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você e eu (e com você são três)

Summary:

Uma tradução do trabalho de searidings
Uma Kara de quatorze anos aparece no escritório de Lena dos dias atuais. As coisas correm tão bem quanto se poderia esperar.

ou

inspirado pelo pedido no tumblr: Kara de 14 anos, 1 ano aprendendo inglês e ainda muito Kryptoniana, é acidentalmente jogada no futuro. A ajuda de Lena é necessária para mandá-la de volta e quando a adolescente Kara conhece Lena, ela está tão obviamente apaixonada que começa a dizer coisas para Lena que a Kara do presente fica extremamente envergonhada. Pequena Kara pergunta se a grande Kara já tem um companheiro e tenta arranjá-las com a menina dos sonhos da pequena Kara. (Uma combinação muito boa mesmo para um humano).

Notes:

Tumblr da autora: https://searidings.tumblr.com/
Tradução autorizada

(See the end of the work for more notes.)

Work Text:

“Ei— ei, criança! Não, espere—”

Esse é todo o aviso que Lena recebe antes que as portas de seu escritório se abram com força suficiente para fazer as paredes tremerem. Sua mão se estica para agarrar o café antes que ele se espalhe por todo o tablet, os dedos já se movendo em direção ao alarme silencioso sob sua mesa antes que seus olhos registrem totalmente a intrusão.

Mas, pela primeira vez, não são atiradores mascarados invadindo a sala. É— uma jovem garota?

Não deve ter mais de quinze anos, pela rápida aproximação de Lena. Membros longos e desengonçados do jeito que os adolescentes são antes de crescerem completamente dentro de si mesmos. Seu cabelo loiro escuro está despenteado por sua entrada apressada, mas seus olhos se iluminam quando pousam em Lena.

Lena está nos estágios finais de decidir se seu irmão se rebaixaria tanto a ponto de mandar uma criança para matá-la – veredicto: ele com certeza faria – com o polegar ainda pairando sobre o botão de pânico, quando Kara entra na sala.

Lena relaxa instantaneamente quando Kara se joga direto na garota, prendendo a mão solta na gola da criança como se para evitar fugas futuras. “Quando estamos perto de humanos, agimos como humanos”, ela sussurra por entre os dentes, o tom gotejando com falsa doçura em torno de seu sorriso forçado. A garota solta um longo suspiro de sofrimento.

"Kara, o que—?" Lena começa, e dois pares de olhos azuis se fixam em seu rosto.

"Lena!" Kara chia como se estivesse surpresa ao vê-la parada em seu próprio escritório, no último andar do prédio com seu nome nele. "Oi! Desculpe, desculpe. Estávamos indo ver você, mas alguém se adiantou um pouco—”

Um puxão de desaprovação na gola da garota fez a adolescente esticar o lábio inferior com petulância.

"Está tudo bem", Lena consegue dizer, quase um tremor em sua voz para desmentir as batidas fortes de adrenalina em seu coração. Seu olhar cai sobre a garota. "Quem— quem é essa?"

“Ah. sim. Bem. É uma história engraçada, na verdade—” Kara se esquiva e parece tão culpada que o coração de Lena afunda. Ela já está limpando mentalmente seu calendário, preparando-se para limpar a última bagunça da loira enquanto seus olhos se voltam para a garota. Seu olhar varre o suéter azul claro e jeans, os tênis surrados, antes de alcançar seu rosto. Lá, quase invisível acima de sua sobrancelha esquerda, está uma pequena cicatriz desbotada.

A respiração de Lena fica presa na garganta. A cicatriz. O beicinho. A expressão séria, aqueles olhos azuis brilhantes—

A garota parece cansada da hesitação de sua guardiã. Ela dá um passo à frente, arrastando a heroína com ela. "Olá, Lena", diz ela com um sorriso radiante. "Eu sou Kara."

