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os desejos que são atendidos

Summary:

Luffy se lembrou de Makino contando suavemente histórias sobre as estrelas, sobre sonhos que se realizam, então, olhando para a estrela mais brilhante do céu, ele resolveu fazer seu pedido.

ou

one piece reagindo a one piece.

Notes:

(See the end of the work for notes.)

Chapter 1: prólogo

Chapter Text

Monkey D. Luffy, navegando (escondido shishishi) em um navio da marinha, olhava para o mar pela pequena janela da cabine com o queixo apoiado em uma das mãos, seu rosto estava sério, olhos cerrados e boca em uma linha fina, diferente do seu sorriso tão característico, seu humor tão sombrio que ele quase não foi capaz de apreciar sua carne (um absurdo!). Dentro do quarto, Hancock, a Imperatriz Pirata, e sua nova amiga, estava deitada no chão, fazendo uma das coisas estranhas que ela parecia estar sempre fazendo parte dele, por um momento, Luffy imaginou Sanji ali, ele e Hancock se comportavam da mesma de qualquer maneira, eles poderiam ser amigos, seria legal se Chopper estivesse ali também, a pequena rena poderia conversar com o outro colega de quarto deles, uma cobra azul grandona que parecia ser divertida (não que Luffy conhecesse os pensamentos da cobra, ela provavelmente queria matá-lo e o garoto confundiu suas ações com afeto, quem sabe?).

As ondas balançavam suavemente, mas nem mesmo elas, de quem Luffy tanto gostava, conseguiam acalmar seu coração inquieto.

O garoto suspirou, droga, sentiu falta de seus companheiros, queria que eles estivessem ali com ele, que o ajudassem a invadir uma prisão. Queria não ter sido fraco ao ponto de perder todos eles.

Ele se lembrou de Makino, contando suavemente histórias sobre as estrelas, sobre sonhos que se realizam, e então, olhando para a estrela mais brilhante do céu, ele resolveu fazer seu pedido.

Eu desejo, ele pensou, desejo salvar meu irmão.

E a Grand Line, incessantemente misteriosa e imprevisível, resolveu atender ao pedido do menino que sempre a surpreendia.


Zoro respirou fundo mais uma vez. Estava por um fio de surtar e decapitar a garota de cabelos rosas.

Perona, era como ela disse se chamar, queria que ele se tornasse seu servo, pelo amor de estar lá o que rege o mundo, um maldito servo, onde diabos ele havia se enfiado?

Ele fechou os olhos enquanto a ouvia murmurando sobre cor de rosa e coisas fofas, até o momento em que não ouviu mais nada.


Chopper queria muito dormir, mas estava com medo. Ele queria ser um grande pirata e um grande médico, que seus companheiros sentissem orgulho dele, mas sozinhos na floresta, fugindo dos nativos e dos pássaros gigantes tudo que ele pudia sentir era medo. Medo e saudade dos amigos.

Talvez se ele tivesse cinco minutos de sono, ele poderia sonhar com eles...


Sanji estava correndo, desesperado. Que inferno era aquele? Seus pés quase não tocavam no chão, mas ele não podia desacelerar, não podia. Ele estava preocupado demais em escapar para conseguir formar outro pensamento.


Nami estava deitada na grama observando o céu, a chuva havia acabado há pouco tempo, sendo substituída por um arco íris, o chão ainda estava úmido e o vento calmo. Aquela tranquilidade era incomoda, ela sentia falta do barulho constante do Sunny, Zoro e Sanji brigando, Luffy e Chopper rindo de qualquer bobagem, Usopp explodindo tudo que tocava, sentia falta das canções que o Brook e Franky cantavam. Ela fechou os olhos, sentia falta de conversar com a Robin, de ter seus amigos por perto.


Frio do cacete. As mãos de Franky tremiam, ele não sentia mais suas pernas, porcaria, só havia neve onde quer que ele olhasse, seus dentes batiam uns contra os outros e porra, ele já não tinha certeza de que sua cola ainda era líquida. Ele havia se metido em uma SUPER fria.


AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH

Uma planta gigante tentou engolir Usopp, de novo. Que inferno de ilha.


─ É um demônio?

─ Mestre Satã, rei dos demônios...

Hein? Satã?

Será que... não, não, não é possível... ou será que é?

Brook morreu e foi para o inferno? Oh, espere, ele já está morto, yohoho. Mas a parte do inferno é meio preocupante.


Robin observava a ponte ainda em construção, era um sinal de esperança, os guardas disseram, um novo futuro, mas Robin não conseguia ver assim. Tudo o que Robin podia ver era o sofrimento e a exploração causados para beneficiar um grupo muito pequeno de pessoas malignas.  A vida humana valia tão pouco? 


A cela era fria e úmida, Ace não conseguia dormir, seus braços doíam e sua mente parecia pesada. Jinbei, sentado ao seu lado, parecia triste, exausto, puto da vida, não que Ace pudesse culpa-lo, ele sentia o mesmo. Sua cabeça descansou contra a parede gelada, suspirando. Ele não queria admitir mas estava com medo.

Os outros prisioneiros não pareceram perceber que três criminosos desapareceram misteriosamente. O tempo parou e, com ele, todas as outras pessoas pararam também.


O universo não é como um quebra cabeça cujas peças se encaixam com exatidão, ele é engraçado de um jeito cruel, misterioso de maneira sombria, e as vezes, quando do mar está calmo e as estrelas estão brilhando, ele é simplesmente bom. Não há explicação, como ou porque, ele é como é, sem tirar nem por, perfeito em sua imperfeição.

E como em um passe de mágica, pessoas de todos os cantos dos mares encheram a sala, heróis, vilões, piratas e civis, homens, mulheres e aqueles que não são nenhum dos dois. Por um segundo de silêncio surpreso todos se entreolharam, tensos, antes do pandemônio começar.

Zoro não se importava muito com as pessoas ao seu redor, mas a gritaria estava começando a irrita-lo, seus olhos escaneiam a sala calmamente, até encontrar um garoto com chapéu de palha.

─ LUFFY ─ foda-se sua pose despreocupada, ele permite que sua máscara caia por um momento e sorri para seu capitão, que sorri de volta e corre em sua direção.

─ ZORO!

─ LUFFY ─ duas, três, oito vozes se juntam a primeira e sem perceber Zoro começa a correr também.

Eles se encontram no meio da sala, Brook, Franky, Robin, Chopper, Sanji, Usopp, Nami, Zoro. Luffy. É um milagre?

Abraço. Saudade. Espere aí, eles não deveriam estar ali, o que aconteceu? Você está bem?

─ Luffy ─ outra voz. Esperança.

Por um momento o mundo para, todos observando o encontro de dois irmãos.

Ás.

─ Ace, você está bem?

Luffy corre e se joga nos braços do irmão, como as pessoas observam. Quem é aquele tão próximo de um dos filhos do Barba Branca?

Não importa, eles não ouvem nenhum dos cochichos, felizes demais em sua bolha de esperança.

─ O que está acontecendo? ─ o momento se quebra e a pergunta par pelo ar.

Olhares confusos, alguns surpresos e assustados, outros prontos para lutar, até que alguém perceba. Não é possível usar haki ou akuma no mi.

Sente-se.

Não é uma ordem ou um pedido, nem há voz ou som, é apenas uma necessidade de ceder. Alguém dá o primeiro passo e logo a sala inteira se põe em movimento. Poucos minutos depois já não há ninguém de pé.

Não é difícil notar a divisão clara, marinha em uma das paredes, piratas em outra, revolucionários no fundo da sala, civis perdidos no centro, e, nos puffs espalhados no meio da sala, estão os Chapéus de Palha, que não se importam com essa bobagem de separação.

Antes que alguém faça mais pergunta, um telão desce na frente da tripulação do futuro Rei dos piratas.

Chapter 2: East Blue

Chapter Text

Shanks, um dos imperadores dos mares, olha ao redor surpreso com o lugar em que se encontra, momentos atrás sua luta contra Kaido foi interrompida de repente e, em um piscar de olhos, ele apareceu em uma sala desconhecida, cercado por pessoas poderosas, mas seu espanto sumiu rapidamente, não era a primeira vez que algo estranho acontecia enquanto ele navegava pela Grand Line. Seus olhos percorriam a sala, notando os olhares odiosos da marinha, que se dividiam entre os piratas e os revolucionários, chamando Mihawk para se juntar a ele e sua tripulação quando percebeu que o espadachim estava sentado próximo ao idiota do Moria e Doflamingo, o psicopata. Notando o reencontro do filho condenado do Barba Branca com seu pai e o resto de sua tripulação, e claro, prestando uma atenção especial em Luffy, que parecia ter crescido consideravelmente rápido, se tornando um nome famoso no mar.

Luffy percebeu o olhar de Shanks, mas não correspondeu, ele ainda não era o Rei dos Piratas e tinha uma promessa a cumprir. Não pensaria nisso agora, tinha coisas mais importantes para resolver.

─ Pessoal ─ sua voz era baixa, para que seu irmão sentado ao seu lado não pudesse ouvir, mas mesmo assim toda a tripulação se virou para olha-lo. ─ Depois que vocês sumiram eu descobri que meu irmão, o Ace, foi preso e condenado a execução.

Eles não responderam, apenas o observaram calmamente, esperando por mais explicações, por um plano.

─ Eu não sei o que vai acontecer quando sairmos daqui mas...

Eles sorriram ferozmente e Chopper o interrompeu, diferente dos outros, seu sorriso era de incentivo.

─ Do que você precisa?

─ Vocês vão me ajudar? ─ foi bem fácil.

─ Você ainda pergunta? Nós somos seus amigos... ─ Nami respondeu dessa vez, Luffy havia salvado a vila dela, havia salvado sua irmã, é claro que ela faria o mesmo por ele. ─ Mas precisamos de um plano...

Antes que ela pudesse continuar a tela se iluminou e todos olharam para frente, curiosos para descobrir o que aquela sala era capaz de fazer.

O céu azul é plano de fundo para dois  garotos  pendurados em um muro, um com um  chapéu  de palha e um com cabelos rosa.

─  vendo? ─ pergunta o de chapéu

─ Não tem como ele estar...

─ Shishishi, olha Coby, é você! ─ Luffy, o mesmo garoto do vídeo, aponta para um dos garotos da marinha.

O garoto em questão, já crescido, sorri para Luffy e antes que possa responder um marinheiro pergunta:

─ Que diabos um dos nossos está fazendo com um pirata?

Ele é ignorado.

menino  de cabelos rosa, Coby, olha para  frente  e faz uma cara de surpresa.

então  a tela mostra um homem  crucificado , usando  bandana  preta e haramaki.  Roronoa  Zoro.

A tripulação dos dois envolvidos, Zoro e Luffy, se endireitaram, nenhum deles sabia como o espadachim havia se juntado a tripulação. Chopper estreitou os olhos e olhou para Zoro, o examinando sutilmente para ter certeza de que ele estava bem.

─ Vamos desamarrá-lo e pronto.

─ VOCÊ É IDIOTA? ELE COM CERTEZA VAI NOS MATAR!

Zoro, que ainda não tinha falado nada, riu baixinho.

─ Eu não sou tão ameaçador, sou?

─ Ah, você é ─ disseram cochichos em vários cantos do ambiente.

─ O que você fez para ser crucificado, Zoro? ─ Nami perguntou com interesse.

─ Imagino que vá mostrar o que aconteceu, se não aparecer eu te conto.

─ Vocês  são  um  incômodo  ─ disse o criminoso.

─  Você  quer ele no seu bando?  Você  vai  acabar  morto!

Uma escada é  colocada  ao lado dos dois garotos e uma garotinha aparece.

O rosto de Zoro suavizou enquanto assistia.

─ O que foi?

─ Você deve estar com fome! Fiz esses bolinhos de arroz para você.

─ Garota, você quer  morrer ? Suma daqui.

Sanji chuta Zoro de leve (ou o ele acha que é leve, a cabeça de Zoro não concorda).

─ Por que você fez isso, cozinheiro de merda?

─ Você não pode ameaçar as mulheres.

─ A menina estava invadindo uma base da marinha, imbecil. Eu não era a ameaça ali.

Alguns marinheiros ficaram indignados. Eles são uma ameaça? 

cena  mudou, agora Luffy estava na frente de Zoro, falando com ele.

─  Você  é forte mesmo?

─ Cuide da sua vida!

─ Se eu fosse  você , teria escapado em  três  dias.

─  Você  e eu somos  diferentes . Eu vou sobreviver e mostrar  para  eles.

 Você é teimoso ─ Luffy se virou, pronto para sair.

─ Espera ─ Zoro chamou, quando Luffy olhou para ele o espadachim apontou para o chão e falou: ─ Pode pegar aquilo ali?

No  chão , onde  Zoro  apontou, estava os bolinhos de arroz que a  garotinha   de  antes havia  mostrado .

─ Você jogou a comida da criança no chão?

─ Como ele jogaria se ele estava amarrado?

─ Ah, é!

 Ele vai comer isso aí?

 Calem a boca, porra.

─ Você quer comer isso? Parece  bolinho  de terra.

─ Me dá logo!

Depois de mastigar a  gororoba  que  Luffy  entregou, Zoro disse que  estava  delicioso. O garoto com  Chapéu  de Palha sorriu.

Roronoa Zoro, o demônio do East Blue. Um homem capaz de sacrificar a própria vida para salvar uma criança desconhecida.

─ Zoro é um SUPER homem.

─ Ele comeu?

 Ele gostou?

Sanji sorriu em segredo, como ele sempre fazia quando Zoro o surpreendia positivamente e ele não podia demonstrar sem acabar com sua pose de eu-odeio-esse-cabeça-de-musgo-burro. Zoro era bom quando não estava sendo um completo estúpido.

 Por que nós estamos vendo isso mesmo?

 Sei lá.

 Por que ele foi preso?

 Ele é um pirata, ué.

 Mas nessa época ele não era.

Todos olhavam para o de cabelo verde esperando uma resposta, mas Zoro estava dormindo.

 Ele dormiu?

 Parece o Ace ─ disse um dos piratas do Barba Branca.

─ Eu não!

 Igualzinho shishishi ─ riu Luffy, que acompanhava a conversa.

 Luffy, você sabe o motivo do Zoro ter sido preso? ─ perguntou Robin.

O garoto pensou antes de responder.

 Ahn, tinha um loirinho que jogou o bolinho no chão.

 EI, EU TENHO NOME! ─ gritou com garoto junto com os oficiais da marinha, ele era loiro e usava um óculos estranho, o garoto de cabelos rosa estava ao seu lado.

Nami revirou os olhos.

 O Luffy não explica nada, será que vocês dois podem explicar?

 A menininha se chama Rika, ela acabou se metendo com o filho de um oficial corrupto da marinha, que no caso é esse idiota ─ Coby apontou para o loiro ao seu lado. ─ E fez um acordo, ele passaria um mês preso para proteger a cidade.

 Se eu me lembro bem, ele me bateu e aí passou alguns dias preso, nós íamos executar ele e tal... ─ disse o loirinho ─ Não me olhem assim, eu sou um novo homem.

─ Ei, eu lembro desse dia... ─ exclamou Nami antes que o garoto fosse linchado pelos piratas. ─ Luffy serviu de distração sem nem saber enquanto eu entrava na base.

─ Achei que você só roubava de piratas ─ apontou Usopp.

─ Eu sou bem versátil ─ ela sorri.

─ Você de novoNão tem nada para fazer?

─  Vou  te tirar  daí , mas    você  vem comigo. Quero  companheiros  para meu bando de piratas.

─ Vai sonhando.

Luffy ignora Zoro.

─   me decidi,  você  vem comigo.

─ A DECISÃO NÃO É SUA!

─ Eles... não é assim que eu imagino um capitão convocando alguém para sua tripulação...

Enquanto as pessoas riam a cena muda novamente.

Coby está tentando desamarrar Zoro, os marinheiros tem suas armas apontadas para os dois e estão prestes a atirar quando um borrão com chapéu de palha se coloca na frente.

As balas, que atingiram o corpo do  garoto não  causam nenhum dano e voltam de onde vieram, como uma criança pulando em um pula-pula, quase atingindo os agentes da lei.

─ Quem é  você ?

─ Meu nome é  Monkey  D. Luffy... aquele que será o Rei dos piratas.

E a tela se apagou.

─ O que...

─ Eu só queria saber o motivo de nós estarmos vendo um vídeo sobre esses pirralhos!

─ Você e todos nós.

Uma gargalhada se sobrepõe a confusão geral.

─  Ainda insiste em se tornar Rei dos Piratas, Âncora?

─ Cale a boca, Shanks, estúpido. Não estou falando com você.

O garoto era corajoso ou suicida? O Chapéu de Palha não era conhecido como um pirata cauteloso, mas falar dessa maneira com um Yonkou ultrapassava todos os limites do aceitável.

 Ei ─ Shanks respondeu com uma indignação quase infantil. ─ Eu é que não estou falando com você, crianção.

─ Do que você me chamou, fedorento? ─ Luffy gritou com as bochechas estufadas, seus companheiros de tripulação negaram com a cabeça (e alguns se estapearam na cara, demostrando cansaço).

Oh, pelo amor de Deus, um dos homens mais poderoso dos Mares estava discutindo com um pirata novato como se os dois tivessem 5 anos. 

Antes que alguém pudesse comentar sobre a cena ridícula a tela se acendeu novamente.

A imagem foca em um sanduiche que rapidamente é devorado por Luffy.

─ Que delicia. Você mora aqui sozinha? ─ é possível ver uma pequena sala de jantar onde estão Luffy e uma garota ruiva, Nami.

─ Eu não moro aqui ─ ela respondeu. ─ O povo da cidade ficou com tanto medo do Buggy que fugiu.

─ Buggy, o palhaço? ─ perguntou Shanks, interessado no paradeiro de seu velho companheiro.

─ Sim ─ falou Nami com cara de poucos amigos. Zoro, que ninguém percebeu que tinha acordado, rosnou.

─ E aí você invadiu?

─ Que falta de educação. Sou ladra, mas só roubo de piratas.

─ Mas você disse no outro vídeo que estava roubando da marinha ─ expôs um dos civis.

─ A marinha é tão ruim quando os piratas ─ outro civil pontuou.

─ Como você ousa comparar pessoas que lutam pela justiça com a escória? ─ falou Akainu, seu rosto estava sombrio. A comparação era absurda, humilhante.

─ Nós acabamos de ver um marinheiro usando seu posto de maneira leviana e colocando a vida de inocentes em risco ─ salientou Nico Robin sorrindo levemente.

Antes que Akainu pudesse responder o vídeo continuou, o deixando fumegante de raiva.

─ Não me compare com ladrões comuns.

─ Mas os ladrões não são todos do mesmo jeito? ─ Nami ignorou a questão.

─ Meu objetivo é juntar 100 milhões de Belly.

─ Para que?

─ Para que essa fortuna toda?

─ Segredo. Com o mapa da Grand Line vai ser fácil juntar 100 milhões.

Nami sorriu pensando que mesmo depois de tudo o que passou ela ainda era muito inocente na época.

─ Mapa? Você é navegadora?

─ Nossa navegadora é uma SUPER navegadora ─ gritou Franky e junto com Chopper, Luffy e Usopp, fez a sua pose característica. 

─ A melhor de todas ─ falou Brook, assustando algumas pessoas que nem perceberam que ele estava ali.

─ NAMI É INCRÍVEL ─ dessa vez quem falou foi Sanji, que estava com corações nos olhos.

─ Oe, assim vocês me deixam com vergonha ─ respondeu a garota, levemente corada. Zoro revirou os olhos, Robin riu.

Barba branca de aproximou de Ace, que assistia os companheiros do irmão com um sorriso divertido, e comentou:

─ Uma turma animada, hein?

─ Não esperava menos do Luffy, o senhor viu o esqueleto?

Edward riu, concordando. Era uma turminha estranha, mas algo lhe dizia que eles eram muito mais do que isso.

─ Que ótimo. Quer se juntar a nós e ser a nossa navegadora?

Nami sorriu.

─ Sério?

─ Sim, seja parte do nosso bando de piratas!

Sua expressão mudou tão rápido que rendeu risos as pessoas na sala.

─ Não. Então você também é um pirata?

─ Sim. Eu prometi para a pessoa que me deu esse chapéu que reuniria companheiros de valor e me tornaria um pirata.

─ Eu não fico nada feliz ouvindo isso, seu boboca ─ Chopper comunicou, enquanto fazia sua dancinha.

As pessoas ao redor riram da reação, outras se perguntavam como diabos o bicho podia falar.

Shanks sorriu com carinho, sem notar que Edward Newgate estudava suas reações intrigado, e olhava frequentemente para um chapéu muito familiar.

─ Odeio piratas mais do que qualquer coisa nesse mundo! Mas amo dinheiro e tangerinas.

─ Que especifico ─ comentou Benn.

─ A Nami odeia muitas coisas ─ Luffy diz solenemente.

─ Todos nessa tripulação se negaram a entrar em algum momento, yoi? ─ perguntou Marco, curioso para descobrir como alguém que nutria tanto ódio por piratas acabou se tornando um deles.

─ Não todos ─ respondeu Usopp.

─ A maioria ─ completa Zoro.

Dessa vez, quando a tela se acende, é mostrado um penhasco, lá estão Luffy, Zoro, Nami e o garoto narigudo, Usopp. 

─ Por que você fez isso? ─ Luffy pergunta.

─ Porque eu sou um mentiroso. Ninguém jamais vai acreditar em mim, eu fui ingênuo.

─ Ingênuo ou não, você contou a verdade ─ Zoro disse, enquanto encarava o menino.

Yasopp olhava atentamente para aquela tripulação, olhava principalmente para o garoto, seu filho.

─ Os piratas vão mesmo atacar a ilha, certo? ─ Nami questionou.

─ Sim, sem dúvidas, mas ninguém acredita em mim.

As pessoas da Vila Syrup, que estavam mais perto dos revolucionários do que dos Chapéus de Palha, zombaram, eles ficaram surpresos em ver que o menino realmente entrou para uma tripulação pirata, mas isso não faz com que todas as mentiras que ele contou se tornassem reais. 

Kaya sorriu tristemente, sabendo do que aquilo se tratava.

─ Eles acham que amanhã será um dia pacífico ─ ele se levanta, determinado. ─ Por isso, vou enfrentar os piratas na costa e fazer de tudo uma mentira!

─ EI, LUFFY, VOCÊ ESTÁ TENTANDO ME IMITAR? ─ Shanks grita, chamando a atenção do Chapéu de Palha, que responde indignado.

─ É? Do que você está falando? 

─ Primeiro: o seu espadachim carrancudo parece o meu imediato carrancudo ─ o imperador está com seu único braço levantado, contando nos dedos as semelhanças (e ignorando os protestos de Benn e Zoro). ─ E segundo: Seu narigudo parece meu atirador.

─ EU TENHO NOME ─ Usopp grita, esquecendo com quem estava falando.

─ Ele parece comigo porque é meu filho ─ Yasopp responde ao mesmo tempo.

─ O que? ─ Shanks se vira para seu atirador, momentaneamente perplexo. ─ O maldito Usopp?

─ O garoto é meu filho ─ Yasopp nem escondia o sorriso e enquanto falava sacudia o braço de Benn, que o olhava como se estivesse prestes a estrangulá-lo.

O olhar do atirador dos Piratas do Ruivo encontrou o olhar do atirador dos Chapéus de Palha, e eles sorriam um para o outro, um entendimento mútuo de que estavam felizes em se ver, mas também não estavam exatamente confortáveis em falar sobre isso. Eles eram pai e filho, Yasopp estava orgulhoso de Usopp, Usopp admirava Yasopp, mas isso não apagava o fato de que eles não se conheciam de verdade, muita coisa aconteceu enquanto Yasopp esteve fora.

─ Bom, é só mais uma prova de que o Âncora está me copiando ─ o ruivo se recuperou rapidamente e voltou a acusar o outro capitão.

─ Cale a boca, seu bastardo. Eu te disse que conseguiria uma tripulação melhor que a sua, não disse? Então, é isso que eu estou fazendo!

Barba Branca assistiu todo o embate silenciosamente, mas não pode deixar de gargalhar com a cara atônita de Shanks, aqueles com coragem seguiram as risadas do homem mais forte do mundo.

Os Chapéus de Palha se esforçaram para esconder o sorriso enquanto a tripulação do Ruivo não sabia se ria ou chorava, ouvir o pirralho zombando de Shanks era ótimo, mas não parecia tão divertido quando eles estavam envolvidos.

─ Esse é meu dever, como mentiroso que sou.

─ Quem tem orgulho de ser mentiroso?

─ Mesmo tendo levado um tiro no braço e sendo enxotado da vila a vassouradas... Esta é minha vila! Eu a amo! 

As pessoas da vila se sentiram culpados vendo o menino chorar, e bom, por ter dado um tiro nele. Mas a parte das vassouras ele merecia.

─ Quero proteger todos!

Usopp, o menino que enfrenta seus maiores medos para salvar aqueles que ama.

─ Nunca pensei que você fosse assim ─ comentou Zoro. ─ Mandou seus subordinados para casa para lutar sozinho.

─ Meu filho é incrível ─ Yasopp suspirou.

─ Só para esclarecer, todos os tesouros desses piratas são meus ─ afirmou a ruiva.

─ Beleza, nós vamos ajudar.

A tela mostra o rosto dos três, prontos para salvar uma vila que nem conheciam.

─ Vocês... lutariam ao meu lado? Por que?

─ Eu também queria saber ─ fala Haruta, aquela tripulação parecia interessante.

─ Eles estão em maior número, certo? ─ diz Luffy.

─ Se está com medo, pode dar o fora ─ acrescenta o espadachim.

─ Eu? Com medo? ─ gritou o narigudo. ─ Não importa quantos sejam, está tudo bem! Pois eu sou o bravo guerreiro do mar, Capitão Usopp.

─ Ele parece bem assustado ─ julga um revolucionário, observando as pernas tremulas da criança.

─ Droga! Não é brincadeira, nossos inimigos são os piratas de Klahadore! Claro que estou com medo! E daí?

─ Quem é esse? ─ pergunta um pirata do North Blue.

─ Isso é impossível ─ grita um marinheiro ao mesmo tempo. ─ Capitão Kuro foi executado pela marinha!

─ Não vou aceitar a simpatia de ninguém. Vão embora.

─ Não estamos rindo de você. Iremos ajudar você por que apreciamos sua coragem.

─ Que coragem? ─ ri outro pirata. ─ Ele vai sair correndo a qualquer momento.

Outros concordam, o garoto é um covarde. Usopp ouve tudo calado sem se importar com o que eles pensam, afinal ele realmente lutou e ajudou a salvar sua vila.

─ A coragem não é a ausência do medo, é enfrentar o que for apesar dele ─ Um homem com uma grande flor na cabeça comentou, inexpressivo.

As pessoas que não o conheciam apenas debocharam do velho.

Outra cena começa, o sol está brilhando, as ondas tocam a praia e...

─ MERRY ─  gritam Usopp, Chopper e Luffy, até Nami parece prestes a gritar quando vê o navio.

Uma bela caravela, na parte da frente há um carneiro simpático, a cena foca nos Chapéus de Palha admirando a embarcação.

─ Isso é mesmo para a gente? ─ pergunta um Luffy excitado.

─ Sim, aceitem por favor.

Kaya, junto com os outros civis, sorri para seu mordomo Merry, que parecia orgulhoso do seu trabalho. 

