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A promise from the heart

Summary:

Bumblebee nota que após seu retorno, Twitch parece estar sempre alerta e teme perdê-lo mais uma vez. Como professor e amigo, ele decide que não pode deixá-la sofrer.

Work Text:

You’re my friend

I couldn’t ask for more

We’ll be fine- Epic the musical

 

Bumblebee sente um pouco de culpa por querer ficar sozinho.

Depois de estar completamente sozinho por quinze anos, ele não vê motivos para reclamar de ter uma família. Claro, foi inesperado e assustador no começo e Bumblebee se viu sobrecarregado por afeição e alegria vindas de crianças, mas também ficou feliz. 

Isso foi até a briga com Grimlock.

Deixar Breakdown para trás foi doloroso, fugir da GHOST foi um desafio. Não poder se despedir das crianças foi assustador.

Não houve um único dia em que seu processador teimoso não o levasse de volta a fazenda dos Malto, não houve um único dia em que ele não fechasse os olhos apenas para sentir novamente, mesmo que somente na imaginação, a grama macia sob os dígitos e o cheiro forte da comida de Alex. Ele sonhou com as risadas das crianças, sonhou com um reencontro e como poderia se desculpar por desaparecer.

Mais de uma vez ele se pegou cantarolando uma música que Thrash adora, batendo os dígitos no joelho e imaginando as risadas de Twitch ao ver a cena. Mais de uma vez ele sentiu falta da voz de Nightshade tagarelando sem parar enquanto Hashtag ouvia com atenção, o calor dos abraços de Jawbreaker foi algo que ele realmente sentiu falta.

Tê-los de volta e estar de volta a casa da fazenda foi, no mínimo, incrível. Pelo menos por um tempo.

Nos primeiros dias, ele não se importou em ser seguido, agarrado e apertado como um bicho de pelúcia. As crianças, assustadas e cheias de saudade, o seguiam como filhotes de pato seguem sua mãe e ele não conseguiu -e não quis- afastá-las nesse período, não quando todos pareciam tão felizes com o retorno.

Com o tempo, todos pareceram entender que Bumblebee não iria embora e se afastaram um pouco. Bumblebee não se importa de passar horas sozinho se eles estiverem por perto e as crianças, agora mais calmas e não apavoradas como nos primeiros dias, também parecem ter se acalmado.

Todas exceto Twitch.

A jovem Terran parece ser a mais assustada entre os irmãos e embora Bumblebee entenda, está se tornando um pouco cansativo. Ele é um soldado, um batedor e passou longos quinze anos sozinho antes de ter todas essas crianças sob sua tutela. Mesmo ele precisa de um tempo sozinho de vez em quando, mas Twitch não parece entender.

Não importa o dia, lugar ou hora, Twich está sempre lá, como uma sombra. A ótica laranja que Bumblebee tanto ama agora não possui mais uma alegria inocente, mas uma ansiedade e medo que o faz lembrar de seu próprio passado. É doloroso ver como sua ausência a abalou, uma criança que não deveria se preocupar com nada além de seu treinamento e em passar o dia com seus irmãos.

Tudo chega ao limite quando, em um dia ensolarado, Twitch quase desmaia de cansaço durante o treinamento. Os reflexos de Bumblebee se mostram úteis quando ele consegue agarrá-la antes de cair no chão, mas ela mal se move em seus braços e não reclama quando é colocada na cama.

“Isso está ficando preocupante” Bumblebee murmura, deixando a Terran no celeiro sob o cuidado dos irmãos, longe da grama e do sol “Ela está exausta.”

Dot suspira, um suspiro cansado e preocupado que o lembra de Optimus. A fase rebelde de Bumblebee foi definitivamente um teste, e ele quase ri ao lembrar de como o Prime parecia exausto como Dot parece agora.

“Ela vai ficar bem depois de algumas horas de sono, mas precisamos falar com ela sobre tudo...isso.”

“Eu sei, Dot, mas como posso ajudar quando ela parece sempre tão assustada?” Cybertronianos não precisam respirar, mas o suspiro de Bumblebee é quase humano ao falar “Ela parece estar sempre com medo e eu só...estou preocupado.”

Alex se aproxima do amigo gigante e senta ao lado de Bumblebee com as pernas cruzadas e costas apoiadas em uma perna enorme, tão pequeno quanto uma formiga seria para um humano. O toque físico ainda é um pouco assustador depois de anos de isolamento, mas Bumblebee não os afasta quando Dot se junta ao marido.

