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Risk

Summary:

Dalia ouviu dizer que o risco era de se afogar, mas resolveu arriscar.

chris redfield x oc

Notes:

não sei usar o ao3 não sei escrever fanfic espero não ser apedrejada pelos 3 leitores isso aqui é apenas um acervo para as minhas tentativas de escrita.

tambem não foquei muito nisso do plano de fundo da bsaa/esquadrões/virus apesar de darem um contexto muito importante pra história, mudei vários detalhes pra encaixar com o plot.
isso é apenas uma historia de romance leve ok !

bastante inspirada na musica Risk da gracie abrams entao escutem para melhor entendimento da obra !!! isso é uma ordem !! serio !!

Chapter 1: the wrong thing, classic.

Chapter Text

Verificação facial. Em andamento. Análise de dados completa. Acesso liberado.

Eu escuto o 'bip' da porta de entrada do prédio, afastando meu rosto do aparelho que reconhecia minha entrada como autorizada. Área restringida para funcionários.
Caminho de forma ainda insegura por um corredor amplo, virando a direita e caminhando por mais um corredor estreito, mas dessa vez curto, avistando uma porta larga de vidro. Ao me aproximar, ela abriu sozinha, o que me pegou desprevenida, pois apesar de saber que tanta tecnologia me esperaria enquanto eu estivesse trabalhando nessa área, eu ainda não havia me acostumado com tantos aparelhos automáticos.

Quando adentrei o cômodo novo, me deparo com uma espécie de sala de espera. É uma sala branca, bem iluminada, com alguns bancos e sofás, de forma com que eu me sentisse, de fato, em um consultório de dentista. Essa associação repentina me fez soltar uma breve risada.
Dei alguns passos pela sala, analisando cada detalhe do cômodo. Era um lugar simples, fazia você se sentir em um ambiente de trabalho, tudo era muito tecnológico. Eu sabia que havia muito mais nos outros andares da locação, afinal, aquele era apenas um cômodo de entrada para a maior filiação anti-terrorista mundial, a B.S.A.A., o meu novo emprego.

Eu sempre sonhei em atuar em alguma área de segurança. Sempre fui atlética — apesar de desastrada —, gostava de ajudar qualquer um que precisasse de uma mão amiga, sempre fui muito carinhosa, e acima de tudo, sempre tive o essencial: coragem. Além disso, minha tia Hannah, irmã de meu falecido pai, trabalhava para a fundação e por isso, consegui mais oportunidades e mergulhei nos testes para ser aprovada para a organização.

Tia Hannah foi uma grande inspiração para eu querer ingressar na área de segurança. Desde criança eu a via com os uniformes especiais, e ela sempre nos contava as mais divertidas e perigosas histórias sobre as missões. Além disso, eu via em seu olhar um brilho de emoção cada vez que mencionava o quão bem se sentia em fazer o bem para toda a população.

Ela nunca me deu detalhes sobre o trabalho, apesar de eu sempre perguntar, e quando entrei para a adolescência e comecei a demonstrar interesse em seguir o mesmo caminho que o seu, senti um resquício de preocupação nela, mas apesar disso, acho que ela teve que o disfarçar em prol de me apoiar completamente em meu sonho.
E cá estava eu, dentro da filial americana, para o meu primeiro dia de trabalho.

Para ingressar na B.S.A.A. não é como se houvesse uma ordinária entrevista de emprego, ou uma secretaria para deixar o seu currículo. Na verdade, a maior parte dos profissionais da organização já atuavam na área antes. Uns eram agentes governamentais, outros, membros de forças especiais de segurança. Por isso eu ainda tenho muita insegurança em relação ao meu profissionalismo. Não tenho experiência, e irei atuar em conjunto de diversos agentes muito mais sábios do que eu.

Meus pensamentos amplos são interrompidos quando escuto barulhos de salto alto atrás de mim. Quando me viro para olhar, noto uma presença feminina no ambiente. Uma mulher. Um pouco mais baixa do que eu, cabelos cor de mel médios e com uma franja cortada na altura da sobrancelha. Ela usa um jaleco branco, e não consigo ver muito de suas peças de roupa por baixo dessa peça, a não ser pela logo da BSAA estampada no jaleco.

— Você deve ser a Cruz. Dalia Cruz, certo? — A moça me pergunta, caminhando em minha direção com um sorriso mínimo estampado em sua face.

— Sim! Sou eu. Cheguei há pouco tempo e não sabia para onde ir — Eu respondo, com uma animação incontrolável — É meu primeiro dia!