A tripulação estava estranhamente silenciosa, eles olhavam para o barco na tela como alguém olharia para um velho amigo, com saudades.

─ Vocês ganharam um barco?

─ Eu diria que foi uma recompensa ─ apontou Nami. ─ Nós salvamos a ilha, afinal.

A tela pisca e uma bola de... bom, uma bola de  alguma coisa , rola pelo barranco em direção a tripulação.

─ Usopp ─  exclama Kaya, preocupada. 

Zoro e Luffy, preocupados que o garoto possa prejudicar o navio com o impacto o param com os pés, que pousam bem no rosto do narigudo.

As pessoas na sala riem quando o garoto, mesmo tendo sido chutado, agradece.

Usopp e Kaya estão de costas olhando para o mar.

─  Então você   está  realmente partindo para o mar, Usopp?

─ Sim, tenho que ir antes que eu mude de ideia.

─ Yohohoho, Usopp, você nunca disse que tinha uma namorada.

Usopp, que ainda estava pensando no Merry, tomou um susto ouvindo a voz de Brook e corou tanto que Chopper quase pulou em cima dele para medir sua temperatura.

─ E-eu...

Yasopp sorri, feliz por ver Usopp interagir com seus amigos.

─ Da próxima vez que eu voltar a essa vila, contarei histórias que parecerão muito mais mentiras que meu contos anteriores.

─ É verdade, nós passamos por coisas que nem eu acredito ─ comentou Sanji, que, surpreendentemente, não falou nada sobre a bela Kaya. Não quer dizer que ele não pensou, é claro.

─ Vocês aí!  ─ Usopp gritou para tripulação de Luffy, que já estavam a bordo do navio.  ─ Nós nos veremos no mar.

─ O que?

─ Vocês não são da mesma tripulação? 

─ Por que?  ─ perguntou Luffy.

─ Ora, você é lerdo, não é? Eu me tornarei um pirata como você, e então nos encontraremos no mar algum dia.

 Acho que o lerdo é você! ─ grita Ace, olhando para Usopp, sem acreditar naquela resposta.

─ Do que você está falando?  ─ perguntou Zoro.  ─ Ande logo e suba  ─ disse enquanto apontava para o barco.

─ Você realmente pensou que eles não te chamariam para a tripulação? ─ Ace continua espantado.

─ Bom, eu...

─ É estranho, vocês parecem não combinar nem um pouco e ainda assim acabam se encaixando de alguma maneira, yoi ─ comenta Marco, parecendo pensativo, seus companheiros concordam com ele.

─ Isso é meio legal ─ comenta Nami. ─ Relembrar de tudo o que passamos.

─ Nem tudo que veremos será divertido ─ diz Zoro, seus olhos se encontrando com os de Nami, que tem um sobressalto quando percebe do que ele está falando.

Arlong Park. Considerando tudo o que apareceu agora, é óbvio que a experiência deles em sua vila será mostrada.

Outros companheiros da tripulação se remexem desconfortáveis, pensando nas próprias dores que provavelmente serão expostas para todos aqueles desconhecidos, todos aqueles inimigos.

Um prato de comida é posto em frente  à  um homem de  aparência  faminta.

 Coma   diz o loiro com um cigarro na  boca .

─ Cale a boca!  O homem exclama, engolindo em seco.  Tire isso daqui, não vou aceitar caridade de ninguém.

homem  loiro, Sanji,  permanece  calmo.

  Não  seja durão e coma logo.  Para  mim, qualquer pessoa com fome é um cliente.

 E-eu  não  tenho como pagar.

 O vasto oceano pode ser muito cruel. É horrível  não  ter comida e  água . É muito  horrível ... Eu sei o que a s  pessoas famintas sentem mais do que  ninguém . Eu  não  me importo se  você  quiser  morrer  com  dignidade . Mas, se  você  comer, vai ser capaz de procurar um novo  amanhã não  é?

As pessoas na sala, aqueles que já passaram fome, sede, aqueles que já sentiram desespero, olharam para o garoto loiro com respeito. Pirata ou não, eles entendiam o que aquele menino dizia, eles ouviram a sinceridade em suas palavras e perceberam que aquela era uma boa pessoa.

Sanji, um homem que alimenta aqueles que tem fome.

 Ei, venha conosco  Luffy, sentado na grade do restaurante Baratie, convida Sanji.

  Não  quero. Tenho meus motivos para ficar aqui.

vídeo  foca no rosto sorridente do  capitão  com  chapéu  de palha.

  Não ! Eu  recuso .

 Recusa o que?  pergunta o loiro, confuso.

 Eu recuso sua recusa.

 É? ─ grita boa parte da sala, aquele garoto não sabe o que significa livre arbítrio?

 E não é que a recusa do garoto deu certo? ─ riu Barba Branca, vendo que o loiro entre a tripulação do Chapéu de Palha.

─ Que talento indisciplinado  ─ comenta Mihawk, o maior espadachim do mundo. Zoro tenta acerta-lo, mas o espadachim o repele facilmente.

─ Espera aí, como o loiro entrou para o bando? ─ pergunta um civil, essas cenas inacabadas estavam começando a irrita-lo.

─ É com isso que você está preocupado? ─ se indigna Vista, comandante da 5ª divisão do Barba Branca. ─ O menino de cabelos verdes está lutando contra o maior espadachim do mundo!

O civil dá de ombros, ele não liga muito para espadachins, ou piratas, ou criminosos em geral, ele só quer saber como termina a história do loiro, que ele supõe ser o cozinheiro.

Usopp é quem sacia a curiosidade do homem.

─ O capitão daquele homem, que foi alimentado pelo Sanji, tinha uma grande recompensa, e uma frota ainda maior, lutamos uma luta intensa, os navios deles foram destruídos por meus oito mil subordinados e seu capitão se ajoelhou na frente do grande capitão Usopp, pedindo desculpas por ousar me desafiar.

─ Uau, Usopp ─ grita Chopper com os olhinhos brilhando. ─ Você o derrotou mesmo?

─ É CLARO QUE NÃO ─ Sanji e Luffy gritam em uníssono e o loiro completa: ─ Você nem estava lá.

─ Espere aí ─ gritou um pirata. ─ Eles atacaram vocês mesmo depois de vocês terem salvado a vida deles?

─ Eles são piratas, o que você esperava? ─ debocha um marinheiro.

─ Uau, você deve ter se arrependido tanto depois disso ─ uma pessoa fala, se dirigindo a Sanji, que responde:

─ Eu não me arrependo. Sou um cozinheiro, alimentar as pessoas é o que eu faço!

─ O QUE?

─ MAS ELE TE APUNHALOU PELAS COSTAS!

─ Não importa ─ responde Sanji, calmo. ─ Ele estava com fome, eu sou um cozinheiro, fim da história.

Outros cozinheiros concordam, se eles não cozinhassem para alimentar os famintos que outro motivo eles teriam?

─ Mas eles retribuíram sua gratidão te atacando! ─ muitos não entendem, é bom ser gentil, mas as vezes essa gentileza te coloca em apuros.

─ Se eles nos atacam nós chutamos a bunda deles ─ ri Luffy, dizendo o óbvio.

─ Aparentemente a entrada da navegadora foi a mais tranquila até agora ─ comentou outro civil.

─ Tranquila? ─ Nami fez uma careta. ─ O Luffy quase morreu, aí eu quase morri, o Zoro quase morreu e aí ele quase morreu de novo, o cachorro quase morreu, nós expulsamos os piratas da ilha, o Luffy bateu no prefeito, depois os cidadãos acharam que nós éramos piratas, e nós realmente éramos, ok, mas nós éramos os piratas errados... ─ A ruiva começou a divagar enquanto contava nos dedos todas as pequenas catástrofes que aconteceram antes dela entrar para o bando. ─ Como se não bastasse, o Luffy abriu mão de quase todo o tesouro que eu roubei.

Quando ela terminou as pessoas ao redor a olhavam com os olhos arregalados (e Buggy resmungava sobre um Chapéu de Palha intrometido), aquela tripulação era peculiar.

─ Já que vocês estão assistindo nossas aventuras existe algo que vocês precisam saber ─ ri Robin. ─ A palavra "tranquilo" nunca poderá ser relacionada a nossa tripulação.

─ Ou a palavra "seguro" ─ complementa Usopp.

─ Porque nosso bando é SUPER.

─ Será que vocês podem parar de falar? Eu quero ver o Olhos de Falcão dar uma surra no outro espadachim.

─ Crocodile, como você veio parar aqui? ─ grita Akainu, indignado. Punhos de Fogo solto já não é ruim o suficiente?

Crocodile parece entediado quando responde.

─ Como você acha?

Mas a pergunta do ex-senhor da guerra chamou a atenção do público, eles ficaram tão focados com a discussão que esqueceram do duelo que estava passando no telão.

─ Vocês não acham estranho que o vídeo pause para nós conversarmos?

─ Essa é a coisa menos estranha que nos aconteceu desde que chegamos nessa sala.

Zoro desfere vários golpes mas nenhum deles afeta o espadachim mais velho, que nem mesmo está fazendo esforço para se esquivar, lutando apenas com uma pequena faca.

  Quem  é  você ? Por que procura pela  força  suprema,  fracote ?

Zoro  não  desiste, mas nenhum de seus  esforços  mostra resultado.

Quando a faca de Mihawk atinge o peito do garoto todas as pessoas na sala se viram para olha-lo, alguns sentem pena do garoto, outros sentem vontade de rir de um menino tão arrogante, sua tripulação se preocupa com como Zoro lidaria com a humilhação de ter uma derrota televisionada.

Suas preocupações são em vão já que, quando olham para o homem de cabelo verde, ele está dormindo novamente.

─ Ele não está nem aí ─ observa Chopper, caminhando até Zoro e se sentando no colo do companheiro.

A camisa branca se enche de sangue onde a faca  está  perfurando, o  líquido  vermelho pinga no  chão  e as pernas do  homem  mais novo tremem.  Mesmo  assim ele  não  se mexe um  único  centímetro.

Quanta  determinação! Ele prefere morrer do que ser derrotado.

─ Agora nós podemos ouvir pensamentos, yoi? ─ fala Marco, aquele lugar era muito estranho e mesmo assim ele não se sentia ameaçado, na verdade, algo coçava dentro dele dizendo que, seja lá o que acontecesse naquele lugar, seria de extrema importância para todo o mundo e para sua própria tripulação.

 Jovem, diga-me o seu nome.

 Roronoa Zoro.

 Eu me lembrarei disso.   faz um  tempo  desde que vi tamanha determinação. Como gesto a um companheiro espadachim, o derrotarei com a Espada Negra mais forte do mundo.

 Uau ─ se espanta um pirata, ele já ouviu histórias sobre esse homem, mas ver tamanho controle e habilidade era algo completamente diferente. ─ Como o garoto ainda está vivo?

Mihawk desembainha sua espada e Zoro tenta um  último  ataque. Assim como os outros, esse golpe é  inútil  e o espadachim perde duas de suas espadas.

Para a surpresa do  Senhor  da guerra e de todas as  outras  pessoas que assistem o que estava  acontecendo , Zoro guarda a espada  restante  e se vira para enfrentar o golpe, seus  braços  abertos.

─ O que?

 Feridas nas costas são a vergonha de um espadachim.

 SIM, PORRA! ─ outros espadachins aprovam, quanta honra!

O maior espadachim do  mundo  corta Roronoa Zoro ao meio.

─ VOCÊ É TÃO ESTÚPIDO, ZORO.

Zoro, que estava dormindo há pouco, muda sua postura complemente, um arrepio percorre sua espinha e ele se vira lentamente.

Aquela voz.

Seu olhar passa pela sala até encontrar um cabelo rosa em meio aos civis.

 Você!

Nada mais é dito, os dois apenas se encaram por um momento, claro descontentamento em suas feições, mas mesmo assim Zoro faz um sinal sutil com a cabeça, discretamente convidando Perona para se aproximar, e ela aceita, feliz por encontrar alguém para protege-la (ela não tinha visto Moria, e mesmo se tivesse não sentaria perto dele, que estava rodeado de senhores da guerra). A tripulação de Zoro olha estranhamente para aquela conversa silenciosa, aquela garota não era uma inimiga? Mas não havia tempo para uma discussão, o vídeo retornou antes que qualquer um pudesse falar. 

Mihawk, que observou a troca de olhares, não pode deixar de se perguntar de onde os dois jovens se conheciam.

─  Não  desista da sua vida  tão  cedo, garoto...

O jovem  espadachim  cai na  água  e é salvo por seus amigos.

─ Meu nome é Dracule Mihawk... ainda é muito cedo para você morrer, você deve aprender mais sobre o mundo que vive e despertar sua verdadeira força... Você deve se tornar forte, Roronoa! Não importa quanto tempo leve, ainda serei o maior espadachim do mundo e estarei esperando por vocêVocê deve fortalecer suas habilidades e seu coração para ficar realmente forte. Me desafie outra vez, Roronoa Zoro.

As pessoas da sala observavam tudo em silêncio, perplexos, para aqueles que conheciam Dracule Mihawk, ouvir o maior espadachim do mundo dizer aquelas palavras para um novato... o garoto deve ter algo realmente especial, deve ter um futuro brilhante.

Zoro   levanta  sua  espada , chamando a  atenção  de todos ao redor.

─ Luffy,  você   está  me ouvindo? Sinto muito por deixar  você  preocupado, se... se eu  não   conseguir  me  tornar  o maior espadachim do mundo  você  entraria em um dilema,  não  é? Eu decidi que de  agora  em diante... EU NÃO VOU PERDER NUNCA MAIS! ATÉ DERROTAR ESSE HOMEM E ME TORNAR O MAIOR ESPADACHIM... NÃO PERDEREI OUTRA VEZ.

─ É uma grande promessa que você fez ai ─ diz um pirata qualquer.

─ TEM ALGUM PROBLEMA, REI DOS PIRATAS?

As pessoas riram das palavras do caçador de piratas, mesmo com uma grande demonstração de perseverança aquele homem parecia um tolo, desafiando o maior espadachim do mundo, jurando nunca perder, chamando seu pequeno capitão de Rei dos Piratas. Palavras vazias, todas elas.

Mas por baixo do escárnio existia, ainda que muito sutilmente, pessoas que sentiam que aquele homem falava a verdade, que essas coisas, essas coisas impossíveis, poderiam acontecer.

Shanks sorriu.

O espadachim de  cabelos  verdes está sentado no  chão , suas  mãos   estão  amarradas nas costas e seu torso está coberto por bandagens, em  , na  frente  dele, está a  navegadora  e atrás há um homem peixe  tão  narigudo  quanto  o  atirador , mas seu nariz tem serras.

Todos que estavam observando a tripulação puderam notar algumas reações curiosas, Zoro e Sanji olhavam para a tela com nojo, talvez um pouco de superioridade que deixavam os homens peixes da sala desconfortáveis, Luffy tinha seu chapéu cobrindo seus olhos impedindo que as pessoas vissem seus seu rosto e Usopp parecia com raiva. Apesar se reações diferentes, Usopp, Sanji, Zoro e Luffy compartilhavam um sentimento: ódio, ódio genuíno. Aqueles que prestavam atenção também puderam notar o estremecimento de Nami.

 Ah, é assim então? Eu nunca confiei nela mesmo... Eu sempre soube que você nunca nem passou perto da pessoa que fingia ser  Zoro sorriu com escárnio.

Sanji pensou brevemente em brigar com Zoro por ter dito palavras tão horríveis sobre sua querida Nami, mas quando olhou para a garota percebeu que não era o melhor momento para isso. Até idiotas conseguem ler o clima as vezes.

 Que bom!  Então   está  consciente de que foi enganado... agora que  não  existe nenhuma  ligação  entre  nós  é melhor sumir da  minha  frente antes que eu me irrite.

Assim que Nami  terminou  sua frase Zoro pulou para trás, caindo na  água .

Enquanto  as homens  peixes  discutiam sobre a  ação  sem sentido do homem (com um foco especial no homem peixe que parecia estar  no  comando dizendo que  deveriam  deixar que o espadachim morra) Nami pulou na  água   atrás  do seu ex-colega de  tripulação  e a tela se apaga.

Não havia nenhuma pessoa estúpida naquele lugar cheio de piratas, fuzileiros e revolucionários, até as melhores pessoas conseguiam notar uma traição quando viam uma, mas a última ação da garota, e o fato de que ela estava com os Chapéus de Palha até agora, contavam uma história totalmente diferentes. Nenhum deles era estúpido, eles também podiam notar sacrifícios quando viam um.

─ HAHAHA ─ ri o homem  peixe  com o nariz de serra. ─ SOB O MEU DOMÍNIO QUEM NÃO TEM DINHEIRO NÃO TEM O DIREITO DE VIVER! VOCÊS, HUMANOS INSIGNIFICANTES, VÃO APRENDER ISSO RÁPIDO.

Assim que a tela se apaga a sala entra em caos.

─ HUMANOS SÃO INSIGNIFICANTES?

─ HOMENS PEIXES SÃO ESCÓRIA!!!!

Jinbei olhava para tudo em um silêncio impotente, Arlong, seu irmão, não era um exemplo de homem peixe, ele foi cruel e desonrado, mas era realmente tão surpreendente ver um homem peixe odiando humanos depois de tudo que eles tiveram que passar nas mãos daquelas pessoas? Não havia espaço para os homens peixes se defenderem, não havia nenhuma voz alta o suficiente. Não havia lugar para nenhum deles ali. Ainda.

Antes que qualquer Barba Branca possa intervir nessa clara demonstração de ódio e intolerância, uma voz se sobrepõe as outras.

─ CALEM A BOCA! ─ Nami usa sua voz mais imponente. ─ CALEM A BOCA, AGORA! NENHUM DE VOCÊS TEM O DIREITO DE USAR MEU SOFRIMENTO COMO DESCULPA PARA SEREM UNS MERDAS.

Quando as pessoas se viraram para ouvir o que ela dizia, sua voz se acalmou.

─ Aquele homem que vocês viram na tela se chama Arlong, ele escravizou minha vila ─ Nami fungou mas continuou falando, era bom tirar isso do peito, pelo menos uma vez. ─ Ele nos obrigava a pagar quantias exorbitantes pelas nossas vidas, nossa vila passou nove anos sob o comando dele, nove anos de dor e desespero, nove anos sem esperança de salvação.

Se isso tivesse acontecido meses atrás Nami não teria conseguido abrir a boca, não teria conseguido falar sobre isso, mas agora ela estava livre, ela era ainda era aquela criançinha que viu sua mãe ser assassinada, mas ela também era uma pessoa completamente diferente, ela era mais forte, ela podia lutar pelo que acreditava e proteger aqueles que ama.

Nami, a garota que conviveu com o seu maior pesadelo para que aqueles que ela amava ficassem seguros.

─ Arlong foi uma das piores pessoas que eu já conheci, ele tentou tirar tudo de mim, ele me prendeu, ele machucou pessoas que eu me importava, mas nada disso tem relação com a sua raça. Nunca foi sobre isso, sempre foi sobre poder, sobre dinheiro, sobre superioridade. Ele é uma pessoa má, pura e simplesmente, ser humano ou ser homem peixe não faria diferença nenhuma.

É claro que um simples discurso não mudaria em nada a opinião de todas aquelas pessoas, mas a voz da garota alcançou algumas delas, alcançou civis que nunca haviam sofrido nas mãos de homens peixes, mas já sofreram nas mãos de seres humanos iguais a eles, alcançou revolucionários que lutavam por um mundo melhor, alcançou piratas e marinheiros que nunca tiveram motivos para odiar o diferente. E alcançou Jinbei, alcançou os homens peixes que viram uma menina que sofreu o inferno por causa de um deles e mesmo assim não os odiava. Alcançou aqueles que ainda tinham esperança.

─ Foram nove anos de sofrimento ─ ela continuou. ─ Mas esses nove anos acabaram, Arlong perdeu e minha tripulação salvou tudo o que era importante para mim.

Nami sorriu quando seu capitão pulou em cima dela, rindo de suas palavras.

Os colegas de tripulação de Nami acenaram com a cabeça (Franky e Brook se abraçavam, tocados pelo discurso de Nami. Franky chorava, lembrando de seu mestre, Chopper era consolado por Zoro, Robin, Usopp e Sanji sorriam, satisfeitos por escolherem a tripulação certa), todos eles lutariam uns pelos outros. Sempre.

Jinbei se levanta, chamando a atenção de todos, e se aproxima de Nami enfrentando os olhos feridos da garota e sabendo que suas próximas palavras seriam difíceis:

─ Meu nome é Jinbei, capitão dos Piratas do Sol, e eu não conheço nenhum de vocês ─ sua voz é séria e aqueles que não o conhecem podem acreditar que o homem peixe buscaria vingança, mas não poderiam estar mais errados. ─ Mas gostaria de agradecer pelas palavras gentis da senhorita Nami, que mesmo depois de ter passado por momentos horríveis nas mãos de Arlong não sente ódio de nossa raça, mas também devo me desculpar, Arlong é um dos meus, minha responsabilidade, foi minha culpa que ele estivesse no East Blue, e eu sinto muito.

Ele está prestes a se ajoelhar, mas Nami o impede, segurando sua mão.

─ Não se ajoelhe, como você disse, você não me conhece e eu não te conheço, não posso desculpar alguém cujo caráter me é desconhecido, mas também não te julgarei pelo mesmo motivo. Está tudo bem, já passou, minha vila está livre agora.

As pessoas em volta fingem não perceber que o homem peixe está prestes a derramar lágrimas, e a tensão da sala é desfeita quando Barba Branca segura o ombro de seu filho não assumido e o coloca entre sua tripulação, que o apoiará. Nami e Jinbei ainda tinham muito o que conversar, mas não ali, não agora.

A garota  está  ajoelhada no chão, seu rosto está escondido e em sua  mão  há uma adaga. Ela parece  tão  pequena...

A mesma garota está naquela sala com todos eles, seu rosto não muda de direção, seus olhos não deixam a tela, seus ombros estão retos mas é possível ver um tremor neles.

Os chapéus de palha estão sérios, não há sorriso, ou brincadeiras, não há possibilidade de perdão em nenhum daqueles rostos. A mensagem é clara: aqueles que machucarem um dos seus irá pagar.

Vivi, a princesa de Alabasta, se levantou de onde estava e, junto com Carue caminhou em direção aos Chapéus de Palha. Ignorando todos os olhares ela se senta ao lado de Nami e coloca uma das mãos no ombro da garota. Quem se importa com o que pensariam dela? Eles, aquela tripulação, estiveram com ela nos piores momentos de sua vida e nos melhores também, ela queria fazer o mesmo por eles, por seus companheiros.

Seu olhar encontra o de Robin, sentada do outro lado, com a própria mão no ombro oposto da ruiva e em uma conversa silenciosa elas se cumprimentam, dispostas a deixar o passado de lado por um momento para estarem perto de Nami.

Os gritos de Nami ecoam  pelo   salão   enquanto  ela se esfaqueia uma,  duas três  vezes, o sangue escorre  pelo  seu  braço  e sua  tatuagem , a prova de que ela fazia  parte  do bando que havia  destruído  sua vila,  começava  a ficar deformada. De sua boca saia o mesmo lamento: Arlong, Arlong, Arlong...

Quando  ela se  preparou  para o  próximo  golpe uma  mão  a parou.

Suspiros de alívio foram ouvidos por todo o local, ver aquela menina, aquela criança em um estado tão grande de sofrimento... não havia palavras para descrever. Até aqueles que estavam acostumados com a crueldade foram forçados a desviar o olhar enquanto a tela mostrava a garota se automutilando de novo e de novo.

─ Luffy... O que  você   está  fazendo  aqui ? ISSO NÃO É DA SUA CONTA! EU FALEI PARA VOCÊ SUMIR DESSA ILHA.

Nami jogou um punhado de terra na direção de Luffy, que  não  revidou. Ele estava  sério , diferente do garoto  sorridente  dos cartazes de  recompensa .

─ Luffy...  ─ Nami olhou para ele,  lágrimas  escorrendo por sua bochecha.  ─ Me ajuda...?

O garoto tirou seu  chapéu  e o  colocou  na  cabeça  dela, logo  depois  caminhou em  direção  ao resto da  tripulação . Todos estavam  prontos   para  lutar por ela.

─ NÓS FARÍAMOS TUDO DE NOVO, NAMI!!!!!!

─ Agora me responda, qual é a maior diferença entre nós?

─ O nariz  ─ Luffy responde confiante, mas olhando para a cara de Arlong percebe que estava errado e tenta novamente: ─ Os dentes....?

Aqueles que estão na sala sentem vontade de rir, alguns pela burrice do menino, outros por considera-lo extremamente ingênuo.

Errado de novo.

─ A CARTILAGEM NAS MÃOS!!! ─ dessa vez ele tem que estar certo!

A tela desliga quando Arlong, com o rosto cheio de ódio, avança para cima de Luffy.

Desde que Arlong apareceu Jinbei não consegue tirar os olhos da tela, ele sempre carregará a culpa por ser parcialmente responsável pela desgraça que cobriu a vila da navegadora dos Chapéus de Palha, e mesmo com sentimentos horríveis o corroendo por dentro ele não consegue frear os sentimentos opostos que começaram a surgir no momento em que colocou os olhos naquela tripulação estranha. 

─ EU NÃO SEI USAR ESPADAS, SEU IDIOTA  ─  grita Luffy para Arlong.

Johnny e Yosaku aparecem rapidamente, parecendo perplexos.

─  EU TAMBÉM NÃO SEI NAVEGAR, NEM COZINHAR. EU NÃO SEI MENTIR.

Arlong gargalha.

─  Quanta coragem a sua, para admitir sua incapacidade. Deve ser difícil fazer parte da tripulação de um capitão como você, não entendo o porquê eles se deram ao trabalho de te salvar. ACHA QUE ALGUÉM SEM QUALQUER MOTIVO DE ORGULHO SERVE PARA O CARGO DE CAPITÃO? QUE DROGA VOCÊ PODE FAZER, AFINAL!?

─  EU POSSO DERROTAR VOCÊ.

Quando estavam trancafiados no fundo de Impel Down, Ace pediu um favor ao homem-peixe que compartilhava a cela com ele, pediu pela proteção de seu irmãozinho, mas Jinbei não poderia aceitar proteger qualquer um, o irmão de Ace poderia ser um idiota fraco, um cara que não merecia respeito algum. Jinbei estava errado.

Diferente das outras cenas, que aconteceram ao ar livre, essa desenrola-se dentro de uma sala, há papéis e mapas espalhados por todos os lados, não é preciso ser um gênio para adivinhar que aquela era uma sala voltada para cartografia.

─ O que você acha... que a Nami é?

─  Ela é uma ótima navegadora, apesar da raça inferior. E é esperta, se todos os humanos fossem ratos, ela seria um gato traiçoeiro... Embora, como você viu, ela dá um bom bicho de estimação. Eu vou manter Nami aqui, desenhando mapas pelo resto da vida. Nunca lhe faltará nada! Enquanto ela estiver fazendo meus mapas estaremos de acordo porque ela é... minha companheira.