A boca de Lena cai aberta. Seus olhos vão e voltam entre suas duas visitantes, arregalados e incrédulos.

Kara – sua Kara, a mais velha – lhe dá um sorriso pesaroso. "Sim. Então, hum. Surpresa?" Seu rosto se contorce em uma careta de desculpas em antecipação. “Ela é— bem. Ela sou eu.”

-

Lena pisca. Então ela pisca novamente. Isso não torna a visão diante dela mais fácil de compreender.

"Ela é— você."

Os lábios de Kara pressionam em uma linha de remorso. “Tecnicamente, sim. Eu, jovem. Eu do passado. Eu do passado que infelizmente acabou aqui. Encalhada."

Lena levanta as sobrancelhas na direção da garota. A adolescente encolhe os ombros amigavelmente.

"Então eu – nós – estávamos nos perguntando—" Kara se atrapalha, "—se talvez você pudesse nos ajudar a levá-la para casa?"

Lena suspira. Certo. Excelente. Perfeito. Esta parece ser apenas mais uma terça-feira típica.

Respirando fundo e endireitando os ombros, ela dá a volta em sua mesa para ficar diante das duas loiras. Estende a mão para a jovem apertar. "Prazer em conhecê-la, Kara."

A garota não retribui o cumprimento. "Rao", ela respira, olhando para Lena com olhos azuis sinceros. “Você são muito bonita”

Lena pisca. "Somos— Desculpa? Você está dizendo que nós somos—? "

Kara deixa escapar um ruído sufocado. Bochechas tingidas de um rosa cativante, ela cutuca a garota com o cotovelo. “Gramática, criança. Muda o sentido. Sujeito-verbo-predicado, o verbo tem que concordar com o sujeito.”

"Oh." A garota faz uma pausa por um momento, considerando. Então ela muda sua atenção de volta para Lena, sorrindo grande e angelical. "Você é muito bonita."

Sob o olhar pesado de dois pares de olhos azuis idênticos, Lena sente suas próprias bochechas esquentarem para combinar.

Fantástico.

-

"Desculpe. Repasse isso para mim novamente.”

Seu tom é incrédulo, mas ela não consegue evitar. Mesmo com anos de experiência em lidar com o caos que desafia a lógica que parece seguir Kara onde quer que ela vá, o cenário de hoje continua um salto longe demais.

Ela arrisca um olhar para a jovem agora felizmente acomodada no sofá branco de Lena enquanto ela se perdia através da montanha de salgadinhos que Jess entregou a pedido de sua chefe. Ela parece notavelmente não afetada por seu pequeno salto através do continuum espaço-tempo, muito mais focada no pacote de mini pretzels que ela está inalando do que no fato de que ela acabou de cair uma década e meia em seu próprio futuro.

Ela se volta para a Kara mais velha. "Você está dizendo que ela simplesmente— apareceu."

Kara engole em seco. "Sim. Bem. Eu acho que foi, hum. Acho que sua tecnologia de rastreamento genético a trouxe aqui.”

"Minha—?" Lena fica boquiaberta. “Meu programa não foi feito para isso, Kara! Nem mesmo remotamente. Se eu tivesse a capacidade de arrancar as pessoas do passado e trazê-las ao presente, você não acha que eu poderia ter mencionado isso?”

"Eu sei, eu sei", balbucia Kara. "Mas era isso que eu estava usando quando ela apareceu."

Lena balança a cabeça em descrença, puxando uma mão pesada pelo cabelo solto.

"Como diabos isso aconteceu?" ela sibila. “Eu criei essa tecnologia para encontrar pessoas desaparecidas! Para rastrear sequências de DNA específicas e mapear a localização desses indivíduos no tempo. Rastreá-los, Kara. Não— não os teletransportar aqui!"