Ela sorri, estendendo as mãos para mim, em um cumprimento formal.

— Julie Morgan. Faço parte das pesquisas de laboratório — ela se desfaz de minha mão — Os novatos vão receber as instruções do capitão na sala de reuniões. Pode vir comigo.

Ela então, me ultrapassa e caminha até uma outra porta. Eu a sigo, e enquanto caminhamos até o cômodo indicado, eu observo as outras áreas daquele prédio. Haviam vários prédios da BSAA e diversos pontos da organização espalhados pela cidade, eu estava localizada no principal.
Apesar da animação, eu estou, do mesmo modo, completamente nervosa, então meu primeiro instinto é falar sem parar, assim como faço em todas as situações que me faltam calma.

— Você trabalha aqui faz muito tempo? Como funcionam os laboratórios?

Julie diminui o passo para me acompanhar, depois de perceber que estava mais adiantada do que eu. Ela sorri, parecendo gostar de receber alguém tão interessada em seu trabalho.

— Tem uns 4 anos. Carlos me recomendou, nos conhecemos desde a faculdade, e Chris me deu uma oportunidade.

— Chris? O capitão Redfield?

— Sim. Você vai conhecer ele daqui a pouco. Carlos também vai estar presente, você vai gostar de conhecer ele. É uma figura.

Julie posiciona o seu dedo polegar em um painel de identificação, e então uma outra porta se abre, e percebo que finalmente chegamos na sala de reuniões. É um espaço amplo, com uma mesa feita pelo o que parece ser concreto, de comprimento largo, com diversas cadeiras posicionadas ao seu redor. Avisto, também, uma grande demarcação na parede que penso ser um quadro digital, além de notar diversos outros detalhes, como um mapa extenso da cidade com principais pontos de acesso: entradas e saídas escondidas, saídas de fuga, pontos de contato da B.S.A.A.

Não estamos sozinhas aqui, e logo notei a presença de algumas poucas pessoas. Eu já imaginava o número pequeno de membros quando chegasse, porque sou tão ansiosa que não consigo me atrasar para nenhum compromisso. Com o nervosismo do primeiro dia de trabalho rondando-me, acordei duas horas antes do habitual, apenas para não correr o risco de cometer alguma gafe em relação a horário logo tão cedo.

Um homem vem a nossa direção, esbanjando um sorriso mínimo. Julie dá um passo a minha frente, cumprimentando-o primeiro, visto que tem mais intimidade com o mesmo.

— Bom dia, senhoritas — Ele se direcionou a mim, estendendo sua mão, a qual eu apertei e balancei minimamente, com educação — Você é?

— Dalia Cruz. Primeiro dia na Central de Operações.

O homem, de pele tonalizada por um marrom claro e cabelos ondulados castanhos que crescem até o comprimento de sua orelha, esboça um outro sorriso, dessa vez um pouco maior. Esse deve ser o tal Carlos, que Julie havia me falado.

— Carlos Oliveira — Bingo! — Vou auxiliar na equipe novata nos meses iniciais — Acho que você não dormiu hoje, Dalia, não são nem sete horas — Ele olha para o seu relógio de pulso — A reunião é só daqui a trinta minutos — Carlos brinca comigo, de forma não tão íntima, enquanto se dirige até uma mesa com algumas vestimentas de combate, começando a organiza-las.

— Dalia é organizada. Preferiu se adiantar — Julie se insere na conversa, defendendo-me — Não é como alguns por aí, que precisam ouvir o toque de um alarme de incêndio falso para levantarem da cama — Ela profere a última parte com as mãos em formas de concha para mim, como se estivesse guardando um segredo, de forma propositalmente zombeteira.

Carlos continua trabalhando com as mãos na tarefa de endireitar cada uniforme, mas ainda se atentando a nossa conversa descontraída. Com o rosto virado para baixo, em direção a mesa, rouba alguns olhares de Julie, ainda que de forma quase despercebida, mas não por mim.

— Só tenho um sono muito, muito pesado, Julie — Ele termina a organização, e se aproxima de nós em um andar despojado, propositalmente estalando seus dedos — Mas você sabe muito bem que isso não atrapalha o meu desempenho no serviço, cariño.

Julie revira os olhos, de braços cruzados e um sorriso ladino estampado nos lábios.

— Eu sei bem disso, Carlos.