E é aí que a mudança acontece, Luffy, que antes estava apenas sentado ouvindo o homem peixe vomitar bobagens, se levanta, mas ao invés do esperado, ele não atinge Arlong, ele chuta uma mesa, e depois uma estante, e aí, quando seu inimigo ataca, o menino desvia e anos de trabalho são destruídos quando mapas são cortados ao meio, outros tantos são mandados pela janela, e as pessoas na sala podem ver o que está acontecendo do lado de fora, todos os moradores da ilha assistindo os papéis voarem por todos os lados. Nami está assistindo também, e se lembra de tudo, tudo o que aconteceu naquela sala, que poderia ter sido o lar de uma criança sonhadora que amava cartografia, um lugar que poderia ser, mas nunca foi nada além de uma prisão.

Nami, ainda com o chapéu de Luffy firme em sua cabeça, se permite chorar, não de tristeza ou desespero, mas de um alívio esmagador. Luffy estava a libertando com suas próprias mãos.

E todos os tripulantes do Sunny concordam, sem sombra de duvidas, que eles lutariam pela liberdade de qualquer companheiro, de todos os seus amigos, não importa quão doloroso seja o processo.

A cena a seguir é curta, mas não menos significativa, eles assistem Arlong Park cair.

Piratas, marinheiros, revolucionários e civis finalmente se permitem soltar suspiros de alivio vendo uma vila ser salva bem na frente deles.

─ Mas a algo que eu não entendo ─ comenta um revolucionário loiro, alto o bastante para ser ouvido por toda a sala. ─ Onde a marinha estava quando isso aconteceu? Aparentemente, uma vila inteira passou anos sendo governada por piratas cruéis e a marinha não fez nada?

Esse revolucionário deu voz para todos aqueles que se perguntavam o mesmo, e deixou com duvida todos que eram ingênuos e acreditavam na competência da marinha, mas a sua pergunta não era nada ingênua, Sabo conseguia sentir o cheiro de corrupção de longe.

─ Eles mandavam navios as vezes, eu soube de cinco ou seis no ano em que nossa vila foi tomada, mas imagino que eles tenham mandado mais. Não adiantou, todos perderam para Arlong, mas teve um marinho de quem eu nunca me esquecerei ─ os olhos da navegadora estavam enfurecidos enquanto olhava para os marinheiros. ─ Seu nome era Capitão Nezumi, ele era um rato asqueroso que fez um acordo com Arlong, um acordo muito rico, se vocês entendem o que eu quero dizer.

─ Alguém fica realmente surpreso com a corrupção desse governo? ─ Zoro fala enquanto a sala entra em profunda desordem.

De fato, algumas pessoas ficam surpresas, a marinha trabalha para que os cidadãos estejam seguros, certo?

Robin ri com as palavras de Zoro e comenta:

─ Nós poderíamos criar um clube só de pessoas que sofreram por negligência do governo, hein?

─ Poderíamos contar nos dedos quantos marinheiros decentes nós já encontramos e não daria mais que uma mão ─ continua Sanji, fumando seu cigarro.

─ A MARINHA É UM LIXO ─ grita Franky, que já sofreu, e ainda sofre, graças a esses malditos.

─ SIM ─ respondem os revolucionários, fervorosos. ─ A MARINHA NÃO SE IMPORTA COM AS PESSOAS, ELA NUNCA SE IMPORTOU!

─ CHEGA! ─ grita Sengoku. ─ Essa baderna passou dos limites! A marinha faz o que pode, mas as vezes nós também erramos, nós somos humanos! Isso foi um erro que não será repetido, esse oficial receberá as punições necessárias. 

Erros acontecem, certo? Aquela era uma pequena ilha no East Blue, um pirata fazendo bandidagens poderia muito bem passar batido e é claro que a marinha se importava, certo? Eles nunca deixariam algo assim se repetir em outros lugares, certo? Um oficial corrupto não representa toda a marinha, certo? Haha. 

É impossível manter o escarnio escondido, mas ninguém parece disposto a discutir, as imagens estão ali, apenas os crédulos não podem ver.

─ Consigo sentir na pele o clima esquentando, mas eu não tenho pele, YOHOHOHO.

─ Piada de esqueletos ─ Luffy, Chopper e Usopp começam a rir.

─ Isso é um esqueleto? ─ pergunta Yasopp, parecendo interessado.

─ O QUE? ─ grita Izo, da tripulação de Barba Branca.

─ Você não tinha percebido, yoi? ─ Se impressiona Marco, aquela foi uma das primeiras coisas que ele notou.

─ NÃO! Tinha muita coisa acontecendo.

─  Você percebeu e não resolveu comentar nada sobre essa coisa totalmente estranha e legal? ─ fala Haruta, ele acreditava que irmãos deviam compartilhar essas informações importantes.

─ Nem é tão estranho, yoi ─ Marco se defende.

─ SIM, É! ─ gritam boa parte das pessoas que estavam na sala, todos acompanhavam a discussão e alguns admitiam que não notaram um esqueleto falante, mas, sinceramente, havia muita coisa estranha acontecendo, não era possível notar tudo.

─ Eu vivo no novo mundo ─ aponta Marco. ─ E convivo com o Ace ─ acrescenta logo em seguida, como se aquilo fosse informação suficiente, e aparentemente era, considerando que toda a tripulação do homem mais forte do mundo parecia concordar.

─ EI! ─ Ace reclama, parecendo ofendido.

─ Parece que nós vamos passar um bom tempo aqui assistindo as aventuras da tripulação de vocês ─ Izo se dirige aos Chapéus de Palha, parecendo ter se recuperado do choque de ver um esqueleto que fala e ignorando os resmungos de Ace. ─ Então acho que vocês deveriam se apresentar.

O resto do povo reunido ali concorda, curiosos para saber mais sobre aquelas pessoas.

Os Chapéus de Palha se levantam e a apresentação começa.

─ Roronoa Zoro. Espadachim ─ curto e grosso.

─ E ex-caçador de piratas ─ acrescenta Nami, fingindo contar um segredo.

─ Essa é a Nami, ela é nossa navegadora e ex-ladrã de piratas ─ Zoro diz por ela. ─ Ah, espere um segundo, você ainda rouba piratas, não é? 

─ Foda-se ─ ela responde carrancuda.

─ Foda-se ─ Zoro espelha sua carranca.

─ NÃO FALE ASSIM COM UMA DAMA ─  grita Sanji, partindo para cima do espadachim com uma voadora, que o homem de cabelo verde consegue desviar.

As pessoas ao redor variavam entre perplexos e divertidos, observando Nami gritar com os dois homens se socando. Mas antes que alguém pudesse fazer algo sobre isso, a apresentação continua, ignorando a porradaria que está rolando:

─ Eu sou Usopp, atirador e capitão.

─ NÃO, VOCÊ NÃO É ─  toda a tripulação gritou, até aqueles que estavam ocupados (com a disputa até a morte) pararam o que estavam fazendo para repreender o atirador.

A atenção das pessoas se desvia para o verdadeiro capitão, deveria ser inadmissível que um simples subordinado falasse com tal desrespeito, mas Luffy apenas observava toda aquela bagunça enquanto ria, nem um pouco preocupado que algum dos seus tripulantes pudesse usurpar seu posto. Shanks não pode deixar de pensar que talvez o atirador seja mais que um subordinado, seja um amigo.

─ Eu sou o Sanji, cozinheiro e amante de todas as mulheres do mundo ─ diz o loiro de sobrancelhas engraçadas da maneira mais charmosa possível.

Um pequeno animalzinho pula, parecendo envergonhado.

─ Eu sou Chopper, médico do bando.

─ Médico? ─ isso é surpreendente, todos pensaram que ele era apenas um animal de estimação.

─ SIM! ─ Luffy sorriu. ─ O melhor médico de todos.

─ EU NÃO FICO NADA FELIZ COM ISSO, SEU BOBO ─ grita Chopper, se escondendo atrás de Zoro.

─ Nico Robin, arqueóloga dos Chapéus de Palha.

O clima da sala esfria, qualquer pirata, marinheiro ou revolucionário que se preze já ouviu falar de Nico Robin, alguns não fizeram questão de esconder seu desprezo, murmurando sobre crianças, demônios e criminosos. 

Ace não pode deixar de franzir as sobrancelhas ao ouvir tais palavras, palavras muito semelhantes com as que ele também já ouviu. Mas Robin ignorou todas elas, e sorriu friamente, encarando de frente todos aqueles que a queriam morta.

─ Eu sou o SUPER Franky, o super carpinteiro e super ciborgue, não é, maninhos? ─ proclama Franky, fazendo muitas poses enquanto Luffy, Usopp e Chopper aplaudiam no fundo, demonstrando uma clara afeição por seu companheiro incrível. 

─ Eu também quero um ciborgue ─ Shanks resmunga bem baixinho, apenas para o seu imediato ouvir. 

Benn revira os olhos.

─ Eu sou o músico, apesar de não ter cordas vocais, yohoho. Meu nome é Brook.

Um homem entre os civis se levanta parecendo assombrado, era o mesmo homem que defendeu Usopp daqueles que o chamaram de covarde.

─ É você mesmo, você está vivo! ─ ele diz, parecendo ter visto um fantasma, e completa logo depois: ─ Quer dizer, mais ou menos vivo...

Os olhos de Brook se arregalariam se ele tivesse olhos (yohoho), mas mesmo sendo um esqueleto todos puderam notar que ele estava surpreso.

─ Crocus-san, é você mesmo? Faz muito tempo... como Laboon-

─ VELHO DA FLOR ─ grita Luffy, cortando a pergunta de Brook. ─ CADÊ A BALEIA?

─ Ela não está aqui, Luffy...

O menino visivelmente murchou e desviou sua atenção para qualquer coisa mais interessante.

─ Eu achei que você tinha morrido, Brook...

─ Eu morri, mais ou menos. Eu morri, aí eu ressuscitei.

─ Se eu puder me intrometer ─ falou o capitão dos Piratas do Coração, que se manteve quieto até agora. ─ Como isso aconteceu?

─ Uma akuma no mi, obviamente ─ resmunga um civil. ─ Tudo de estranho que acontece nesse mundo acontece graças a essas frutas.

─ Eu comi a Yomi Yomi no mi, a fruta da ressureição, sou o único que sobrou Crocus-san, e ainda me lembro da minha promessa.

A voz de Brook era solene, convicta e um pouco melancólica, as duas cavidades onde antes residiam dois olhos encontraram o rosto de Crocus, que o encarou de volta e assentiu, eles tinham muito o que conversar, mas aquela não era a hora, nem o momento. Brook estava vivo (mais ou menos) e manteria sua promessa, isso era o suficiente por enquanto. Laboon ficaria feliz.

A apresentação continua enquanto Crocus se dirige a tripulação de Shanks, que o chamou para se sentar junto com eles.

─ Eu sou Monkey D. Luffy, futuro rei dos piratas ─ sorri o menino, segurando seu chapéu.

─ Você esqueceu de dizer o que você é ─ aponta Robin, gentilmente.

Luffy olha confuso. 

─ Eu sou o próximo rei dos piratas, é claro.

─ Você é o nosso capitão, estupido ─ é Nami quem esclarece, ela parece cansada e Robin ri com carinho.

─ Oh, certo. Eu sou Monkey D. Luffy, capitão e futuro rei dos piratas.

Ace ri alto, ele não pode se conter, ele estava preso a pouquíssimo tempo, acreditava que nunca mais veria seu irmão, mas ali estava Luffy, recitando aquela maldita frase que Ace nem sabe mais quantas vezes já ouviu. Era bom. Era bom ver Luffy mais uma vez.

─ Você não vai ser o rei dos piratas, Luffy... ─ em algum momento Ace havia aceitado aquilo como fato irrefutável, Luffy se tornaria o rei dos piratas, ponto. Mas enquanto isso não acontecia, Ace poderia continuar provocando o irmão.

─ Ora, e por que não? ─ brigou o menino.

─ Porque o meu pai vai se tornar o rei dos piratas, é claro.

─ Mas, Ace, o seu pai...

─ NÃO ESSE ─ Ace gritou, interrompendo Luffy. Ele passou tanto tempo escondendo esse segredo, não seria realmente fodido ser exposto logo agora pelo seu irmão boca-aberta? ─ Meu outro pai, esse aqui ─ diz apontando para Barba Branca, que parecia estar se divertindo.

─ Uau, Ace, você tem dois pais, que sortudo ─ comenta o menino com admiração genuína. ─ Eu só descobri que tinha um pai esses dias.

─ O pai dele vale por dois ─ Usopp sussurra para Nami, que concorda com ele. Um baita pai.

Dragon, que acompanhou toda a conversa no fundo da sala, encontra os olhos de Garp, seu próprio pai, que apenas dá de ombros em resposta ao olhar ferido do filho, como se dissesse "a culpa é sua por ter largado seu filho comigo, seu irresponsável".

─ E essa garota de cabelo azul? ─ pergunta um pirata, olhando para a menina que ainda estava ao lado de Nami e de um pato gigante.

Instantaneamente, todos os Chapéus de Palha se amontoam ao redor da garota, como se quisessem protege-la da atenção que recebia, eles esqueceram que ela não podia ser vista perto de criminosos.

─ Ela é a princesa de Alabasta, seu idiota ─ seu companheiro xinga, dando um tapa na cabeça do que perguntou.

E a proteção não adiantou de nada.

─ Está tudo bem, gente ─ ri Vivi, feliz por reencontrar seus companheiros. ─ Acho que todos eles vão me ver nessa tela logo, logo, vocês não precisam se preocupar. Eu sou-

─ Nossa companheira ─ grita Luffy enquanto a abraça.

A tripulação também ri carinhosamente, apesar de alguns deles não conhecem essa menina, que aparentemente é uma companheira (e princesa! Eles tem uma companheira que é princesa!)

─ Meu nome é Vivi, e esse é o Carue. Faço parte da tripulação dos Chapéus de Palha e-

Antes que ela possa continuar, e antes que outra baderna comece, a tela se acende novamente, fazendo com que os Chapéus de Palha voltem a se sentar e assistir um pouco mais sobre sua jornada.

Chapter 3: Grand Line

Chapter Text

A chuva causava movimentos bruscos no barquinho que abrigava apenas cinco pessoas, nenhuma delas parecia se importar com a chuva que caia do céu ou com as oceano balançando embaixo deles.

─ Aquela é a nossa luz guia, a luz que aponta para a entrada da Grand Line ─ Nami diz, apontando para o farol, enquanto o vídeo passa calmamente por cada um dos rostos presentes, todos eles estão sorrindo. ─ Então, como vai ser?

─ NÓS VAMOS NAVEGAR COM ESSA TEMPESTADE? ─ o medo de Usopp corta um pouco o clima quase solene que aqueles sorrisos pareciam ter criado, mas ninguém podia negar que aquele era um questionamento valido. Uma pena que Usopp foi ignorado pelos seus companheiros.

Sanji leva um barril para o meio do navio e todos os cinco ficam envolta dele.

─ Eu vou encontrar o All Blue! ─ o cozinheiro declara, enquanto coloca o pé sobre a madeira.

Luffy o segue, proclamando:

─ Eu serei o Rei dos Piratas!

E assim todos eles fazem suas promessas.

─ Serei o melhor espadachim do mundo!

─ Desenharei um mapa do mundo todo!

─ Eu serei um bravo guerreiro do mar!

E quando o barril se quebra a promessa é selada. 

─ Isso é meio fofo ─ Vivi se pronuncia diz e Robin não pode deixar de concordar, seus companheiros não conseguem controlar o rubor que aquele comentário causa.

─ Eu quero fazer isso também ─ Chopper parece encantado olhando para a tela.

─ ESSA É UMA SUPER CENA, MANOS! ─ grita Franky, emocionado.

─ Vocês entraram na Grand Line com apenas cinco tripulantes, yoi? ─ pergunta Marco, um pouquinho impressionado. Eles eram apenas novatos e já pareciam tão preparados para enfrentar o mar.

─ Me surpreende que eles tenham sobrevivido por tanto tempo.

─ Por que você diria isso, Crocus ?─ Shanks pergunta para seu antigo companheiro.

─ Eles não sabiam nem o que era log pose ─ o médico parece ligeiramente indignado.

─ Eles também não sabiam muito sobre o clima maluco da Grand Line ─  Vivi recebe um olhar sujo de Nami quando diz isso.

─ Traidora!

─ Eles entraram na Grand Line sem um médico?

─ Talvez...

Nada preparados, então.

─ Mas nós encontramos o Chopper e ele é o melhor médico de todos ─ destaca Luffy. ─ Não poderíamos ter um médico antes de entrar na Grand Line, nem uma arqueóloga, ou um carpinteiro ou um músico...

─ NÃO ME FAÇA CORAR, SEU BASTARDO.

─ MEU CAPITÃO É UM SUPER CAPITÃO.

─ Sinto meu coração palpitar ouvindo suas palavras, capitão, mas eu não tenho coração yohohoho...

Todos os citados estão extremamente envergonhados, até Nico Robin, que geralmente parecia imperturbável.

A tripulação está prestes a entrar na Grand Line quando algo estranho chama sua atenção:

─ Nami, eu vejo uma montanha logo a frente ─ avisa Sanji, que está sentado em cima da verga (a madeira que se apoia no mastro e é responsável por segurar a vela) junto com Usopp.

─ Uma montanha? Isso não está certo, depois de passar pelos cabos gêmeos deveríamos entrar em mar aberto.

Oh, não é difícil adivinhar o que era essa "montanha", qualquer um que já passou por essa entrada já se encontrou com ela.

A "montanha" parece cada vez maior, como se estivesse saindo da água.

─ NÃO É UMA MONTANHA! É UMA BALEIA!

─ E aí nós fomos engolidos ─ Sanji fala descontraidamente, como alguém comentaria sobre o tempo, nem um pouco incomodado com a reação que recebe das pessoas ao redor.

─ Foi tão legal ─ Luffy quica no puff que está sentado, lembrando dessa parte super incrível de sua aventura. Todas as partes da sua aventura foram legais, na verdade. 

─ É ela? ─ pergunta Brook, com a voz trêmula, mas ele não precisa de resposta, ele reconheceria Laboon em qualquer lugar. Seus olhos (ou o lugar onde seus olhos deveriam estar) se enchem de lágrimas.

O céu está azul e há dois desconhecidos no navio dos Chapéus de Palha.

─ ENQUANTO EU VIVER... ─ grita o velho da flor, em cima de uma plataforma. ─ VOCÊS NUNCA VÃO MACHUCAR LABOON.

E pula para impedir que um tiro acerte o "céu", recebendo todo o impacto.

─ Aquele velhote levou um tiro pela baleira... ─ aponta Usopp.

─ Crocus-san ─ chora Brook, sem vergonha nenhuma de demonstrar seus sentimentos para tantas pessoas. ─ Obrigado! Obrigado, Crocus-san, eu nunca me esquecerei do que você fez por Laboon!

O velho apenas resmungou, parecendo constrangido.

─ Então ele estava a protegendo esse tempo todo ─ se impressiona Nami.

─ HA HA HA, SEUS ESFORÇOS NÃO VALEM NADA ─ diz a garota de cabelo azul.

─ VOCÊ NÃO PODE NOS PARAR, ESSA BALEIA VAI VIRAR COMIDA PARA A NOSSA VILA ─ completa seu parceiro estranho, que segurava a arma usada para atingir o velho.

Os dois são silenciados quando Luffy os soca.

─ Quem são essas pessoas? ─ pergunta Marco, mesmo que já tenha uma ideia de quem seja a garota. Realmente, era impossível não notar as semelhanças.

─ Eu não sei, mas já não gostei deles. Eles querem matar a baleia! ─ Izou parece um pouco furioso.

─ Laboon se virou para a montanha reversa e começou o seu lamento.

Mesmo com um pedaço da cena faltando, não é difícil adivinhar o contexto. Crocus está explicando a história de Laboon.

─ Então começou a bater na Red Line com a sua cabeça, é como se estivesse se convencendo de que, a qualquer dia os piratas retornarão de trás da montanha. Eu tentei explicar muitas vezes, mas ela se recusa a encarar a verdade.

─ Eu voltarei para você, Laboon, eu com certeza vou...

─ Nós vamos! ─ sorri Luffy.

Assim como as pessoas da sala, fica claro que os Chapéus de Palha estão sensibilizados com a história da baleia.

─ Isso sim é uma baleia ─ Sanji fuma um cigarro. ─ Mesmo traída, continua acreditando.

─ Mas ela está esperando por nada ─ Ussop, sentado ao lado de Sanji, responde.

─ Sim, ignore o que eu disse ─ Crocus continua sua explicação. ─ Ela está com medo de perder a razão de esperar. Depois de todo esse tempo, ela está com medo de perder sua esperança.

Luffy, que observava toda a cena em silêncio, sem parecer se importar muito, se levanta e arranca um pedaço do mastro do navio, o usando para descer o pau na baleia.

Luffy estremece assistindo a cena, se sentindo culpado pelo que fez com Merry.

O garoto usa o mastro como se ele fosse uma agulha afiada (ou um palito de dente) e finca ele na cabeça já machucada do animal, que grita de dor.

Os gritos de Crocus e da tripulação variam de "O QUE DIABOS VOCÊ ESTÁ FAZENDO?" e "NÃO DESTRUA NOSSO NAVIO!", mas Luffy os ignora, focado em bater novamente na baleia.

Os Chapéus de Palha se encolhem, eles trataram Merry muito mal, e apesar de estarem felizes com o Sunny e de saberem que um dia o Merry teria que ser deixado para trás, eles não conseguiam deixar de sentir falta o barco que os acompanhou por tanto tempo.

Ninguém parece entender o que está acontecendo ou o motivo do Chapéu de Palha ter começado a lutar com aquele grande mamífero.

Aqueles que se reuniram na sala assistem incrédulos um garoto brigando com uma baleia gigante, são poucos os que parecem entender o propósito do menino.

─ Eu sou bem forte, né? ─ sorri Luffy, com ferocidade. ─ Nossa luta ainda não acabou, ainda temos que resolver isso. Seus amigos podem ter ido pra sempre, mas você arranjou um rival, eu. Depois que a gente contornar a Grand Line, eu voltarei aqui, E NÓS LUTAREMOS DE NOVO.

─ Oh, você queria dar a baleia um pouco de esperança, certo, Luffy? ─ diz o marinheiro de cabelo rosa, ignorando os olhares desdenhosos que recebe. A cada cena que passa Coby tem mais certeza de que Luffy e sua tripulação são piratas diferentes de todos os outros, são pessoas que merecem o seu respeito.

A cena muda e Laboon aparece com sua grande (muito grande) testa pintada com uma versão ligeiramente deformada do jolly rogers dos Chapéus de Palha feita pelo capitão da tripulação.

─ Essa é a marca da nossa promessa ─ diz o garoto sorridente. ─ Então não vá batendo nas pedras, para que isso não apague até a nossa volta.

Antes que a tela se apague a sala tem um vislumbre dos outros tripulantes, que parecem orgulhosos e de Crocus, médico da baleia, que também sorri.

Brook chorou durante toda a cena, se sentindo culpado pelo desespero do seu pequeno amigo, se sentindo grato por Crocus, se emocionando por ter escolhido um capitão tão bom, e, acima de tudo isso, se reassegurando de que um dia voltaria a encontrar Laboon.

─ Poderia ser esse o bando de piratas que estivemos esperando por todo esse tempo? Tem um ar estranho sobre esse garoto, não é, Roger?

─ Roger? Gold Roger?

─ Até parece que esse velho conhece o Rei dos Piratas.

─ Ele conhece o Ruivo...

─ SHANKS ─ grita Luffy, como se tivesse acabado de lembrar de algo importante. ─ VOCÊ NUNCA ME DISSE QUE FAZIA PARTE DA TIPULAÇÃO DO REI DOS PIRATAS, SEU MENTIROSO.

─ Você não perguntou ─ responde o homem mais velho mostrando a língua para o menor, que parece pronto para socar um dos piratas mais poderosos do mundo. ─ Mas quem foi que te contou isso?

─ Ray-san, é claro.

─ RAY-SAN? RAYLEIGH-SAN? ─ grita Buggy antes que possa se controlar, seu plano era se manter quieto e distante da confusão, se manter seguro, mas como aquele pirralho ousava chamar Rayleigh de "Ray"? De onde surgiu aquela intimidade?

Akainu sente seu olho esquerdo tremer percebendo que outro prisioneiro estava fora das grades.

─ De onde você conhece Rayleigh-san? ─ Shanks parece mais controlado, mas por dentro por dentro ele pode estar com um pouco de ciúmes, só um pouquinho.

─ Da ilha das bolha, ué. Ele é super legal e forte, e ele faz as pessoas desmaiarem e é super legal.

Rayleigh caminha silenciosamente em direção ao pirata ruivo, que não percebe sua presença até que seja tarde demais.

─ AAAAAH, RAYLEIGH-SAN! ─ Shanks e Buggy gritam em uníssono, fazia muito tempo que eles não se encontravam.

─ Crocus ─ Rayleigh fala, bem humorado. ─ Quanto tempo não nos vemos?

─ Uma década ou mais, certo, velho amigo?

─ Vi que você encontrou um dos companheiros da sua baleia, hein ─ eles se cumprimentam com um aperto de mão, e os marinheiros (e alguns piratas, e revolucionários e civis) sentem um arrepio percorrer a espinha, ver esse homem, o imediato do rei, em carne e osso é como enfim descobrir que lendas são reais. Ver com os próprios olhos a prova irrefutável de que as histórias que ouviram na infância realmente aconteceram.

─ E você encontrou mais um Chapéu de Palha ─ os olhos dos dois homens se dirigem a Luffy, que os observava levemente curioso.

─ Ray-san, você conhece o velho da flor?

─ É claro ─ responde Rayleigh. ─ Nós navegamos juntos por um tempo, ele era nosso médico.

─ Oh, que legal ─ Luffy não parece nem um pouco impressionado por estar falando com o Rei das Trevas e o (aparentemente) antigo médico do Rei dos piratas. ─ Você conheceu a Laboon?

─ Sim, ela era uma baleia bem simpática.

Ace sentia vontade de pegar seu irmão pelo colarinho e arrastar ele para longe daqueles homens, dos companheiros daquele homem. Barba Branca, por outro lado, parecia extremamente divertido, era como reencontrar seus velhos amigos em uma festa!

─ Você vai se sentar por perto, certo, Rayleigh? ─ perguntou o homem mais forte do mundo, eles tinham que por as fofocas em dia.

─ Sim, vou ficar por perto, isso está se tornando divertido de assistir.

O Marry se aproxima de uma ilha cheia de cactos, e contrariando todas as expectativas, os civis comemoram quanto mais o navio se aproxima.

─ SÃO PIRATAS!

─ BEM VINDOS A ILHA DA CELEBRAÇÃO, WHISKY PEAK!

─ UM VIVA PARA OS HERÓIS DO MAR.

E assim as celebrações começam.

─ Isso é estranho ─ Ace parece confuso, não notando o olhar do homem grisalho, que parecia estranhamente pensativo.

─ Muito estranho ─ concorda um revolucionário loiro. ─ É melhor eles tomarem cuidado.

A atenção dos dois está voltada para a tela, e eles nem percebem com quem estão conversando, Ace muito focado em seu irmão e Sabo tentando descobrir por que diabos aquele garoto parecia tão familiar.

A lua nasce sob a folia de Whisky Peak, há pequenas cenas mostrando o que cada um dos piratas fazia em meio a toda aquela festa, Usopp bebia e contava suas mentiras para uma multidão, Luffy comia o suficiente para alimentar 20, talvez 30 homens, Sanji estava no paraíso, cercado de mulheres, Nami e Zoro estão em uma competição de bebidas.

