

Tudo para um jantar surpresa que o pai deles havia organizado para comemorar algo que nenhum dos dois sabia o que.

A garota tinha suas suspeitas, é claro, mas nada que fosse confirmado.

O par de irmãos caminharam até o salão principal — uma grande sala acrescentada na reforma — onde Cucurucho os esperava, ambas as mãos atrás das costas.

Diferente de tudo que havia mudado e envelhecido, este permanecia o mesmo. Um homem alto de cabelhos grisalhos que usava um terno branco com uma máscara de urso branca com um sorriso.

Forever como sempre sorriu quando o viu.

— Cucu!Eai? Como vai?

— Jovem senhor. Senhorita. O Sr. Gerente já está os esperando.

— Ah, sempre se fazendo de difícil. Um dia, verei alegria no seu tom quando falar comigo Cucu!

Baghera quis rir. Ela conhecia Cucurucho a mais tempo que o irmão e nunca vira nada além de cansaço e indiferença no tom de voz dele. Ela duvidava que isso fosse acontecer algum dia.

Cucurucho abriu as portas prateadas para os dois que entraram, juntos. O salão principal estava organizado para a ocasião. Uma mesa maior havia sido posta no lugar da pequena, com seis cadeiras postas, duas de cada lado e uma em cada ponta.

Em uma das pontas estava sentado o Sr. Pato. Ele não havia envelhecido tanto, as únicas coisas que indicavam isso eram alguns fios grisalhos em sua cabeça.

— Uau, teremos mais pessoas hoje? — Baghera perguntou, enquanto Forever corria na direção dele, dando um beijo estalado em sua bochecha.

— Quem é? Quem é?

— Um amigo meu, nós iremos falar de alguns negócios importantes, mas pedi pra ele trazer o filho dele — Sr. Pato disse, — Acho que está na hora de vocês começarem a conhecer outras crianças da idade de vocês.

— Oh! É um garoto? — Forever perguntou.

— Sim, Forever, eles são.

— Eles? — o garoto exclamou, ao mesmo tempo que Baghera bateu no seu próprio rosto.

— Mais de um? — ela perguntou, se sentando na cadeira mais próxima do pai, — Pai, um Forever é ruim, três é horrível!

— Ei!

Sr. Pato soltou uma risada, balançando a cabeça.

— Não se preocupe com isso, Baghera. Ninguém é como seu irmão. Ele é único.

— Ha! Eu sou único!

— Ainda bem — ela alfinetou, — Imagina o quão horrível seria se tivesse mais de você.

— Pobre Cucurucho.

— Pai! Até você? — choramingou, — Minha própria família contra mim!

— Estou apenas brincando, apenas brincando — tranquilizou, — Mas realmente, sinto que Cucurucho se demitiria se tivesse que lidar com mais alguma criança.

Como se invocado, a porta se abriu novamente, Cucurucho aparecendo.

— Sr. Gerente, os convidados chegaram.

O sorriso do Sr. Pato diminuiu, Baghera puxou o irmão para se sentar ao seu lado com resmungos.

— Deixe-os entrar.

O homem de branco assentiu, mas antes que ele pudesse se quer se virar, uma rajada de vento forte abriu as portas e uma criatura entrou voando e rindo.

Ele deu uma volta pela mesa,fazendo com que a toalha de mesa e as cortinas voassem, parando com uma pancada na cadeira na outra ponta da mesa.

— Olá, Rubius, a cada entrada você se supera — Sr. Pato elogiou, a criatura rindo.

Ele se parecia com um homem. Tinha cabelos brancos e a pele extremamente pálida, usava uma grande camisa branca com alguns detalhes dourado e calças do mesmo modelo. Entretanto, as asas grandes e brancas e a auréola dourada repleta de olhos que estavam fechados em meia-lua deixavam claro que ele não era humano.

O nome, Rubius, piscou na mente de Forever, ele se lembrava de ter o escutado mas não conseguia se lembrar de onde. E de toda forma, isso não parecia tão importante quanto o fato de que o amigo de seu pai era um anjo!

— Você é um anjo!

— Sim, eu sou! Isso não é legal garoto?

— Sim! Suas asas são tão grandes...Eu queria que as minhas fossem assim...

— Nah, tenho certeza que elas ainda vão crescer.

— Rubius, esses são meus filhos, Baghera, a mais velha e Forever, o mais novo — o pai deles os apresentou, — Onde estão os seus?

Rubius piscou, como se de repente tivesse se dado conta que os seus filhos não estavam ali. Ele olhou para as cadeiras vazias, mas assim que ele abriu a boca para falar algo, duas figuras entraram correndo.

— Desculpe o atraso, Quackity se perdeu.

Um dos garotos falou, recebendo uma cotovelada do outro

— Eu não-

— Ai estão eles — Rubius falou sorridente interrompendo os dois garotos que se acertavam com cotoveladas — Os apresento meu filho, Cellbit, e meu pupilo, Quackity.

O sorriso que estava no rosto de Forever morreu ao ver os dois. Ele se lembrava dos dois. Por mais que três anos tivessem se passado e os dois estivessem mais velhos e maiores, ele se lembrava dos dois!

— Você! — o loiro exclamou, se levantando, vendo o garoto, Cellbit, piscar se tornando pálido, reconhecimento passando pelo seu rosto — É VOCÊ!