“Sabe, ela ficou muito assustada com seu desaparecimento” Alex começa, batendo levemente na pintura amarela “Ela o vê como amigo e guia, então não ter você por perto foi assustador para ela.”

O processador de Bumblebee o faz ver outro bot no lugar de Alex, um bot rabugento, um pouco agressivo e que elenão vê há muito, muito tempo. Ele pode rir com a ideia de comparar Ratchet a um humano, mas não consegue deixar de pensar nele ou no som de sua voz.

É uma memória nebulosa, tão distante que quase se perde, mas ainda está lá. A voz preocupada e irritada de Ratchet ainda ecoa em seu processador e ele lembra que era muito jovem na época, jovem o bastante para ser carregado por Jazz. O pobre bot se encolhia com Bumblebee nos braços, com medo de ser alvo da ira do médico. Optimus não tinha essa proteção e mesmo ferido, levava uma bronca que o fazia parecer um jovem assustado.

Você é o mentor e guia dele. Se morrer, como acha que ele ficará?!”

Talvez Ratchet tenha usado alguns palavrões e talvez Optimus tenha saído do medbay com o elmo dolorido.

Bumblebee suspira, a centelha doendo de saudade. Talvez ele possa ligar para o médico depois, mesmo que isso signifique ter um belo amassado no elmo mais tarde.

“Você está sorrindo” Dot aponta com sobrancelhas erguidas, genuinamente confusa com a expressão nostálgica no rosto do cybertroniano.

“É” Bumblebee murmura, balançando o elmo para os lados para afastar as lembranças “Só...lembrando de algumas coisas. Talvez Twitch não seja tão diferente de mim.”

Sou o mentor dela. Não deveria estar surpreso.

Não quando ele estava lá pouco depois de seu nascimento, não quando ela o encara com tanta admiração, pronta para segui-lo até os confins da terra. É claro que ela é parecida com ele.

“Alex, Dot” Ele diz, chamando a atenção dos dois humanos que mais parecem bonecos perto dele “Amanhã falarei com Twitch, mas preciso fazer isso com ela estando sozinha.”

Ele se sente um pouco mal por excluir as crianças, mas tentar falar com Twitch com seus irmãos por perto só tornará tudo mais difícil, mais caótico. Eles amam Twitch e farão perguntas, preocupados demais para ficar quietos e podendo deixá-la desconfortável a ponto de não falar nada.

E então todo o trabalho será em vão.

Então não, ele não pode falar com Twitch e acalmar mais seis crianças ao mesmo tempo.

Dot hesita. 

Ser amiga de Megatron lhe ensinou que veteranos de guerra cybertronianos são péssimos com emoções e o peso por trás de cada uma delas. Bumblebee é um soldado, um soldado muito mais velho que qualquer um na fazenda e e com mais experiência que ela, mesmo que para Optimus ele ainda seja, de certa forma, o filhote que criou e amou.

Bumblebee tem traumas e marcas tão profundas que recusa a falar de qualquer uma delas, trancando-as em sua centelha e não permitindo que os Malto vejam qualquer uma delas. Mas ele também é um professor, um dos autobots mais jovens e uma das almas mais gentis e divertidas que ela já teve o prazer de conhecer.

Twitch o admira, o imita como um pequeno clone e anseia por sua aprovação. Ela precisa ouvir dele que tudo está bem, precisa ver alguém que entende os medos que somente ela e Bumblebee parecem ter. Dot não pode acalmá-la quando a principal fonte de sua angustia é o bot amarelo. 

Ela suspira com a pequena culpa que se acumula ao pensar em separar seus filhos. Thrash pode ser o mais teimoso entre eles e provavelmente insistirá em seguir sua gêmea, mas ela precisa de tempo a sós com Bumblebee e precisa de uma conversa com ele. Mesmo que a conversa seja um segredo entre os dois e mesmo que Dot jamais ouça as palavras ditas entre eles, por Twitch vale a pena.

Dot fecha os olhos e apoia a cabeça na perna de Bumblebee, batendo duas vezes com o punho fechado na pintura amarela. Bumblebee não diz, mas não sente nada depois do soco.

“Tudo bem.”

“Obrigado.”

