Work Text:
Talvez o acontecimento que a pequena Lenalee mais odiou foi em descobrir que era compatível com uma innocence.
Ser separada do irmão, ser tirada brutalmente da vida em que vivia, ser trancada... e ser forçada a levar um destino que não queria. Odiou. Odiou ser compatível.
Viver na Ordem para Lenalee era...
Era como se fosse...
Preto e Branco.
Não que não gostasse dessas cores ou algo parecido, mas se perguntassem a ela como é estar na Ordem, ela iria responder isso. Não sabia explicar, mas achava que essa era definição perfeita.
Preto e Branco.
Sem qualquer outra cor presente. Ela estava vivendo no mundo do preto e branco.
A vinda do seu irmão a Ordem foi um alívio, foi uma alegria. Com a vinda dele não tentou mais fugir, parou de tentar desviar do destino imposto. Mas tinha algo que não mudou.
Preto e Branco
Continuava enxergando aquele lugar do mesmo modo. Com as mesmas cores. Seu irmão estar junto a si não mudava isso, era algo que vinha do local que agora vivia. Era sufocante.
Era...
Preto e Branco.
Ela achava que em algum momento chegaria o dia que iria se sufocar.
Preto e Branco
E um dia uma cara nova apareceu. Viu um garoto.
Um garoto que aparentava ser 2 anos mais velho que si, que tinha expressões fechadas e olhar assustador. Seu nome ela perguntou, ele não respondeu. Ela fez um bico emburrado e o chamou de mal educado.
No outro dia a pequena Lenalee retomou a perguntar sobre o nome, ele mandou ela ir embora. Mas quem saiu foi ele.
No final quem acabou contando sobre o nome do garoto foi o irmão dela. O garoto se chamava Kanda Yuu. Ela gostou do nome.
A pequena Lenalee ia atrás de pequeno Kanda querendo companhia. As vezes Kanda corria. As vezes. Porque em outras vezes ele ficava junto a ela.
Ela sorria. Ele não sorria.
E foi em uma noite que ele saiu em missão, e ela ficou pra trás, que a pequena Lenalee percebeu algo.
Aquele Preto e Branco.
O Preto e Branco não desapareceu, ele sempre permanecia naquele local, impregnado em todas as partes, e já estava impregnado na vida dela. Mas quando estava junto a Kanda parecia mais suportável de aguentar.
Parecia menos sufocante e desesperador.
— neh, Kanda-kun...
— Hm?!
— Arigatou.
— Pelo que está me agradecendo?
— Por ter deixado meu mundo preto e branco um pouco mais fácil de respirar.