─ O que vocês estão fazendo? ─ repreende o irmão pirata de Luffy. ─ Tomem cuidado, pelo amor de Deus.

─ Aqueles dois estranhos não estavam tentando matar Laboon para conseguir comida para a cidade? ─ pergunta o revolucionário, ainda mais desconfiado. 

─ É verdade, vocês são idiotas? ─ Ace não parece feliz vendo seu irmãozinho caindo em uma armadilha tão boba.

─ Fiquem tranquilos, vocês dois ─ Luffy não parece nada preocupado, lembrando da carne deliciosa que ele comeu lá.

Todos os Chapéus de Palha parecem ter caído no sono depois de tanta festança e quatro estranhos, incluindo a garota de cabelo azul que pode ou não ser a princesa de Alabasta, estão do lado de fora, conversando sobre o que fazer com seus convidados, eles claramente não tem boas intenções.

─ Eu disse que tinha algo errado! ─ exclama o revolucionário, sendo apoiado pelo segundo comandante do Barba Branca, que roía as unhas, preocupado com o irmão.

─ Peguem tudo de valor que há no navio deles e os prendam, imediatamente! Se eles estiverem mortos a recompensa perde 30% do valor... o governo vai querer que a execução deles seja pública.

─ Foi mal, mas... será que vocês poderiam deixá-los dormir mais um pouco? Eles devem estar cansados da viagem.

─ O ZORO É TÃO LEGAL ─ grita o médico da tripulação, admirando seu companheiro na tela.

─ O QUE? ERA PARA VOCÊ ESTAR DESMAIADO AGORA!

─ Um espadachim nunca fica bêbado... ─ Zoro está sentado em cima de uma das casas, sorrindo horrivelmente. ─ E um covil de caçadores de recompensas pode ser um lugar bem perigoso. Vocês enganam os piratas festejando a passagem deles pela Grand Line! Parece que vocês são em torno de 100 caçadores... Derrotarei todos vocês, Baroque Works.

Assim que a tela desliga algumas pessoas resmungam, muito frustradas.

─ Não aguento mais assistir cenas picotadas! Eu quero ver o que acontece depois!

─ O que há para ver? ─ diz Zoro, entediado. ─ Eu derrotei todos eles, como disse que faria. Use sua imaginação.

─ UAU ─ grita Chopper, dando pulinhos empolgados. 

─ As palavras do nosso chefe foram "meu segredo vazou", não sei que segredo é esse, é claro, o lema da nossa organização é "mistério" ─ diz mr 5, que ainda não havia aparecido.

─ Que lema péssimo ─ desdenha Buggy, mas com um olhar de Crocodile ele fecha a boca e se esconde atrás da pessoa mais próxima. 

─ Na nossa investigação descobrimos que uma certa monarquia se infiltrou na Baroque Works.

O homem com os cabelos que pareciam papiros enrolados percebeu que seu disfarce foi revelado e, em um ato de desespero, atacou atacou mr 5, tentando proteger a garota de cabelos azuis. Seu ataque não foi bem sucedido.

Uma outra garota, vestida com um vestido amarelo com limões, atacou a de cabelo azul, que conseguiu desviar por pouco.

─ Os agentes inimigos são Igaram, comandante da guarda real de Alabasta e a princesa de Alabasta, Nefertari Vivi.

Alguns poucos ficaram surpresos com a revelação, mas a maioria (até aqueles que não tinham olhos, yohoho) puderam enxergar as semelhanças entre a princesa e a garota na tela.

Zoro tentou sair de fininho do meio da confusão, arrastando um Luffy dorminhoco com ele, mas Igaram foi mais rápido e agarrou seu tornozelo.

─ Sr. espadachim, você é forte, por favor, realize meu desejo! ─ Zoro não parece nem um pouco feliz. ─ Aqueles dois lutadores são formidáveis, não posso derrota-los.

─ Que fraco ─ ri Kid com escárnio.

─ Ele foi muito corajoso ─ Marco contraria o homem. ─ Assumir sua fraqueza é importante se você quer sobreviver no mundo pirata.

─ Não se torne um pirata se você for um bebê chorão que não sabe se defender ─ responde o de cabelos vermelhos.

─ Ele não é um pirata ─ aponta Usopp.

─ POR FAVOR, PROTEJA A PRINCESA POR MIM!

Os agentes da Boroque Works já não estavam por perto, correndo para perseguir a princesa que fugiu com seu pato gigante.

─ POR FAVOR, ESCOLTEM MINHA PRINCESA ATÉ ALABASTA, UM GRANDE REINO NO EXTREMO LESTE, VOCÊS GANHARÃO UMA GRANDE RECOMPENSA.

Zoro parecia prestes a negar, mas uma voz respondeu antes dele.

─ Nós vamos fazer isso... por um bilhão de berries ─ negocia Nami, com um grande sorriso.

─ Um bilhão? ─ todos aqueles que assistiam se assustam com a alta quantia.

─ Há quanto tempo você estava acordada? ─ se impressiona Ace. Se não fosse Zoro e Nami quem sabe qual teria sido o destino de Luffy? Ele sabia que seu irmão mais novo era forte mas ele também era muito ingênuo. 

─ Tinha que ser a bruxa.

 ─ Oh, não! De quem será que é essa dívida que acabou de aumentar?

─ Você devia estar bêbada  ─ Zoro aponta.

─ Você acha mesmo que eu ficaria bêbada em uma cidade que acolhe piratas? Eu não sou idiota.

Quando ouvem isso os olhos de todos se movem para os outros três piratas, que eram claramente idiotas e não perceberam uma emboscada óbvia. 

─ Foi tudo fingimento, eu posso beber bem mais que aquilo. Então... vai pagar um bilhão pra gente ou não, chefia? Porque sem a nossa ajuda... parece que sua princesa vai morrer.

─ Você é tão cruel ─ gargalha Shanks de maneira escandalosa. ─ Não quer entrar para a minha tripulação?

─ Não, obrigada ─ respondeu Nami, ignorando Luffy gritando seus protestos e ofensas a "Shanks, estupido e ladrão de companheiros".

A próxima parada: Little Garden 

─ Vamos pular direto para a próxima ilha? ─ questiona Law, que também estava começando a se estressar com essas mudanças repentinas.

─ Não tem muito o que ver depois disso ─ expõe Nami. ─ Nós concordamos em ajudar a Vivi, a Robin quase matou o Igaram... nada demais.

─ Bons tempos ─ Robin sorri com seu sorriso assustador (mas, na verdade, apenas os mais próximos dela podem entender o que ela quis dizer, quando ela diz, sem palavras, que a melhor coisa que aconteceu com ela foi ter encontrado sua tripulação).

─ Os mares podem não estar tão tão duros como quando nós começamos mas eles serão, sem duvidas, piores que os oceanos normais. Não se esqueça da regra principal: nunca subestimar a Grand Line.

 Vivi parecia séria, realmente preocupada com possíveis problemas durante a viagem, mas ela era a única ansiosa, se a tripulação idiota relaxando no convés fosse alguma indicação.

─ E aí, galera, querem provar um drink especial meu?  ─ grita o cozinheiro.

─ Claro que sim!

─ Você vai deixar eles fazerem isso?  ─ ela se refere a clara falta de seriedade dos outros tripulantes. Será que eles não percebiam que podiam estar em perigo a qualquer momento?

─ Eles são sempre assim? ─ Marco pode se relacionar, é difícil por ordem em tripulações tão despreocupadas.

─ Sempre ─ a Nami da sala parece cansada quando diz isso, bem diferente da navegadora da tela.

─ Por que não? Se qualquer coisa acontecer eles vão nos ajudar. Eles também querem ficar vivos  ─ responde Nami, nem um pouco preocupada.  ─ Toma aqui um drink.

─ Tudo bem, mas... eu não gosto da postura deles  ─ ela diz observando os meninos, que tentavam fazer seu pato beber suco com um canudinho.

Mas Nami sorri, vendo o mesmo que a princesa.

─ Suas preocupações não desaparecem em um navio como esse?

─ Sim... é bem relaxante.

Logo em seguida o Merry quase é afundado por um golfinho gigante.

─ Por que essa cena não me surpreende? ─ ri Izou, sendo acompanhada pelo resto da sala, Aquela tripulação era engraçada.

A próxima imagem é, no mínimo, surpreendente. Luffy divide seu lanche com um gigante.

─ A propósito, senhor gigante, como é viver sozinho nessa ilha? O senhor não tem uma vila?  ─ pergunta o capitão pirata com a boca cheia de carne.

Os tripulantes do Barba Branca, e o próprio homem, se veem sorrindo mesmo sem querer, notando as semelhanças entre o garoto e seu irmão.

─ Eu vim de uma vila. Eu sou de Elbaf, a vila dos guerreiros, ela fica em outro lugar na Grand Line.

─ Precisamos visitar Elbaf, capitão.

─ Nós vamos, Usopp.

─ Lá na vila, os gigantes seguiam um código, sempre que havia uma disputa e nenhum dos lados fosse desistir, o Deus de Elbaf decidia em um julgamento. Nosso Deus protege quem está certo e o deixa viver. Eu arranjei alguns problemas e agora estou nessa ilha, lutando com outro guerreiro, o que estiver certo vencerá a batalha... e continuará vivo ─ conta o gigante com sua voz estrondosa.  ─ Mas nós estamos lutando há mais de cem anos e nada foi decidido ainda! GYAGYAGYAGYA.

O gigante ri tão alto que os pássaros fogem assustados. O vulcão entra em erupção e esse é o sinal de que outra batalha começará.

Luffy parece encantado com as novas informações que recebeu, mas Vivi não consegue entender.

─ Um ódio que faz vocês se atacarem por mais de cem anos? Isso é insano. Em primeiro lugar: qual é o motivo dessa luta?

─ Quieta! Isso não importa  ─ o Chapéu de Palha estica um de seus braços para calar a menina.

─ Não silencie uma dama ─ repreende Sanji, mas Luffy o ignora, como sempre.

─ É verdade  ─ o gigante concorda, andando em direção ao seu duelo, mesmo de longe sua voz ainda pode ser ouvida por Luffy e Vivi, que estavam ficando para trás.  ─ É uma questão de honra. O motivo de nós dois continuarmos lutando... já foi esquecido há muito tempo!

Assim como seu capitão, o atirador dos Chapéus de Palha parece encantado com o combate que está assistindo.

─ É isso! Esse é o meu objetivo, ser um bravo guerreiro dos mares, eu quero ser um homem honrado como esses dois!

─ Eles são tão legais ─ os olhos de alguns homens brilham como estrelas enquanto admiram os guerreiros, mas não são todas as pessoas que concordam com eles.

─ Para mim, isso só parece estúpido  ─ diz Perona, olhando meio enjoada para a tela. Nami, Vivi e Koala se sentem inclinadas a concordar com ela, mas Robin, mesmo não conseguindo ver o apelo dessas lutas, pode entender porque elas são tão atraente para algumas pessoas.

Todos podem ver o enorme candelabro de cera, a parte de cima dele é decorado com uma abóbora gigante e na parte de baixo três humanos são usados como enfeites.

─ O que tá girando lá em cima?  ─ pergunta Nami.

─ Agora sei como é... ser uma vela em um bolo de aniversário.

O comentário do espadachim causa risadas.

─ Você é tão burro, Zoro ─ ri Perona junto com a multidão.

Em resposta, Zoro puxa o rabo de cavalo rosa da garota fantasma, que grita com ele.

─ Não puxe o cabelo de uma donzela, musgo burro!

─ Hein? ─ a atenção do homem muda e se concentra no cozinheiro. ─ E puxar o cabelo de um donzelo pode?

E é claro que puxar o cabelo de Sanji é uma péssima ideia, mas Zoro faz mesmo assim.

─ ESSA PALAVRA NEM EXISTE, IDIOTA! ─ grita Nami interrompendo a briga socando a cabeça dos dois membros da tripulação. Perona, que havia se afastado quando conseguiu se livrar do puxão de cabelo, voltou a rir vendo o homem de cabelo verde acariciar a cabeça machucada.

─ Não consigo mexer minhas pernas  ─ é visível que as pernas dos três estavam presas com uma espessa camada de cera.

─ Ele nos imobilizou, e tenho a sensação que não é porque ele gosta da nossa companhia.

─ Tem alguma coisa pingando na gente  ─ Vivi se envolveu na conversa quando uma grossa gota de tinta pingou no cabelo dela.

─ Foi horrível tirar isso do cabelo ─ Nami pensa em voz alta e os outros dois que passaram por isso com ela concordam.

─ HAHAHA, PROVEM O MEU EXTRA SPECIAL CANDELABRA, A MISTURA DE CERA PINGANDO EM SUAS CABEÇAS LOGO VAI TRANSFORMAR-LOS EM ESTATUAS  ─ grita um homem com o cabelo em formato de três, possivelmente aquele que prendeu a tripulação ali.  ─ VOCÊS SERÃO BONECOS DE CERA EM NOME DA ARTE, HAHAHA.

─ Esquece isso, a gente não quer ser sua arte estúpida  ─ diz Nami, parece que só agora que ela percebeu a encrenca em que se meteu.  ─ Broggy, não fique aí deitado! Lute! Você será transformado em cera também!

O grande gigante estava caído ao lado da prisão de cera, suas mãos e pés presos com a cera branca solidificada.

─ Você deve ter comido seus vegetais quando era criança, hein?  ─ e Zoro ainda não percebeu nada...  

─ Não adianta falar com esse aí  ─ bufa Mr. 3.  ─ Ele acabou de descobrir a verdade sobre sua luta... sem perceber que seu amigo estava ferido ele o matou depois de uma batalha de cem anos! Hahaha, ele estava tão orgulhoso que começou a chorar, hahahaha.

─ Eu sabia! No momento em que começamos a trocar golpes eu sabia que que Dorry estava escondendo algo...

─ Sabia? Hahaha, não minta. Se você sabia por que não parou a luta? Não vi nenhum sinal de piedade em seus ataques.

─ Verme! Você não entende nada sobre duelos e lutas! Você nunca entenderá meu choro! VOCÊ NÃO SABE DE NADA! ELE ERA UM GUERREIRO ORGULHOSO QUE ESCOLHEU LUTAR MESMO FERIDO, COMO EU PODERIA ENVERGONHA-LO RECUSANDO-ME A LUTAR? ENQUANTO ELE ESTAVA DISPOSTO A SOFRER PARA PODER LUTAR COMO EU PODERIA DESONRA-LO DEMONSTRANDO PIEDADE?

─ Isso foi super macho, mano ─ chora Franky, quer dizer, derrama lágrimas masculinas. 

─ Eles são homens de verdade ─ grita Usopp, e Luffy o acompanha.

─ ELES SÃO TÃO LEGAIS ─ grita Chopper.

─ Homens de verdade, de fato ─ comenta Barba Branca, imensamente divertido e curioso sobre o motivo de estar assistindo as aventuras daquelas crianças.

─ Você é bem grande, velho, mas eles são maiores que você ─ comenta Luffy olhando para o capitão de seu irmão, seu comentário não é maldoso, ele está apenas apontando um fato.

Ace pode ou não estar pensando em esganar seu irmão e os pensamentos do resto da tripulação do homem mais forte do mundo não são muito diferentes, mas Barba Branca apenas ri, nem um pouco ofendido.

─ LUFFY, OLHA O JEITO QUE VOCÊ FALA COM O MEU CAPITÃO!

─ O que? É verdade ─ Luffy não vê qual é o problema de falar aquilo sobre o homem grande-mas-não-tão-grande-quanto-um-gigante. ─ Eu queria lutar com um gigante ─ acrescenta um comentário improvisado, lutar com gigantes deve ser muito legal, mas ele não teve oportunidade de fazer isso em Little Garden, muita coisa estava acontecendo naquele momento.

─ Nós já enfrentamos gigantes ─ fala Usopp, e a sala, que já está se acostumando com as mentiras dele o olham cheios de duvida. ─ É verdade! Eram dois deles!

─ Em Enies Lobby, certo? ─ Sanji se lembra vagamente. ─ Mas eu não sei se eles contam, eles viraram nossos aliados no final.

─ Nem fomos nós que lutamos contra eles ─ acrescenta Nami. ─ Foi a família Franky.

─ Meus irmãozinhos fizeram isso? Uau, eles são super incríveis, certo? 

─ Mas foi o Usopp que fez deles nossos aliados ─ Zoro disse, mais para discordar da Nami do que para elogiar Usopp.

─ O QUE? VOCÊS LUTARAM COM GIGANTES? ONDE EU ESTAVA?

─ Provavelmente lutando com a CP9 para me salvar, Capitão ─ respondeu Robin gentilmente.

─ Oh, é verdade... mas tudo bem, nós iremos para a terra dos gigantes um dia e vamos lutar com eles e... Ace, você está bem?

Ace não está nada bem, na verdade, ele parece um pouco verde.

─ O QUE VOCÊ ESTAVA FAZENDO EM ENIES LOBBY, LUFFY?

─ Ué, nós fomos salvar a Robin, você não ouviu ela contando isso?

─ QUE LEGAL, FORAM VOCÊS QUE DECLARARAM GUERRA CONTRA O GOVERNO? UAU, VOCÊS SÃO TÃO LEGAIS ─ saltita uma menina ruiva que definitivamente não estava ali há dois minutos atrás.

Jinbei observa a garota com cuidado, reconhecimento o atingindo como um soco.

─ Guerra? ─ sussurra Ace, sentindo sua pressão cair. O que Luffy fez enquanto Ace estava na cadeia?

─ Koala? ─ se assusta Sabo, quando olha para o lado e vê que sua amiga não estava mais lá.

Ele se assusta mais uma vez quando sente uma mão tocando seu ombro e percebe que é Dragon, muito sério.

─ Impeça a Koala de convidar aquela tripulação para entrar no Exército Revolucionário.

É toda ordem que Dragon dá, ele sabe que se Luffy for minimamente parecido com Garp eles acabariam não só com o governo, mas com o mundo todo.

Sabo caminha em direção aos Chapéus de Palha, pronto para realizar sua missão.

O próximo vídeo acontece do outro lado da ilha, Usopp e Luffy parecem ter levado uma surra, um deles está enterrado no chão e o outro embaixo de algo tão grande que o impede de se mexer.

─ Vocês arrumam problemas em todos os lugares?

Os Chapéus de Palha só dão de ombros. Eles, de fato, arrumavam problemas em todos os lugares.

─ Nós vamos deixar eles se safarem dessa?  ─ Luffy pergunta com as sobrancelhas franzidas, claramente irritado.

─ Não! De jeito nenhum!  ─ responde Usopp, tão bravo quanto seu capitão.

─ Você está bravo também, pássaro?

Carue está deitado próximo aos dois humanos, seu corpo coberto de machucados.

─ QUACK  ─ grasna o pássaro com lágrimas nos olhos.

─ Até o pássaro é durão ─ comenta Haruta, apenas parcialmente brincando.

─ Certo! Vamos chutar a bunda desses caras!  

─ Quem dessa vez?

Luffy agarra o cabelo estranho de Mr. 3, todo o corpo do homem se curva para acompanhar o puxão do menino.

─ Se o calor derrete a cera, eu vou usar esse fogo aqui, certo, Usopp?

Usopp está sendo esmagado por uma garota vestida de amarelo, mas responde mesmo assim:

─ Você está sempre machucado, né? ─ questiona Izou, sentindo pena.

─ É impossível sair ileso de nossas aventuras, mas o Chopper sempre nos conserta ─ Brook respondeu no lugar, nenhum dos companheiros parecia muito preocupado com a revelação enquanto Chopper dançava, muito feliz com as palavras do amigo esquelético.

─ LUFFY, ESSE FOGO É PEQUENO DEMAIS, ACENDA A CORDA DE CARUE!

─ A corda do pássaro?

Carue, como pode ser visto na tela, deu várias voltas ao redor do candelabro, usando uma corda para enrolar toda a estrutura.

─ A corda especial está coberta de óleo.

─ Você foi muito inteligente, Usopp ─ Yasopp parabeniza o filho, sem jeito. O orgulho que Yasopp sentia vendo o filho na tela se sobreponha a estranheza da situação.

Usopp corou tanto que poderia ser confundido com o nariz de Buggy.

─ Certo! PREPAREM-SE, GALERA! ─ responde Luffy, manuseando seu inimigo como se fosse uma boneca de pano e usando a chama do seu cabelo para ascender a corda.

─ Vai esquentar, mas apertem os dentes e aguentem ─ avisa Usopp, caído no chão.

E então toda a gaiola de cera pega fogo.

─ Muito legal, maninhos ─ exclama Franky, parecendo suuper animado. ─ É muito legal ver tudo que vocês passaram antes de nós nos encontrarmos!

─ Quarenta graus? ─ exclamou Vivi, preocupada. ─ A febre aumentou de novo!

─ Como vocês saíram da ilha? Ouvi dizer que demoram anos para o log pose se calibrar em Little Garden ─ pergunta Marco, extremamente curioso para descobrir como aquela tripulação resolveria esse problema.

─ O Sanji roubou o log pose daquele cara... ─ Usopp não consegue lembrar de qual Mr. era, havia tantos...

─ Acho que foi o cinco ─ chuta Nami.

─ Não, foi o três ─ corrige Vivi, que passou meses infiltrada entre aquelas pessoas. 

─ Ah.

Marco esperava uma explicação mais legal.

─ Deve haver médicos em Alabasta, certo? ─ Usopp propôs a solução para todos aqueles que estavam reunidos no pequeno quarto, possivelmente um cômodo do navio. ─ Quanto tempo ainda resta para chegarmos lá, Vivi?

─ Não sei, mas com certeza vai demorar mais que uma semana!

─ Ficar doente dói muito? ─ Luffy pergunta formando um biquinho com os lábios, claramente não percebendo a gravidade da situação.

─ Sei lá, nunca fiquei doente ─ Usopp e Sanji respondem em coro.

─ VOCÊS SÃO MESMO HUMANOS? É claro que é doloroso! Uma febre de quarenta graus quase nunca acontece, na verdade, é suficiente para colocar a vida de uma pessoa em risco!

─ O QUE?

─ ELA VAI MORRER? ─ Luffy finalmente se preocupa.

─ PU FAVÔ, DÃO BORRA, DABII! ─ choraminga Sanji assustado.

─ AAAAAAAAAAAAAAAAAH ─ Usopp e Carue correm pelo cômodo com as mãos na cabeça, parecendo desesperados.

─ PAREM DE FAZER BARULHO E CALEM A BOCA! ─ Vivi pede/ordena.

─ TEMOS QUE ENCONTRAR UM MÉDICO AGORA MESMO ─ o capitão toma uma atitude.

─ Eu sei ─ concorda a princesa. ─ Então se acalmem ou o estado dela pode piorar.

─ Não! ─ diz uma voz fraca e obviamente feminina.

─ Nami?

─ ELA MELHOU! ─ a atitude de Luffy muda drasticamente, muito mais animado agora.

─ NÃO, ELA NÃO MELHOROU ─ repreende o atirador.

─ Tem um jornal em cima da minha mesa ─ informa a navegadora, e seja lá o que esteja escrito naquele jornal, de ser muito importante para ser colocado a frente de sua saúde.

─ Não pode ser... ─ Vivi olha para aquelas páginas como se visse um fantasma, as coisas pareciam ruins. ─ Seisentos mil soldados reais poderiam conter os rebeldes que estavam com uma força de apenas quatrocentos mil... mas agora a situação é completamente oposta!

─ A situação de Alabasta entrou em sua fase crítica ─ lamentou Nami, seu rosto completamente vermelho e febril, ela usava duas últimas forças para informar Vivi. ─ Esse jornal é de três dias atrás, sinto muito por não ter mostrado isso até agora, mas eu não queria preocupa-la.

─ É realmente uma situação difícil ─ comenta Luffy surpreendente sério.

─ Mas se não conseguirmos um médico... ─ Usopp não termina a frase, mas todos entendem.

─ Não se preocupem ─ Nami se levanta da cama, tentando provar que está bem. ─ Ficarei melhor naturalmente, por hora, continuaremos a navegar em direção a Alabasta. Mas obrigada por se preocuparem, pessoal.

Todos os médicos da sala se viram para a navegadora, nenhum deles parece satisfeito.

─ NAMI ─ grita Chopper. ─ SUA SITUAÇÃO ERA MUITO SÉRIA, VOCÊ PODERIA TER MORRIDO SE TIVESSEM DEMORADO UM POUCO MAIS PARA ENCONTRAR UM MÉDICO, SABIA?

─ Foi tão grave assim? ─ se surpreende Zoro, ele sabia que ela estava muito doente mas não imaginou que ela estivesse tão doente ao ponto de bater as botas.

Sanji estava abraçando os próprios joelhos, chorando enquanto imaginava como o mundo seria horrível sem a Senhorita Nami. O resto da tripulação, apesar de não demonstrar, se sentiu abalada por saber que se algo tivesse dado errado Nami não estaria mais entre eles.

Nami se sentiu corar vendo todos os olhares preocupados que recebeu.

─ Não foi nada, gente, está tudo bem.

─ É, galera, a Nami é muito forte, deu tudo certo ─ Sorriu Luffy, ele se sente preocupado quando vê um de seus companheiros doente, mas sabe que nenhum deles morreria antes de todos realizarem seus sonhos.

Todo o comportamento e expressões de Vivi demonstram extrema preocupação, então não é surpreendente observa-la pedindo para falar com toda a tripulação.

─ Sei que não pertenço a esse lugar para fazer demandas, já que me deixaram viajar no navio e tudo... mas com a crise iminente em meu país, quero ir até lá o mais rápido possível. Nem mesmo um único momento pode ser desperdiçado! É por isso que peço que esse navio vá em direção a Alabasta em velocidade máxima!

Um burburinho percorre toda a sala, sussurros dizendo que a princesa era cruel, ou que ela era coisas piores, podiam ser ouvidos de todos os cantos. 

─ Prestem atenção ─ diz Robin, antes que qualquer outra pessoa possa se levantar em defesa da princesa. ─ Não formem opiniões de maneira precipitada, Nami está viva e Chopper entrou para o bando antes que eles chegassem a Alabasta.

Robin não disse mais nada, sua expressão não mudou, mantendo o sorriso que sempre carrega, suas palavras não carregam nenhuma prova que ateste o caráter da princesa, ela simplesmente recita fatos. Nami está viva. Chopper ainda não havia entrado para a tripulação. Alabasta foi salva. 

Vivi não diz nada mas olha agradecida para Robin, entendendo o que a mulher fez.

─ Claro  ─ sorri Nami.  ─ Como prometido.

─ E para isso precisamos encontrar uma ilha que tenha um médico imediatamente. Temos que procurar isso para que a Nami fique bem o mais rápido possível e assim poderemos chegar a Alabasta! Para conseguirmos isso, vamos precisar que navegar em velocidade máxima, certo?

Por trás das palavras da princesa há um significado que fica subentendido: eu confio em Nami.

Os que julgaram a princesa antes da hora se sentem envergonhados, ela era amiga daqueles piratas, é claro que não gostaria que nenhum mal acontecesse com eles!

A tela mostra uma grande montanha e um pequeno pontinho amarelo no meio dela. O pontinho é Luffy, que escala um, dois, três metros de uma parede de gelo, em suas costas ele carrega Nami, e pela boca ele agarra o colarinho de Sanji, mordendo bem firme para não derruba-lo, os dois estão desacordados. 