Alex se limita a sorrir para ele e toda a sua concentração se volta para o chá em suas mãos. Com a permissão de Dot e a aprovação de Alex, a ansiedade de Bumblebee começa a consumi-lo.

Ele realmente precisa ligar para Ratchet.

.

Ficar sozinho com Twitch é, surpreendentemente, fácil.

Bumblebee não faz perguntas quando todas as crianças desaparecem com Dot e Alex, assim como não se concentra na mensagem de “vamos resolver isso para você” de Optimus. A conversa com o Prime pode esperar até o dia seguinte, quando Bumblebee não estiver ocupado com Twitch e estiver pronto para realmente falar com Optimus sem reviver memórias que devem permanecer enterradas.

Ele não precisa inventar uma boa desculpa para atrair Twitch. Ele só precisa anunciar de forma alta -e um tanto escandalosa- que passará a tarde treinando na floresta. Twitch sequer hesita antes de segui-lo em sua forma transformada, mal se escondendo entre as folhas das árvores. Twitch gosta da floresta, sempre gostou, mas seu foco agora está em Bumblebee, totalmente alheia ao ambiente ao seu redor.

Seus irmãos são levados por Optimus minutos depois de eles saírem. Longe da casa e longe da família barulhenta, o único som presente é o da natureza ao redor deles e dos motores exaustos e ansiosos da Terran.

Exausta, ela mal mantém seu silêncio e isso deixa Bumblebee ainda mais preocupado. A criança parece prestes a bater em cada galho de árvore conforme ela o segue, tremendo durante seu voo instável.

Ele entende as broncas dos adultos para o jovem Bumblebee agora. Ele deve desculpas aos colegas mais velhos.

Diante dele, uma bela paisagem surge. A cachoeira que eles costumam visitar sempre que as crianças ficam entediadas surge entre as árvores e com um sorriso cansado, Bumblebee caminha até a grama verde próxima a beirada, mas longe o bastante para não ceder ao peso de um cybertroniano adulto.

Sentado na grama macia com as asas próximas a uma grande pedra, Bumblebee cruza as pernas e deixa os ombros caírem após uma respiração profunda. O motor de Twitch para de fazer barulho, mas logo seus passos leves substituem o barulho atrás do batedor.

“Twitch” Bumblebee chama, olhando para trás sobre um ombro amarelo “Eu sei que você está ai.”

A criança surge de seu esconderijo em um arbusto, encolhida com os ombros baixos e uma ótica cheia de culpa. Bumblebee sorri carinhosamente para ela, batendo na grama ao lado dele com um grande servo.

“Não estou bravo” Ele garante, e o medo parecer deixar Twitch “Venha, sente-se ao meu lado.”

A jovem se aproxima com passos rápidos e nervosos, como se Bumblebee fosse uma espécie de general dando uma ordem, não fazendo um pedido. Ela senta ao lado do bot mais velho com um barulho alto, postura rígida como a de um jovem soldado pronto para a guerra.

Que deja vu.

Bumblebee a cutuca suavemente com um digito, tentando não usar força demais. Ele sabe, através de colegas, que apesar de pequeno, sua força não é algo a ser subestimado. Twitch se encolhe um pouco e Bumblebee, ignorando a dor em sua faísca, oferece uma grande de energon adocicado para a criança. O doce dado por Arcee horas antes faz a denta de Bumblebee doer só de olhar para aquilo, mas vale a pena se fizer Twitch feliz.

Ele ignora o “nem ouse colocar isso na boca” com a voz de Ratchet em seu processador. Se pensar demais, ele sentirá o gosto doce na boca e o abraço caloroso, junto ao bufo irritado do médico.

A jovem aceita com hesitação, mas sua ótica laranja brilha na primeira mordida. O batedor ri baixinho ao vê-la devorar o doce com mordidas rápidas e bagunçadas, mal mastigando o doce antes de engolir.

Essa é a Twitch que ele gosta de ver. A criança bagunceira, rebelde e divertida que faz Bumblebee revirar os olhos, mas que também lhe arranca gargalhadas sem se esforçar.

Twitch ainda tem uma postura tensa ao terminar o doce, mas está um pouco mais relaxada que antes. Suas asas tremem levemente, um pouco ansiosas e ela ainda se encolhe, olhando para a paisagem diante deles.

Com um suspiro, ele a cutuca novamente.

“Twitch, podemos conversar?” Ele pergunta gentilmente, vendo como a ótica da jovem se arregala “Você não está encrencada, só quero falar com você. Posso?”