"Eu sei, me desculpe", diz Kara, fazendo beicinho com o lábio inferior. “Não sei como aconteceu! Eu estava executando sua tecnologia no processador quântico na Fortaleza para tentar descobrir a data em que o garoto alienígena desaparecido foi abduzido— sabe, como você me mostrou. Mas estava demorando uma eternidade e eu... fiquei um pouco... entediada. "

Ela estremece, fazendo uma careta sob o olhar impressionado de Lena. “Então eu coloquei meu próprio DNA no programa. Achei que seria legal ver um mapa de todos os lugares que já estive na Terra!” ela se apressa quando Lena joga as mãos para o alto com um suspiro de desespero. “Mas então eu, hum. Apertei alguns botões, e a próxima coisa que eu sei é que tenho um mini eu ali sentado em um bloco de gelo reclamando de estar com fome.”

Isso não soa familiar, nem um pouco, Lena pensa, mas não diz. "Quais botões você pressionou, Kara?" ela põe para fora em vez disso. “Eu preciso saber tudo o que você fez para que eu possa tentar e projetar o comando reverso.”

“Ah. Sim. Achei que você pudesse perguntar isso,” Kara diz timidamente, sem encontrar os olhos de Lena. “A questão é, hum. Eu não, ah, sei? Não sei quais botões apertei.”

Lena aperta os nós dos dedos sobre as pálpebras fechadas. "Kara."

"Sinto muito", Kara lamenta, arrastando suas botas contra o chão de ladrilhos. “Eu estava com fome, então estava comendo pipoca e meus dedos estavam todos gordurosos por causa da manteiga e eles... meio que... escorregaram? E então o processador mudou de cor e começou a apitar e eu entrei em pânico, então eu só— pressionei mais um pouco?”

Lena puxa uma respiração profunda, calmante e purificadora, do jeito que seu terapeuta a ensinou. Ela faz isso de novo. E de novo.

"Você está me dizendo—" ela murmura, os olhos bem fechados, os dedos apertando com força a ponte do nariz, "—que seus dedos cobertos de manteiga inventaram acidentalmente a viagem no tempo?"

A loira pelo menos teve a boa graça de parecer um pouco envergonhada. “Hum. Talvez?"

-

Elas podem descobrir isso. Ela pode descobrir isso.

Lena Luthor é, antes de mais nada, uma cientista, e isso nada mais é do que uma equação a ser resolvida.

"Okay. Okay." Ela puxa um bloco de papel, abre a caneta. Senta-se em frente ao sofá e alisa algumas rugas inexistentes da blusa. “As primeiras coisas primeiro. Precisamos saber para quando a enviaremos de volta. " Ela levanta uma sobrancelha. “A julgar pelos tênis dela, eu diria do início dos anos 2000?”

Kara acena com a cabeça. "Ela é jovem. Ela só está na Terra há—” ela faz uma pausa, a testa franzida, virando-se para a criança no sofá. “Há quanto tempo você está na Terra?”

“Kizh lorakh”, a jovem resmunga em torno das batatas fritas que enfia na boca.

"Lorakh kryptahniuo?" Kara pergunta.

"Zhi."

Lena balança a cabeça. “Okay, eu sei que tenho um domínio básico de Kryptoniano, mas ainda não cobri o módulo sobre bocas cheias de comida. Tradução por favor?"

"Certo", murmura Kara. "Desculpe." Ela cutuca a canela da garota com um Oxford marrom, fixando-a sob um olhar de desaprovação. "Plehsu lizrhom ahbrit."

A garota engole a quantidade exorbitante de comida na boca, parecendo arrependida.

"Ela disse que está aqui há seis meses", traduz Kara, voltando-se para Lena. “Mas seis meses Kryptonianos. Então, tipo, um ano no tempo da Terra. Isso é tudo o que estávamos dizendo.” Ela morde o lábio. "Oh. E eu disse a ela para parar de encher a boca.”

Lena sorri. Vira-se para a jovem. "Então, qual era a data—"

"Espere, o que você quer dizer com ter uma compreensão básica de Kryptoniano?" Kara, a mais velha, interrompe, com a testa franzida.

