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União Fantasma - Ghostbound Family

Summary:

Aiko jamais imaginou terminar como um fantasma preso a um bracelete. Antes, podia vagar livre por Konoha, agora com o bracelete rachado não consegue sair de perto do objeto como se existisse um campo de força envolta dela. E o pior? um menino loiro de olhos azuis o encontrou e agora o carrega no pulso como um simples tesouro

Notes:

Aqui esta a história na minha língua original, pelo que eu me lembre não tem tantos brasileiros usando o site, então isso é mais para os meus amigos poderem ler

Chapter Text

O bracelete jazia entre ferrugem e podridão, sua safira central rachada,

Aiko estava começando a achar que estava desenvolvendo claustrofobia. Mesmo ao ar livre, sentia-se pressionada. O fato de não poder sair daquele pequeno espaço era horrível, prisoneiros em konoha tinham mais liberdade que ela. Mesmo tentando mover o bracelete, suas mãos tentavam obsessivamente agarrar o metal, sabendo ser inútil, ela apenas o atravessava. Depois de várias falhas, desistiu. Pela milésima vez, observava a clareira onde estava.

Não era comum pessoas passarem ali. Mas hoje havia vozes, Um grupo brincava de esconde-esconde: algumas fáceis de encontrar (como a que gritava 'Não me achem!' de um arbusto ralo), outras boas, como a garota que escalava uma árvore com agilidade, desaparecendo na copa

Mas o que chamou a atenção foi um garoto loiro, o mesmo que às vezes vagava ali sozinho. Ele se escondia, mas não como os outros: parecia observar. Tomou coragem e saiu do esconderijo, caminhando hesitantemente em direção ao grupo. Foi visto por quem procurava e outro já achado. Os sorrisos murcharam

Cochichos começaram entre si e um deles deu um passo à frente."Minha mãe disse que não posso brincar com você"

Naruto parou, o olhar de esperança na criança loira sumiu, sendo substituído por um de tristeza. Seus dedos se enrolaram na barra da camisa, sendo ela o dobro do tamanho que deveria servir no menino. Com lágrimas começando a se formar, o garoto correu sem ver para onde ia e logo tropeçou pé torcido em uma raiz. Caindo direto em um tapete de folhas mortas se fazendo elas se espalharem.

 

Naruto sentou-se, sacudindo terra dos cabelos. Viu então: sob as folhas que cobriam suas mãos, algo azul cintilava. Seus dedos desenterraram o metal frio. Ao tocá-lo, um calafrio percorreu-lhe a espinha não ruim, apenas... uma presença próxima.

O bracelete serpenteava pelo punho com espirais duplas entrelaçadas, formando arabesco. Cada espiral era entalhada com símbolos desconhecidos. No centro, uma espiral de metal cercava uma safira ovalada azul-celeste rachada ao meio.

Naruto sorriu e o colocou no pulso. Uma companhia há mais era sempre bom, afinal, nem sempre o Jiji ou Iruka-sensei podiam estar com ele.

Olhou em volta, temendo que as crianças vissem seu tesouro e o tomassem. Mas a clareira estava vazia. Sem pensar, foi para casa, sem saber que arrastava um fantasma obrigada a segui-lo.

 

*  *  *

 

O apartamento cheirava a madeira úmida e tempero de lamen. Naruto empurrou a porta com o pé até ela bater no batente e se fechar, e jogou a mochila no chão. O apartamento estava bagunçado, roupas espalhadas, tigelas sujas empilhadas na pia, papéis amassados pelo chão, ainda assim, com um pouco de organização, poderia se tornar um lugar aconchegante.

"Estou de volta…" murmurou para si e as paredes vazias.

A barriga de Naruto roncou alto. Encheu uma panela pequena e acendeu o fogo. Enquanto esperava a água ferver, encarou o bracelete, o metal gasto, as espirais cobertas de ferrugem, a safira partida, Ele decidiu limpá-lo. Pegou uma batata cortada, esfregou sal e limão, e começou a passar sobre o metal, como vira um vendedor ambulante fazer uma vez.

Falava sozinho enquanto esfregava, hábito antigo para quebrar o silêncio:
"Hoje eu fiz uma bomba de glitter para um vendedor de tinta hoje… Ele não quis vender para mim, então redecorei a barraca dele.…"

Ele sorriu para si, lembrando-se da cena
"Aposto que não vão descobrir que fui eu… espero."