A ótica da pequena se volta para a cachoeira diante deles, brilhando sob o sol. Bumblebee quase pode ver seu processador trabalhando a todo vapor com a pergunta direta, mas muito difícil do professor.

Seu olhar se volta para as árvores, para a cachoeira novamente e então para Bumblebee. Ela move a cabeça para cima e para baixo antes de olhar novamente para a água, incapaz de olhar diretamente para o batedor, como se fosse doloroso sequer encarar Bumblebee diretamente.

Ele deseja abraçar Twitch, mas ainda não.

“Notei que você anda mais cansada e parece estar sempre perto de mim” Twitch move os pedes para os lados, dígitos beliscando uns aos outros “Você está bem, querida? Pode falar comigo, não ficarei bravo.”

A ótica da pequena está firmemente voltada para o chão e seus servos estão juntos, com dígitos tão entrelaçados que chegam a fazer barulho ao tremerem.

Nessa posição e nessa situação, ele vê o quão pequena Twitch realmente é. Bumblebee é um dos menores bots de toda a equipe, mas essa criança é ainda menor, mais frágil e mais inexperiente. O desejo de protege-la só cresce dentro do batedor e ele precisa se conter para não prender Twitch em um abraço.

É olhando para ela que ele vê uma criancinha, uma criança assustada e confusa. Twicth solta uma espécie de resmungo, rígida e com a ótica nunca se voltando para ele.  

“Você vai embora de novo?”

Oh.

Um soco de Megatron teria doido menos.

A voz trêmula de Twitch o atinge mais forte que qualquer tiro ou soco que ele já levou na vida, dói mais que qualquer ataque vindo dos Decepticons. O peso que se instala em sua centelha é sufocante, doloroso e ele se pergunta se é assim que um cuidador se sente diante da tristeza de um filhote.

Impotente.

Twitch, essa espumante alegre, deveria olhar para ele com raiva e gritar com ele, deveria ter confiança o suficiente para gritar sem teme-lo. A criança sequer consegue encará-lo, triste e amuada como nunca deveria estar. Ela deveria olha-lo com raiva e falar sem medo, ela deveria confiar nele sem hesitação. Mas não.

Twitch tem medo de ser abandonada. Sua centelha jovem e inocente está repleta de pavor e Bumblebee percebe que ele falhou em trazer para ela a segurança que Twitch tanto merece.

“Não, Twitch” Ele murmura, tentando manter a voz firme, mas gentil “Eu continuarei aqui enquanto você e seus irmãos precisarem de mim.”

O elmo de Twitch se vira para ele e Bumblebee observa, com a centelha destroçada, a forma como ela treme e como sua ótica sempre alegre brilha com lágrimas mal contidas. O lábio inferior da criança treme, com seus ombros se movendo em meio a soluços mal contidos.

“E quando não precisarmos mais? Você ainda estará aqui?”

Bumblebee pisca, confuso.

“Como assim, Twitch?”

A jovem move o elmo para os lados, segurando o choro com toda a determinação que sua pequena centelha possui, mesmo que seja difícil manter essa determinação conforme o tempo passa. O tremor em sua pequena armadura aumenta de forma preocupante e Bumblebee espera pelas lágrimas, mas elas não chegam.

 “Eu-“ A voz da espumante treme, Bumblebee escuta um som semelhante ao de um humano limpando a garganta “Eu conversei com Megatron sobre algumas coisas, sobre Cybertron.”

Bumblebee sente-se um pouco culpado por temer o conteúdo da conversa. Megatron não é mais um ditador e Bumblebee sabe disso, ele sabe que ele nunca machucaria nenhuma das crianças. Megatron se assemelha mais a um tio divertido e infantil, mas essa é a visão que os Malto tem dele.

Bumblebee não o vê assim.

As vezes, pelo canto da ótica e em momentos inoportunos, ele vê o velho e cruel Megatron. O Megatron que atiraria em um autobot sem hesitar, o Megatron que o feriu mais de uma vez.

O Megatron que riu dele ao vê-lo à beira da morte.

Bumblebee fecha os servos com força, o aperto servindo como uma ancora e arrastando-o para longe da nevoa das lembranças dolorosas da guerra. Ele foca o olhar em Twitch, a pequena espumante que parece tê-lo enrolado em seus dígitos.