— Nem fudendo!

Chapter 10: Mentirosos só contam mentiras

Notes:

(See the end of the chapter for notes.)

Chapter Text

My only one
My kingdom come undone
My broken drum
You have beaten my heart
Don't want no other shade of blue but you
No other sadness in the world would do

— Hoax (Taylor Swift)

O tempo havia passado.

3 anos desde que Forever havia ido na biblioteca e se encontrado por acaso com o garoto de olhos azuis.

Ele havia tentado o encontrar mais vezes depois daquele dia, o procurado pelos enormes corredores da Federação , entre as estantes da biblioteca, tudo para ter mais respostas que o seu eu infantil queria.

Mas isso não aconteceu.

E ele deixou pra lá.

Não valia a pena gastar seu tempo procurando alguém que ele nem sabia se estaria lá. Que poderia muito bem ter ido embora.

Era realmente uma surpresa que quando ele finalmente deixasse pra lá, ele o encontraria.

Todos na mesa se olharam. Exceto por Baghera, ninguém mais sabia que eles já tinham se visto. Seu pai nem mesmo sabia que ele tinha ido a biblioteca antes dele permitir.

— Vocês já se conhecem? — Rubius perguntou risonho, — Cellbit, você não me contou que conheci o Jovem senhor.

— E-eu, hm, nós nos encontramos por acaso, há alguns anos — o garoto disse, puxando a cadeira para se sentar em frente a Forever, — Conhecer é uma palavra forte, não é?

— Mas-

— Forever se sente primeiro — Baghera o interrompeu.

O garoto a olhou e olhou para Cellbit e então para seu pai que acenou para a cadeira. Ele se sentou com um bufo.

— Quanto a você, Baghera? Você também conhecia Cellbit e Quackity? — seu pai questionou.

— Não pessoalmente, Forever me contou sobre ter o visto, mas eu nunca o vi.

— Eu não conhecia ele — Quackity falou, assim como Rubius, ele também tinha um tom risonho e descontraído.

Forever o olhou. Três anos atrás escondido detrás de uma estante, ele não pode dar uma boa olhada no garoto.

Quackity parecia ser mais baixo que os outros três adolescentes, tinha cabelos pretos escondidos parcialmente debaixo de uma touca preta e algumas pintas espalhadas pelo rosto alegre. Ele usava um casaco azul, escrito alguma coisa que Forever não conseguiu entender.

Em suas costas haviam asas de um amarelo quase dourado, como as de Baghera, mas um pouco mais curtas como as de Forever.

Sinceramente, olhando entre ele e Cellbit, ele que parecia ser o filho de Rubius. Os dois emanavam a mesma energia, enquanto Cellbit parecia mais retraído, mais sério.

— Vocês não se conheceram — Cellbit foi quem disse, — Era ele, não você.

— Oh, isso faz sentido.

— Quem é ele? — Baghera perguntou.

— Ninguém importante, eu imagino — Sr. Pato disse, — Agora que todos estão aqui e tudo foi esclarecido, podemos começar o jantar, o que acham?

— Oh, sim, comida, a melhor parte de um jantar — Rubius comemorou, batendo as mãos.

— Cucurucho — o gerente chamou, quase que imediatamente a porta se abriu, — Traga o jantar.

A criatura assentiu e então abriu as portas duplas. Pouco tempo depois trabalhadores de máscaras entraram empurrando diversas mesas e as espalhando pelo salão.

Ours Blanc junto a Cucurucho pegaram os pratos e começaram servir aos convidados, enquanto os outros trabalhadores se retiravam silenciosamente.

Uma vez que tudo estava servido, os dois se afastaram para o canto.

— Bom, Bonné apetit — Sr. Pato declarou e começou a comer. Rubius o seguiu e logo depois os adolescentes comeram.

Os únicos sons que eram ouvidos eram o do tilintar dos talheres contra os pratos e das taças. Ninguém falou até que toda a refeição principal fosse comida e o Sr. Pato e Rubius começaram a conversar sobre assuntos que nenhum dos presentes entendia.

Bem.

Exceto por Baghera e Cellbit, que olhavam para seus respectivos pais com expressões sérias demais para crianças.

Talvez um dos dois tenha percebido, pois não demorou que o Sr. Pato sugerisse que eles fossem para seu escritório. Os dois adultos sairam e não demorou que Ours Blanc e Cucurucho os seguisse após retirar toda a prataria suja.

— Bem, isso é uma surpresa — Baghera quebrou o silêncio desconfortável que dominou o salão — Eu realmente não esperava por isso.

— Acho que ninguém esperava — Cellbit concordou, — Eu não esperava que o garoto que estava se esgueirando pra biblioteca fosse o filho do Gerente.

— Eu não estava me esgueirando para a biblioteca.

— Bem, você não estava entrando pela porta da frente. Inclusive, por que você não estava entrando pela porta da frente?

— Papai nunca deixou — Baghera respondeu, — Ele achava que Forever queimaria tudo assim que pisasse lá.

— Eu ainda penso nisso, talvez eu consiga fazer isso algum dia.

— O que? Por que? — Cellbit perguntou

— Não pergunte o porque, Forever não trabalha com a lógica, se ele sente, ele faz.