Deixou a pulseira coberta com a pasta ácida descansar enquanto terminava de preparar o lamen. A cozinha estava impregnada com o rico aroma do caldo, mas quando voltou a tocar o metal para tirar o excesso, algo gelado percorreu-lhe a espinha.

"Tu gosta de morar em um chiqueiro, né pirralho?"

A voz feminina ecoou clara e cortante, como se falasse bem ao lado dele.

Naruto soltou o bracelete com um susto; o objeto rolou até a beirada da mesa. Ao mesmo tempo, a tigela de ramen que equilibrava na mão tombou, derramando caldo fumegante no chão.

"F-Fantasma?! " Gaguejou, a voz dele saiu mais aguda do que gostaria, girando a cabeça, procurando a origem.

"Não, e a tua mãe, o que mais seria garoto?" retrucou à voz, carregada de sarcasmo.

Diante dos olhos arregalados de Naruto, uma névoa fina começou a se formar perto da janela, tomando forma aos poucos até revelar uma figura feminina translúcida azulada. Olhos claros fixaram-se nele com intensidade, sua expressão que misturava tédio e curiosidade.

As pernas de Naruto tremiam. Lembrou-se das histórias sobre espíritos que puxavam crianças para o submundo.

Naruto recuou um passo.
"Quem… o que é você?"

"Eu é que te pergunto moleque quem é você e porque você me trouxe aqui" retrucou a aparição, cruzando os braços.

Ele recuou mais um passo
"F-f-fica longe de mim! Eu não quero você aqui "

"Azar o seu" ela deu um meio sorriso, como se estivesse se divertindo com o terror dele. "Porque eu não posso ir a nenhum outro lugar."

O vento da noite entrou pela janela aberta fazendo as cortinas balançarem, Naruto engoliu seco, sentindo o frio subir pela espinha, mas... algo na expressão dela o fez hesitar. Ele percebeu o cansaço por trás do sorriso irônico. O sarcasmo não chegava aos seus olhos.

"Olha, garoto, se você realmente quer se livrar de mim..."

"Naruto" interrompeu o garoto. Quando apenas recebeu um olhar confuso em resposta repetiu

"Naruto", interrompeu o garoto. Quando ela apenas pareceu confusa, ele repetiu: "Meu nome é Naruto Uzumaki." Ele endireitou os ombros, tentando parecer mais corajoso do que se sentia.

Por uma fração de segundo, os olhos do fantasma se arregalaram, mas com a mesma rapidez, sua expressão se suavizou. O espírito suspirou, a intensidade momentânea se esvaindo. "Tudo bem, Naruto. Como eu disse, se você quiser que eu vá embora, é só jogar a pulseira."
Instintivamente, sua mão se fechou de forma protetora em volta do metal. Esse objeto rejeitado que ele havia resgatado... era dele. Ele o agarrou contra o peito, temendo que ela o roubasse. "Não! Encontrei onde ninguém se importava... Agora é meu."

 

A figura feminina arqueou uma sobrancelha, intrigada." Você tá dizendo que prefere ser assombrado por um fantasma do que se livrar do bracelete?"

"Eu não gosto de fantasmas…" Naruto respondeu, virando o rosto, mas sua voz trêmula o traiu que não estava tão certo assim. "Só que… eu prefiro dar propósito para coisas que ninguém quer."

Ela piscou lentamente, analisando o garoto que a pouco estava assustado antes e agora se mantinha firme. Uma risada seca escapou dela.

 

" Hmph… você é esquisito."
"E você é mal-educada." retrucou ele, cruzando os braços

Um breve silêncio se instalou, apenas o som das cortinas batendo com o vento preenchendo o quarto, O medo de Naruto estava lentamente dando lugar à curiosidade.

"Qual é o seu nome?"

"Aiko." Respondeu enquanto vagava distraidamente pelo quarto

"Então... você vai ser tipo minha colega de quarto agora?"

Aiko fez uma careta e olhou a bagunça a sua volta "como você vai ficar com a pulseira vou, estou presa nesse chiqueiro que você chama de casa."

"Limpe você mesmo se está tão ruim!", desafiou ele.

O fantasma o encarou. Então, estendeu a mão para pegar uma tigela suja. Sua mão passou pela porcelana e, em seguida, deliberadamente pelas costelas de Naruto. Ele gritou quando um frio fantasma tomou conta de seus pulmões.

