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— Er… alguém me explica como isso aconteceu? — Kozume olhava a cena a sua frente, levemente incrédulo.
Lev estava sentado no chão com Yaku no meio de suas pernas, encostado no peito do mais alto. Eles conversavam tranquilamente enquanto viam vídeos de gatinhos no celular do mais velho, rindo quando algo engraçado ou fofo acontecia.
— Você não vai acreditar, Kenma. — Inuoka começou, quase que como se contasse o maior babado da história para o levantador. Aproximou-se dele e cochichou em seu ouvido. — Eles finalmente ficaram juntos.
— E como isso aconteceu? — questionou, ainda vendo-os e sem saber o que se sentir. Sim, sabia que o meio russo tinha uma queda pelo líbero, só não esperava que fosse recíproca.
— Aparentemente eles estavam conversando no discord esses dias, no nosso servidor que você mal entra — alfinetou uma segunda pessoa, o loiro logo reconheceu a voz de Kuroo. — Estavam tentando casar com os personagens 2D deles, como sempre. — Deu de ombros, sem se importar com a reclamação de Fukunaga que se aproximava, triste porque mais uma vez sua personagem preferida não apareceu. — Ainda me impressiono como você não é viciado na mudae, Kenma.
— Isso não é sobre mim, é sobre eles — disse, apontando para os pombinhos que agora estavam abraçados.
Não era como se Kozume estivesse agoniado com a cena, achava-a normal, casais faziam isso o tempo todo e era ok, só que ele queria entender como aquilo aconteceu pois, até sexta-feira, só lembrava de Morisuke gritando com o de cabelo platinado e essa era a primeira vez que os via assim, grudados um no outro.
— Continuando a história — falou Shouhei após deixar o celular de lado, fixando seus olhos no loiro. — Em meio a gritos e xingamentos, Lev fez uma declaração para Yaku.
— Eu tenho o print! — Sō se prontificou, tirou o aparelho do bolso e caçou a imagem em sua galeria. Quando achou, mostrou. — Aqui, Kenma, veja.
Era uma mensagem fofa, ele diria, contudo estava se perguntando se aquilo tinha sido escrito por Lev.
Gato russo Hoje às 20:30
Yaku-san, meu veterano e minha fonte de maior incentivo para treinar. Tem alguns dias em que penso em como posso fazer isso, implorei para alguém me ajudar e só o google me deu a solução, dizendo para eu ser sincero. Então…
Eu gosto de você, quer namorar comigo?
Gato endemoniado Hoje às 20:31
ATÉ QUE ENFIM, LEV!
namoro sim.
O levantador olhou para aquilo abismado, sua cara era de total desgosto para aquele acontecimento. Haiba realmente era um idiota, principalmente na sua suposta declaração. Se aquilo pudesse ser considerada uma, diria que era uma primeira declaração muito peculiar. Ele começou a se questionar se, realmente, algum dia o rapaz perguntou de alguém algo, duvidava muito.
— Patético. — Foi a única coisa que saiu de seus lábios.
No canto da quadra, os recém-namorados conversavam.
— Você acha que o Kenma está me xingando? Estou sentindo daqui um pressentimento ruim — falou o platinado enquanto apoiava seu queixo na cabeça do menor.
— Se estiver, é normal. Ele sempre faz isso. — Yaku deu de ombros, não se incomodava nenhum pouco com isso. — Tira a cabeça de cima de mim, você pesa.
— Mas você é tão pequeno, Morisuke-san.
O mais velho, ao ouvir aquilo, sentiu sua irritação fluir por seu corpo e automaticamente deu uma cotovelada com toda a força na barriga do garoto. Se o grito dele ecoou pelo ginásio, ninguém se compadeceu da dor alheia, já estavam acostumados com aquela briga de gatos que o casal tinha.
Kenma nem precisou se preocupar, já que o resto do treino, dias, semanas e anos, a relação deles continuou a mesma: entre gritos, beijos, abraços e xingamentos.
[...]
Não foi surpresa para ninguém que o pedido de casamento de Haiba e Yaku aconteceu logo após o mais novo se formar na escola que, emocionado, aceitou sem pensar duas vezes. Sua irmã Alisa ficou emocionada e deu todo o apoio para seu Lyovochka, dizendo o quanto amava seu cunhado e que faria de tudo para deixá-los felizes.
Também não surpreendeu ninguém quando eles começaram a morar juntos e adotaram sua primeira filha, uma gata laranja chamada Tama por ser uma bolinha gorda em forma de animal, Alisa quem tinha recomendado o lugar pois doava sempre que podia com seu trabalho de instagrammer.
— Tamaaa, psiu psiu psiu — chamou Lev, segurava uma vara que tinha uma pena no final para brincar com a felina. — Vem cá minha filha.
A gata olhou para o humano com uma cara de “você jura”, indignada que ele achava que ela gostaria de brincar com isso. Chateada, virou as costas para o homem e foi embora atrás de seu dono.
— Sua falsa — falou o platinado, sentindo tristeza e revolta ao vê-la ir embora.
— O que foi?