— Se eu quero, eu tenho.

— Uau, isso me lembra alguém — Cellbit disse, olhando pra Quackity que ainda saboreava sua sobremesa.

— Que? Por que? Quando eu tive o que eu queria?

— Nah, essa parte sou eu, você é a primeira.

Quackity soltou uma risada.

— Desculpe? Eu deveria agradecer?

— Apenas se você quiser.

— Ah, nesse caso, vete la verga pinche culero.

Cellbit soltou uma risada, — Vá você, cabrón.

— O que? O que ele disse? — Baghera perguntou

— Eu não faço a menor idéia — o irmão resmungou

— Nem eu — Cellbit disse, — Mas provavelmente foi um xingamento.

— Xinga- o que?

— Oh! Eu ouvi sobre isso, é tipo bater em alguém com palavras! — a garota disse.

Quackity e Cellbit se olharam e então olharam para os dois, a testa franzida.

— Vocês não sabem o que são xingamentos? — Quackity perguntou, — Em que mundo- ai! Pendejo, por que você me bateu?

— Foi sem querer — o híbrido de gato disse, encolhendo os ombros — Baghera está certa, xingamentos são uma forma de bater nas pessoas com palavras. Mas também servem para descontar sua raiva.

— Como idiota?

— Isso é leve, existem várias formas de xingamentos em diferentes línguas.

— Existe mais de uma?

— Existem várias — contou Cellbit, — Minha língua materna é português, a do Quacky e do meu pai é espanhol, a de vocês é inglês, certo?

— Não tenho certeza — Baghera disse antes que Forever pudesse, — Eu sei outra língua, embora não saiba o nome.

— E tem como você saber falar uma língua sem saber que língua é essa? — Quackity perguntou, cruzando os braços.

Nenhum dos quatro falam, Baghera abaixa o olhar, suas bochechas quentes de vergonha. Sem entender o porque havia contado aquilo a eles.

Ela havia literalmente acabado de os conhecer.

Forever, por sua vez, não entendia muito do que os outros estavam falando. Sua mente lutando para processar tanto nova informação.

— É possível, na verdade — Cellbit disse depois de um tempo, — Li uma vez que quando as pessoas estão em coma, e escutam alguém falando em outra idioma, elas podem acabar aprendendo incoscientemente aquela língua.

— Como você se lembra disso? — o garoto loiro perguntou, — Eu não consigo nem lembrar o que eu fiz ontem direito.

— Tenho uma boa memória.

— Boa memória ou não, isso não explica muito. Eu nunca estive em coma e se estive, nem papai nem Cucurucho falam francês. Apenas Ours Blanc, mas papai me disse que ela só passou a cuidar de mim quando eu tinha 5 anos.

Cellbit inclinou a cabeça para o lado. Forever quase podia ver a cabeça dele procurando por respostas enquanto o rabo balançava de um lado pro outro, batendo na perna da cadeira.

— Talvez, seu pai tenha mentido? — Quackity foi quem falou, — Rubius costuma ser um ótimo mentiroso, se os dois são amigos a bastante tempo, quem sabe-

— Papai nunca mentiria para a gente — Forever interrompeu, — Ele nos ama demais para isso.

— As pessoas podem mentir e te amar, Forever — Cellbit disse, havia algo em seu tom que o garoto loiro não conseguiu decifrar — As vezes elas até mentem para te proteger.

Forever não concordava com isso. Pelo que ele sabia sobre o amor, o amor que ele tinha por sua família e pelos que haviam nos livros que Baghera leu para ele. Amar não era mentir. Se você amava alguém, você deveria lhe contar a verdade, não mentiras. Você não estava protegendo alguém mentindo, estava apenas a machucando.

— Por que papai mentiria para a gente? — Baghera questionou, — Principalmente sobre isso, não consigo entender o que ele ganharia não me dizendo que alguém falava francês comigo quando eu estava em um suposto coma.

— Bom, eu não sei. Ele é seu pai, Baghera, não o meu. Talvez você devesse perguntar a sua mãe, ela deve saber a resposta.

— Quackity-

— Eu não tenho uma mãe — Baghera contou.

Forever franziu a testa.

— O que é uma mãe? Eu também não tenho uma.

— Quack- não-

— Como assim você não tem uma mãe? Todo mundo tem uma mãe.

— Não, todo mundo não tem uma mãe — Cellbit resmungou, — Eu não tenho uma mãe, se você não se lembra.

— Mas você tinha.

— Graças a Deus.

— Ei, ei, vocês dois, o que é uma mãe?

Quackity sorriu. Cellbit bateu no próprio rosto, massageando o próprio rosto.

— Por favor não...

— Oh, eu vou amar explicar isso — o híbrido de pato disse e se levantou, — Veja, Forever, quando um casal se ama muito, às vezes, eles tem um bebê, quando esse bebê cresce ele chama um dos pais de "papai" e a outra de "mamãe". Outras vezes pode ser dois papais ou duas mamães, mas nesse caso, o bebê ainda vem de uma "mamãe" .

— Ou não — Cellbit acrescentou, — Em alguns casos, é apenas uma mulher qualquer. Pai e mãe são quem te cria.

— Eu ainda não tenho uma mãe. Por que eu não tenho uma mãe, Baghs?