— Não escute muito ela, Dalia. Eu posso até ser meio dorminhoco, mas não perco o foco no trabalho! — Carlos se vira em minha direção e aponta o indicador para mim, como se dissesse "fica atenta!" — Sobre a história do alarme de incêndio...

— Ele atrasou duas horas! — Ela interrompeu, agora se virando para mim igualmente — Duas horas! A Jill teve a ideia de acionar o alarme da casa dele. Ainda acho que foi uma ideia irresponsável, mas eu daria de tudo para ver o rosto desesperado dele de novo daquele jeito.

Carlos olha para Julie novamente, balançando a cabeça para os lados em um sinal de negação enquanto não consegue segurar um muxoxo que mais parece uma risada. Percebo que os dois são amigos próximos, como ela havia me contado, e que apesar da história quase que inacreditável, Carlos não se sente ofendido, muito pelo contrário, parece se divertir em vê-la sorrir tão alegremente assim.

Eu me contagiei com a empolgação e o saudosismo de memórias antigas dos dois amigos, e acabei por esquecer, momentaneamente, do nervosismo que estava sentindo quando cheguei aqui. Carlos desviou o foco de nós duas para a porta de entrada da sala, o que me fez perceber a chegada de mais pessoas no cômodo. Ambas vestindo casacos beges com a logo da B.S.A.A. caminham em nossa direção. Uma mulher de cabelos curtos lisos, que me parecem ser sedosos, de olhos azuis e um nariz reto. Minha primeira impressão é de que ela parece do tipo durona, e é tão bonita quanto a outra mulher ao seu lado, uma loira, de altura menor que a da morena, e portando brincos de pérolas.
A mais alta nos cumprimenta:

— Bom dia — Ela se vira a mim — Jill Valentine — Estende sua mão.

Eu aperto sua mão, balançando-a, meio estremecida com a sua presença, não que ela fosse intimidante, mas ela possuía uma aura forte, uma pose dominante e o cheiro da colônia de seu perfume impregnou nas minhas narinas. É daquelas que você não se esquece até a hora de deitar a cabeça no travesseiro a noite.
A loira ao seu lado também nos cumprimenta, mas optando por apenas acenar minimamente, sorrindo de um jeito tímido.

— Sou Ashley Graham.

— Sou a sub-comandante — Jill se dirige a mim e Ashley — Vou guiar vocês nas missões iniciais, junto ao Carlos. Sejam bem vindas.

— Sou a Dalia — me apresento — Eles me falaram de você, Jill. Algo envolvendo um incidente com alarme de incêndio...

A sub-comandante, então, não consegue conter a risada, assim como os dois que estavam há pouco aos risos conversando comigo. Eu daria de tudo para ser uma formiga e poder ver o que aconteceu no dia, de perto.

Acho que Jill iria fazer mais um comentário sobre o incidente, mas alguns outros novatos começaram a chegar na sala, e tanto ela como Carlos, foram recebê-los. Eu, agora mais despojada, sentei-me em uma das cadeiras disponíveis, esperando pelo capitão, assim como o resto dos agentes. Aceno para alguns, como forma de saudação, mas não mantenho nenhuma conversa profunda com nenhum. Ashley se sentou ao meu lado, mas ficamos em silêncio.

Alguns minutos depois, todos já estavam acomodados, Carlos e Jill sussurram, discretamente, sobre algo que eu não sou capaz de descrever o que seja. Quando penso em iniciar um assunto com a Ashley, sou interrompida pela porta de entrada se abrindo, novamente, mas dessa vez, por quem estávamos todos esperando. Chris Redfield, o capitão do esquadrão Lobo de Caça. O nosso comandante. Ele é tão alto, e parece ser tão duro, mas ouvi rumores de que sempre acolhe seus soldados. Eu sempre tive muitas dúvidas sobre ele, apesar de apostar que, se tivesse a chance de conhecê-lo melhor, eu não pegaria, porque eu me sentiria envergonhada só de ter que chegar tão perto dele.

Ele caminha a frente de todos os agentes, pronto para começar o seu discurso, mas eu rapidamente me pego distraída pensando no que não deveria pensar, não agora.
Penso em como ele parece tão alto que, mesmo que eu estivesse em pé, na sua frente, me sentiria tão pequena em comparação. Não quero soar exagerada, não é como se ele tivesse três metros de altura, mas o seu comprimento, somado ao quão grande ele é e quão largos são seus ombros, me causa um certo tipo de efeito que não consigo nem mencionar aqui. Ele é todo grande.