"Kara." Ela fixa a loira com um olhar impressionado. “Como eu seria capaz de programar um processador quântico polifásico se não falasse Kryptoniano? Estou aprendendo há quase um ano.”

"Rao", Kara engole. “Eu não pensei. Nunca me ocorreu que— espere." Ela se interrompe, as bochechas corando. "Então, toda vez que eu praguejei em Kryptoniano perto de você—"

"Você me dava uma aula bastante abrangente sobre palavrões, sim." Lena sorri com a forma como os olhos de Kara se arregalam comicamente, inclinando-se para sussurrar em seu ouvido. "Quem diria que você tinha uma boca tão suja?"

Kara faz um ruído alto e sufocado no fundo da garganta, estendendo a mão para ajustar os óculos quase violentamente. "Você, hum, você estava perguntando sobre datas?"

Presunçosa, Lena se volta para a jovem. “Para chegar em casa com segurança, preciso saber o máximo possível de informações sobre a época em que você foi levada.” Ela estende o bloco e a caneta sobre a mesa de centro. “Você poderia escrever tudo de que se lembra do momento antes de ser transportada para cá? Data, hora, local— quaisquer características de identificação.”

“Claro,” a garota concorda, estendendo a mão para pegar o caderno oferecido.

"Gentilmente," Kara avisa, a mão meio estendida como se estivesse pronta para interceptar a troca.

A garota suspira, relaxando os dedos com um rolar de olhos para ela mesma. "Ela não está tão preparada em regular seus poderes ainda", diz Kara timidamente sob o olhar questionador de Lena. "Eu não quero que ela machuque você."

“Não vou machucá-la”, queixa-se a adolescente. “Sou boa em controlar minha força.”

Kara nivela a garota com um olhar fixo. “Não estou preparada para arriscar.”

O calor floresce da base da coluna de Lena, enchendo todo o seu corpo de luz. Ela limpa a garganta para esconder o rubor enquanto a garota rabisca furiosamente no bloco de notas em seu colo.

"O inglês dela é muito bom", ela murmura para Kara. “Quero dizer, vocabulário, conjugação de verbos, sotaque—”

"Sim. Ela— eu era basicamente fluente depois de um ano. Eu só confundo a ordem das palavras às vezes. Transferência de sintaxe, você sabe como é.” Kara abre um sorriso triste.

E— não. Lena não pode dizer que ela honestamente sabe como é, aprender Inglês como um falante nativo de uma língua alienígena. Mas a sensação de ser lançada em um mundo inteiramente novo contra a própria vontade; sendo solicitada a assimilar, sendo punida por erros cometidos, embora nenhum livro de regras tenha sido fornecido— bem. Ela tem alguma experiência de como isso acontece.

Ela retribui o sorriso de Kara, um novo tipo de compreensão de sua melhor amiga florescendo em sua mente. Como ela pode sentir uma sensação tão aguda de afinidade, uma conexão nascida de uma experiência análoga, com uma mulher formada de poeira estelar a alguns milhares de anos-luz de distância, é um mistério para sua mente lógica.

E ainda assim ela sente. Ela sente.

-

"Então você tem quatorze anos?"

A garota acena com a cabeça. Ela e Kara estão de pernas cruzadas no sofá, as cabeças inclinadas perto, atualizando-se sobre os acontecimentos da vida da adolescente até agora. Deveria ser uma distração para Lena, enterrada como ela está em cada registro de relatórios e experimentos que ela poderia encontrar em sua tecnologia de rastreamento genético, em teletransporte, em muito poucas e muito hipotéticas incursões que L-Corp já tenha feito na área de potencial viagem no tempo.

É uma distração. Mas não tanto quanto é cativante.

"Então você ainda tem a Sra. Helmstadt para física?"