Quackity andou até atrás de Forever, colocando as mãos em seus ombros e se inclinando para o olhar.

— Você tem, você apenas não a conhece, Forever.

— Vocês só estão brincando com a gente. Isso é apenas baboseira, se nós tivessemos tido uma mãe, papai teria nos contado.

— Tal-

Antes que Cellbit pudesse continuar, a porta se abriu, Cucurucho adentrou a sala a passadas calmas e seguiu até o mesmo. Olhando dele para Quackity.

— Jovens senhores, o Senhor Rubius já deseja partir. Vim buscar-los para partir.

— Oh, tão cedo? — Quackity choramingou, se afastando de Forever.

— Sim.

Cellbit apenas assentiu e se levantou, os outros dois também se levantaram.

— Eles não podem ficar mais, Cucu? — Forever questionou.

— Não.

— Por que?

Cucurucho não respondeu, apenas se virou e caminhou até a porta.

— Não se preocupem, vamos convencer o papai a deixar nós voltar — Cellbit disse baixinho e então caminhou atrás do homem de branco.

— Adiós pendejos — Quackity se despediu e correu atrás dos dois.

Uma vez que os três cruzaram a porta, ela se trancou. Deixando o par de irmãos com seus próprios pensamentos.

....

Cucurucho os levou em silêncio até onde Rubius se encontrava sozinho, olhando ao redor cantaralando alguma coisa em espanhol.

O homem de branco parou a alguns metros do anjo, mas fez um gesto para que os dois continuassem, algo que eles se apressaram.

Cellbit sentia o olhar dele em suas costas enquanto se aproximava do pai, que sorriu quando os viu.

— Hola niños, como foi?

— Foi legal e com você?

— Chato~ Vamos embora antes que eu degole aquele urso.

— Eu adoraria isso — Cellbit resmungou baixinho, fazendo o pai soltar uma risada.

Rubius colocou uma mão no ombro de cada um dos dois e com uma lufada de ar de canto nenhum, os três sumiram, indo em direção a verdadeira liberdade.

Notes:

Eu não faço idéia se alguém realmente pode aprender outra língua escutando incoscientemente, eu apenas vi em alguma série que eu não lembro que uma mulher aprendeu outro idioma porque o médico falava com ela nele. Não lembro se essa série realmente existe ou se é só devaneio da minha cabeça, isso realmente não importa.

Quanto ao resto do capítulo, devo dizer, esse jantar vai render.

Chapter 11: Je veux juste la vérite

Notes:

(See the end of the chapter for notes.)

Chapter Text

Baghera deixou o salão pouco tempo depois que os outros dois se foram. Sua mente estava uma confusão, um completo caos, e ela não podia lidar com a expressão no rosto de Forever, como o irmão parecia exigir que ela lhe desse as respostas que ela não tinha.

Boa parte da sua percepção sobre as coisas, sobre seu relacionamento com seu pai havia sido colocado a prova.

Ela não conseguia pensar direito.

Seu cérebro gritava contra ela.

Isso não podia ser verdade.

Isso não tinha como ser verdade.

Baghera sabia que, obviamente, ela deveria ter tido uma mãe. Mas não era algo que ela deu muita atenção, ela tinha seu pai, seu pai era o suficiente e Ours Blanc era quase como uma mãe.

Exceto que ela não era.

Ours Blanc não podia ter filhos.

Nem ela, nem qualquer outro funcionário da Federação.

Tinha sido algo que ela descobriu alguns meses atrás, quando seu pai lhe deu acesso a algumas das fichas dos funcionários.

Nenhum tinha filho ou família.

Mas por que eles não tinham?

Eles não poderiam ou não era permitido?

Independente de qual fosse, isso significava que nenhum deles era sua mãe.

Então, quem era ela?

Antes que Baghera pudesse se auto responder, ela colidiu contra alguém, que a segurou antes que ela pudesse cair.

— Ei, cuidado, você está bem?

A garota piscou, espantando todos seus pensamentos tempestuosos para olhar quem ela tinha esbarrado.

Era um homem.

Verdadeiramente humano, ele não tinha nenhuma característica que deveria vir de algum animal. Ele tinha cabelos pretos que chegavam até seu pescoço, usava um casaco grande e marrom completamente surrado, manchado de tinta e de outras coisas que ela não sabia o que.

O homem se parecia mais novo que seu pai ou Rubius, talvez apenas um pouco mais velho que ela.

— Olá? — ele chamou. Uma expressão preocupada em seu rosto pálido. Seus olhos de um vermelho profundo prenderam a garota por alguns instantes.

— E-eu, hm, olá...

— Você está bem, garotinha?

— Sim, eu estou, desculpe, eu não prestei atenção onde estava indo.

O homem sorriu, — Está tudo bem, eu também não estava prestando muita atenção. Aqui é muito grande, certo?

— Sim. Eu, ah, quem é você? Eu acho que nunca te vi por aqui.

— Ah, ninguém especial, estou aqui apenas para trazer um relatório.

— Relatório? — Ela perguntou, uma idéia piscando em sua mente, — Eu posso ver? Meu pai é o gerente, eu posso entregar a ele, se você quiser.

O homem pareceu pensar, franzido a testa. Baghera o viu tirar um pincel de dentro da manga de seu casaco, o girando em seus dedos.