Os murmúrios de todos na sala vão aos poucos se cessando, e o capitão Redfield varre o cômodo com o olhar. Observa, atentamente, cada rosto ali, como uma forma de se acostumar, previamente, com cada um de seus soldados.

— Agentes, sejam bem vindos — ele começa, assim que a sala toda faz silêncio — Vocês estão no principal núcleo da B.S.A.A., e tenho certeza de que todos aqui sabem os perigos que nós enfrentamos diariamente, por um bem maior.

Escuto um suspiro ao meu lado, e percebo que conforme o discurso de Chris cresce, Ashley se sente mais apreensiva. Acho que é normal tamanho nervosismo, afinal, também me sinto assim.

— Dispenso apresentações longas porque suponho que todos aqui conheçam a minha história e a história de Jill. O que precisam saber é que, aqui dentro, nós fazemos o máximo para salvar o maior número de pessoas possíveis e evitar que mais catástrofes aconteçam.

A menção de uma catástrofe desconcerta Jill, que suspira profundamente, e seu semblante se contorce, possivelmente se relembrando do incidente de Raccoon City.

— E quero que saibam, também, que na minha equipe ninguém fica para trás — Chris continuou — Não na minha frente.

As palavras dele me tocam, porque sinto que ele não é como um superior ranzinza e frio que eu achava que fosse. Conseguia sentir a empatia que ele sentia por seus soldados, ainda sim, sem perder o cargo e o respeito de autoridade que tinha. Capitão Redfield pensava na logística funcional de seus planos, mas ao mesmo tempo, queria ver todos os seus agentes bem. Não consigo distinguir se é por causa de sua fala ou do meu emocional, mas começo a sentir algumas dores abdominais. Merda. Não acredito.

Olho para baixo, tentando parar o inevitável. Acho que estou naqueles dias. Mas tinha que descer agora? E no meio do discurso do comandante? Meu corpo não é meu melhor amigo sempre.

Olho de soslaio para Ashley, a minha esquerda, e depois para a direita, para outro soldado que ainda não conheço. Olho para baixo de novo, e não sei se devo pedir permissão ao comandante para sair ou apenas devo fazê-lo. Como me comporto em uma situação dessas? Sinto minhas têmporas suando frio, e de repente, me sinto gelada.
É só um discurso de boas vindas, certo?

Não consigo pensar muito quando me desfaço de minha posição e caminho em passos largos até a porta da sala, me retirando do cômodo. Não penso muito, também, quando rondo em torno do prédio em busca de um banheiro, falhando na missão de encontrar. Me deparo com laboratórios, salas de pesquisa, diversas salas de treinamento, e nenhum banheiro. Eles não tem necessidades por aqui?

Me estagno no lugar, olhando em volta e tentando encontrar alguém para pedir ajuda. Nisso, me deparo com uma mulher em pé, de frente a uma bancada. Ela segura uma prancheta em mãos, assinalando algumas coisas que não me atento ao que sejam. Ela parece concentrada, então me sinto envergonhada quando me aproximo, fazendo-a me olhar só por sentir minha presença próxima. Ela não larga a prancheta de mãos, mas abre um sorriso mínimo e simpático para mim, me fazendo sentir confortável para pedir informação.

— Com licença, você sabe onde fica o banheiro? — pergunto.

Ela aponta para uma porta que estava do nosso lado, virando minimamente a cabeça em direção a ela, e depois voltando a atenção a mim.

— É aqui.

— Muito obrigada! — respondo — Esse lugar parece um labirinto!

A mulher desconhecida emite uma risada com o meu comentário. Ela soa educada. Espero encontrá-la aqui mais vezes.

Eu sigo o caminho indicado por ela, em passos apressados. Quando chego no banheiro, entro na primeira cabine que vejo, e o que mais temia havia acontecido. E o pior: eu não havia nem trazido uma bolsa. Olho ao redor, olho para a porta fechada da cabine, olho para o vaso sanitário aberto e olho para o teto, esperando que alguma entidade santa me contatasse em ajuda. Tento pensar em alguma salvação, porque não posso voltar pra sala de reunião e ouvir Chris Redfield falando e sentir sangue saindo de mim ao mesmo tempo.

Mas, quando escuto passos adentrando o banheiro, percebo que minhas preces foram atendidas, e talvez Deus realmente exista. Constato isso quando saio da cabine e me deparo com a mesma mulher que vi segurando uma prancheta. Dessa vez, ela estava apenas lavando as mãos na pia, e ajeitando sua franja longa, que se destacava em meio ao seu rabo de cavalo, os cabelos eram castanhos e ela trajava uma jaqueta vermelha.