“E sobre o que vocês conversaram?”

 “O tempo de vida dos cybertronianos, sobre como podemos viver por eras” Ela pisca, não conseguindo mais conter as lágrimas “Todos os humanos que conheço morrerão, mas eu ainda estarei viva.” 

Twitch limpa as lágrimas com servos descuidados, mas elas não param e seu trabalho é em vão.

“Meus irmãos e eu continuaremos vivos, talvez não tanto quanto um cybertroniano de verdade, mas ainda podemos viver muito mais que os humanos” Sua ótica molhada se volta para Bumblebee e há tanta tristeza nela que Bumblebee quase desvia o olhar “E então você sumiu e eu só...”

“Twitch-“

 “Você ainda viverá muito, mas é mais velho que todos nós. E se você...se você...”

Ela não consegue dizer a palavra, mas Bumblebee ainda a entende.

“Oh Twitch...”

“Eu não quero que você vá embora de novo. Eu não quero perder você de novo” Twitch agora soluça, tão alto que a floresta parece fazer seus sons ecoarem e Bumblebee é grato por toda a família estar longe “Eu tentei ser uma líder como você, mas não consegui. Eu quero você por perto, eu quero você por perto mesmo quando for uma adulta e não precisar mais de você!”

Frag.

Bumblebee não se contém e dessa vez agarra a jovem, puxando-a para um abraço. O corpo menor de Twitch afunda contra ele, com os braços de Bumblebee cobrindo-a quase completamente em um casulo protetor. Ele pressiona o elmo vermelho contra o pescoço e deixa que Twitch soluce contra ele como um newspark.

Uma criança com medo da morte, uma criança com medo de ser abandonada. Bumblebee uma vez disse que gostaria que as crianças fossem um pouco mais parecidas com ele, mas ele deseja retirar essas palavras.

Ele não queria ver em Twitch a criança assustada que ele um dia foi.

Ela não é um soldado em tempos de guerra, ela não é um espumante apavorado e faminto em tempos difíceis. Ela nasceu em tempos de paz, ela tem uma família e Bumblebee conseguiu machuca-la de forma que ela agora teme não por sua própria vida, mas pela dele.

Essa criança, que foi uma das coisas mais divertidas e maravilhosas que ele já viu, agora chora com a tristeza de um adulto em sua voz infantil.

Twitch chora pelo o que devem ser horas, o suficiente para que o céu acima deles comece a se encher de estrias, a lua sendo sua única fonte de luz. Bumblebee não a solta até que seu choro cesse e apenas soluços sejam deixados para trás.

Os braços de Bumblebee se afrouxam ao redor da criança, mas ele não afasta a criança e deixa que Twitch apoie o elmo vermelho em seu chassi, próximo da centelha viva de Bumblebee.

Ele acaricia o elmo pequeno e, baseando-se em uma lembrança distante um cuidador amoroso, usa o próprio motor como uma espécie de ruido branco com o objetivo de acalmar a pequena. Twitch praticamente derrete contra ele.

“Twitch” Ele murmura, apoiando o queixo no elmo menor “Eu sinto muito por tudo. Eu precisei desaparecer, era perigoso e sinto muito por magoar você.”

Twitch não responde, mas se agarra ainda mais a ele.

“Fiquei realmente triste quando precisei ir embora. Mas eu juro, Twitch, não houve um único dia em que não pensei em vocês.”

“Mesmo?”

“Mesmo” Bumblebee ri baixinho “Eu pensava em vocês todos os dias, fiquei preocupado e torci para não encontrar o celeiro pegando fogo quando voltasse” Twitch responde com uma risada própria Fiquei muito feliz quando vocês invadiram aquele ringue, mesmo que estivesse preocupado com sua segurança.”

Pensar nessa criança e em todas as outras em meio a uma briga tão perigosa ainda pode deixa-lo apavorado.

“Mas não posso mentir para você” Ele murmura com a voz um pouco mais séria, afastando Twitch apenas o suficiente para olhar em sua ótica cansada e ainda molhada “Sou mais velho e um dia, assim como os humanos, não estarei mais aqui.”

Mais lágrimas enchem os olhos de Twitch e dessa vez ela chora silenciosamente. Bumblebee usa um servo para segurar o elmo da pequena com cuidado, permitindo que ela se apoie em seu servo com a ótica focada nele.