As pessoas assistindo não conseguem deixar de sentir tensão vendo o menino em uma situação tão instável. Nami e Sanji compartilham um olhar, envergonhados por serem vistos em um momento tão constrangedor e vulnerável, mas por trás disso também há o calor do orgulho que eles sentem toda vez que veem seu capitão provando que é a melhor pessoa para se seguir.

A cena é difícil de assistir, Luffy escorrega e sobe de novo, ele quase cai, ele faz progresso e retrocede logo depois, suas mãos sangram, seus pés estão visivelmente machucados, mas ele não desiste e continua subindo. Um passo de cada vez.

Qualquer um com o mínimo de empatia se sente forçado a admirar o menino, os civis que tem uma vida distante da pirataria, as tripulações rivais, os marinheiros que acreditam que seu trabalho é proteger os mais fracos, os revolucionários, todos eles olham para o menino com respeito e enxergam alguém que faria de tudo para proteger aqueles que são importantes para ele.

Ace chora um pouquinho.

Garp e Dragon trocam outro olhar, sabendo que Luffy pode até ser diferente deles, mas também pode ser tão parecido. Carregando, mesmo sem saber, um pouco de seus princípios.

Você nunca deixa um companheiro para trás. Nunca. E isso é algo que todos podem respeitar.

Os veteranos da marinha sentem um arrepio percorrendo seus corpos, um mal pressentimento que se prova concreto quando notam o brilho de apreço que aparece nos olhos dos civis. Olhos que estão voltados para um pirata.

Chopper, em uma forma maior e quase irreconhecível (se não fosse por seu chapéu) está deitado na neve, e parecia ter acabado de perder uma briga.

─ Eu achei que você só era um pequeno guaxinim fracote ─ ri Kid olhando para tela. ─  Mas aparentemente você também pode ser um gigante fracote.

─ Meu companheiro é muito forte, ok? ─ Luffy defende seu companheiro enquanto Chopper grita:

─ EU SOU UMA RENA!

Os marinheiros olham surpresos para a outra forma do médico, que até aquele ponto todos acreditavam ser inofensivo. Como eles passaram tanto tempo escondendo aquele truque?

Outros, que não esperavam nada do guaxinim (ele é uma rena, caramba!) passam a olhar para o pequeno bichinho com interesse.

A voz de Luffy passa chama a atenção do homem que, aparentemente, derrotou Chopper.

─ Ei, boca de lata!

O homem, com seu queixo grande (que realmente parecia ser feito de lata), cabelo espetado azul e um casaco feito de urso polar (ou hipopótamo branco?) olha na direção em que foi chamado. Luffy está em uma das torres mais altas do castelo, ele parece machucado e seu cabelo voa para todos os lados graças ao vento gelado da ilha, sua mão direita segura uma bandeira pirata, nela há uma caveira cercada por pétalas de flores de cerejeira.

─ Você estava brincando ser pirata, não é? Caras como vocês que nem arriscam suas vidas como piratas não conhecem o significado dessa bandeira.

─ Que homem patético ─ comenta Law.

─ Fraco ─ concorda Kid, mesmo sem querer.

─ Feio ─ diz Perona.

Os olhos de Chopper se arregalam enquanto ele olha para seu futuro capitão.

O Chopper do presente olha quase que da mesma maneira, olhos arregalados mas o que antes era surpresa agora é admiração.

─ Me conte, então: qual é o significado dessa bandeira? Não há sentido nenhum em símbolos piratas como esse.

─ QUE IDIOTA ─ os piratas gritam indignados com a fala do homem, não há mais respeito nesse mundo?

As outras pessoas na sala não parecem entender o que há de tão importante em um pedaço de pano.

─ É por isso que você é um completo imbecil.

─ Belas palavras, maninho ─ aprovou Franky.

─ Até que enfim o Chapéu de Palha falou algo que preste.

─ Como é que é?

─ Essa aqui não é uma bandeira que você possa hastear só por brincadeira .

─ Idiotamo, eu sou um rei, por que hastearia uma bandeira pirata por algo além de uma brincadeira? Agora tire essa porcaria do meu castelo.

─ Idiotamo é ele ─ rosna Nami. ─ Uma pena que eu não pude roubar todo o seu ouro.

Mas Luffy não obedece, é claro que não, Luffy se mantém firme e defende a bandeira mesmo quando essa ação coloca sua saúde em risco, mesmo quando um canhão é apontado para ele, mesmo quando ele se torna um alvo. Luffy protege a bandeira.

─ Eu não sei de quem e de onde essa bandeira pirata é, mas de uma coisa eu sei, essa é uma bandeira que você deve defender cm sua própria vida, não é algo que você pode erguer como brincadeira. ESSA NÃO É UMA BANDEIRA QUE ALGUÉM COMO VOCÊ PODE DESTRUIR.

─ Aprendeu direitinho, hein,  Luffy? ─ Ace parece um pai orgulhoso e sorri sabendo que se Sabo estivesse ali, ele estaria tão (ou talvez mais) orgulhoso quanto Ace.

Mal sabe ele que ao seu lado há um revolucionário que olha para tela com a mesma emoção escrita em todo seu rosto.

─ Fui eu quem ensinou ─ ri o herói da marinha, atraindo olhares estranhos.

─ NÃO FOI NADA ─ Luffy e Ace gritam ao mesmo tempo.

─ Incrível ─ Chopper olha para a bandeira e para seu salvador, é claro em seu rosto que ele está perplexo. ─ Então isso é ser um pirata!

─ Essa bandeira não será destruída nunca, a marca da caveira é o símbolo da convicção.

─ Isso é tão idiota ─ comenta um marinheiro, mas sua voz é engolida pela comoção causa pelos chapéus de palha.

─ LUFFY ─ grita Chopper, com o rosto molhado de lágrimas. ─ OBRIGADO, LUFFY. VOCÊ É DEMAIS.

Chopper pula em seu capitão, o abraçando bem forte e Luffy apenas ri, divertido.

─ Você lembra do que acontece depois, Chopper? Você tem uma luta super legal e se transforma em várias coisas e foi tão legal, e aí eu te chamo para a tripulação.

─ Vocês dois foram muito bem ─ elogia Robin, com a voz gentil que ela só usa para sua tripulação.

─ Robin, Robin, Robin ─ Chopper pula na pontinha dos pés (cascos) parecendo uma criança que precisa contar algo super legal para um adulto. ─ Acho que nós vamos ver o Luffy me chamar para o bando!!!!!!!

─ Sério? ─ ela responde com um olhar tão carinhoso que quem não a conhece tem dificuldade em conciliar a imagem dela com a criminosa perigosa que todos sabem que ela é. ─ Eu quero muito ver isso.

Chopper está sentado em um telhado coberto de neve, ele parece cansado e também um pouco triste.

─ Eles já devem ter ido embora ─ ele fala sozinho. ─ Assim é melhor. Eu não posso ir embora.

Apesar das palavras, todos podem ver que ele não quis dizer isso, mas sua tristeza não durará muito tempo, já que a voz de Luffy atrapalha sua reflexão. 

─ EI ─ grita o capitão, com as mãos em formato de concha em volta do rosto. ─ RENA, VAMOS SER PIRATAS JUNTOS!

Chopper ouve Luffy chamar mais algumas vezes antes de criar coragem para enfrenta-lo.

─ EI, VAMOS PARA O MAR.

─ Eu não posso.

─ Pode sim, vai ser divertido!

─ Eu não posso... porque eu sou um mostro.

Isso... isso não era o que nenhum deles estava esperando. Responsabilidades, família, isso sim são motivos para não sair para o mar, mas ser um monstro? Ser um monstro é motivo mais do que o suficiente para se lançar em uma aventura.

Não que aquele médico, adolescente (e era um pouco estranho pensar que a maioria dos tripulantes daquele bando eram adolescentes), pequeno animal, fosse um monstro, na verdade, quando se olhava ao redor daquela sala, haviam pessoas muito mais monstruosas do que um guaxinim.

─ Eu tenho chifres, patas e... EU TENHO UM NARIZ AZUL! Eu quero ser pirata mas... não posso ser amigo de humanos. Eu sou um monstro! Alguém como eu não pode ser seu companheiro. Então eu estou aqui só para agradecer. Obrigado pelo convite. Eu vou ficar aqui mas... se um dia vocês quiserem, vocês podem voltar para me visitar-

Era doloroso se identificar com aquele animalzinho tão ingênuo, mas muitas pessoas ali se identificavam. Quem nunca foi chamado de monstro? Ace foi, Robin foi com certeza. Os homens peixes não são uma raça monstruosa? Não importa quão gentil, quão solícito, quão bom eles sejam, se você é diferente da maioria você é um monstro que merece o ódio e o ostracismo.

─ CALE A BOCA ─ o grito de Luffy assusta todos os presentes. ─ VAMOS!

Mas e daí? Se você é um monstro seja um monstro! E daí que eles não gostam de você? E daí que te querem morto? Mostre como você é resistente! Mostre que você não vai cair sem lutar! Cale a boca de todos eles!

Nami, Usopp e Vivi compartilham um sorriso, sabendo que essa seria a resposta do menino de chapéu de palha, Sanji está meio morto sendo arrastado no chão pelas duas garotas e Zoro faz uma careta.

─ Desde quanto "cala a boca" é um convite?

Assim que a tela se apaga a tripulação central de toda aquela história se junta ao redor de seu médico, brincam com ele, o abraçam, o asseguram de que não importa quão monstruoso ele seja o Zoro com certeza é bem mais (já que ele fede como um) e que eles sempre estariam ao lado do doutor, mesmo que o mundo estivesse contra ele (eles fariam isso por cada um deles. Eles já fizeram antes, por que não faziam de novo?)

E sim, eles eram monstros. E daí?

─ E agora... ─ ri Luffy. ─ Nós vamos para Alabasta!

─ Sim, para Alabasta!

E a atenção de todos se volta para a princesa de cabelo azul.

Chapter 4: Alabasta

Chapter Text

─ O que vocês sabem sobre Alabasta?  ─ pergunta Vivi, ao que parece a cena acontece antes dela embarcar na tripulação, lá na ilha dos assassinos, quando os Chapéus de Palha ainda não sabiam quem era amigo e quem era inimigo.

─ Tem comida gostosa ─ responde o Luffy do presente.

─ Tem boa bebida ─ continua Zoro.

─ Tem mulheres lindas ─ completa Sanji.

─ Oh, não. Eu gostaria de ter estado lá ─ Brook lamenta não ter podido observar a beleza feminina.

─ Nunca ouvi falar  ─ diz Nami, provando mais uma vez o despreparo da tripulação.

─ Houve um tempo em que Alabasta foi a nação mais civilizada da Grand Line... e a mais pacifica.

─ Um pouco difícil de acreditar que algum lugar da Grand Line seja pacífico ─ Usopp diz, ele e sua tripulação nunca tiveram a oportunidade de encontrar um lugar assim.

─ E não é mais?

─ Os cidadãos de Alabasta começaram a se rebelar nos últimos anos. Protestos e revoluções jogaram o reino em um redemoinho, então, um dia, eu ouvi falar sobre uma organização secreta chamada Baroque Works. O rumor era que os agentes da Baroque Works estavam instigando a população, entretanto, por mais que eu tentasse, eu não conseguia reunir informações que ajudariam a combater esses criminosos. Então, eu procurei por Igaram, ele cuidou de mim desde que eu era uma criança...

─ O cara de cabelo pomposo?

─ ...para tentar achar a fonte dos rumores e me infiltrar na Baroque Works. Então eu poderia descobrir quem estava controlando as marionetes e saber suas verdadeiras intenções.

─ Para uma princesa, você é bem corajosa.

A Vivi do presente tinha as bochechas coradas pelo elogio.

─ Mas a Baroque Works não busca criar um país ideal?  

─ O chefe manipula os subordinados com esse papo utópico, mas seu verdadeiro objetivo é conquistar Alabasta. Eu preciso voltar para a minha terra e parar a rebelião antes que seja tarde demais.

─ Uma coisa não anula a outra ─ diz Marco. ─ Crocodile pode querer conquistar Alabasta e criar um país utópico lá.

─ Ah, sim, depois de derramar o sangue do meu povo ele poderia se autodenominar salvador e criar um país melhor ─ ri Vivi com rancor, Alabasta está muito melhor, sim, mas ela carregará para sempre marcas da guerra.

─ Então é isso... com o país em caos não há dinheiro.

─ Mas quem é o chefe?

─ Oh, não. Não, não, não, eu não posso contar, é muito perigoso, não me pergunte!

─ Bom, nós não precisamos saber mesmo e... Que dizer, ele quer derrubar um país inteiro, ele deve ser assustador...

Ele é. Vocês são muito fortes mas... não tem como comparar com Sr. Crocodile, ele é um shichibukai...

─ Você é bem boca aberta, né, Vivi? ─ aponta o Capitão dos Chapéus de Palha.

─ OLHA QUEM FALA! ─ grita toda a sua tripulação, com a adição de Ace, Vivi, a tripulação de Shanks e qualquer outra pessoa que já passou algumas horas com Luffy.

─ Herói ─ Nami pergunta, eles estão no navio, então a cena mudou novamente. ─ Crocodile é considerado um herói em Alabasta?

Todos os olhares se voltam para Crocodile, que definitivamente não parece um herói, parece mais um mafioso.

─ Oh, não ─ choraminga Luffy. ─ Você me decepcionou, jacaré!

─ Por que você se decepcionou, Lu? ─ pergunta Ace, sabendo muito bem que Luffy não completaria seu raciocínio se ninguém perguntasse e Crocodile não parecia inclinado a começar um diálogo com a criança que o colocou na cadeia.

─ Piratas não são heróis, isso é estúpido.

─ Era um disfarce, idiota ─ replica o ex-shichibukai, nem um pouco feliz por saber que todos assistiriam sua derrota.

─ Você já sabia que ele era considerado um herói ─ lembra Usopp.

─ Eu esqueci. 

─ Basicamente, ele é um dos piratas conhecidos como shichibukai e trabalha para o governo mundial. Os shichibukais esmagam outros piratas por tesouros, a marinha esmaga piratas por justiça, mas no final a gratidão do povo não muda, a única coisa que importa é que os atacantes da cidade foram afugentados.

Todos os Chapéus de Palha estão reunidos no convés do navio, mas apenas Nami, Sanji e, surpreendentemente, Luffy, estão prestando atenção no que a princesa diz.

─ Agora eu entendi... as pessoas nunca imaginariam que o herói de Alabasta estaria tentando tomar o controle do país.

─ Então, tome cuidado, Crocodile! Eu só preciso chutar sua bunda, certo?

─ E eu realmente fiz ─ sorri Luffy, orgulhoso.

─ Obrigada novamente, Luffy-san.

─ Então vocês derrotaram um Senhor da Guerra logo no inicio da sua jornada? ─ pergunta Law, imensamente interessado, tentando descobrir quão próximo de Doflamingo era o poder de Crocodile.

─ Que mentira! ─ grita um marinheiro, indignação genuína escorrendo de seu tom. ─ Isso é um absurdo! Isso é baixo até para um pirata, tentar roubar os feitos do Comodoro Smoker, isso é um absurdo... Vocês não leem o jornal?

─ Os jornais são manipulados, idiota.

─ Eu nunca disse isso ─ corta o próprio Smoker, silenciando os oficiais.

─ Nunca disse o que, senhor?

─ Smoker ─ repreende Sengoku. ─ Não diga mais nada.

─ Eu nunca disse que capturei Crocodile!

─ Não acredito que você perdeu para uma criança, Croco ─ Doflamingo riu com sua escandalosa risada.

─ Cale a boca ─ responde Crocodile de mau humor, que coisa constrangedora...

─ Eu não gostei de você ─ diz Luffy para o Senhor da Guerra com penas. ─ Eu vou chutar sua bunda.

Mihawk troca um breve olhar com Zoro, que da de ombros como quem diz "se é isso que meu Capitão quer" e o melhor espadachim do mundo só pode assentir. Ele acabou de conhecer aquela criança mas já sentia em seus ossos que se Monkey D. Luffy queria algo, Monkey D. Luffy faria isso.

Doflamingo, sem saber se deveria se sentir ofendido ou divertido, soltou outra gargalhada irritante. 

Law apenas observava a interação, ele seria o responsável pela queda de Doflamingo, mas uma ajudinha não seria tão ruim...

─ Pode vir, garoto.

O garoto em questão já não estava prestando atenção no pirata e olhava com simpatia para os marinheiros.     

─ Olá, fumacento ─ diz ele, ignorando o clima estranho que pesava sobre os oficiais. ─ Nós deveríamos nos encontrar de novo, shishishi, você é legal!

─ Idiota ─ Nami da um soco em seu Capitão. ─  Não tente marcar encontros com oficiais da marinha!

─ Mas você não acha ele legal, Nami?

─ Uh, sim, eu acho, isso não significa que eu queira que ele nos persiga de novo.

─ Mas foi divertido!

─ Parem de falar de mim como se eu não estivesse aqui, piratas. Fique tranquilo, Chapéu de Palha, eu ainda vou te capturar.

─ Isso não me tranquiliza em nada ─ reclama Usopp.

─ Então... seu irmão tem amizade com um fuzileiro ─ ri Haruta, observando toda a confusão.

─ Não sei se o fuzileiro concordaria com essa afirmação ─ responde Ace, mas ele também ri de seu irmãozinho.

─ Sim ─ responde a princesa ─ primeiro temos que parar a rebelião... se nós pudermos enviar a Baroque Works para fora de Alabasta meu país estará a salvo!

─ Uma princesa se envolvendo com piratas para salvar seu país... ─ pensa Sabo, em voz alta. ─ Isso não é algo que se vê todo dia.

─ Assistir isso é tão legal, Sabo, olha a cara daqueles fuzileiros navais ─ Koala com certeza estava se divertindo.

Reino de Alabasta - Oásis de Yuba 

─ Não parece um oásis...

A vista é lamentável, um oásis não deveria ser assim... há apenas areia e destruição cobrindo toda a cidade.

─ Uau ─ comenta um civil. ─ Isso é tão triste...

Um homem se apresenta, ele aparenta ser um idoso trabalhador e após uma curta conversa se revolta quando a princesa pergunta sobre a rebelião.

─ Aqueles idiotas não estão mais aqui... essa tempestade que vocês viram não foi a primeira a atacar a cidade, a seca tem nos castigado há 3 anos. E as tempestades estão cada vez mais frequentes, a areia vem devorando o oásis constantemente e agora, como vocês estão vendo, isso foi tudo o que restou. Sem comércio a revolta não tem como se sustentar... eles se mudaram para para Katorea...

─ O QUE ─ Vivi parece em pânico.

─ Ei, Vivi, onde fica isso?

─ É o oásis perto de Nanohana...

─ O QUE? NÓS NÃO ACABAMOS DE VIR DE LÁ?

─ Por que não vimos nada sobre vocês lá? ─ perguntou Izou.

─ Não aconteceu nada muito interessante em Nanohana, aconteceu? ─ perguntou Nami, eles passaram por tantas coisas difíceis que seu tempo em Nanohana pareceu um passeio no parque.

─ Como não? ─ perguntou Ace, dramaticamente. ─ Eu estava lá!

─ Oh, é verdade, o Smoker estava lá também. 

─ Vocês encontraram um Barba Branca e um marinheiro e não aconteceu nada interessante?

Nami troca olhares com seus companheiros que também estavam lá, eles apenas dão de ombros.

─ Uh, eu realmente não lembro de muita coisa.

─ Bom ─ Ace toma as atenções para si. ─ Eu me lembro: eu tive uma luta super incrível com o cara da fumaça e salvei a pele de vocês.

─ Cilios! ─ gritou Chopper. ─ Nós conhecemos o Cilios lá!

─ O camelo legal?─ pergunta Nami.

─ O camelo pervertido? ─ pergunta Sanji ao mesmo tempo.

─ Olá? Prestem atenção em mim ─ implora Ace.

─ Nós encontramos alguns Dugongos também ─ acrescenta Vivi.

─ Aqueles bichinhos que lutam karate? ─ quer saber Zoro, ele não se lembra dos nomes dos animais.

─ Nossa, é verdade, eles eram meio fofos, pena que o Luffy bateu neles ─ lembra Usopp.

─ Gente? ─ Ace tenta mais uma vez.

─ Eu lembro daqueles pássaros malditos que roubaram toda a nossa comida.

─ É claro que você se lembra disso, Luffy.  

─ Pessoal...?

─ Desista, Ace...

─ Vivi? ─ pergunta o velho.

─ Ei, senhor, essa Vivi não é a princesa de Alabasta, ok?

─ Boca de sacola.

─ NÃO DIGA ISSO, LUFFY!

─ Er, eu não...

─ Vivi? Vivizinha?

─ Uma princesa precisa tomar cuidado ─ avisa Shanks. ─ Principalmente no meio de uma rebelião.

─ ESTOU TÃO FELIZ QUE VOCÊ ESTÁ BEM! Sou eu! Não se lembra?

─ É claro que ela não vai lembrar de um súdito qualquer ─ ri Kid.

─ Sr. Toto? 

─ Oh, ela se lembrou ─ Law provoca o cara de cabelo vermelho.

─ Você quer brigar?

─ Quando eu o conheci ele era um pouco... uh... maior.

Todos esperam que ela fique feliz ao ver um rosto conhecido depois de tanto tempo, mas ele está tão magro...

─ Ouça, Vivi, eu acredito no rei, ele nunca trairia o nosso país, não é? Essa revolta é um absurdo, por favor, impeça esses idiotas! Você é a única que pode fazer isso!

─ Depositar toda essa confiança em uma menina...

─ Como é? ─ pergunta Nami para o pirata idiota.

─ Er... nada, nada ─ ele se encolhe em seu assento, tentando se esconder da mulher assustadora (outros homens negariam, mas todos eles se afastaram um pouco da navegadora).

─ Obrigada por me defender, Nami ─ a princesa toca gentilmente o ombro da amiga.

─ De nada, querida. 

Luffy se senta de baixo de uma árvore seca enquanto todos os outros estão preparados para continuar sua jornada.

─ Ei, Luffy, o que está fazendo?

─ Estou fora ─ Luffy responde mal humorado.

─ Ahn? Luffy desistindo de uma luta? Quem é você e o que você fez com o meu irmão?

─ Será que as cenas podem parar de mudar do nada? ─ Lamenta Franky.

─ Como assim "fora"? ─ pergunta Vivi. ─ NÃO TEMOS TEMPO PARA BRINCADEIRAS IDIOTAS, SE LEVANTE AGORA!

─ Nós estamos voltando ─ responde Luffy, mesmo que isso não pareça uma resposta.

─ Ah, agora faz sentido ─ Ace entende o reciocínio de seu irmão agora.

─ Faz?─ pergunta Haruta, ainda confuso. 

─ Sim ─ explica Sanji. ─ Precisamos parar a revolução e assim tudo ficará bem.

─ Um pouco otimista demais, não?

─ Isso é idiota.

─ Ah, eu entendi também ─ afirma o revolucionário loiro, Koala o olha com surpresa, uma coisa era o irmão do menino entender a maneira como a mente dele funciona, outra coisa é um completo desconhecido.

─  O QUE DISSE?

─ Vivi...

─ Sim?

─ Eu quero acabar com esse Crocodile, se nós impedirmos os rebeldes nós pararemos Crocodile? Não podemos fazer nada mesmo se fossemos para esse lugar, somos piratas, você ficará melhor sem nós.

─ Mas..

─ Você simplesmente não quer que ninguém morra nessa guerra! Nem as pessoas desse país, nem nós, nem ninguém. Estamos falando sobre uma batalha contra um shichibukai, onde pelo menos um milhão de pessoas também estará lutando, e você não quer que ninguém morra. Isso é infantil!

─ E O QUE HÁ DE ERRADO NISSO? NÃO POSSO QUERER QUE NINGUÉM MORRA?

─ Pessoas morrem!

─ Luffy... ─ Ace sussurra, melancólico. 

Sabo sente uma dor estranha no peito ouvindo aquelas palavras e vendo a tristeza do Punhos de Fogo.

Ninguém espera que a princesa de Alabasta meta um soco bem na cara de Luffy.

─ Yohohoho, isso foi inesperado.

─ Super soco, maninha.

─ PARA DE FALAR ASSIM! NÃO OUSE FALAR ASSIM NOVAMENTE, É ISSO QUE ESTAMOS TENTANDO IMPEDIR, NÃO É? NÃO PODEMOS CULPAR OS REBELDES OU OS SOLDADOS, NINGUÉM DEVERIA MORRER. TUDO ISSO É CULPA DO CROCODILE!

Luffy devolve o soco, provavelmente 3, 4 vezes mais forte.

─ Ele socou uma Princesa...

─ ENTÃO POR QUE ESTÁ ARRISCANDO SUA PRÓPRIA VIDA?

Luffy e Vivi continuam trocando socos e gritando um com o outro, não parece que eles vão acabar tão cedo.

─ ATÉ EU POSSO VER DO QUE ESSE REINO PRECISA.

─ O QUE?

─ BASTA OLHAR A SITUAÇÃO! ALABASTA NÃO PODE SER DERROTADA POR MERA AREIA! VOCÊ ACHA QUE ARRISCAR SUA VIDA É O SUFICIENTE?

─ ENTÃO O QUE MAIS EU DEVERIA ARRISCAR? EU NUNCA DEIXAREI ELE ACABAR COM ESSE PAÍS! NÃO TEM NADA MAIS QUE EU POSSA...

─ POR QUE NÃO TENTA ARRISCAR NOSSAS VIDAS TAMBÉM? EU PENSEI QUE FOSSEMOS AMIGOS!

─ Muito bem, garoto ─ parabeniza Barba Branca.

O tom da briga muda, não há mais raiva, há apenas a melancolia de saber que existem coisas que não podem ser evitadas, que existem batalhas que precisam acontecer.

─ Olhe só para você... está chorando. Você é quem mais quer matar ele! Então me diga onde está Crocodile.

─ Um pouco confiante demais, hein...

No meio do deserto Luffy confronta Crocodile. Há apenas o menino, seu adversário e a areia. Crocodile empala Luffy com o seu gancho.

─ Ué, você não ia chutar a bunda dele? ─ zomba Kid.

─ Ah, cale a boca. Eu ganhei no final.

Ace abaixou a cabeça e a colocou entre as pernas, enquanto ele hiperventilava Marco e Izou dão tapinhas reconfortantes em suas costas.

Sabo tem os olhos vidrados na tela, ele está sentindo algo, uma emoção muito forte que ele nem sabe descrever.

Os Chapéus de Palha estão em choque, eles não costumam presenciar as lutas de seu capitão, não costumam ve-lo tão... vulnerável, é uma experiência nova e aterrorizante. Muitos deles estão chorando, tocados.

As coisas que seu capitão enfrentaria por eles...

─ Luffy ─ grita um homem entre os marinheiros ─ se você morrer nas mãos de um pirata eu vou te matar!

─ Mas vovô... ─ Luffy parece confuso ─ como você vai me matar se eu já vou ter morrido?

─ Não importa, eu vou te matar. Você não acredita no seu avô?

E é claro, a multidão vai a loucura.

─ O neto do vice almirante Garp é um pirata?

─ Quem é o pai do Chapéu de Palha?

─ Se o Luffy é neto do herói da marinha... e irmão do Punhos de Fogo... isso significa que o Herói da marinha é avô do Punhos de Fogo?