A jovem acena com a cabeça. “Ela é tão um peido velho. Ela me deu um F em uma atividade só porque eu acidentalmente refutei a terceira lei da termodinâmica.”

"Eu lembro disso!" Kara se anima. “Ela disse que eu inventei e jogou meus papéis no lixo. Ainda bem que ela realmente não trabalhou em minha comprovação ou teríamos que responder a algumas perguntas muito difíceis.”

“Como devo manter o controle de todas as leis científicas que os humanos estão errados?” a adolescente pergunta com petulância. “É exaustivo.”

Kara bufa. "Só fica pior, criança." Ela bate os dedos pensativamente no queixo. “Você disse que é novembro de 2004 para você. Oh!" Ela estala os dedos de empolgação. “Você já viu O Diário da Princesa 2?”

“É claro,” grita a jovem, alto o suficiente para que a caneta de Lena sacuda em sua mão e ela acidentalmente cruze suas duas últimas linhas de anotações. “É tão bom. Mal posso esperar até que façam o terceiro.”

Kara aperta os lábios, de repente extremamente investida em um exame atento de suas unhas. “Sim, uh huh. Vai ser ótimo,” ela diz, a voz anormalmente alta, e Lena tem que sufocar um bufo.

"Então, Alex ainda está sendo uma idiota com você?" Kara pergunta, mudando o assunto com uma mordida de seu lábio.

A jovem bufa. "Sim. Ela me odeia. Ela diz a todos os seus amigos para me evitar, então eu não tenho ninguém com quem sentar na hora do almoço.”

Lena sente seu próprio peito apertar em simpatia. Kara cantarola em compreensão. "Não se preocupe. Assim que você conhecer Kenny, nunca mais terá que comer sozinha novamente.”

A testa da jovem enruga-se. "Quem é Kenny?"

Os olhos de Kara se arregalam. "Porcaria." Ela lança um olhar em pânico para Lena. “O que acontece quando eu digo a ela coisas que ela ainda não viveu? Eu acabei de abrir um buraco no espaço e no tempo? Minha linha do tempo inteira vai se desfazer em torno de mim?”

Lena encolhe os ombros. “Eu não sei. A viagem no tempo não existia até esta manhã, quando você decidiu comer pipoca em um processador quântico polifásico. Perdoe-me se ainda não coloquei a leitura em dia.”

Kara está ficando mais agitada a cada segundo, quicando nas almofadas do sofá com força suficiente para fazer toda a estrutura ranger e gemer. “Lena. Isso é sério! Acabei de implantar a ideia de Kenny na cabeça dela. Agora ela não o encontrará organicamente, agora ela estará esperando e olhando e— oh Deus, quem sabe quais mudanças na linha do tempo isso poderia provocar. Rao, e se eu acidentalmente iniciar a 3ª Guerra Mundial? E se alguém estiver prestes a encontrar a cura para o câncer e não o fizer por minha causa? E se—"

"Kara." Lena estende a mão e pousa a mão firme no joelho da loira. “Nós vamos ter que limpar a memória dela desta viagem inteira quando a mandarmos de volta. Caso contrário, isso criaria um paradoxo em sua linha do tempo, lhe traria memórias que você nunca viveu. Ela não vai se lembrar de nada que dissermos a ela agora.”

Kara murcha com suas palavras, com seu toque, afundando nas almofadas do sofá e cobrindo a mão de Lena com a sua. "Oh! Graças a deus."

"Você acha que J'onn seria capaz de limpar a memória dela?" Lena pergunta, muito deliberadamente, não puxando sua mão de debaixo da da loira. “Você— você disse a ele? Ou Alex? "

"Não", Kara faz uma careta. “Viemos direto para você. Não sei como todas essas consequências vão funcionar, mas meio que imaginei que se menos pessoas são afetadas, sabe – Viagem no tempo – melhor?"