Muito mais tímida do que antes, me aproximei dela. Percebi seu olhar em mim através do espelho, e parei ao seu lado, ainda sem emitir uma palavra. Ela soou confusa, e apesar de não ser um motivo constrangedor, eu me sentia envergonhada de pedir um absorvente a ela, afinal, eu não a conhecia.

'Mulheres são irmãs, no fim das contas', pensei.

— Eu meio que... entrei ali e vi que eu estou menstruada — começo, gesticulando para ela — você pode me dar um absorvente, se tiver?
As suas expressões parecem clarear, agora, entendendo o motivo do meu constrangimento. Ela se vira a mim e rapidamente acena, concordando.

— É claro! Eu vou pegar um na minha bolsa. Fique aqui! — ela me responde e sai apressadamente do banheiro, com as mãos ainda molhadas por não ter secado.

Ela pareceu compreensiva, e me senti menos tímida. O que diabos eu estava pensando quando não trouxe a minha bolsa com aparatos de higiene? De fato, uma cabeça avoada provoca alguns incidentes desagradáveis.

Em alguns segundos, a mulher bonita voltou até onde estávamos, abriu a porta e caminhou até mim com os braços estendidos, segurando um absorvente fechado entre os dedos. Eu agradeci, pegando o pacote e entrando na cabine. Percebi que ela ainda estava no banheiro enquanto o colocava, então quando saí, me dirigi a ela novamente.

— Muito obrigada mesmo! Eu realmente esqueci de trazer hoje. Na verdade, eu nem pensei que iria acontecer logo hoje — coloquei minhas mãos na cintura, com a voz falhando.
Ela sorriu, gesticulando a sua mão direita para mim.

— Está tudo bem. Sempre ando com uns extras na minha bolsa, acidentes acontecem e eu nunca deixo de ajudar — ela se aproxima de mim — Nem me apresentei, que falta de educação a minha. Sou Claire — estende sua mão.

— Dalia — aperto a mão estendida.

— É seu primeiro dia? Nunca te vi por aqui.

— Sim — eu respondo, acenando — Você trabalha aqui há mais tempo, certo?

Eu imaginava essa opção, afinal, ela que me mostrou o caminho ao banheiro, e segurava uma prancheta, então imaginei que trabalhasse na área de pesquisas, ou cuidasse de
relatórios.

Claire nega com a cabeça, rindo um pouco, pelo chute errado.

— Na verdade, eu nem trabalho aqui. Trabalho para uma ONG, a Terrasave. Cuidamos de vítimas de crimes bioterroristas.
Claire pareceu orgulhosa de sua ocupação, e eu compreendi. No meio em que estamos inseridas, lidamos com grupos e filiações das piores espécies. Conhecer mais sobre esses crimes me fez explorar um lado humano que ainda não é tão difundido pelas pessoas. Um lado egocêntrico e sujo, muito sujo.

— É um trabalho muito bonito. Você deve se sentir muito bem em ajudar essas pessoas.

— Com certeza. O acolhimento das pessoas que tiveram suas vidas arruinadas por terrorismo é essencial — ela se perde, por um instante, olhando ao redor, parecendo lembrar de memórias não tão boas assim — A B.S.A.A. tem um papel muito importante agindo de forma ativa, e nós complementamos da melhor forma possível.

Ela volta a focar no meu rosto, novamente, depois de se perder em seus próprios pensamentos.

— E além disso, meu irmão tem me ajudado bastante. Conseguimos uma parceria muito maior com a B.S.A.A. por causa dele — ela coloca o dedo indicador no queixo — Na verdade, acho que nem falei dele com você ainda, não é?

Eu neguei, murmurando um "não", curiosa para saber sobre quem era.

— Chris Redfield. Você deve conhecê-lo.

Algo na minha mente brilhou quando ela disse o nome do irmão. Eu nem imaginava que os dois pudessem ter alguma afiliação. Na verdade, reparando bem, os dois tinham os mesmos olhos. O mesmo brilho nos lumes.

— Vocês são mesmo parecidos — Constatei — Ele é meu comandante. Inclusive, tive que sair correndo no meio do discurso dele de boas vindas. Espero que ele não tenha se ofendido, não fiz por mal.

Eu brinquei com ela, de forma humorada. Reparando melhor em seu rosto, de fato eles eram parecidos. Notei que o nariz de Claire era um pouco mais arrendondado do que o do capitão. Mas até os seus ideais se assemelhavam, e ambos pareciam ser pessoas boas, com uma índole digna.