─ ELE NÃO É ─ isso tirou Ace do estado de pânico que ele entrou quando viu seu irmão ser quase assassinato.

─ EU SOU ─ gritou Garp ao mesmo tempo.

─ Que família interessante você tem, Ace ─ se diverte Barba Branca e Reyleigh e Crocus trocam um olhar, aquele menino...

─ Então "Punhos de Fogo" é uma homenagem à "Garp, o Punho"? ─ pergunta Perona.

─ NÃO, NÃO É. POPS, SOCORRO!

─ EU SABIA QUE MEU NETINHO ME AMAVA ─ Garp chora de emoção.

─ SAI PRA LÁ, VELHOTE!

─ E vocês, parem de chorar.

─ Como você é insensível, marimo!

─ Vocês que são sensíveis demais, parece até que o Luffy morreu.

─ Ele bem que poderia ter, acho que eu vi um pedaço do fígado dele voando ─ Robin falou depois de muito tempo em silêncio.

─ VOCÊ NÃO PRECISA FALAR ASSIM, ROBIN!

─ Como você sobreviveu, Chapéu de Palha? ─ Law pergunta, muito curioso com a resistência do menino de borracha. 

─ A Robin me salvou.

─ Isso é algo que eu estava me perguntando. Não te incomoda que ela esteja nessa tripulação, Princesa? ─ Law deixa passar a resposta meia boca do outro Capitão, mais interessado nessa questão. 

─  Uh, por que me incomodaria?

─ Bom, ela era o braço direito de Crocodile, não era?

Isso é... uma revelação para muitos ali, como os Chapéus de Palha confiavam em alguém que era um inimigo há pouco tempo atrás? A tripulação observa pacientemente, esperando a resposta da Princesa (Robin nunca admitiria, mas ela se importava com o que Vivi estava prestes a dizer).

─ Eu também já fui um membro da Baroque Works, você sabe.

─ Mas é diferente ─ Marco se intromete, também curioso. ─ Você entrou para poder salvar seu país.

─ Isso não anula as coisas ruins que eu fiz enquanto estive lá, anula? Quando eu conheci Luffy-san e os outros eu estava prestes a matar um dos amigos deles, sinto muito por isso Brook-san, Crocus-san. 

Os dois entendem o lado dela, as vezes você precisa fazer coisas ruins para proteger coisas boas.

─ E logo depois eu tentei caça-los e pegar a recompensa deles...

─ Foi um bom exercício ─ Zoro relembrou dos bons momentos.

─ Luffy protegeu meu tesouro, eu confio na decisão dele e de sua tripulação.

─ Ok, mas... ─ Perona perguntou a eles. ─ Como vocês confiam nela?

Robin se manteve em silêncio, ela sabia de sua reputação, mas não se importava com o que pensavam dela, ela não se importava! Sua tripulação acreditava nela, isso era suficiente.

─ Ela é nossa companheira, é claro que confiamos nela.

A resposta de Luffy confundiu ainda mais as outras pessoas, mas nenhum dos Chapéus de Palha estava disposto a dizer mais nada. Precisava dizer algo além disso? Ela era a companheira deles, é claro que eles confiavam nela, que pergunta estupida.

Robin da um pequeno sorriso ao ver a certeza absoluta no rosto de seus amigos, Vivi é a única que vê.

Usopp está machucado, há cortes em seu rosto, um dente faltando. Ele parece zangado, furioso além da razão.

Ele é o homem que vai se tornar o Rei dos Piratas!

─ Espero que você esteja falando de mim ─ Luffy avisa.

─ De quem mais seria, idiota?

É por isso que ele jamais morreria em um lugar como esse.

A mulher, ou doninha, ou seja lá que diabos ela for, ri com uma risada feia e estridente, do tipo que te faz franzir a testa e querer tampar os ouvidos.

Rei dos Piratas? Hahaha, Rei dos Pira... Rei dos Pi... Rei... hihihihihi.

─ Isso mesmo, velha. Tem algum problema?

─ Você sabe que ela não pode te ouvir, certo?

─ A voz dela me irrita.

Idiotas como ele não sabem o seu lugar, são melhores mortos! Idio... Seu idiota! Hahahaha.

Usopp balança, de exaustão, ódio ou uma combinação dos dois. Seu punho se aperta.

Escute, Chopper!

E agora é possível ver que Usopp e a mulher não estão sozinhos, Chopper também está lá, também está machucado e em volta há ruínas e areia. Muita areia.

PARA UM HOMEM ─ a mulher toupeira afunda na terra, agarra os pés do atirador e o puxa. ─ MESMO QUE ELE... ESTEJA À BEIRA DA MORTE, ENFRENTANDO FORTES OPONENTES...

E pela cara de pânico de Usopp, ele estava enfrentando um oponente fortíssimo.

Vá para o inferno! ─ a mulher toupeira interrompe o discurso do seu rival, arrastando Usopp direto para uma parede de tijolos, o impacto é forte, mas o mais surpreendente é que o atirar ultrapassa o obstáculo, quebrando a parede.

Seu nariz está quebrado. Sua cara bateu em uma superfície sólida e está ainda mais machucada do que no começo da luta, mas isso não o impede de falar.

MESMO SE NÃO HOUVER JEITO DE VENCER SEU INIMIGO!

Ele é atingido novamente, dessa vez por um homem gordo e seu grande bastão. Usopp sai voando e, de maneira surpreendente, todos podem ver um raio-x de seu crânio quebrado em vários pedaços.

─ Caramba, isso deve doer ─ estremece Perona.

─ Sim, ele quebrou seu nariz em várias partes ─ concorda Chopper, esquecendo que aquela moça já foi uma inimiga assustadora. ─ Quebrou o crânio e algumas costelas, sem contar os outros machucados...

─ Uau ─ se surpreende um marinheiro. ─ Como ele ainda está vivo?

─ Eu sou o grande Capitão Usopp, um simples crânio quebrado não me pararia.

As pessoas ignoram a fala do mentiroso, mas a resistência daquela tripulação é algo que deveria ser estudado, o espadachim, o capitão, o atirador, todos eles levaram golpes que nenhum ser humano normal resistiria, o que há com esses caras?

Ele cai no chão com força, seus inimigos riem, mas Usopp ainda está vivo, ainda está consciente, e ainda está falando. Ainda está lutando.

CHEGA UMA CERTA HORA... EM QUE UM HOMEM NÃO FOGE DE UMA LUTA.

Seu rosto está manchado de sangue, seu corpo está prestes a trai-lo, muito machucado, muito maltratado.

E essa hora... é quando fazem piada dos sonhos dos seus companheiros...

─ Sonhos são importantes ─ aprova Shanks, mas Usopp não presta atenção no que o Imperador diz, reparando no rosto do atirador dos piratas do Ruivo, que assistia a tela sem nem piscar.

Impossível! Ele levou uma pancada de 4 toneladas na cabeça. Não pode estar vivo depois disso!

O Luffy não vai morrer, eu sei que ele se tornará o Rei dos Piratas! E eu não vou deixar que você ria disso!

─ Usopp você foi tão legal ─ chora Luffy, pulando em cima do amigo, Chopper indo logo atrás.

─ Super machão, Usopp.

O atirador, no meio da comemoração de sua tripulação (Eu não consigo respirar, Luffy!) não notou notou o sorriso orgulhoso que brilhava no rosto de seu pai.

[ Alubarda, Batalha do portão Sudoeste. Vencedores: Usopp e Chopper ]  

─ Uma já foi ─ fala Nami. ─ Faltam todas as outras.

O vídeo muda e assim como o anterior a luta já estava em andamento.

Dessa vez quem aparece é Sanji, já parecendo exausto e machucado, ele está lutando com um homem muito... colorido, roupas extravagantes a parte, o cara parece forte.

─ BON CHAN ─ Luffy grita alegremente, ainda abraçado com o seu atirador e médico.

─ É seu amigo Luffy-san? ─ pergunta Brook, se sentindo um pouco triste por não ter experimentado todas essas aventuras com os seus amigos, ele poderia ter feito tanta coisa se não tivesse passado todos aqueles anos preso...

Robin entende o sentimento e toca no ombro do esqueleto para conforta-lo, ela não estava presa, é claro, mas as vezes parece que ela só começou a viver depois que encontrou sua tripulação. As vezes ela só queria ter encontrado eles mais cedo... só um pouco mais cedo...

─ Sim, ele é super divertido ─ responde Luffy, alheio aos pensamentos sombrios dos seus companheiros.

─ Eu gosto dele ─ Zoro diz e todos se viram para ele, surpresos com suas palavras. ─ O que foi? Ele deu uma surra no cozinheiro.

─ Como é que é, alga idiota?

─ Isso mesmo que você ouviu, sobrancelha engraçada.

─ Você quer brigar?

─ Pode vir!

Essa foi toda a confirmação que Sanji precisava antes de pular em cima do espadachim, nenhum membro da tripulação parecia preocupado, ou inclinado a separar a briga, na verdade, alguns parecem estar torcendo por eles.

─ Então... eles vão demorar? ─ pergunta Marco, ele teoriza que o vídeo só voltará a rodar quando os dois se acalmarem.

─ Talvez ─ responde Nami. ─ Eles não brigam faz um tempo.

─ Yohoho, eles precisam aliviar a tensão.

─  Eles fazem isso com frequência?

─ Ah, sim, o tempo todo ─ confirma Franky, enquanto assiste a força dos golpes diminuir.

─ É importante que eles lutem ─ informa Robin. ─ Se não eles poderiam enlouquecer e nos assassinar no meio da noite só para sentir um gostinho de sangue.

─ Ahn? ─ grita Chopper. ─ Eles fariam isso?

─ O Sanji já tentou te cozinhar, né? ─ lembra Usopp.

  ─ Mas eu ainda não era parte da tripulação!

─ Então tudo bem te cozinhar se você não fosse?

─ Claro que não, eu bati nele.

─ Eles não vão te assassinar, Chopper-san ─ tranquiliza Vivi. ─ Nico Robin quis dizer que eles brigam para aliviar o estresse e não precisar descontar em vocês.

─ Ah, eu entendi. Então espero que eles briguem mais, quer dizer, não, eu não quero que eles se machuquem! Estou um pouco confuso agora.

Robin e Vivi riem do monólogo da pequena rena, que está tentando encontrar uma maneira de fazer seus companheiros brigarem sem brigar, mas em nenhum momento uma olha para a outra, há muita bagagem entre elas.

Eles trocam golpes, um mais rápido que o outro, em um momento de desatenção o homem, Bon Clay, usa o bico de cisne alojado em sua sapatilha para perfurar o peito do cozinheiro, que cai no chão. Sua testa está sangrando, da sua boca também escorre líquido vermelho, se as coisas continuarem assim é provável que o tripulante dos Chapéus de Palha experimente uma derrota.

Merda, meu alcance é bem diferente do dele, o loiro pensa, ainda no chão.

Hahaha, parece que a luta acabou. Euzinha vou voar agora  Bon Clay pula, alto, desejando que aquele seja o golpe final.

Como o alcance dele é maior, o contra-ataque demora mais, Sanji ainda não desistiu e, com a demora do ataque, teve tempo de ascender um cigarro.

Se eu bloquear o primeiro golpe, com certeza terei mais velocidade ele fala sozinho, esperando pelo momento certo.

Mr. 2 pega impulso e desce, dando um mortal de frente, seu golpe, se tivesse acertado o alvo, seria capaz de matar um homem, mas Sanji, em um movimento bem calculado consegue desviar e se prepara para o seu próprio chute.

Nem tudo sai como planejado, seu oponente é um usuário de akuma no mi e usa dele para desnortear Sanji.

Bon Clay toca com a mão direita em seu rosto e, como mágica, ele está incrivelmente parecido com Nami.

─ Esse é um poder muito perigoso ─ expõe Sengoku, imaginando todos os escândalos midiáticos que essa fruta poderia causar.

─ Não se preocupe ─ tranquiliza Luffy. ─ Bon Chan é legal, ele nunca faria algo ruim.

─ Você esqueceu que ele se fantasiou de Rei Cobra e provocou a rebelião? ─ a navegadora pergunta.

─ Sim...

─ Eu imaginei...

─ Mas ele é legal mesmo assim.    

Nami, sua bochecha esquerda está suja.

Oh, é mesmo? e agora, com a mão contrária, Mr. 2 é enganado, desfazendo seu poder sem querer.

─ Esperto.

E então Sanji tem sua chance. Um chute na cara, um nas costas, um chute no pescoço... Bon Clay quase não tem tempo para se defender.

Eles continuam trocando golpes, em um momento a ponta afiada da sapatilha parece acertar em um ponto já machucado por golpes anteriores. Os dois são mandados voando pela força das batidas, mas não desistem, em um último esforço eles correm e se encontram no meio do caminho, usando tudo o que resta para enfrentar o inimigo.

No fim, apenas um fica de pé.

Você venceu... mate-me! Além do que.. agora só me resta ser morto por meus companheiros... o que está esperando? Acabe logo comigo...

Foi uma boa luta Sanji se aproxima do homem caído e estende a mão. Não há necessidade de dizer mais nada.

[ Alubarda, Bloqueio do Sul, Batalha do caminho de Polka.  Vencedor: Sanji - Prêmio: "Uma pequena amizade" ]

─ Ganhamos, ganhamos ─ Luffy, Usopp, Chopper e Franky gritam simultaneamente e Sanji finge que não está feliz com a demonstração de orgulho dos seus companheiros.

─ Espera, qual é sua função no navio? 

─ Cozinheiro, por que?

─ Bom, você parece um lutador...

─ Eu faço o que precisa ser feito.

Jovem teimosa diz uma mulher com belos cabelos cacheados e dedos imensamente longos, pontudos e meio estranhos. ─ Ainda não entendeu que não adiante fugir? Você não poderá me derrotar e ninguém te ajudará agora. Se você ficar quieta eu te matarei rapidamente e você poderá descansar em paz, ou pretende continuar com esse "showzinho de mágica"?

A mulher se refere a Nami, que está caída no chão parecendo cansada, mas não menos disposta a lutar. E vencer.

Ainda há outros ataque que eu posso fazer, basta achar um...

─ A navegadora também luta? ─ um pirata pergunta com ceticismo.

─ É claro que sim! ─ ri Luffy. ─ Meus companheiros são os melhores. 

"Isso é um sonho?" Sanji se pergunta em silêncio. "Duas belas senhoras lutando... isso com certeza é um sonho..."

Aonde está se escondendo, gatinha?

Não estou me escondendo. Eu fui uma ladra por oito anos, já encarei a morte mais de uma vez... Nami se recompõe, rasga sua saia para ganhar mais movimento, joga fora as joias que atrapalhariam sua batalha e agarra com confiança sua arma. Não pense que ficará me intimidando como se eu fosse uma garotinha!

─ Uh, ela é assustadora.

─ Ela é linda ─ objeta Sanji com olhos de coração. ─ Perfeita, uma deusa guerreira, uma bela amazona, uma...

─ Cala a boca, Sanji.

─ Sim, senhora.

Oh, perdão. O que aconteceu? Você parece mais forte agora...

Usando as combinações do Clima-Tact para batalha, Regra #1: Conheça as propriedades de cada peça.

Estou avisando, vou lutar sério dessa vez.

Agitando ou assoprando os diferentes fragmentos você pode criar "bolhas".

Um cria bolhas quentes: Demonstra a navegadora enviando uma delas para sua oponente.

Heat Ball!

Uh, quente.

Um cria bolhas frias:

Coll Ball!

Legal, refrescante.

Um cria bolhas elétricas:

Thunder Ball!

OH! Dá choque!

Eles ainda não estão completos e, dessa forma, seriam muito úteis para festas e etc.

─ Isso não é uma arma, é um brinquedo ─ ri Kid.

─ É, não é, Usopp? ─ Nami se vira para o atirador com uma expressão sombria, o atirador sente um arrepio por todo o corpo e não consegue fugir antes de levar um soco. ─ Eu quase morri por sua causa!!!!!!!!

─ Se ela tivesse usado essa força ela teria vencido muito facilmente ─ Brook comenta com Franky, os dois já receberam alguns desses golpes, eles sabem do que estão falando. 

Miss  Doublefinger cansa da brincadeira e Nami tenta fugir do seu próximo ataque mas não é rápida o suficiente, um dos espinhos de Zala perfura panturrilha dela.

─ Nami ─ Vivi olha para a amiga com preocupação.

─ Relaxe, o Chopper já me curou, ele é um ótimo médico, você sabe.

─ Eu não fico nada feliz com isso, sua boba. 

Desculpe diz a mulher mais velha se preparando para mais um movimento, o de agora contando com muito mais espinhos.  Não tenho tempo para ficar brincando. Stinger Step!

Ciclone do Tempo duas das três partes se separam do bastão e vão na direção da outra mulher, dando a Nami tempo de entender como seu Clima-Tact funciona. Vento? Entendi... a "Heal Ball" e a "Coll Ball"... quando elas param de girar as bolhas colidem e criam uma corrente, como um vento explosivo. Incrível, Usopp.

─ Uau ─ Usopp observa com admiração. ─ Eu sou um gênio.

─ Cale-se, você criou isso por acidente. 

─ Mandou muito bem, maninho.

O "Ciclone do tempo" é como um bumerangue normal, então, depois da festa, você pode sair e brincar com os seus amigos.

Ele nem sabe o que fez...

Que arma estranha...

Mas... Talvez...

E agora, o ataque final dessa arma, o "Tempo de Tornado". Qualquer humano que sofrer esse ataque não levantará mais... MAS, ele só poderá ser usado UMA VEZ. É seu último ataque, se você erra você já era!

O que está fazendo? Não se distraia até que a batalha tenha terminado... está levando essa luta de vida e morte a sério mesmo?

Zala perde a paciência e com rapidez perfura o corpo de Nami. Um espinho se aloja no crânio, entre as sobrancelhas, outro no pescoço e os três últimos em sua caixa torácica, possivelmente chegando até os pulmões. Não há chances de sobrevivência, logicamente a navegadora dos Chapéus de Palha deveria estar morta. Exceto que ela não está.

─ Que porra? ─ grita Zoro, ele esconde rapidamente seus sentimentos mas por uma fração de segundos todos podem ver que ele ficou assustado.

─ OH, NÃO ─ grita Luffy. ─ A NAMI MORREU.

─ ELA É UM FANTASMA? ─ pergunta Usopp, tremendo.

─ UM FANTASMA? ─ Brook acompanha o caos. ─ Que assustador!

Chopper saiu correndo de onde estava e vai até Nami, fazendo um exame rápido para ter certeza de que ela está viva. Ele só suspira aliviado quando consegue sentir o batimento cardíaco dela.

Até Robin e Franky olham para tela desconcertados, mesmo sabendo que Nami está viva é estranho e terrível observar uma cena daquelas.

Sanji, é claro, não está em seu melhor estado, ver Nami em tal situação sem ninguém por perto para ajudar é... horrível, é como se ele tivesse falhado, não é? Ele falhou em protege-la?

─ Ei, galera ─ Nami chama a atenção deles, segurando Chopper em seus braços. ─ Parem com esse escândalo, eu estou viva.

─ É verdade ─ o pequeno médico confirma. 

Quando a confusão se acalma um pequeno soluço continua ecoando, era a Princesa.

─ Vivi? 

─ Vocês fizeram tanto por mim...

─ É claro que fizemos, boba ─ Nami ri enquanto passa um dos braços em volta dos ombros da Princesa. ─ Você é nossa amiga.

Brincadeirinha a garota, muito viva, não parece preocupada com seu outro corpo, que está desaparecendo no ar como uma...

Eu usei a "Cool Ball" para mudar a densidade do ar. A extrema diferença de temperatura causa uma refração de luz incidente... essa arma é perfeita para mim.

Uma miragem? Nessa distância?

─ Essa arma é muito interessante ─ se impressiona Marco.

─ Eu não gosto de ver esses vídeos revelando como nossas armas funcionam ─ resmunga a navegadora.

─ Ou como nós lutamos... ─ complementa o espadachim.

─ É? Qual o problema? Não se preocupam com isso, nós somos fortes de qualquer maneira ─ tranquiliza o Capitão.

Eu já sei como o Clima-Tact funciona. Agora, renda-se!

─ Deve ter sido difícil descobrir como sua arma funciona no meio de uma luta ─ reflete Yasopp, largar uma arma nas mãos de uma pessoa inexperiente pode ser catastrófico.  

─ Sim, foi ─ a ruiva responde, lançando a Usopp um olhar atravessado, o atirador se esconde atrás da pessoa mais próxima.

Então, está pronta para morrer?

Eu é que pergunto.

─ Você parece bem confiante ─ aprova o homem mais forte do mundo.

Nami estremece por ter alguém tão ameaçador falando com ela, mas não deixa nada disso transparecer. Nami aprendeu bem cedo com Arlong que você nunca deve demonstrar medo, o medo é mais uma fraqueza a ser explorada.

─ No momento em que aprendi como minha arma funcionava eu tinha certeza de que poderia derrota-la.

Você blefa muito mal... afirma a mulher portadora de akuma no mi, em cima de sua cabeça há uma pequena nuvem, e é onde Nami mira quando lança seu próximo ataque.

Thunder-bolt tempo!

A mulher recebe uma alta carga de eletricidade, é como ser acertado por um raio.

─ Com potência o suficiente isso é o bastante para matar alguém.

Ora sua...

Outra miragem recebe o golpe direcionado para a garota, que parece muito despreocupada.

Previsão do tempo: úmido com ventos normais. Será provavelmente um dia ensolarado com alta pressão atmosférica. Exceto em alguns lugares... Evite miragens e tornados, especialmente tornados...

─ Você fica encantadora ameaçando as pessoas, Nami ─ elogia Vivi, ainda dentro do abraço da amiga, que fica acanhada com as palavras da Princesa.

Nami sorri, pronta para derrotar uma das responsáveis por todo o sofrimento causado em Alabasta.

A previsão do tempo de hoje é de... tornados!

Você está bem?  pergunta a mulher de cabelos escuros, surpreendendo Nami.  Eu sei o quanto deve estar doendo... sua perna esquerda.

─ Foi tanta informação que eu meio que esqueci disso.

"Eu não esqueci..." pensa Nami, a cicatriz nunca vai permitir que ela esqueça, mas ela também não se arrepende.

Você mal aguenta ficar de pé, não é? Sea Urchin... Stringer!

Uma bola espinhosa destina-se a navegadora, que não tem para onde correr, nem tem algo para usar para se proteger. Ela usa seu próprio corpo então, um escudo entre a Baroque Works e o país de um amigo. 

Isso não machuca... nem um pouco na verdade. Você tem ideia de quanta dor ela tem aguentado? Comparado a dor dela uma, duas ou até mesmo três pernas... não são nada! Tome isso... Tempo de tornado!

Vivi, que já havia se acalmado da morte fictícia de Nami, derrama mais lágrimas. Nada será suficiente para agradecer o que eles fizeram por ela.

Pessoas não relacionadas com os acontecimentos mostrados na tela admiravam a coragem da navegadora. E sua tripulação sorria orgulhosa.  

[ Alubarda, bloqueio do Norte, Batalha da rua atrás do prédio Medi Diet. Vencedora: Nami ]  

A navegadora recebia elogios timidamente (as vezes agressivamente, como quando Sanji sugeriu que gostaria de apanhar dela) até que sentiu um arrepio percorrer sua coluna, com um olhar mais atento ela percebeu que era Zoro, sorrindo para ela como um maldito psicopata.

─ Não ─ ela se opõe antes que ele abra a boca, já imaginando para que caminho aquela conversa iria. ─ Eu não vou lutar com você.

─ Isso mesmo, marimo, a senhorita Nami não deve sujar suas belas mãos com homens feios e suados como você. 

─ Não falei nada sobre lutar, eu estava pensando em um treino intensivo...

Mr. 1, Daz Bones, é o próximo inimigo.

Já entendi  comenta Zoro.  Seu corpo é tão duro quanto aço, se eu não for capaz de cortar isso não vou conseguir te ferir. Que droga, eu ainda não sei cortar metal, o que significa que eu não posso derrota-lo.

─ Zoro admitindo que não pode derrotar alguém? Ele sofreu uma lavagem cerebral ou algo assim?

Eu estava desejando que algo assim acontecesse, eu ansiava por uma chance de ficar mais forte!

─ Ah, tá explicado.

Desde que comi essa akuma no mi nenhum espadachim conseguiu me ferir. Nenhum espadachim pode me derrotar.

─ Mas o Zoro conseguiu ─ comemoram Chopper e Luffy.

Que inferno, o que está faltando?  resmunga o espadachim, caído em meio aos escombros, seu braço, pendurado em um dos destroços, pinga sangue, manchando o chão.

─ Você conseguem passar um dia sem se machucar? ─ pergunta Perona, lembrando de quão machucado ele estava quando ela o encontrou em Kuraigana.

─ Não, ele não ─ Chopper é quem responde e ele e a garota de cabelo rosa trocam um suspiro exasperado, sabendo que Zoro continuará se machucando cada vez mais.

Surpreendentemente , ao invés da sequência de lutas que todos estavam esperando a tela apresenta um flashback.

Sensei  grita um garotinho de cabelos verdes correndo para dentro de um dojo de aparência simples e pacifica. É verdade que há pessoas que conseguem cortar até aço?

─ Ai meu deus ─ arrulham as garotas, achando o mini Zoro muito fofo.

─ Ai meu deus ─ Zoro se afunda em seu assento, sem querer que as pessoas vejam sua versão mais nova e ingênua.

─ Ai meu deus ─ resmunga Sanji, com inveja de toda a atenção feminina que o musgo está recebendo.

─ Ai meu deus ─ diz Brook, sem querer se sentir excluído.

Sim, isso é verdade. Observe bem esse papel, Zoro.

O homem  mais velho joga o papel no ar e todos se preparam para examinar sua investida... que não cortou absolutamente nada.

─ Oh, eu meio que estava esperando outra coisa ─ se decepciona Koala.

Sensei... você não cortou nada.

Escute Zoro, neste mundo, existem espadachins que conseguem não cortar nada, porém... esses mesmo espadachins cortam até mesmo aço, usando a mesma katana. A espada mais forte possui o poder de proteger aqueles que deseja proteger e cortar aqueles que deseja cortar. Para mim, as espadas que cortam tudo aquilo que tocam não são espadas, você entendeu?

Mihawk, e outros espadachins ouviram aquele dialogo com interesse, com um professor do East Blue adquiriu esse tipo de conhecimento? Há muitas pessoas fortes nesse mar, é claro, Garp, Ace e o próprio Gold Roger são a prova disso, mas eles descobriram isso durante suas aventuras nos mares, não em um pequeno vilarejo de um mar fraco.

Sensei, eu quero me tornar alguém capaz de cortar aço!

─ Zoro é tão burro ─ ri Luffy. ─ Ele não entendeu nada!

─ E você entendeu, Luffy? ─ Ace pergunta.

Você estava prestando atenção, Zoro?  reclama o professor.

E então? chama o homem. ─ Não poderá me ferir se tudo o que sabe fazer é acabar embaixo das ruínas.

Infelizmente você não poderá ver quando eu cortar o metal pela primeira vez Em uma extraordinária demonstração de força, Zoro se levanta, carregando consigo uma casa inteira. Porque no instante em que você tocar... será o instante da sua morte.

─ Uau, Zoro ─ se impressiona o médico da tripulação. ─ Você consegue levantar uma casa inteira.