Lena acena com a cabeça. "Isso parece sensato." Ela suspira. “Suponho que vou apenas adaptar alguma tecnologia para apagar memórias ao mesmo tempo em que decifrarei o segredo da viagem no tempo. Tudo em um dia de trabalho."

Kara aperta a mão dela, quente e reconfortante. “Se alguém pode fazer isso, é você.”

Elas sorriem um para a outra por um longo e gentil momento. O som de uma garganta sendo deliberadamente limpa assusta Lena do microcosmo dos olhos azuis de Kara e volta à realidade.

A jovem Kara está olhando para elas do sofá, sem se impressionar. Lena pode sentir um rubor começando a subir lentamente pela nuca enquanto a jovem sorri.

Então,” a adolescente fala arrastado, olhos grandes, brilhantes e esperançosos. “Se eu não vou me lembrar disso de qualquer maneira, podemos assistir O Diário da Princesa 3?”

-

A pesquisa de Lena na literatura não está se mostrando particularmente frutífera.

A tarde se transforma em entardecer que se transforma em noite, e ela ainda não está perto de quebrar a fórmula que os dedos gordurosos de Kara descobriram por acidente.

Três entregas separadas de comida vêm e vão, cada uma provando ser mais incapaz do que a outra de saciar dois apetites Kryptonianos. Lena está mexendo delicadamente em seu prato de comida chinesa quando percebe a ausência da conversa animada que as envolveu até agora, se dá conta do pesado escrutínio que está sob o súbito silêncio da sala.

Ela olha para cima para encontrar dois pares idênticos de olhos azuis fixos famintos em seu prato que, ela olha para baixo para perceber, evidentemente contém o último potsticker. Ambas as loiras estão posicionadas nas bordas de seus assentos, quase tremendo de antecipação.

Lentamente, languidamente, Lena arranca o último bolinho de seu prato, segurando-o delicadamente entre seus hashis. "Suponho que nenhuma de vocês esteja interessado nisso, estão?"

"Sim!" Kara, a mais nova, grita no mesmo instante que Kara, a mais velha, grita: "Eu!"

Lena sorri. Ela inclina a cabeça, os olhos fixos nos de sua melhor amiga enquanto seus lábios se curvam em um sorriso sedoso. Agonizantemente lentamente, e mantendo contato visual com Kara o tempo todo, ela se inclina para colocar o potsticker no prato da jovem.

A adolescente grita de alegria quando Kara se joga para trás em sua cadeira, a mão pressionada contra o coração como se tivesse levado um tiro. "Lena", ela engasga. "Depois de tudo que passamos juntas... Como você pôde?"

"Eu tentei avisar você", Lena sorri. “Às vezes, meus genes Luthor simplesmente cintilam.”

“Bem, claro. Mas— isso?" Kara fica boquiaberta. "Agonia! Deslealdade! Traição da mais alta ordem!”

"Rainha do drama", Lena repreende, sorrindo. “Eu só estava tentando ser justa, já que a pequena Kara estará indo para casa em breve. Considerando que você receberá o último dos meus potstickers pelo resto de nossas vidas.”

Ela fecha a boca ao perceber o que acabou de dizer, enquanto as implicações caem sobre ela como um peso de chumbo. Ela morde com força o interior da bochecha e espera. Espera Kara se afastar, dizer que ela está sendo ridícula, que não quer Lena por perto por mais tempo do que o necessário para mandar a jovem ela do passado de volta para casa. Espera ela fugir.

Mas Kara não faz nada disso. Ela apenas estende uma perna cruzada para correr os dedos dos pés até a panturrilha de Lena, sorrindo pequeno e secreto, os olhos brilhando. "Eu vou cobrar isso de você."

O momento delicado é quebrado pelos sons úmidos de mastigação. "Obrigada, Lena", a adolescente abafa em torno de sua boca cheia de carne e massa folhada.