— Hnmm, isso me ajudaria muito, sabe, tem uma pintura que tenho que terminar e isso me daria mais tempo — ele disse e então pegou um livro de dentro da bolsa que trazia consigo, o entregando a garota, — Mas tome cuidado sim? Se isso não chegar a seu pai logo, ele pode me transferir para um canto ainda pior e eu gosto do meu farol.

— Farol?

— Sim, é onde eu moro, tem uma visão legal do mar. Talvez você possa ir lá um dia?

— Mar?

— Sim, bem, Cucurucho sabe onde fica. De toda forma, muito obrigado garotinha, agora é melhor eu ir. Tome mais cuidado por onde anda, sim?

Baghera não sabe se assentiu, mas o homem também não esperou que ela respondesse, se virando e caminhando pelo mesmo corredor que deveria ter vindo.

A garota quis rir.

Que diabos?

Mar.

Farol.

Relatório.

Seu pai estava realmente escondendo coisas dela, não é?

Ela pensava que ele confiava nela. Afinal de contas, ela era sua herdeira, sua filha mais velha.

“Tudo isso vai ser seu um dia, Baghera”

Tudo isso o que?

O que realmente era tudo isso?

O que é a Federação?

O que ela é?

A garota apertou o livro em mãos e olhou ao seu redor, voltando a caminhar em direção a seu quarto em passos mais rápidos, suas asas batendo e dando impulso.

Ela não podia arriscar que ninguém visse esse relatório antes dela. Ela queria saber pelo menos um pouco. Ela merecia isso.

Baghera apertouo livro contra seu peito, adentrando seu quarto e trancando a porta. Ela até mesmo empurrou seu baú de brinquedos contra a mesma. Jogou suas sapatilhas em qualquer canto e então se sentou na sua cama, olhando com mais atenção para o livro em seu colo.

Ele tinha a capa completamente preta. Sem nenhum detalhe amais, sem nenhuma prévia do que estava escrito.

Ao abri-lo, já havia algo na primeira página.

[ Relatório — Julho

Região Leste

Agente QNPC07 ]

A garota franziu a testa.

Julho? Eles não estavam em setembro?

Ela virou a página.

[ Relatório 01

A viagem até a região Leste ocorreu sem nenhum problema. A fauna agiu de acordo, nenhum comportamento incomum dos animais. Nenhum sinal de vida humana nessa direção. ]

Região leste da onde?

[ Relatório 02

Uma semana após a chegada ao extremo leste, ainda não há nenhum sinal de vida humana. A fauna e a flora seguem seus comportamentos normais. A maré segue baixa. ]

[Relatório 03

Três semanas após a chegada ao extremo leste.

Alguns habitantes chegaram a região. Eles constroem sua morada morro abaixo. A fauna agiu de acordo a perturbação. A flora está sendo pertubada.

Nenhuma ação foi tomada. ]

Habitantes? Do que ele está falando?

[Relatório 04

Quatro semanas após a chegada ao extremo leste.

Os habitantes construiram sua vila. Seguindo de acordo com seu comportamento, a fauna e a flora foram pertubadas.

Nada severo.

Nenhuma ação foi tomada. ]

Ela virou a página, essa estava manchada do que parecia ser tinta. A letra era um completo garrancho, Baghera mau pode entender nada além de um:

[ Objetivo inalcançável. Esperando ordens da central ]

Era por isso que o homem havia pedido para que ela entregasse com urgência. Ele, ou talvez outra pessoa, estava esperando ordens da central, que seria onde eles estavam?

A garota colocou o livro encima da cama e se levantou indo até sua mesa, pegando seu caderno e um lápis e retornando a se sentar. Ela abriu o caderno em uma folha em branco e então passou a escrever tudo que estava no livro para seu caderno, até mesmo copiando a escrita inelegível da última página.

Ela estava quase acabando quando alguém tentou abrir sua porta.

Baghera congelou, toda a cor sumindo do seu rosto e todo o jantar revirando em seu estômago.

Houve mais uma tentativa.

— Ué, tá trancada? — a voz de Forever falou do outro lado.

— Sim — Cucurucho respondeu.

— Mas já? Ela já foi dormir sem me dar boa noite?

— Talvez.

— Baghera? Você está acordada?

Ela não respondeu.

Mesmo se fosse só Forever ela ainda não deixaria ele entrar. Ele não podia saber de tudo que ela tinha descoberto ainda, não havia para que infligir esse sofrimento a seu irmão sem ter certeza de nada.

Cucurucho tão pouco poderia entrar.

Ela não sabia exatamente o que esse era, mas ele sempre soube quando qualquer um dos dois estava mentindo. Se ele entrasse, ele saberia na hora que a garota estava escondendo algo.

— Acho que ela já está dormindo, Jovem Senhor — Cucurucho falou depois de um tempo, — É melhor que o senhor faça o mesmo.

— Mas eu queria dar Boa noite para ela.

—...Diga então, tenho certeza que ela pode o escutar.

— Ela pode escutar, mas quem vai me dizer de volta se ela está dormindo e papai ocupado?

Houve silêncio por alguns segundos. Baghera até pensou em ir até a porta, não a abrir, apenas dizer Boa noite. Mas antes que ela pudesse realizar essa idéia, Cucurucho falou de novo.