Claire sorriu, e me disse que muitas pessoas costumavam falar aquilo. Ela me perguntou sobre minha família, e eu respondi brevemente, sem entrar em muitos detalhes. Acho que nossas histórias de vida gerariam assuntos mais longos do que uma conversa no banheiro. Depois da minha resposta, eu disse que era melhor voltar para a sala de reuniões, e ela compreendeu. Me despedi de Claire, e voltando para a sala, percebi que não havia nem pegado seu número de telefone. Torci, então, para que nos encontrássemos novamente pelos corredores, porque ela era definitivamente uma pessoa que eu gostaria de manter por perto.

Chapter 2: holding my breath (like i met someone).

Notes:

esse aqui é bem simples, só pra desenvolver a relação da claire x dalia. os próximos vão ser mais legais!! :D

Chapter Text

Enquanto adicionava o sal ao molho vermelho, sentia o cheiro do manjericão no líquido borbulhante. Peguei a panela e derramei o molho em outra panela, a que continha macarrão caseiro. Preparado completamente por mim, era minha especialidade. Fui até a sala e organizei a mesa para o almoço. Coloquei os descansos, os copos, servi uma porção de macarrão com queijo por cima de meu prato decorado e coloquei em cima da mesa. Olhei com deslumbre a minha mesa de almoço decorada, achando tão bonita. Gostava de tirar algum dia da semana para servir uma refeição gostosa e agradável a mim mesma.

Era o último dia útil da semana, e resolvi descansar um pouco desde que passamos os últimos dias treinando. Carlos consegue deixar o ambiente mais leve, mas Jill sempre pega muito pesado com os nossos treinos.

Sentei na cadeira da ponta, a minha favorita, enquanto começava a me deliciar com o sabor do macarrão, que misturava o ácido com o adocicado da melhor forma possível. Peguei meu celular para rolar um pouco nas redes sociais como forma de distração. Sabia que não era uma mania bonita, mas já era um costume. Notei que tinha uma notificação vindo do aplicativo de mensagens, e imaginei que pudesse ser da minha mãe ou então de tia Hannah. Quando cliquei para conferir, era de um número desconhecido.

Não possuía foto, então, inicialmente, não sabia de quem era. Abri a conversa e me deparei com três mensagens seguidas, que diziam:
"Oi! Dalia! Sou eu, Claire"
"Desculpa se te assustei, não consegui pegar seu número quando nos conhecemos hehehe"
"Tá ocupada hoje?"

Abri um sorriso quando li as mensagens, não esperava que ela fosse me procurar. Quando adicionei o contato, sua foto de perfil ficou visível a mim. Era uma selfie dela sorrindo, e seus cabelos estavam soltos. Ela era tão linda.

Sem muita demora, respondi.
"Claire! Não imaginei que você fosse pegar meu número"
"Como conseguiu ele?"
"Não, não tô ocupada, por quê?''

Sua resposta demorou alguns minutos para chegar, e enquanto isso, voltei a comer minha massa com calma, mas ainda sim curiosa para saber o motivo de sua pergunta.
Uma notificação apitou no meu celular e eu fui conferir a sua resposta.
"Digamos que eu tive que implorar pro meu irmão procurar nos seus documentos. :)"
"Perguntei porque queria te chamar pra dar uma volta comigo. Quer? To livre por hoje"

Eu fiquei muito feliz de saber que ela também tinha me achado uma boa companhia e que queria conversar comigo de novo. Eu precisava fazer novas amizades porque por ali ainda não conhecia ninguém próximo.

Respondi com um "Claro! Você quer me encontrar onde?", e depois marcamos um local exato e um horário. Ela indicou uma cafeteria, e eu me apressei para terminar a minha refeição e ir direto me arrumar.

Vesti uma roupa simples e usei alguns acessórios, como anéis, pulseiras e um colar dourado com um pingente de estrela, que eu tinha ganhado do meu pai quando criança. Parada na porta de entrada do meu apartamento, olhei ao redor para ter certeza de que não havia esquecido nada e então peguei minha bolsa no cabideiro e saí de casa.