Morisuke apareceu na sala segurando duas canecas, uma com café para si e a outra com chá para o noivo, aproximou-se do sofá onde Lev estava sentado e entregou a caneca para ele, sentando-se logo em seguida. Tama, ao vê-lo, veio correndo em sua direção e se esfregou em suas pernas, ronronando alto para que a ouvisse.
— Essa… Falsiane! Ela nem se dá o trabalho de fingir que me ama — reclamou com a cara chorosa. Gostava tanto da felina para ela tratá-lo assim, como um nada.
— É natural eles gostarem mais de uma pessoa, Lev — contou o de cabelo castanho claro, suspirou e bebeu um gole do líquido quente. Já era a terceira vez naquele dia que ouvia a mesma coisa vindo dele.
— Mas eu queria que ela brincasse comigo! — protestou Haiba, fazendo bico e cruzou os braços. Toda vez aquela ingrata só lhe procurava quando queria carinho ou comida, mas quando era o contrário, era sempre o mesmo: lhe dava as costas e ia embora.
Yaku riu, tinha que admitir que gostava mais desse gato manhoso do que da que estava em suas pernas. Deixou a caneca na mesinha de centro que tinha na frente do estofado, com uma das mãos, começou a fazer um leve carinho no rosto alheio. O platinado arregalou um pouco os olhos, surpreso, e virou-se para fitar o namorado. Aquela ação foi o suficiente para que o menor aproveitasse para roubar-lhe um beijo, logo sendo correspondido.
Era um roçar de lábios sutil, que demonstrava todo o carinho e cuidado presente naquela relação, evoluindo aos poucos com pedidos para aprofundar o ósculo. Tama já tinha sido esquecida por ambos parecia olhá-los julgando-os, como se a obrigação deles não fossem ser um casal e sim lhe servir.
De propósito, antes mesmo que eles tivessem a chance de ficarem mais próximos, ela subiu no sofá e ficou no meio de seus corpos, miou alto para assustá-los: missão completa com cem por cento de sucesso. Haiba já tinha esquecido da felina e deu um pulo do sofá, terminando o beijo que mal começou antes que tivesse tempo para curtir mais. Morisuke riu do exagero do noivo, logo fazendo carinho na gata e parabenizando-a pelo que fez, afinal, não era todo dia que ele ria dos sustos dele.
— Mori-kun, que cruel. — Magoado, Lev se encolheu no canto do sofá, abraçando suas pernas para se acolher. “Poxa, eu só queria um carinho”, pensou.
Aquela frase fez o mais velho gargalhar e, para o mais novo, parecia que a gata também estava rindo de si. Ah, aquela maldita. Ela olhava em sua direção e tinha certeza absoluta que ela ria de sua desgraça como fosse inocente e não a culpada da história.
— Tudo culpa dessa Falsiane aí, Mori-kun, e você nem me dá moral! — Fez bico de novo, agora escondia sua cara entre seus joelhos. Um a zero para gata.
— E você quer competir com uma gata, Lev, você jura? — Morisuke arqueou as sobrancelhas quando terminou de rir, encarando-o. A gata sorriu vitoriosa para o rapaz, zombando de sua cara. Dois a zero.
— Mas Mori-kuuuun — começou o meio russo, fitando os olhos castanhos com os seus verdes. — Você sabe que eu te amo, eu só queria um pouco mais do seu amor!
Yaku o olhou, se aquilo fosse uma tentativa de Haiba para ser fofo, ele estava conseguindo ganhar sua atenção.
— E…?
“Droga,” foi o que o mais alto pensou, não estava preparado para um pedido de continuação.
— Eu queria poder demonstrar tudo o que sinto para você como se fosse a primeira vez! — exclamou, soltando-se do casulo que ele próprio tinha criado e abrindo os braços, uma cara feliz preenchia seu rosto, assim como colocou os pés no chão. — Sim, primeira vez! Eu ganhei, Falsiane, eu ganhei!
O de cabelo castanho riu discreto, sem querer estragar a comemoração do outro, que estava tão contente de ter ganhado de Tama por algo que nem ele sabia o que era, imaginando ser coisa da cabeça dele. Vê-lo feliz e sorrindo já era uma vitória para o mais velho.
— Lev, amor… — chamou Yaku, logo teve a atenção total do noivo, que parecia um gatinho esperando a hora de pular e atacar o brinquedo. — Eu também te amo, estou aqui e sempre estarei.
Antes que o rapaz pudesse se derreter de amores, a felina decidiu ir para seu colo, deitar e dormir. O meio russo já estava emocionado com a declaração do namorado, agora tinha acabado de receber outra do ser que passou esse tempo todo xingando.
Ele olhou para Morisuke, encantado, quase para chorar de emoção. Este riu, aproximou-se dele e deixou suas pernas se encostarem e deu um beijo estalado na bochecha dele.
— Viu só, Tama também te ama.
Aquela tinha sido a primeira vez que a gata demonstrava afeto para ele sem ser por interesse e isso o deixou contente. Mais ainda porque agora tinha seus dois amores ao seu lado, Tama e Morisuke.
Foi assim que passou o resto da tarde, aproveitando a companhia dos dois e agradecendo a vida por tê-los colocado em seu caminho.