— Nesse caso, eu direi de volta.

— Eh? Você?

— Sim. Eu — ele falou, — Agora vamos senhor, já está tarde.

Forever pareceu resmungar algo de volta, mas os dois se afastaram e Baghera não conseguiu mais os ouvir. Ela soltou a respiração que nem percebeu ter prendido, chateada consigo mesmo por não ter dado boa noite ao irmão, ela olhou seu caderno e o empurrou para debaixo da cama, para baixo de alguns brinquedos perdidos e então pegou o livro.

Sem calçar suas sapatilhas, ela seguiu até a porta, empurrando seu baú para fora do caminho e abrindo apenas uma brecha para espiar.

O corredor estava vazio.

Cucurucho provavelmente ainda estava lutando para colocar Forever para dormir. Ela saiu do quarto sem fazer muito barulho e seguiu em direção aos elevadores, subindo para o escritório do pai.

Os corredores seguintes estavam mais agitados. Mas nenhum dos trabalhadores fez menção de se por em seu caminho ou até de ter a visto. Seguindo até as portas de madeira escura do escritório do gerente, ela bateu na porta.

Quando teve certeza que nenhuma resposta veio, ela abriu a porta e entrou. Seu pai de fato não estava no escritório, Baghera foi até a mesa dele, com alguns papéis encima que espiando ela pode ver alguns nomes de projetos.

Uma vozinha em sua cabeça a mandou olhar direito e ela obedeceu, subindo na cadeira do pai para ler.

Haviam alguns nomes que ela já tinha visto antes.

Project Blue Bird

Project Spider

Project Golden Fish

Project P13

Mas fora isso, nenhuma das informações faziam sentido para ela. Parecia se tratar de informações sobre armas ou animais ou qualquer coisa assim.

Baghera apenas bufou descontente e colocou o livro sobre eles, descendo da cadeira e caminhando para a porta.

Do mesmo jeito que veio, ela voltou para seu quarto sem nenhum problema e sem saber que estava sendo vigiada.

Notes:

Olá galera, desculpem a demora por postar capitulo novo. Aconteceu que eu posso ter esquecido da fanfic e também com tudo que vem acontecendo no QSMP eu meio que fiquei sem tempo, além de que agora eu estou em um grupo incrível e preparando um RP.

Eu também estou passando por um bloqueio criativo para escrever, por isso até pensei em acabar com a fanfic, mas na verdade assim que todos os capítulos prontos acabarem (Tem mais 3 prontos) a fanfic vai entrar em hiatus.

Obrigado a todos que estão acompanhando a fanfic até aqui, espero que vocês estejam gostando.

Vejo vocês no próximo capítulo.

Chapter 12: Things

Notes:

(See the end of the chapter for notes.)

Chapter Text

Se Forever dissesse que tinha entendido algo do que aconteceu nas últimas horas, seria uma mentira. Fosse a conversa e as acusações que Cellbit e Quackity tinham a seu pai e Baghera o ignorar em seguida.

Nada disso ainda tinha sido processado pelo seu cérebro.

Tudo que ele sabia é que alguém estava mentindo e ele tinha certeza que não era seu pai.

— Você ouviu a conversa, não ouviu, Cucu? — O garoto perguntou para a criatura enquanto ele subia na cama, o homem seguindo logo atrás dele recolhendo peças de roupas jogadas e brinquedos espalhados.

— Sim.

— O que você acha, então? Papai não está mentindo para mim e para a Baghs, está?

— Não — ele respondeu, colocando as coisas que coletou em seus respectivos cantos e pegando um livro dos que estavam empilhados encima de uma banca, — Ele não está.

— É claro que ele não está. Mas por que Cellbit e Quackity diriam aquilo tudo?

— Os seres meio humanos e humanos sentem algo chamado ciúmes. Sr. Rubius está constantemente viajando, ele os deixa por conta própria. Talvez eles estejam com ciúmes que o Sr. Gerente seja tão atencioso com os dois.

Forever sabia o que era ciúmes, apesar de nunca ter sentido. Mas algo lhe dizia que não era isso que os dois estavam sentindo.

Cellbit não lhe parecia o tipo de pessoa que mentiria desse jeito por ciúmes. Ele parecia muito recluso para isso.

— Você vai contar para o papai sobre a nossa conversa?

— Se o jovem senhor quiser.

— Preciso perguntar para a Baghs o que ela acha primeiro, qualquer coisa eu falo. Você acha que ele vai ter tempo para mim?

Cucurucho não respondeu. O garoto esperava por isso, seu pai andava muito ocupado ultimamente, fosse com negócios de ser o gerente ou ensinando Baghera, eles dois mal passavam tempo juntos.

Na realidade, ultimamente ele mal tinha ficado com qualquer um dos dois, fosse Baghera ou o pai. Eles sempre estavam ocupados demais para ficar com ele.

— Eh, eu esperava por isso. Eu sinto saudades de quando eu era mais novo e eles me davam mais atenção....— ele choramingou se deitando. Cucurucho o cobriu com seu cobertor verde e fofo, — Talvez eu devesse explodir alguma coisa, assim eles prestariam mais atenção em mim.

— Por favor, não.

Ele riu, — Vamos, faz um tempo que eu não explodo as coisas.