•••

Enquanto atravessava a rua, admirava a fachada da cafeteria a qual me dirigia. Os tons de rosa pastel e cinza coloriam a minha visão, e eu conseguia avistar, conforme me aproximava, as mesas de madeira adornadas com pequenas flores e toalhas bem costuradas. Assisti Claire sentar em uma mesa, pegando em seu celular, provavelmente me mandando uma mensagem. Chegamos no mesmo horário. Entrei no estabelecimento cheiroso e aconchegante e me dirigi até a mesa em que ela estava. Quando me viu, ela guardou seu aparelho e me deu um sorriso. Ela se levantou da cadeira para me abraçar, e eu correspondi.

— Pensei que você ia demorar para chegar. Estava com vontade de tomar um expresso hoje — Claire disse, sentando-se novamente — Jill sabe fazer um delicioso, mas sempre que faço, parece chá. Não sei fazer o café mais básico.

Eu peguei o cardápio, analisando todos os tipos de bebida e sobremesas que estavam disponíveis, enquanto ria brevemente de sua fala.

— Eu não sou a maior fã de café. Só bebo gelado e com chocolate, aliás — Ela abriu a boca, em uma expressão surpresa — Tenho um paladar meio infantil.

Claire chama a atendente e educadamente faz seu pedido. Enquanto ela pediu um simples expresso, eu resolvi provar o mocha gelado de chocolate branco, acompanhado de waffles com calda de morango.

— Eu estive muito atarefada nas últimas semanas. Estava sedenta por café — Ela me disse, quando a funcionária saiu de perto da nossa mesa — O trabalho tem me sobrecarregado bastante. Voltei de viagem semana passada, aliás.

— Você deve estar cansada mesmo. Eu comecei recentemente, mas já precisei fazer alguns relatórios — Eu respondi, lembrando da noite anterior, a qual eu passei pelo menos duas horas apenas preenchendo fichas técnicas.

— Acho que deveríamos saber disso quando entramos para essa área. Eu gosto de cuidar das pessoas, me sinto bem sendo uma fonte de segurança para elas — Ela exala sua respiração de forma profunda — Mas investigar crimes bioterroristas e ter que lidar com pessoas infectadas não é a melhor das realidades. Mas e você? Porque decidiu seguir esse caminho? — Ela me pergunta.

— Foi por causa da minha tia. Ela trabalhava na B.S.A.A, e eu cresci assistindo os treinamentos dela, as histórias, e vendo o brilho no rosto dela sempre que conseguia salvar a vida de alguém. Acho que foi uma inspiração muito grande pra mim.

— Ela ainda está na ativa?

— Não. Ela se aposentou já faz um tempo. Há uns dois anos — Eu cortei um pedaço do meu waffle, arrastando-o na calda adocicada de morango e levando até a boca — Eu estou gostando da experiência. Ainda me sinto meio insegura pras missões, apesar de que podem acontecer a qualquer momento.

Ela bebeu mais um gole de seu café, acenando e arqueando as sobrancelhas.

— É verdade. Apesar de eu não estar na linha de frente como vocês, eu preciso estar disposta em qualquer horário do dia. Mas não precisa se assustar tanto assim, o seu esquadrão é muito capacitado.

Lambi meus lábios, sujos com o resquício da calda dos waffles e olhei para ela. Lembrei das poucas interações que tive com os membros da equipe, no meu primeiro dia. Todos eles pareceram muito amistosos.

— De fato, parecem profissionais ótimos. E pessoas legais também. Principalmente o Carlos e a Jill.

— Sim, eles são! — Ela se animou visivelmente, apoiando os cotovelos na mesa e inclinando seu corpo em minha direção, gesticulando — E você ainda nem conheceu todos. São ótimos no que fazem, alguns ali têm mais anos de experiência do que eu tenho de vida.

— Você deve ter uma longa história com eles, certo? Por causa do seu irmão.

— Pode acreditar que sim — Ela abriu mais ainda o sorriso — De certa forma, eu vim parar nesse meio da segurança por causa dele. Isso influenciou nas minhas amizades também. Por falar nele, eu o incluo na lista de pessoas legais da equipe, pode confiar em mim.

Sorri com o comentário de Claire. Eu não sabia muito sobre a história dos dois, a não ser o que descobri com minhas breves pesquisas, há alguns dias. Os dois eram órfãos, e só tinham um ao outro, desde jovens. Creio que o capitão tenha sido a maior referência de proteção para ela. Apesar da curiosidade, me senti receosa em perguntar mais sobre sua infância, sempre ficava com medo de ser invasiva demais.

— Ouvi dizer que os novatos sempre têm um pouco de medo dele no início. Eu não consegui nem ouvir o discurso dele de boas vindas até o final porque, sabe, tive um pequeno incidente no dia — Me referi ao episódio da menstruação, e ela riu com a lembrança da qual havia participado — Mas espero que ele não tenha achado que o desacatei.