“Mas Twitch, isso ainda vai demorar muito” Ele sorri gentilmente, acariciando as placas faciais da jovem com cuidado “Ainda estarei aqui por muito tempo e sua família também. Mas se isso lhe trás paz, eu juro não deixar você ou seus irmãos mesmo depois que vocês forem velhos e não precisarem mais de mim.”

Twitch move o elmo para os lados teimosamente.

“Nós sempre precisaremos de você!”

A ótica de Bumblebee suaviza e ele sorri de forma doce, tocado pelas palavras raivosas, mas sinceras.

“Então estarei por perto mesmo quando vocês forem adultos.”

“Promete?”

É uma pergunta inocente, tão sincera e tão cheia de esperança que Bumblebee pode fazer qualquer coisa para dar a Twitch o que ela quer. Essa criança o estima e o quer por perto, ela o quer não como batedor ou soldado, mas por quem ele é.

“Prometo. Juro ficar por perto pelo tempo que você me quiser, sejam séculos ou milênios.”

O sorriso de Twitch ilumina a floresta mais que do que a lua cheia acima deles, mais do que qualquer sol ou estrelas nesse universo ainda não totalmente explorado. Com um sorriso próprio, Bumblebee a segura com os servos próximos ao chassi pequeno.

Quando os dígitos escorregam para os lados da espumante, ela grita.

O grito alegre se transforma em uma risada assustada e alegre como ele não ouve desde o inicio dessa confusão. A ótica laranja se fecha e sua boca se abre em uma risada aberta, tentanto afastar os dígitos do professor e amigo.

“Você precisa parar de me seguir como uma sombra!”

“Tudo bem!”

As cocegas param tão rápido quanto começaram e Twitch parece respirar fundo, mesmo que ela não precise. Bumblebee deixa que sua própria risada responda a dela e, com um leve aperto em seu elmo, fica de pé com Twitch nos braços.

Ela se permite ser elevada e colocada sobre os ombros amarelos do batedor, sentada com o elmo sobre o dele e servos abaixo do queixo do batedor. Bumblebee caminha lentamente em direção a casa da fazenda, deixando que o céu estrelado os cubra e que Twitch o agarre com sua tagarelice restaurada.

Ele não se importa com as perguntas frenéticas sobre sua época como um jovem soldado, respondendo com humor e histórias que antes mantinha em seu próprio processador. Twitch parece quase maravilhada, curiosa sobre a versão mais jovem de Bumblebee que era tão infantil quanto ela.

Chegando a casa da fazenda, eles podem ver a família reunida em uma espécie de churrasco noturno com Megatron e Optimus tentando manter seis crianças entretidas.

“Twitch, Bee!”

O grito alegre de Thrash alerta todos na fazenda e antes que Bumblebee possa entender o que está acontecendo, Twitch pula de seus ombros para se juntar ao grande grupo de irmãos. Bumblebee ri, escolhendo se juntar ao pequeno grupo de adultos cansados, mas felizes.

“Como foi?” Alex pergunta quando ele senta ao lado da churrasqueira.

“Foi ótimo” Bumblebee responde com simplicidade, evitando o olhar do Prime próximo a ele. Eles terão sua própria conversa, mas não hoje, não com crianças por perto “Acho que ficaremos bem.”

Alex se vira para ele e mesmo Megatron parece curioso, mas a respota vem não com palavras do batedor, mas com um abraço.

Nenhum deles vê Twitch chegando até que ela agarre Bumblebee em um abraço forte pelo pescoço. Ele se assusta por um momento, mas logo volta a sorrir e corresponde com a mesma força.

“Obrigada” Ela sussurra próximo ao receptor de áudio de Bumblebee, com gratidão genuína em sua voz “Eu adorei passar o dia com você hoje.”

“De nada, Twitch” Ele sussurra de volta, apertando-a brevemente “Se quiser passar o dia comigo de novo, é só pedir.’’

A jovem se afasta e voa de volta para seus irmãos, se envolvendo em uma brincadeira que Bumblebee sabe que terminará com ela recarregando por horas depois de dias de pouco descanso.

Os sorrisos do casal Malto, de Megatron e Optimus são enormes e Bumblebee desvia o olhar para a grama com as placas faciais quentes, surpreso e envergonhado com os olhares na direção dele.

“Isso foi adorável” Alex diz com um sorriso orgulhoso, mas com um pouco de malícia em sua voz.

“Alex!”