— Que continue assim.

— É tão chato! Eu estou tão entediado Cucu~

— Você não está feliz?

— Não, eu estou triste.

— O que te faria feliz?

— Bem, muitas coisas. Mas eu queria que meu pai passasse mais tempo comigo.

Ele assentiu.

— Você quer que eu leia o livro?

— Nah, eu estou bem. Boa noite, Cucu.

— Boa noite, jovem senhor.

Cucurucho se levantou e saiu do quarto, apagando as luzes.

Não demorou que Forever caísse em sonhos pertubados.

Ao apagar as luzes e deixar o quarto do indivíduo Forever, Cucurucho seguiu para o quarto de Baghera. A porta permanecia trancada, mas sons de movimento ainda se faziam presentes anunciando que a garota ainda estava acordada.

Ele se perguntou o que exatamente se passava na cabeça dela e se deveria intervir, uma vez que sem alguém para que lhe diga o contrário ela acreditaria em cada palavra dita pelos dois visitantes e se tornaria permanentemente infeliz com tudo.

Entretanto, apesar de originalmente ter sido designado para ela, os dois não eram próximos o suficiente para que ela acreditasse em suas palavras. Ele chamaria Ours Blanc antes de ir checar o Projeto Blue Bird.

Cucurucho seguiu para o andar inferior, indo até a sala do Sr. Gerente onde bateu na porta, aguardando a permissão que logo veio para entrar na sala.

O Sr. Gerente estava sentado em sua cadeira, uma pasta de capa vermelha em suas mãos.

— Aconteceu alguma coisa, Agente QNPC01?

— Trago um relatório sobre o indivíduo Forever.

— Ele fez algo também?

— Não. Porém pretende, ele pretende explodir mais alguma coisa caso o senhor e a.jovem senhorita não lhe dêem atenção. Ele diz não estar se sentindo feliz com isso.

— Ele não está feliz?

— Sim.

— Ele estava feliz a alguns momentos, isso tem relação com a visita?

— Sim. Os indivíduos Quackity e Cellbit alimentaram as dúvidas deles. Entretanto, o indivíduo Forever permanece leal ao senhor.

— E quanto a Baghera?

— Está trancada em seu quarto.

— Hm. Entendo. Era isso?

— Sim.

— Então tomarei providências, pode ir.

Cucurucho assentiu e saiu.

Sr. Pato suspirou, balançando a cabeça. Ele olhou para o livro que ainda estava em sua mesa.

— Francamente, tenho saudades quando minha única preocupação era adivinhar qual andar seria explodido ao invés de adivinhar quando um dos meus filhos vão se rebelar — ele resmungou para si mesmo.

O Sr. Pato se levantou, guardando seus papéis e o livro em uma das gavetas da mesa, a trancando e logo em seguida deixando a sala.

Os corredores estavam calmos. Os poucos que caminhavam por ele foram espertos em não o olhar e abrir espaço enquanto o pato seguia para o elevador.

Ele pegou um dos seus cartões e levou até um leitor que ficava acima dos botões do elevador. Um estalo foi ouvido e as portas se fecharam, começando a descer para os andares mais profundos.

Parando só quando o leitor não mostrava mais nenhum número. As portas se abriram para um corredor extenso de quartzo, repleto de portas onde logo ao lado se via numerações e identificações.

Project Spider

Project Blue Bird

Project Golden Fish

Project D5

Project N5

Project S12

Todos com o nome de seus responsáveis logo abaixo. Mas o Sr. Pato não deu nenhuma atenção a esses, seguindo para a última porta do corredor, isolada de todas as outras.

Project P13

Confidential

Com o outro cartão, o gerente destrancou a porta de ferro, adentrando. A porta dava para um corredor onde a única luz ligada, piscava em frente a uma porta preta reforçada.

Seguindo até ela, ele mais uma vez a destrancou com outro cartão, entrando.

Dessa vez a porta dava para um grande quarto branco sem muitos móveis, sendo estes apenas uma cama e uma mesa, onde um garoto em uma bata branca estava sentado, rabiscando alguma coisa em uma folha.

— P13 — Sr. Pato chamou, sua voz ecoando pelo cômodo .

O garoto parou de rabiscar e levantou a cabeça para o olhar. Ele tinha olhos de um azul intenso e escuro, um sorriso estranho em seu rosto quando o viu.

— Oh, Olá! Você tem brinquedos novos?

— Não hoje.

— Ah — o garoto soltou, fazendo uma careta e voltando a desenhar, — Então eu também não tenho nada para você hoje.

— Não?

— Não.

Sr. Pato balançou a cabeça, caminhando até o garoto que rapidamente ficou tenso, parando de desenhar de novo. O pato achou graça, olhando para os desenhos que ele já havia feito.

— O que você está desenhando, então?

— Eu não sei, apenas coisas.

Ele assentiu.

Os desenhos eram muito aleatórios. Árvores, um corredor, crianças, uma casa em chamas e o que ele ainda estava fazendo se parecia com uma asa.

— Realmente, apenas coisas. Você deveria ir dormir, P13.

Sr. Pato não esperou uma resposta, ele já tinha as respostas que precisava de todo jeito. Algo que ele precisava evitar.

Notes:

Desculpem pela demora!
Teorias de quem é P13?