— Eu espero que não — Ela soltou uma risada breve, e eu a acompanhei — Ele não é tão receptivo quanto os outros, mas não é tão ruim assim. Na verdade, Chris é sempre muito gentil e sempre está pronto para ajudar quem precise. Acho que peguei esse gênio dele.

Terminei de beber meu café, e posicionei o copo sujo perto do prato que contava apenas com farelos e um pouco de calda de morango. Sorri novamente para Claire, gostando do clima da conversa.

— Eu gostei daqui. Acho que vou voltar mais vezes — Olho ao redor, admirando o local.

Havia poucas pessoas, apenas um grupo de cinco amigas, rindo alto, mas não chegando ao ponto de incomodar, e uma idosa com uma criança no colo, provavelmente seu neto. Era um estabelecimento agradável, e as opções do cardápio eram aprovadas por uma formiga como eu, que ama doces.

— Eles abriram faz pouco tempo. Eu só vim aqui duas vezes antes de hoje, mas me apaixonei nos cafés — Ela concorda.

Continuamos conversando sobre assuntos triviais como cores favoritas, séries, filmes e música. Assuntos banais, que me fizeram conhecer mais sobre a mulher divertida e de mente aberta que era Claire Redfield. Quando mencionamos pagar a conta, a porta da cafeteria abriu e quando fui olhar quem era, me deparei com um rosto familiar.

— Jill! — Claire se levantou da cadeira, pegando a sua bolsa de ombro que estava apoiada no encosto.

Jill arqueou as sobrancelhas, surpresa por nos ver aqui. Foi uma coincidência e tanto. Ela andou até nós, trocando olhares com nós duas.

— Boa tarde, Claire. Dalia — Ela acenou para mim.

— Oi, Jill — Eu retribuí — Já estávamos saindo.

— Eu não ia ficar por muito tempo, só vim pedir um chá — Ela virou seu corpo em direção a Claire, agora se dirigindo a ela — Deixei suas chaves dentro do carro, te entrego depois.

— Eu te disse que podiam ficar com você. Não precisava se preocupar — Claire respondeu, indo até o caixa finalizar seu pedido, sendo seguida por mim e por Jill, que agora nos acompanhava.

Jill realizou seu pedido no balcão, enquanto eu e Claire pagávamos. Eu não entendi sobre o que estavam falando, mas resolvi não me meter, assumindo que devia ser algo banal.

— E eu disse que ia te devolver. Se ficassem comigo, eu teria esquecido de te entregar e elas seriam minhas, definitivamente.

— O que você poderia fazer com elas? Invadir minha casa na madrugada? — Claire recebe o troco com a funcionária do caixa e então se vira para ela, guardando as notas na sua bolsa.

— Você sabe que eu não preciso invadir, Claire.

Claire desviou o olhar dela, e eu me senti metaforicamente espremida entre as duas. Era uma tensão óbvia, e sem perceber, eu franzia minhas próprias sobrancelhas enquanto pensava nas possibilidades de relações que as duas podiam manter. O nome ‘’Valentine’’ foi chamado no balcão e ela se dirigiu até lá para buscar seu pedido. Eu encarava o chão, esperando por alguma atitude de alguma das duas. Não sabia se Claire desejaria ir embora com Jill, agora que esta havia se juntado a nós. Esperei um pouco mais para perguntar e então, me despedir.

Quando Jill chegou perto de nós, novamente, o toque de seu celular vibrou e ela se apressou em pegá-lo para verificar quem estava chamando. Depois de o posicionar no ouvido para atender, sua expressão mudou rapidamente. Ela passou de uma mais tranquila para uma séria.

Ela murmurou um ‘’estamos indo’’ e desligou a chamada.

— Chris marcou uma reunião agora, na base. Preciso ir — Ela se virou para mim — E você vem junto.

— Ele não disse o motivo?

— Disse que tem novas informações sobre o caso que estamos lidando. Não posso dar detalhes agora, não é o melhor local. Mas ele disse que era urgente.

Eu inspirei profundamente, me preparando para quaisquer que fossem as situações que eu precisaria lidar a partir de agora, por mais desafiantes que fossem. Eu concordei, em um aceno com a cabeça, e antes de ir embora com Jill, me despedi de Claire. Ela me deu um abraço forte e disse que iria dar tudo certo.

Precisaria mesmo que isso fosse verdade.