 

"Agora me diga pirralho como caralhos eu vou limpar essa imundícia, se eu não posso tocar nada? Mexa-se e vai limpando logo... e começa jogando fora essas tigelas fedorentas." Seu tom de voz não dava argumentar, Naruto bufou, mas começou a recolher os recipientes vazios.

 

Horas depois, após limpar conforme o padrão brutal de "mínimo" de Aiko (o que significava o apartamento inteiro), ele suspirou exausto e foi buscar outra tigela para refazer seu ramen. Ele a olhou de canto, quase esperando que ela desaparecesse. Aiko apenas flutuou perto da janela, observando-o em silêncio.

 

Quando terminou de comer raspando o último macarrão da tigela, limpou a boca com as costas da mão e murmurou:

"Se você for ficar... tente não aparecer assim."
"Sem promessas, loirinho." ela murmurou com um leve sorriso irônico antes de se dissolver em névoa antes que ele pudesse protestar.

Naruto ficou sozinho outra vez, mas agora o silêncio parecia… diferente.

* * *

O sol mal tinha subido e Naruto já corria, atrasado como sempre, com o bracelete escondido sob a manga do casaco. Aiko, flutuava ao lado dele.

"Você realmente estuda nesse lugar? Nunca pensei que você fosse do tipo que gostaria de se tornar shinobi”
"Shhh! Não fala nada na frente dos outros! " Sussurrou Naruto, arfando.

 

No momento em que entrou na sala de aula, o rosto severo, mas compreensivo, de Iruka o cumprimentou.

"Naruto! Atrasado de novo." O suspiro já era de que se acostumou com prática. "Tarefa de limpeza da sala de aula. Sem discussões."

"Mas, Sensei, eu—"

"—Sem ‘mas’", interrompeu Iruka. "Sente-se. E, por favor, tente se concentrar hoje."

"Bem feito por você ficar dormindo até tarde, pirralho", murmurou Aiko.

O garoto resmungou, deslizando para seu lugar na sala sob risadinhas abafadas. Aiko se materializou de pernas cruzadas acima de sua mesa, examinando a sala com interesse distante.

 

“Então esses são seus colegas? Porque aquele ali ta te olha torto?’’ apontou para um colega no fundo, que realmente encarava Naruto com um meio-sorriso debochado.

Ele encolheu os ombros, começando a mexer no bracelete.
"Eles só... não gostam de mim."

"Óbvio. Você é bagunceiro e escandaloso."
“Ei!”
"Mas… ninguém merece ser mal tratado só por ser estranho"
Naruto se acalmou. Ele olhou para o metal desgastado contra seu pulso, um pequeno sorriso genuíno surgiu em seu rosto.

 

* * *

 

O pôr do sol se estendia pelo campo de treinamento enquanto Naruto estava sozinho no campo de treinamento da academia, tentando o Bunshin no Jutsu. Ele se concentrou, formou o selo de mão... Puff! Um clone pálido e de aparência doentia caiu no chão.
"Droga..." Naruto murmurou, chutando o chão.

Aiko se materializou no meio de um bocejo. "Isso é para ser um clone? Parece mais um saco de batatas."
"Cale a boca!" Naruto tentou novamente. Puff! Outro clone, ainda mais instável que o primeiro.

Ela se aproximou, estreitando os olhos. "Hm... Não é só incompetência. Tem algo errado com o seu chakra." Ela o circulou, repentinamente séria. "Eu consigo sentir. O chakra que você está usando não é inteiramente seu... está misturado com outra coisa."

"Outra coisa?"

"Parece que está ligado a você. Ele inunda seu sistema quando você tenta moldar o chakra, desestabilizando seu controle. Você está lutando contra dois fluxos ao mesmo tempo."

Naruto ficou em silêncio, com a garganta apertada. Ele não sabia como responder.

"Então... eu não consigo melhorar?"

"Você consegue. Eu vou te ensinar a controlar. Você precisa aprender a separar seu chakra do outro e como canalizá-los juntos." O tom dela suavizou um pouco.

Ele suspirou, derrotado. "Como?"

Aiko sorriu, uma mistura de malícia e encorajamento. "Deixa comigo, pirralho. Pode não parecer, mas eu já fui um jonin. Meus alunos chamavam meus métodos de... infernais."

Ele a olhou com cautela. "É essa a sua ideia de motivação?"

"Obviamente." Ela Tocou o ombro dele (ou tentou). "Começamos amanhã. E cozinhamos comida de verdade, qualquer coisa é melhor do que lámen instantâneo. Você vai precisar de energia."