─ Eu garanto que você consegue também, Chopper ─ opina o espadachim, Chopper tem muita força bruta que deveria ser explorada.

─ Oh, você acha? Talvez eu deva tentar um dia...

As pessoas olham assustadas para a criaturinha com menos de um metro, sem acreditar que ele teria esse tanto de força, mas ele é um lutador, não é? Todos eles são, ninguém deveria se impressionar.

Entendo... responde Daz, sem parecer muito preocupado. Eu transformarei isso em átomos...

Então, primeiro é a "espada que não corta"... cortar nada... cortar metal... não consigo entender.

─ É muito bom poder ouvir os pensamentos de Zoro, já que ele quase nunca fala. 

─ É péssimo ─ contrapõe o outro.

Avançar é uma qualidade essencial para um mestre espadachim Zoro fala em voz alta, mas está claro que ele está falando sozinho.

Atomic Spar! exclama Mr. 1 mirando seu ataque na casa, que se fragmenta em vários partes logo acima da cabeça do espadachim.

Até eu lhe fazer em pedaços.

Zoro parte para uma série de ataques contra o "homem espada", ele usa sua bandana e suas três espadas, suas lâminas atingem os braços, pernas, tronco do oponente, mas não importa quando tente, nada funciona. O máximo que ele consegue é mandar seu rival para longe.

─ Seu estilo é interessante ─ comenta Vista, espadachim dos piratas do Barba Branca. ─ Mas sua técnica precisa melhorar.

Daz Bones cansa de brincar, está claro para ele que o menino não conseguirá corta-lo, então ele decide acabar logo com isso. De seus dois braços surgem uma série de lâminas afiadas, elas giram e transformam Mr. 1 em uma maquina de matar.

─ Oh, ele é tipo um liquidificador, que legal ─ exclama Luffy com olhos brilhantes.

─ Mais como um triturador ─ corrige Usopp.

─ Por muito pouco nosso espadachim não vira suco de tomate.

─ ROBIN!

─ Talvez carne moida seja mais preciso?

Em um momento de descuido Zoro cai no chão e Bones se aproveita disso para perfurar seu peito e estomago.

Um segundo de hesitação... é  a sua morte O usuário de akuma no mi ataca mais uma vez, não dando tempo para o espadachim se defender, Zoro voa para longe, quando ele cai no chão ele quica uma, duas vezes, há uma poça de sangue se formando ao seu redor.

O outro homem se aproxima do corpo ferido.

Ainda está respirando...

Não posso dar as costas ao inimigo...

Os espadachins observam os passos do menino com atenção, o que ele fará agora? Como conseguirá ultrapassar esse oponente? Até que ponto ele está disposto a ir para alcançar seu objetivo? Ele parece ter potencial mas ainda é jovem, tão jovem e inexperiente.

O tripulante dos Chapéus de Palha se vira pouco antes de ser atingido pelo inimigo, recebendo toda a força do golpe de frente, no local já lesionado, o pilar que ele usa como apoio racha.

Descanse em pedaços...  se afasta o membro da Baroque Works, acreditando que o combate já estava terminado.

Minha sorte com pedras hoje foi bem ruim pensa Zoro enquanto observa o pilar desmoronar em cima dele.

Quando a poeira baixa é possível ver que Zoro está de pé novamente. Será que todos estão bem?

Como ainda está de pé? Depois de ser dilacerado desse jeito... conseguiu se esquivar de todas as pedras? Mr. 1 parece assustado agora.

Me esquivar... das rochas? Não... eu sabia... eu sabia onde elas cairiam... Minha espada está embaixo daquela pedra, eu sei... Eu já tive essa sensação antes, quando tudo está perfeitamente quieto à minha volta e meu batimento fica extremamente alto... isso deve ser o limiar entre a vida e a morte. 

─ Isso é...? ─ os olhos de Ace aumentam de tamanho e ele olha para seus companheiros em busca de confirmação, será possível que o companheiro de seu irmão tenha um poder assim logo no inicio de sua jornada?

─ Fascinante ─ diz Robin, olhando para a tela com interesse. ─ Você conseguiu prever onde as pedras cairiam?

─ Não tenho certeza, as vezes, durante uma luta que exige muito de mim, consigo ouvir e sentir coisas que eu não conseguiria normalmente.

─ Fascinante ─ ela repete, presa dentro de sua própria mente, tentando se lembrar se já viu ou ouvir algo como isso. 

As rochas caindo eram como um ser vivo, eu sentia sua presença. Não presença... era algo mais intenso, como se elas estivessem respirando.

─ Que burro, Zoro. Pedras não respiram! ─ ri Luffy, mas ele está encantado com essa demonstração de poder, guardando todas as informações que pode para tentar reproduzir depois. Isso seria de muita ajuda em suas lutas.

─ Uau, Zoro tem um super-poder! Me ensine a fazer isso, Zoro, por favor! ─ implora Chopper.

─ Eu também, eu também ─ Usopp e Luffy não querem ficar de fora. Até Sanji, Brook e Franky parecem interessados.

─ Zoro ─ Nami sorri. ─ Por acaso você também consegue ouvir a respiração do ouro ou isso só serve para pedras e árvores?

─  Primeiro: cale a boca, Luffy. Segundo: sinto muito, Chopper, não posso ensinar algo que eu não entendo direito. Terceiro: não acho que é assim que funciona, Nami.

E como se todos fossem uma única pessoa, a tripulação dos Chapéus de Palha murcha com a escassez de informações.

A respiração das rochas... as árvores também respiram... era isso o que ele queria dizer? Até mesmo o solo respira... "Cortar nada" significa ouvir sua respiração? É esse o poder de cortar metal?

─ Curioso encontrar um professor do East Blue que saiba algo assim ─ Reyleigh cochicha com Edward Newgate, que concorda. Esse tipo de conhecimento é muito mais comum nos grandes mares.

O que diabos você fez? Levou todos esses ataques... sangrou tudo isso... você não deveria estar vivo.

Eu posso ouvi-la... a respiração do metal.

─ Sinto que vocês sabem o que está acontecendo ─ Nami, Vivi e Robin se viram com expectativa para os homens mais poderosos do recinto, tendo notado que nenhum deles parecia surpreso, na verdade, eles pareciam entender o que era aquilo.

─ Talvez ─ responde Shanks, se sentindo excluído ao ver que as meninas esperavam uma resposta apenas de Reyleigh e Barba Branca. Ele também é poderoso, certo? Ele também sabe de muita coisa, tanta coisa quanto esses dois velhos!

─ Se chama Haki da observação ─ Marco atropela Shanks, roubando a oportunidade do ruivo ter seu "momento mentor". 

─ E o que é isso? ─ pergunta Sanji, todos os Chapéus de Palha, e até outras pessoas da sala (a pior geração, civis, marinheiros como Coby e Smoker) ficam em silêncio para ouvir a explicação do imediato do homem mais forte do mundo.

─ O Haki da observação é uma habilidade que permite que seu usuário veja, ou sinta, a presença de outras coisas, animais, pessoas que estão ao redor. Há pessoas, cujo Haki é mais poderoso, que podem prever segundos, ou até minutos do futuro. Isso dá muita vantagem em uma luta, pois você pode descobrir quais serão os próximos passos do seu adversário.

─ Oh ─ exclama Luffy, com uma pequena lâmpada acessa ao lado de sua cabeça. ─ Eu já vi isso acontecer no céu!

─ No céu? ─ se surpreende Ace.

─ Sim! Foi muito difícil ganhar daquele cara porque ele sempre sabia qual seria meu próximo golpe.

─ Enel... ─ Robin pensa em voz alta. ─ Ele tinha Haki da observação? Interessante, é um poder comum no céu. Eu conversei com alguns nativos de Shandia, eles nomearam aquele poder como "mantra".

─ Vocês foram para o céu? ─ Ace ainda está preso nessa parte da conversa e se vira para Marco. ─ Eu quero ir para o céu também!

─ Eu também ─ Haruta apoia seu irmão. Imagina quantas coisas incríveis há no céu? Será que lá há peixes? Eles voam? Lá há barcos? Como são as comidas do céu?

─ Vocês estão seriamente acreditando que esses caras foram para o céu? ─ pergunta um pirata olhando com ceticismo para os Chapéus de Palha.

─ Claro que sim, o Luffy não sabe mentir.

─ Ei! Eu sei sim!

─ Aé? Minta para mim então.

─ Uh ─ o menino para um pouco para pensar, seu rosto ficando levemente vermelho. ─ Não consigo pensar em nada. 

Ace ri, seu irmãozinho não conseguira mentir nem mesmo em uma situação de vida e morte.

─ Não ria! Por que eu mentiria, de qualquer jeito? Eu nunca mentiria sobre minhas aventuras.

─ Em todo caso, Luffy está falando a verdade ─ Shanks defende seu pupilo. ─ Eu já estive lá.

─  Podemos voltar ao assunto principal? ─ Franky interrompe com delicadeza. ─ O mano Zoro tem Haki da observação?

─ Não necessariamente ─ contrapõe Mihawk. ─ Nem todos os espadachins capazes de cortar o aço tem haki, nem todos os usuários de haki da observação são capazes de cortar o aço, uma coisa não está diretamente ligada a outra.

─ O que seria então?

─ Instinto, treino, as informações que temos são muito vagas para sabermos de fato do que isso se trata. Haki é uma habilidade que precisa ser moldada com o tempo, ela pode despertar hoje e nunca mais se manifestar, depende muito de como você a desenvolve. 

─ Você parece um professor.

─ Cale a boca, Shanks.

Muito bem, acabarei com o ar de seus pulmões com esse último ataque.

Zoro guarda duas de suas espadas e passa suavemente a que sobrou, wado, pelas folhas de um árvore. Ele não corta nada.

Convertendo toda a minha vontade na espada... agora eu preciso ver se possuo o poder de cortar o aço.

Acha que pode defender meus ataques com uma única espada?

Não se preocupe, não haverá mais nenhum. Itto-ryu iai... shishi sonson!

Atomic Spar!

De fato , pensa Daz Bones, derrotado, nessa batalha... ele evoluiu...

─ Aprender algo assim em tão pouco tempo... bom trabalho, garoto ─ elogia Vista.

Hahaha, o que vai ser agora? Cortar diamantes?

Isso seria um desperdício.

Vista cai na gargalhada com isso e seus companheiros o acompanham.

─ O que foi?

─ Eu sou um usuário da Kira Kira no Mi ─ Jozu ri. ─ A fruta do diamante.

Zoro observa o homem em silêncio, talvez aprender a cortar algo assim não seja um desperdício afinal.

Haha... você venc... são as últimas palavras de Daz Bones.

[ Alubarda, Bloqueio do Norte, prédio Medi Diet, rua da frente. Vencedor: Zoro

─ Ganhamos de mais um ─ a tripulação comemora, e os mais animados até fazem uma dancinha da vitória.

Parem... Vivi implora, observando seu povo se matar, lutando uma guerra que não podem vencer.

Você lutou bem, princesa... diz Nico Robin de braços cruzados, atrás dela, no chão, está Chaka, um guarda real, a última resistência entre Crocodile e a família real, ele está desacordado. O Rei de Alabasta está sendo contido, preso enquanto assiste tudo que é precioso para ele sendo destruído, inútil. Mas eles não podem ouvir você.

Muitos olhares ziguezagueiam entre as duas garotas, como elas podem sentar uma ao lado da outra, ignorando todo o passado?

Corra, Vivi! grita Cobra, temendo pelo bem de sua filha. Afaste-se desse homem!

Não! Esse vento... é sua coisa, se eu puder parar o bombardeio em quinze minutos... ainda posso diminuir o número de vítimas.

─ Bombardeio? Crocodile quer matar todo mundo?

"Se eu fizer isso a rebelião vai acabar", "se eu fizer aquilo a rebelião vai acabar..." zomba Crocodile se aproximando da menina de cabelos azuis. Abra os olhos, criança...

─ Isso é cruel ─ comenta Brook. ─ Essa garotinha...

─ Garotinha?

─ Fez mais pelo seu povo do que qualquer monarca que eu já conheci e ela é tão jovem! Um dia você vai se tornar uma ótima governante, mocinha.

─ Oh ─ as bochechas da Princesa brilham com uma coloração avermelhada. ─ Obrigada! 

─ Agora, eu posso olhar sua calcinha?

─ Morra, Brook! ─ Nami e Sanji acertam o crânio do esqueleto ao mesmo tempo.

─ Yohoho, mas eu já estou morto.

Ele pega ela pelo pescoço, carregando todo o seu peso, seus pés não tocam o chão, ele aperta a mão, a impedindo de falar e respirar.

Suas esperanças ridículas nunca se tornarão realidade. O querer é uma coisa que apenas os que tem poder podem tornar real.

─ Como você ousa tocar na Vivizinha desse jeito? ─ Sanji grita em fúria, ele se levanta pronto para ir atrás do senhor da guerra e acerta-lo com alguns chutes fortes. ─ Ninguém te ensinou boas maneiras?

Apenas as meninas são capazes de acalma-lo.

Eu não ligo se o que eu quero é ridículo! ela chora, de dor, de desespero. Como alguém como você entenderia? Eu sou a princesa desse país! Eu não me renderei a você!

─ Você é mesmo muito corajosa, Princesa ─ sendo um revolucionário, Sabo está acostumado a encontrar Reis, generais, imperadores e presidentes corruptos, não é bom ver que no meio de tanta gente perversa há aqueles que vão de encontro a eles? Que lutariam e morreriam pelo seu povo?

Garp estreita os olhos, esse menino loiro coça uma coceira no cérebro do marinheiro, toda vez que ele abre a boca algo diz a Garp que esse menino é alguém importante.

─ Eu te conheço, garoto? ─ ele pergunta em voz alta, sem conseguir conter sua curiosidade. Quem é essa pessoa?

─ Uh, eu? ─ o revolucionário conhece Garp, é claro, quem não conhece o herói da marinha? Mas ele tem certeza de que nunca encontrou com esse homem, ele lembraria se tivesse, não é?

─ Vovô, você conhece ele? ─ Ace entra na conversa, esse cara também parece familiar para ele.

Dragon levanta a sobrancelha observado aquela interação. Sabo foi resgatado muito perto da terra natal de seu pai, talvez eles realmente se conhecessem... o mundo é mesmo um lugar pequeno.

─ Eu não acho que... ─ o loiro foi interrompido por um menino de borracha cutucando seu rosto. ─ O que você...?

─ Vovô, já descobriu de onde conhece ele?

─ Ainda não ─ responde o marinheiro com um olhar pensativo.

─ Sabo, você se meteu em encrenca com o herói da marinha e não me contou? ─ Koala pergunta, chateada. Ela e Sabo são parceiros, se ele vai se divertir com marinheiros ele precisa convida-la também, é isso que parceiros fazem!

Luffy continua cutucando sua bochecha.

─ Eu não!

─ Sabo? ─ pergunta Ace, branco como um papel.

─ Sabo? ─ ecoa Garp, olhos arregalados e boca tão aberta que poderia bater no chão.

─ Sabo? ─ Luffy repete, abraçando o revolucionário como se ele fosse uma árvore e o menino de borracha fosse um macaco.

─ Esse é meu nome...? Eu acho... ─ toda essa situação é confusa, essas pessoas o conhecem?  Talvez... talvez eles façam parte do seu passado? Talvez eles tenham explicação para o que aconteceu com ele.

─ Você acha? ─ pergunta Perona levantando uma das sobrancelhas. Quem não sabe o próprio nome? Que frase estranha de se dizer...

─ Buáááá ─ lágrimas escorrem pelas bochechas do Chapéu de Palha. ─ Você é mesmo o Sabo?

─ O que está acontecendo? De onde eu conheço vocês?

─ Você não se lembra da gente? ─ Ace pergunta, e quem o conhece se surpreende ao ver mágoa em seus olhos.

─ Oh, vocês devem ser alguém do passado do Sabo ─ exclama Koala, batendo seu punho direito na palma da mão esquerda. ─ Isso explica muita coisa.

─ Explica? ─ Marco pergunta, sem entender nada.

─ Sim, Sabo perdeu a memória. Ele sofreu um acidente e não lembra de nada desde que acordou.

─ Acidente? ─ Ace precisa de mais informações.

─ Isso ─ Sabo responde por si mesmo. ─ Meu barco explodiu perto do Reino de Goa, tudo que eu mantenho dessa experiência foi o meu chapéu, onde eu encontrei o nome "Sabo" e presumi que essa era meu nome, e essa cicatriz ─ ele explica apontando para o rosto.

─ Você não sofreu um acidente ─ Punhos de Fogo finalmente se permite acreditar, seus olhos se enchem de lágrimas. ─ Você não sofreu um acidente, foi uma tentativa de assassinato.

─ Eu... o que? Eu era uma criança, por que alguém faria isso?

─ Você estava fugindo e entrou no caminho de um dragão celestial...

─ Oh, eu... sim, isso faz sentido. Mas como vocês sabem disso?

─ Você é nosso irmão ─ Luffy consegue balbuciar em meio aos seus soluços.

Dragon, Koala e Sabo arregalam os olhos, eles esperavam que eles fossem alguém do passado, mas pessoas tão próximas assim?

─ Eu tenho irmãos?

Ace de aproxima de seu irmão perdido e abre os braços. Sabo não se lembra de nada, talvez ele nunca lembre, mas sente uma vontade irresistível de se aconchegar. Os três (Luffy ainda pendurado no revolucionário) se abraçam, anos separados, anos de dor... nada disso importa mais, os três estão juntos novamente. ASL.

─ Dois piratas e dois revolucionários... onde foi que eu errei? ─ Garp chora nos braços de Sengoku, que está amaldiçoando a família do amigo em silêncio.

─ Isso foi tão emocionante que meus olhos transbordaram, mas eu não tenho olhos, yohoho.

Os olhos de Brook não foram os únicos a transbordar, toda a tripulação dos Chapéus de Palha estavam emocionados (mesmo que alguns não demonstrem isso), Franky, Usopp e Chopper espelham as lágrimas de seu Capitão e até Nami parece estar com os olhos um pouco úmidos. Os piratas do Barba Branca e os Revolucionários não ficam muito atrás, mas eles disfarçam melhor.

Os três irmãos sentam-se um ao lado do outro assim que a tela retorna. Há muito para conversar, mas não agora.

Isso não é muito inteligente, sabia? o Shichibukai a ridiculariza.

Eu vou... eu vou salvar esse...

O homem caminha em direção a borda da torre de menagem, seus pés chegam na beira do castelo, Vivi fica pendurada do lado de fora.

Quinze minutos antes do bombardeio e ainda há "reforços" rebeldes chegando. Sem nem mesmo saber o que está prestes a acontecer... indo direto para o centro da explosão... se tivesse contado para o exército sobre a bomba, mesmo em pânico, poderia ter salvado milhares ou centenas de milhares de vítimas... Você é muito ingênua, se pensa que pode salvar todos. No fim, esse povo que você tanto ama irá matar um ao outro.

─ É meio ingênuo mesmo ─ concorda um pirata, recebendo olhares mortais de várias pessoas da sala.

Todas essas pessoas não passam de uma piada, desde o início. Você espionou minha companhia por dois anos, um esforço nobre, mas, no fim, não conseguiu impedir nada. "Eu vou para essa rebelião. Eu vou salvar o Reino." e tudo o que esse idealismo idiota fez foi criar mais vítimas, então, vou dizer mais uma vez... você não pode salvar nada.

─ Você está errado, Crocodile ─ grita Luffy com o rosto vermelho e inchado por causa do choro anterior.

A mão de Crocodile se desfaz, transformando-se em areia, Vivi é jogada de cima do castelo, do lugar que ela chama de lar.

─ OH NÃO! ELA VAI MORRER.

Luffy-san... a princesa chora agarrada ao Capitão dos Chapéus de Palha, que a salvou da queda. Esse lugar vai explodir a qualquer momento! Todos vão morrer e ninguém pode me ouvir... desse jeito o país vai...

─ Eu quase tive um ataque cardíaco.

─ ATAQUE CARDÍACO? ─ grita Chopper. ─ ALGUÉM CHAME UM MÉDICO!

─ Você é o médico.

─ Aé... ALGUÉM ME CHAME!

─ Está tudo bem, doutor, foi só uma hipérbole.

─ Ufa...

Não se preocupe ele responde, a colocando no chão e sorrindo.  Nós ainda podemos ouvir você!

─ Vocês são tão super legais, maninhos ─ Franky derrama lágrimas (suor másculo!) de emoção. ─ Será que eu também vou parecer super quando minha vez chegar?

─ Com certeza, Franky! Você é um robô, tem algo mais legal que isso?

Baroque Works? indaga um homem feio. Nunca ouvimos falar deles. Podem provar?

Eles, de fato, podiam. Estava escrito "Baroque Works" nas costas da jaqueta do homem, bem colorido e com letras grandes, ele não enganava ninguém, nem seus companheiros.

─ Que idiota ─ Kid zomba, Law não pode deixar de concordar.

 Somos apenas cidadãos, senhores. Vocês atacariam pobres inocentes como nós, que fomos pegos no meio dessa rebe-

Ele não tem chance de terminar sua frase, Tashigi, espadachim e sargento respeitável da marinha, corta o homem "inocente".

─ Muito bem, Tashigi ─ elogia Smoker, ignorando os olhares que recebe de outros marinheiros.

Por que vocês estão hesitando?  pergunta ela enquanto enfrenta outros criminosos. Não impediremos absolutamente nada enquanto esperamos por provas, descubram quem é o inimigo com os seus próprios olhos.

─ É isso que você está ensinando aos seus subordinados, Smoker?

─ Sim, há algo errado? Eles precisam aprender a pensar.

São 4:30, sargento comunica um marinheiro. Não temos mais tempo.

Tashigi observa a torre e seus olhos se arregalam quando ela percebe que o relógio não parece funcionar. Será que...?

[15 segundo para o bombardeio]

─ O que? Só isso? Nós vamos todos morrer!

─ Nós não estamos lá, idiota!

─ Oh... nós vamos viver!

Ei, Nami, o que nós vamos fazer?  pergunta Usopp, ele, Nami, Chopper e a Princesa Vivi estão reunidos aos pés da torre do relógio, todos estão significativamente machucados, Usopp sendo o pior deles, coberto de bandagens da cabeça aos pés. Não temos mais tempo! Se falharmos agora, já era!

Eu sei disse, cale a boca e fiquei quieto. Estou calculando aqui!

Mas do jeito que estou isso não vai resolver nada!

Chopper sobe nas costas do atirador.

O que diabos você pretende fazer com a gente?

Vivi segue e sobe nas costas de Chopper, os três formam uma mini torre humana.

─ O que caralho vocês estão fazendo em um momento tão critico? 

Você vai saber assim que acontecer. Lá vai, a previsão do tempo é... tufão

[13 segundos]

Tempo de Ciclone! grita Nami enquanto ataca o próprio companheiro.

E-ei, o tempo de ciclone é apenas uma brincadeira...

Os partes do bastão que se soltaram formam um xis e passam por baixo das pernas abertas e Usopp (que suspira de alívio quando percebe que elas não acertaram suas joias da coroa), elas giram tão rápido e tão forte que a pressão impulsiona o atirador para cima.

─ Isso deve ter doído.

─ Naquele ponto eu já estava tão machucado que não sentia mais nada.

Estou mirando na torre do relógio!

O que? a cabeça de Sanji aparece de dentro de uma das janelas da torre.  Estão subindo?

Chopper grita Nami. Pule até o Sanji! Sanji-kun, você sabe o que fazer, não é? Não temos mais tempo!

Acho que sim... Beleza! Bom, agora é tentar e esperar para ver...

A rena usa o corpo de Usopp como apoio e se impulsiona para cima, quando chega perto o suficiente Sanji sobe no peitoril da janela, pula e chuta Chopper. Vivi e Chopper sobem, Usopp e Sanji descem.

Uma coisa era ver uma Princesa se sacrificando por seu povo (o que, por si só, era meio raro), outra bem diferente era ver piratas indo tão longe por um reino que nem era deles. Piratas são ruins, não são? Eles roubam, matam, massacram cidades inteiras, é por isso que a pirataria é criminalizada, para que a marinha possa controlar esse mal mas... esses piratas derrotaram um oficial corrupto da marinha, eles salvaram uma ilha das garras de piratas cruéis, eles estão, agora mesmo, diante dos olhos de todos, se colocando em perigo para salvar milhares de pessoas que eles nem conhecem. Quantas pessoas boas e não criminosas estariam dispostas a fazer algo parecido? Quantos marinheiros aplicam o mesmo esforço para salvar as pessoas comuns? Quem são esses caras e por que eles iriam tão longe?

Oh, então esse é o plano  comenta Zoro, algumas janelas acima. Então, eu tenho que manda-los até o topo.

[10 segundos]

  Beleza, eu entendi Zoro também pula para fora.

Com as espadas?  Chopper grita assustado.

Não seja burro, relaxa. Vou usar as costas da espada. Agora, concentre-se !

Ah, então tá bom!  seus cascos são sustentados por duas das armas do espadachim.

[9]

─ Mesmo sabendo que ninguém explodiu assistir essa cena está me deixando tenso ─ reclama Izou. ─ A contagem regressiva não ajuda.

Cuidado, Vivi. Tem uns caras bem estranhos lá em cima.

Sim, eu os conheço...

Hahaha, olhe, Miss Father's Day...

Tic tac... eu sei, é a traidora.

Merda, eles foram vistos (seria estranho se eles não fosse, aquele grupo era barulhento demais, nunca poderia ser furtivo).

Droga  exclama Zoro. Eles estão no ar, se forem atingidos...

Olhe aqui. Minha gero gero gun a mulher com o chapéu de sapo e o homem com um nariz pontudo apontam suas armas para baixo, mirando na princesa. Uma oportunidade dessas não se ganha facilmente.

Em posição, Kiiroi jyu. Haha, que bom alvo.

Como ousa apontar uma arma para a Vivizinha? grita Sanji em queda livre.

Que merda xinga Nami. Eles são uma dupla de atiradores.

Zoro, apenas nos emburre lá para cima, Tony, pense em um jeito de mudarmos nosso trajeto.

O que? Como?

Faltam apenas 7 segundo! Nami e Usopp se desesperam olhando para cima, da posição que eles estavam eles não podiam fazer nada além de assistir.

Tudo bem  Zoro usa toda sua força para os impulsionar para cima. Lá vai!

─ Isso parece ainda mais tenso visto de fora ─ reclama Nami, ela estava lá, mas tudo aconteceu tão rápido que ela não teve tempo de considerar o fato de que uma cidade inteira dependia da sua tripulação.

Eles sobem sem medo, concentração escrita em suas feições.

Ok!

[6 segundos]

Armas engatilhadas, um, dois, três, fogo!

Ei, ouçam nossas balas diz a mulher e o homem completa: Elas são feitas para destruir tudo o que atingirem.

A princesa e a Rena desviam.

[5 segundos]

O espadachim é atingido

Aquele idiota levou dois tiros,  pensa Sanji observando seu companheiro cair, o próprio cozinheiro se aproximava cada vez mais rápido do chão.

─ Olha ─ Marco chama atenção para si. ─ Eu faço parte da tripulação do homem mais forte do mundo, conheço uma quantidade razoável de pessoas inconsequentes, Ace incluso.

─ Ei! 

─ Mas eu nunca vi pessoas tão desmioladas quanto os integrantes dessa tripulação. 