Chapter 13: Velha Infância

Notes:

(See the end of the chapter for notes.)

Chapter Text

Os dias que se seguiram ao jantar foram, por falta de palavras, foram estranhos para Forever.

Ele se sentia como se estivesse pisando em vidro, como se cada palavra errada fosse fazer Baghera surtar e se trancar em seu quarto, algo que ela andava fazendo desde então.

E o pior, é que ele nem mesmo conseguia entender o porque, uma vez que ao perguntar, a garota o garantiu que estava tudo bem.

De toda forma, havia chegado em um ponto de que Forever estava passando mais tempo com seu pai do que com a irmã. Esse que parecia ter finalmente se lembrado que tinha mais de um filho e resolvido deixar de lado suas coisas para cuidar do mesmo, o que deixou o garoto mais do que feliz o suficiente para deixar de lado tudo que não estava acontecendo entre ele e sua irmã.

— Aquele peixe está preso nas algas, Forever — A voz de seu pai o tirou de seus pensamentos.

O garoto piscou os olhos voltando para a realidade. Ele estava parcialmente dentro do aquário de seu pai, os dois haviam tirado o dia para colocar uma nova variedade de peixes que seu pai tinha conseguido.

— Ok, lá vou eu — Forever disse e então se deixou afundar na água, nadando até onde o dito peixe estava, enroscado no meio das algas.

Uma vez que o soltou, ele retornou para a superfície, suas asas encharcadas se balançando.

— Tem mais algum peixe, pai?

— Não, eu acho que não, você pode sair agora.

— Ok — ele concordou e começou a sair.

Havia uma escada apoiada no aquário, a que eles costumavam usar para alimentar os peixes e a que Forever tinha usado para subir lá. Mas o garoto a ignorou para olhar o chão.

A distância era grande. Mas não parecia ser o suficiente para que ele se machucasse. Se é que pudesse chegar a machuca-lo.

Seu pai, que estava anotando algo em sua prancheta, parou para o olhar como se tivesse sentido algo.

— Forever?

— Pai! Me segura! — ele exclamou, saltando logo em seguida.

Seu pai arregalou os olhos e praticamente jogou a prancheta na mesa, a cadeira caindo no chão na velocidade que ele se levantou, suas asas batendo quando ele voou para o encontrar no meio do caminho, o abraçando contra seu peito.

O garoto riu com a adrenalina bombeando por seu corpo. Alegria reverberando por todo seu corpo com a constatação disso.

Como ele poderia cair quando seu pai estava lá?

Como ele poderia se machucar quando tinha seu pai?

Como seu pai poderia o machucar?

— Deus, Forever — Sr. Pato murmurou, o afastando para poder ver seu rosto, — O que diabos você estava pensando, ãn, garoto? O que você tem em sua cabeça ein?

Forever sorriu.

— Não faça isso de novo. E se eu não tivesse aqui? Se eu não conseguisse te pegar?

— Está tudo bem, pai, você sempre me pegaria.

Sr. Pato o olhou em silêncio e então bufou uma risada, o segurando mais perto de novo.

— Sim, você tem razão. Eu sempre vou te pegar.

...

Sr. Pato o colocou no chão um pouco depois, resmungando que estava todo molhado e que Forever poderia adoecer mandou que Cucurucho o levasse para tomar um banho, algo que Forever fez de bom gosto uma vez que sua birra tinha funcionado para que o homem de branco o levasse nas costas até seu quarto.

O garoto saltou das costas do mesmo assim que chegaram no corredor, indo direto para a porta da sua irmã, ansioso para a contar sobre a epifania que tivera.

Como sempre, a porta estava trancada e Cucurucho o chamou. Mas isso não o impediu de bater.

— Baghs? Você está aí?

— Senhor-

— Yeh, eu já vou — a voz da garota soou. Demorou alguns segundos até que ele escutasse passos se aproximando e a porta se abrisse.

Baghera parecia a mesma de sempre, usando uma camisa rosa com uma saia branca e seus cabelos loiros estavam presos em um rabo de cavalo bem feito. Entretanto, havia algo estranho em seus olhos e sua expressão. Apesar de parecer a mesma, Forever sentia que ela parecia mais velha.

— Ei, Ever, por que você está molhado? — Ela perguntou.

— Ah, eu estava ajudando papai com o aquário! E eu queria falar com você sobre isso, eu estava pensando, eu acho que eles estavam mentindo. Papai nunca-

— Forever, eu adoraria falar com você sobre isso, depois. Agora eu estou um pouco ocupada, por que você não vai e toma banho e depois nós conversamos?

— Mas-

— Depois, Ever, eu prometo.

Ele não queria que fosse depois.

Ele queria falar agora.

Mas Forever sabia que sua birra não funcionava com Baghera, então ele bateu o pé e saiu com raiva para seu quarto.

Cucurucho o seguiu logo em seguida.

Ele esperava que realmente houvesse um depois dessa vez, e não fosse uma mentira da garota.

Notes:

Mais um capítulo pra acabar os que eu tenho pronto e eu continuo em bloqueio criativokk

Notes:

Para saber quando sai a próxima atualização me siga no twitter: @dearstanny

Eu também posto alguns headcanons aleatórios e volta e meia uns spoiler sobre a fic

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