Kara bate levemente na nuca da jovem. “Não seja tão rude. Engula antes de falar. E ela é a Srta. Luthor para você, criança. "

Lena revira os olhos. “Não seja ridícula. Claro que você pode me chamar de Lena, Kara”, ela sorri para a jovem.

A jovem Kara mostra a língua para o seu eu mais velho. A Kara mais velha mostra a língua de volta. Lena teve que reprimir um sorriso. Talvez na idade física haja uma diferença de quem é mais velha entre as duas, mas em termos de maturidade—

"Você descobriu como me levar para casa, Lena'kah?" a jovem pergunta depois de um momento. Lena mal abriu a boca para responder quando Kara, no meio de um grande gole de água, borrifou o líquido com bastante força pelo nariz e por toda a mesa de centro de Lena.

"Zha-ehworodh iovis zhed!" Kara sibila, enxugando furiosamente o queixo pingando.

“O que você quer dizer com não a chame assim? Por que não?" a jovem pergunta indignada. “E você deveria falar inglês na frente de Lena. Você está sendo rude. "

Kara teve a decência de parecer um pouco arrependida. É uma visão cômica assistir a Garota de Aço receber uma bronca de uma adolescente precoce.

"Me chamar de quê?" Lena pergunta, mesmo que seja apenas para salvar Kara de mais uma reprimenda nas mãos de seu eu mais jovem.

"Lena'kah", a jovem sorri, e Kara estremece.

Os olhos de Lena passam suspeitosamente para o rosto da heroína. "O que isto significa?"

"Hum," Kara enrola. "Bem. É a primeira pessoa do plural possessivo, então. Suponho que isso se traduziria em, hum. Nossa Lena.”

As sobrancelhas de Lena se erguem.

"É um título honorífico", Kara se apressa a acrescentar, estendendo a mão para puxar conscientemente a orelha. “Uma forma de mostrar respeito ou, ou— hum, intimidade. Eles são muito comuns em Kryptoniano.”

“Nós os usamos com a família”, acrescenta a jovem Kara, sorrindo beatificamente. “E aqueles que amamos.”

Kara engasga com o ar.

“E se Kara os usa, devo usá-los”, continua a jovem, imperturbável. “Como somos iguais.”

"Sim", Kara admite em um tom que indica que ela não concorda em tudo. “Mas Lena não é família. Por sangue,” ela esclarece rapidamente, dando um sorriso de desculpas na direção de Lena. “Biologicamente, quero dizer. É o que isso— é assim que funciona em Krypton”.

“Sei que ela não é da família”, diz a jovem Kara, impaciente. “Mas você ama—”

"Okay!" Kara meio que grita, pulando de sua cadeira para colocar a mão na boca de seu eu mais jovem. “Foi uma lição divertida de linguística. Você não tem mais nada para comer?” ela se dirige à garota que agora está em uma chave de braço frouxa. "Algo que possa manter sua boca ocupada?"

A última parte é murmurada baixo o suficiente para que Lena mal consiga distinguir, mas a jovem parece indiferente. Super audição maldita. Ela se afasta facilmente das garras de ferro de seu eu mais velho, balançando a cabeça. “Não posso acreditar que sou tão kuvaium quando crescer.”

"Cuidado com quem você está chamando de idiota", murmura Kara, empurrando com o quadril a garota de volta na direção do sofá. “Por que não usamos todos os nomes uns dos outros, hein? Eu sou Kara. Ela é Lena. E você é Criança.”

“Não, eu sou Kara,” a jovem bufa. “Você não pode ter preferência nisso. Você pode ser Kara 2.”

“E deixar você ser Kara 1? Acho que não."

“Sou mais jovem, eu tenho que ser a primeira. Você é muito—” ela acena com a mão, desdenhosa. "—velha."

"Velha?" Kara quase grita. “Sua ratinha. Eu não sou velha. Mais velha, talvez. Mais sábia. Melhorada.

“Mais enrugada.”

Kara rosna. "Cuidado com a boca, criança."