─ É por isso que é tão divertido ─ aponta Luffy, sem entender qual é o ponto de Marco. Não, ele não gosta de ver seus amigos machucados, mas essa é uma consequência de todas as suas aventuras, se alguém queria viver em segurança essa pessoa não deveria ir para o mar.

O erro não dissuadiu os dois atiradores, que reorganizaram sua mira e apontaram para a figura que se aproximava cada vez mais deles, prontos para atirar novamente. Dessa vez eles acertariam. Exceto que não era a garota que estava na frente deles e sim a rena, sozinho, em sua outra forma.

[4 segundos]

Uh? Quem é você?

Onde está Miss Wendnesday?

Aqui em cima grita a Princesa, pronta para enfrentar seus antigos colegas de trabalho.

Acontece que, momentos antes, se aproveitando da distração, Chopper jogou Vivi ainda mais alto.

─ Quantas transformações essa rena tem?

[3 segundos]

Em uma reviravolta impressionante Vivi, ex-Miss Wendnesday, Princesa de Alabasta e Chapéu de Palha honorária, saca suas armas de pavão e acerta os dois agentes da Baroque Works.

─ Até a Princesa luta?

─ Ela sobreviveu na Baroque Works por dois anos, deve ter aprendido uma ou duas coisas.

[2 segundos]

Eles são arremessados para fora.

[1 segundo]

Rapidamente várias partes de Alabasta são mostradas, o exército em combate com os rebeldes, Robin desmaiada no chão, Rei Cobra encharcado de sangue, marinheiros lutando contra os Baroque Works remanescentes.

─ O que? 

─ Cadê a bomba? 

─ Mudaram de cena novamente?

─ Em um momento como esse?

É o fim declara Crocodile de braços abertos.

Mortos espalhados pelo chão.

─ Observar essas cenas de longe me fez esquecer por um momento que essas pessoas são reais que morreram lutando pela ambição de um homem mau ─ reflete Koala.

O relógio para, o pavio do canhão se apaga mas... tem algo errado.

Más notícias, pessoal! grita Vivi, com a cabeça para fora da grande abertura do relógio. É uma bomba relógio, ela ainda vai explodir.

─ Caramba, isso nunca vai acabar? ─ reclama Kid. ─ Quantos planos esse cara tem?

─ Não o suficiente para ganhar de nós.

O QUE? os Chapéus de Palha, feridos, exaustos e quase mortos gritam em uníssono, desacreditados.

A voz de Crocodile sussurra em uma memória: Você não pode salvar esse país!

Merda... como? Logo agora que conseguimos impedir o bombardeio... a bomba vai...  Sanji.

É uma bomba relógio? Chopper.

O diâmetro da explosão ainda é de 5km, a praça e o palácio ainda serão destruídos Zoro.

Nami está tão chocada (e assustada e aterrorizada e...) que nem tem o que dizer.

O que diabos está acontecendo? Quer dizer que era impossível impedir esse bombardeio desde o início? Usopp.

Enquanto a tripulação lá embaixo está sofrendo pela derrota a garota lá em cima está passando por algo parecido. O sentimento de desesperança é sufocante.

Nos fez procurar o canhão lamenta a Princesa. Nos disse até mesmo quando seria disparado.

─ Crocodile estava brincando com ela...

─ Você é cruel, Croco ─ Doflamingo ri exageradamente. ─ Que divertido.

Ela soca o chão onde está sentada.

Até quando pretende me humilhar? Quando ficará satisfeito? Até quando ficará rindo de mim, Crocodile?

─ No final foi você quem riu por último, não foi, maninha? ─ as palavras de Franky fizeram a princesa sorrir.

Esse lugar me trás lembranças  um homem entra na torre, tirando Vivi da espiral de auto-aversão. ─ A base secreta do Suna Suna Dan... 

Pell...

Naquela época você fazia cada coisa que só chegava reclamações no meu ouvido o tempo todo...

Pell, ouça, é uma bomba relógio e...

Vivi-sama, ter servido a família Nefertari por toda a minha vida... me orgulha de tal forma que nunca teria melhor recompensa.

─ Oh, não ─ exclama Franky. ─ Eu consigo ver para onde isso está indo e eu não gosto nada disso. 

Eu sou... um espirito guardião de Alabasta, o falcão, pensa ele, essa é a minha missão.

O homem se transforma em um pássaro, com suas garras ele agarra a bomba  e voa em direção aos céus.

─ Caramba! Que coragem! Esse sim é um homem de verdade.

[O grande pássaro salva o país]

─ Relaxem, pessoal ─ Vivi tranquiliza as pessoas ao redor, que estão emocionadas com o sacrifício do homem. ─ Ele está vivo.

─ Então por que você também está chorando? ─ Izou pergunta para a Princesa enquanto tenta conter as lágrimas.

─ Porque ele é muito legal ─ responde Luffy limpando o nariz no lenço que ele arrancou do pescoço de Sabo (são nessas horas que Ace agradece por não usar uma camisa).

Não há sentido nisso que você está fazendo se indigna Crocodile. Por que você está lutando por outra pessoa? Qual é o sentido de morrer por ela? Um ou dois amigos... se você apenas os deixasse morrer os outros não se envolveriam, seus tolos.

Como eu disse Luffy está machucado, muito machucado, ninguém se esquece que ele foi empalado pouco tempo atrás, mas ele parece ter adquirido muitas outras lesões enquanto eles não estava olhando. Você não entende. Vivi, mesmo dizendo que não quer mortes, continua tentando jogar a vida fora para ajudar os outros. Se ela continuar assim ela vai morrer por causa de vocês.

─ Oh, Luffy ─ Vivi tem os olhos marejados observando a tela, Luffy parece tão legal!

Eles parecem estar em um cômodo fechado, há pedras caindo do teto, Rei Cobra e Nico Robin estão lá também, há sangue escorrendo pelo corpo dos dois.

Você é que não entende, foi por isso que eu disse para você deixar essa gente morrer sem incomodar você.

É porque não queremos que ela morra!  o capitão grita. Por isso nós somos amigos! Enquanto ela não desistir desse país nós não pararemos de lutar.

Lutar contra tantas pessoas para salvar um amigo... essas crianças são especiais, não são?

O Rei de Alabasta, um soberano que já esteve na presença de líderes de estados respeitáveis, grandes e honrosos marinheiros, observa o Capitão dos Chapéus de Palha, um menino, com admiração.

Mesmo que você morra?  Crocodile nunca vai entender, não é?

Todo mundo morre um dia, eu não tenho medo de morrer.

─ Luffy! ─ Sabo e Ace gritam ao mesmo tempo, o pirata puxa a orelha do menino de borracha enquanto o revolucionário da a ele um sermão: ─ Eu acabei de descobrir que tenho irmãos e você já quer morrer?

─ Eu não quero morrer! Eu só não tenho medo, é diferente.

─ Não é nada!

Luffy cai de joelhos e seu oponente não deixa de rir dele por isso.

Depois de falar tanto seu corpo parou de te obedecer? Um fim digno de você, Chapéu de Palha.

O resto de seu corpo também desaba, sua cabeça bate forte no chão e, como se não bastasse, alguns pedregulhos se desprendem do teto e o atingem com força.

─ Não se coloque em perigo desse jeito, Luffy! Droga!

Crocodile se diverte a todo momento, mas ele também parece estar machucado.

E então, vai me derrotar ou não? Não importa o quanto você e seus amigos tenham tentado impedir meus planos, não importa quantas vezes tenha lutado contra mim, se não puder me derrotar agora, tudo o que vocês fizeram não significará nada! Piratas como você nunca vão muito longe... como milhões de coisas que poderiam estar fazendo agora, está aqui... É o fim... declara Crocodile de braços abertos.

─ Eu conheci um pirata como ele ─ a voz de Barba Branca ecoa pelo salão. ─ Ele foi muito longe, não foi?

O homem pergunta para Reyleigh, os dois, Crocus, Shanks e Marco trocam um sorriso conhecedor e saudosista. Muito longe, de fato.

Luffy se levanta de novo, é claro que sim, ele é Luffy, ele se levanta de novo, e de novo, e mais uma vez, ele não desiste de lutar.

Se for só você contra mim arfa o garoto, ignorando o olhar surpreso do shichibukai. Você não pode me derrotar.

Você mal consegue dizer essas palavras. Olhe para o seu estado, patético. Como pode dizer tais coisas?

Porque eu... vou ser o Rei dos Piratas.

─ Isso aí! ─ Luffy aprova suas próprias palavras. ─ E eu vou bater em todo mundo que entrar no meu caminho!

Se você realmente entendesse o quão rigoroso é esse mar, você não diria coisas assim Crocodile avança, cansado de brincar com aquele pirralho. Eu te disse, esse mar está cheio de fracotes como você, assim que você perceber o nível dos piratas nesse mundo seu sonho idiota acabará.

Eu ultrapassarei você!

O gancho do líder da Baroque Works se aproxima rapidamente do corpo maltratado do Chapéu de Palha, mas Luffy consegue desviar no último segundo, ele usa sua perna anormalmente longa para pisar no membro feito de ouro e quebra-lo.

Luffy aproveita para socar seu inimigo no estomago, um chute na cara, outro soco logo em seguida. No meio da surra Crocodile ainda tem tempo para pensar e se espanta ao ver que o menino ainda está de pé.

O veneno de escorpião já devia ter funcionado a essa altura, de onde ele tira tanta energia?

─ De onde você tirou tanta energia?

─ Eu não sei, eu só sei que precisava ganhar. Pelos meus amigos e por meu sonho.

Você é só um moleque que veio de ninguém sabe onde... Da ponta do que antes era um gancho surge uma lâmina.

─ Arma maneira.

Quem você pensa que eu sou?  Crocodile tenta, mas seu golpe falha mais uma vez.

Eu não ligo para quem você é  grita Luffy, usando toda sua fúria para chutar o outro pirata.  Eu ultrapassarei você!

Crocodile voa com a força do golpe, quebrando o teto e subindo aos céus. Luffy sobe logo atrás, seu corpo se infla como uma bexiga e quando todo o ar sai de seu corpo ele se impulsiona para cima.

Gomu Gomu no... Storm! (tempestade de borracha).

Impossível...  ─ se assombra Rei Cobra. Há pelo menos 5 camadas de rocha até a superfície...

─ Shishishi, eu ganhei.

─ O que? Já? ─ se impressiona Shanks. ─ Achei que você fosse apanhar um pouco mais.

─ O que você quer dizer com já? Nós lutamos três vezes e ele quase me matou nas três!

─ Eu ganharia dele muito mais rápido que você ─ se gaba o imperador ruivo.

─ O QUE? Não seja mentiroso! Garanto que ele te daria uma surra ─ grita o menino.

─ Se Shanks não tivesse haki ele provavelmente perderia... ─ reflete Mihawk, Luffy venceu uma logia sem nem saber o que era Haki.

─ De que lado você está, Hawk?

─ Não do seu, com certeza.

Parem... Vivi implora, dessa vez ela está bem no meio de tudo, de cima da torre ela pode ouvir o barulho das lâminas se chocando, pode sentir o cheiro do sangue derramado, o sangue do seu povo. ─ Parem de lutar! PAREM DE LUTAR!

─ Deve ter sido tão difícil para você ─ Koala se compadece. ─ Assistir seu reino se destruindo diante dos seus olhos...

─ Eu ainda sonho com isso, eu acordo e vejo que tudo já passou mas o medo nunca vai embora. E se outro inimigo aparecer? Eu vou ser forte o suficiente para impedir dessa vez?

─ Não se preocupe, Vivi. Se algo assim acontecer nós voltaremos para te ajudar, somos bem mais fortes agora ─ garante Luffy.

─ Eu sei, essa é a única razão que me permite dormir a noite.

Sua voz alcança seus amigos lá embaixo.

Vivi...

Aquela idiota... apesar das palavras, Nami as diz com tanto carinho... toda a tripulação observa a Princesa com pesar, mas também estão surpresos com a sua resistência.

PAREM DE LUTAR!

A atenção de Vivi é atraída para algo no céu... é Crocodile, e não há nada além de surpresa em todo o seu rosto.

Eu não tenho a menor ideia do porque daquele cara ter saído voando desse jeito diz Usopp.  Mas agora sabemos...

Os Chapéus de Palha tem sorrisos espelhados.

Ele venceu.

─ Eu disse, não disse?

─ Sim, você disse ─ Ace sorri com carinho enquanto bagunça o cabelo de seu irmão mais novo.

Não há mais inimigos expõe Vivi.  Não derramem mais sangue... PAREM! PAREM DE LUTAR!

A voz dela percorre o campo de batalha e a chuva começa a cair. 

Parem com essa luta sem razão!

A luta diminui, a fumaça causada pela areia abaixa graças a chuva e os guerreiros procuram a origem do clamor que pede pela paz.

A chuva está caindo agora e cairá novamente, como costumava  proclama a Princesa. O pesadelo acabou.

─ Essa é uma das coisas mais bonitas que eu já vi ─ choraminga Koala, Izou não está muito atrás, mas além da admiração que ele sente por aquela tripulação há também uma tristeza profunda escorrendo em suas lágrimas. Talvez, um dia, o pesadelo de Wano também acabe.

As armas estão espelhadas pelo chão, amigos e inimigos estão por toda a praça, guardas, rebeldes, todos juntos compartilhando de um silêncio opressivo.

É natural se arrepender ─ o Rei se infiltra entre os plebeus. E sentir por todos que se foram. Nós perdemos muitos... e não ganhamos absolutamente nada. Mas isso é um progresso, não importa contra quem vocês lutaram, a guerra aconteceu, e agora terminou. Ninguém pode abandonar o passado, vocês sobreviveram a essa batalha E VIVERÃO PELO REINO DE ALABASTA! 

E então, como um, todos levantam seu clamor, gritam pela dor da perda e comemoram pelo fim de anos de sofrimento.

─ Sabemos de onde a Princesa Vivi tirou sua coragem ─ aponta Reyleigh. ─ Um Rei normal teria começado a capturar e punir todos os rebeldes.

─ Papai nunca faria isso, a existência de pessoas dispostas a lutar por Alabasta nos trás muita alegria, significa que a tirania nunca poderá governar nosso país.

[Uma batalha que entrará para a história...]

[...e uma que nunca será lembrada...]

[terminaram!]

─ Isso é mentira ─ diz Vivi.

─ O que?

─ A batalha de vocês sempre será lembrada, se não fosse os Piratas do Chapéu de Palha meu país teria sido usurpado, meu povo teria sido massacrado. Eu nunca vou esquecer do quanto vocês lutaram por mim, nunca!

─ Vivi...

─ É a verdade! Nós não saímos espalhando isso por aí porque temos que proteger nosso país do Governo Mundial, mas nunca esqueceremos, vou fazer questão de que nunca esqueçamos!

Aqui é o Quartel General, estamos falando com o Capitão Smoker?

Sim, pode falar.

Em razão de sua vitória sobre Crocodile, os oficiais do governo mundial parabenizarão você e Sargento Tashigi com medalhas.

─ O que? Vocês vão roubar os feitos dos piratas que tanto desprezam? A marinha é mesmo uma piada...

Vitória? Ei, espera aí... não fomos nós quem derrotamos Crocodile, você não leu meu relatório?

E também, ambos serão promovidos...

Ei, preste atenção, quem esteve lutando contra Crocodile e a Baroque Works esse tempo todo foram os Piratas do Chapéu de Palha...

─ Pelo menos ele tentou ─ aprovou Shanks, a maior parte dos marinheiros receberia uma promoção dessas com muita felicidade.

Além disso, a cerimônia de entrega das medalhas e da promoção será...

Nós impedimos Crocodile? Um dos meus subordinados está chorando exatamente porque não conseguiu fazer isso. Ei, garoto, pode dar um recado para esses oficiais do governo para mim? Diga que eu mandei todos eles à merda!

─ Eu disse que o fumacento era legal ─ riu Luffy. ─ Ele mandou a marinha à merda! Shishishi.

Smoker não ficou nada feliz em ser elogiado por um pirata. Não ficou! Seu rosto corado é apenas uma ilusão, sério.

─ Um dos poucos marinheiros legais que nós já conhecemos ─ concorda Zoro.

─ Eh? Que outro marinheiro legal nós conhecemos? ─ pergunta Usopp.

─ Coby ─ responde Nami.

O menino de cabelos rosa tentou esconder um sorriso.

─ A linda senhora Tashigi ─ acrescenta Sanji.

─ Quem você chamou de linda? ─ ela gritou com as bochechas vermelhas.

─ Aokji ─ diz Robin.

─ O que? Sério? ─ Chopper se espanta com a resposta, da última vez que eles viram o almirante ele tentou transforma-los em picolé!

Robin dá de ombros, Aokji pode ser legal, as vezes...

─ Vovô, é claro.

─ Meu netinho me ama ─ Garp se gaba para Sengoku, dando cotoveladas no velho amigo.

─ E eu? ─ grita Helmeppo.

─ Quem é você mesmo? ─ Zoro pergunta.

"Eu vou te matar" é a única resposta que ele recebe do loiro, então o espadachim continua sem saber quem é esse cara.

─ Vocês lembram daquela vez que a gente caiu dentro de uma base da marinha? ─ lembra Usopp, aquele foi um momento divertido, nenhum deles quase morreu!

─ Sim, aquele vice almirante parecia ser decente ─ Robin acrescenta.

─ A senhorita Jessica era uma bela e gentil dama, uma pena que se casou com um marinheiro...

─ Tem aqueles marinheiros do arco íris também... ─ adiciona Chopper.

─ É verdade, eles eram divertidos.

─ Mas tirando esses, todos os outros marinheiros são lixo ─ Franky diz, é verdade que há exceções, mas, no geral, a marinha é cruel e hipócrita.

─ Quantos marinheiros vocês conhecem? ─ se espanta Sabo, faziam pouquíssimos meses que essa tripulação saiu para o mar, não foi?

─ Uma quantidade razoável.

─ Por algum motivo, eles continuam aparecendo em todos os lugares ─ reclama Luffy.

─ Eu tive uma pequena aventura  ─ é a voz de Vivi.  ─ Foi uma jornada baseada no desespero, atravessando águas escuras... o oceano que vi longe de casa era imenso, há tantas ilhas lá fora, tão poderosas e inacreditáveis. Eu vi animais que nunca tinha visto, visões que nunca tinha imaginado nem em meus sonhos. O som das ondas era tranquilo as vezes, fluindo calmamente e encobrindo pequenos problemas, ele era alto às vezes... sorrindo de uma forma que transformava sentimentos frágeis em poeira.

─ Eu sinto que ela não está falando do mar...

─ E nessa tempestade obscura eu conheci um pequeno navio, ele veio até mim e me empurrou, dizendo: "você consegue ver a luz?" Aquele navio misterioso que nunca se perdia nas trevas... cruzou as ondas como se dançasse sobre elas. Ele nunca subestimava o mar e sempre ia em frente, mesmo com um vento contrário, então eles apontaram: "veja, lá está a luz..." a história acabará transformando isso em uma ilusão, entretanto... sempre será a verdade para mim... Então, pessoal...eu vim para dizer adeus. 

─ Isso é super lindo e super triste ─ reclama Franky e, mesmo que ele tente negar, todos podem ver que ele está chorando. Ele não é o único.

─ Obrigada por tudo! Eu quero me aventurar com vocês mais um pouco mas eu não posso... porque eu amo meu país! Por isso eu não posso ir com vocês. Mas... se um dia me encontrarem de novo... ainda me chamarão de companheira?

 ─ Vocês ainda me chamarão de companheira? ─ a Princesa repete, dessa vez ela não precisa esconder.

─ É CLARO QUE SIM!

─ Uma Princesa se aliando a piratas? Essa é a coisa mais asquerosa que eu já vi ─ Akainu se sente enojado. ─ Devemos prende-la imediatamente!

─ Akainu... ─ suspira Sengoku, a obsessão do almirante preocupa o Buda.

─ Me prender pelo que, exatamente? Por ser companheira das pessoas que salvaram meu país? Por amar as pessoas que fizeram mais por mim do que a marinha nunca fará? Crocodile trabalha para vocês, não é? E olha como isso acabou! A marinha se importa mesmo com o povo?

─ Não tinha como sabermos que Crocodile-

─ Acho que tinha sim, acho que se vocês se importassem vocês saberiam!─ Um marinheiro tenta se defender mas a Princesa o interrompe. ─ Piratas são maus? Então a marinha é o que? Seguindo ordens cegamente, matando quem precisa ser morto... quem são vocês para dizer quem vive e quem morre? Quem são vocês para escolherem quem merece viver?

─ Princesa...

─ Depois de tudo que vocês viram aqui, vocês podem me culpar por amar essas pessoas?

O discurso acalorado da Princesa foi recebido pelo silêncio, seus amigos a abraçaram com carinho mas se preocupavam com as consequências do que ela disse e o resto... o resto precisava pensar. Piratas são criminosos por um motivo, não são? E é necessário que haja alguém para punir os criminosos, mas até que ponto essas pessoas podem ter poder? Até que ponto isso é justiça? Quando a justiça passa a ser abuso?

 Aqueles marinheiros não estão mais atrás da gente, parece que nos perderam.

─ Ah...

─ Que reação é essa?  ─ estranha Zoro.  ─ O que há de errado com vocês?

─ Estamos solitários...  ─ Usopp, Luffy, Sanji, Nami e Chopper responde, eles estão um ao lado do outro e todos estão chorando.

─ Não chorem, que saco! Ainda não aceitaram que ela saiu? Se queriam tanto que ela ficasse nós deveríamos te-la sequestrado!

─ Zoro! ─ Vivi ri entre lágrimas, isso é tão a cara deles... ela não se permitiu pensar nisso até agora, mas sentiu tanta falta de sua tripulação, todos os dias procurando notícias sobre eles nos jornais, todos os dias torcendo para que eles alcancem seus sonhos assim como eles a ajudaram a alcançar o dela. Ela sentia falta deles...

─ Não ligue para o que esse bruto fala, Vivizinha!

─ O que? Seu bárbaro!  ─ Chopper.

─ Desprezível  ─ Nami.

─ Demônio  ─ Sanji.

─ Isso era para ser um insulto, sobrancelhas?

─ Cale-se, musgo idiota.

─ O que disse?

─ Nem comecem, ou vou quadruplicar suas dívidas.

─Três espadas  ─ Luffy.

─ Espere, três espadas não é um insulto, Luffy!

─ Quatro espadas!

─ Você só colocou mais uma! Ei, sabe natou? Isso poderia ser um insulto...

─ Natou não é um insulto, mano. É uma comida!

─ Tudo bem, tudo bem, chorem a vontade.

─ Finalmente estamos em mar aberto. Bom trabalho  ─ diz uma voz saindo de dentro da cozinha do Going Merry.

Era Nico Robin.

─ Oh, nós vamos ver como ela entrou para a tripulação!

─   Você está aqui por vingança?  ─ questiona Zoro, já preparado para atacar.

─ Que linda dama  ─ se impressiona Sanji.

Nami, Chopper e Usopp estão em pânico com a presença de um inimigo a bordo.

─ O que?  ─ Luffy parece confuso.  ─ Você não morreu?

─ Nico Robin ─ a atenção de todos se volta para a Princesa de Alabasta. ─ Eu sei que disse antes que confio na decisão do meu capitão, mas preciso te fazer uma pergunta. Você tem um sonho?

─ Sim, eu tenho.

─ Entendo ─ Vivi sorri e Robin retribui o sorriso, ninguém fora daquela tripulação entendeu o que se passou entre elas, mas eles sabiam, Vivi e Robin ficariam bem. 

─ Monkey D. Luffy  ─ Robin usa seus poderes para se livrar das armas apontadas para ela.  ─ Você não se esqueceu do que disse, não é?

─ Ei, não minta! Eu não disse nada!

─ Não, eu me lembro muito bem. É melhor assumir a responsabilidade.

─ Você é muito estranha... me diga o que você quer?

─ Me deixe... entrar no seu bando!

─ O que?

─ Aqui  ─ eles estão de volta a caverna onde a última batalha de Luffy e Crocodile aconteceu, Robin rola uma frasco pelo chão em direção ao Rei Cobra.  ─ É um antidoto para o veneno de escorpião, se ele for mesmo de borracha ele vai sobreviver.

─ Ela salvou a vida do Luffy duas vezes ─ reflete Ace.

─ Por que você mentiu?

─ Oh, você sabia?

─ Se você tivesse contado isso para Crocodile, ele teria dominado o país, não é?

─ Aquilo o que? ─ pergunta Kid.

─ Eu não ligo... se as pessoas ou os países vivem ou morrem... não me preocupo nem um pouco com isso. Além disso, nunca pretendi entregar aquilo para Crocodile.

─ Não entendo... então por que veio até aqui?

─ "Esperanças" e "expectativas" são duas coisas completamente diferentes. Estou procurando pelos "rio poneglyphs"... de todos os poneglyphs esses são os únicos que contam a verdadeira história. Tudo bem... eu procurei por eles durante 20 anos e esse poneglyph foi a única informação que consegui, era minha única esperança e foi um fracasso... mas... estou bem... morrendo assim... estou cansada da vida que levei até chegar aqui, meu sonho tinha muitos inimigos...

─ Poneglyphs? Verdadeira história? Do que eles estão falando? ─ Kid pergunta novamente, mas ninguém parece disposto a responder.

─ A história que não pode ser contada... ela pode ser encontrada...?

─ Chega  ─ interrompe um Luffy acordado, o menino pega Nico Robin no colo e a coloca nos ombros, ele também carrega o Rei.  ─ Vamos dar o fora daqui...

─ E-espera aí! Não há mais razão para eu viver... me deixe aqui e vá embora!

─ Você me salvou quando eu queria morrer, esse foi seu crime  ─ a cena volta para o navio.  ─ Eu não tenho para onde ir ou para onde voltar. Então me deixe ficar nesse navio.

─ Agora eu entendi ─ afirma Vivi. ─ Isso é a cara do Luffy.

─ O que? Eu não entendi nada ─ Kid se estressa! Eles estão falando e falando e falando mas não dizem nada! Que história verdadeira é essa? O que isso significa?

─ Acho que quem precisava entender, entendeu.

─ Isso é ainda mais misterioso!

─ Ah, é isso? Acho que não tem jeito, pode ficar.

─ Luffy!

─ Não se preocupem  ─ tranquiliza o capitão com um sorriso.  ─ Ela não é malvada.

─ Então foi assim? Ela nem pediu desculpas? Como vocês confiam nela?

─ Robin é nossa companheira ─ Luffy afirma novamente, estranhamente sério. ─ Ela é nossa companheira, entendo que vocês possa ficar confusos no começo, mas é o suficiente. Não falem dela como se ela fosse nos trair, ela nunca faria isso.

─ Mas-

─ Suficiente! Agora... ─ o menino sorri, como se o momento anterior não tivesse acontecido. ─ Vamos assistir nossa próxima aventura!

Notes:

essa fanfic está sendo postada na wattpad (https://www.wattpad.com/story/300858401?utm_source=android&utm_medium=link&utm_content=share_writing&wp_page=create&wp_uname=wallouis91&wp_originator=RBPyN0klVTBimRFfLyk5eYErMGWAQIIixq4JgB8ULL6xNepUx85eEusWC1vJN3pIPmFpFriYTGhbrV27MgDxoQqgeFK5k9CDi1of984QpI5DG2NBzV2PR%2FAowFO4I2Tr) e no momento tem 5 capítulos postados.