"Eu não sou uma criança", lamenta a jovem, franzindo a testa.

Kara bufa. "Não. Isso está lhe dando muito crédito, em termos de maturidade. Você é mais um bebê. Você mal começou a viver.”

Em um piscar de olhos, os olhos da adolescente brilham escuros e mortais, o veneno repentino em seu tom penetrando quente no peito de Lena. “Já vivi muito.”

Ela passa empurrando ombro de seu eu mais velho com força suficiente para enviar Kara aos tropeços e abre caminho em direção à varanda. Kara a encara com olhos arregalados e tristes, o peito arfando.

"Porra", ela murmura, os olhos fixos nos ombros trêmulos da jovem, onde ela se inclina contra a grade, olhando para a cidade. "Eu nunca deveria ter—"

Ela fica em silêncio por um longo momento, o olhar sem piscar. “É um pouco mais fácil esquecer, sabe? Como foi difícil aqueles primeiros anos aqui.” Lena acena com a cabeça, embora os olhos de Kara não tenham se movido de seu eu mais jovem. "Eu tenho que enterrar essa parte de mim tão profundo—"

Sua voz quebra, e Lena sente um canto de seu coração seguir o exemplo.

Kara engole em seco antes de continuar. “Mas é tão cru para ela. Tão recente. Ela ainda não aprendeu a conviver com tudo isso. Como viver apesar de tudo isso.”

Lena se levanta de seu assento para se aproximar, e é uma prova de quão absorta na memória a loira está, que ela realmente pula quando Lena coloca uma mão gentil em seu braço.

"Mas ela vai aprender", ela sussurra, a mão deslizando do cotovelo de Kara até a cintura, envolvendo-se em suas costas para puxá-la para seu lado. “Você aprendeu. Ela vai crescer e se tornar uma forte, gentil e bonita mulher com o maior coração que já conheci. Eu sei que ela vai ficar bem, Kara." Ela inclina a cabeça até que os olhos azuis encontrem os dela. "Porque ela vai ser você."

Kara está quase tremendo sob seu toque. Lena acaricia o quadril com o polegar, sorrindo gentilmente. “Então, por enquanto, tudo que ela precisa de você é compreensão. Compaixão."

Kara respira fundo, estremecendo, enquanto seus braços envolvem a cintura de Lena, puxando seus corpos juntos. Lena pode sentir a forma como a loira está tremendo onde seu rosto se encosta no pescoço de Lena, e ela inclina a cabeça para dar um beijo leve nos cachos dourados.

"Você poderia economizar um pouco de compaixão por você também", ela sussurra contra a têmpora de Kara e os braços envolvendo seu corpo apertam em torno de suas costas, as mãos torcendo firmemente no tecido transparente de sua blusa.

Elas ficam lá por um longo momento, inspirando uma à outra. Lena passa os dedos pelos fios sedosos, segurando a nuca de Kara com reverência enquanto ela os balança suavemente para frente e para trás.

“Obrigada,” a loira fala pesadamente quando elas finalmente se desembaraçam, bochechas e nariz tingidos de rosa e olhos brilhando com lágrimas não derramadas.

Lena fica na ponta dos pés para dar um beijo no canto da boca dela, a mais leve pressão dos lábios na pele quente, e é sua imaginação ou Kara se inclina para o contato?

Mas no momento seguinte a loira está se afastando, fungando enquanto limpa o nariz e se vira em direção à porta da varanda. A mão de Lena em seu pulso a impede.

"Deixe que eu vou", ela murmura, cruzando para a porta e jogando uma piscadela por cima do ombro para a loira. “Eu acho que tenho um jeito de confortar as garotas Danvers.”

Kara solta um riso molhado. “Contanto que você não tente com Alex,” ela diz, fungando em seu sorriso. "Eu realmente odiaria se ela atirasse em você."

-

A cidade está viva e cintilando com cem mil luzes, espalhadas abaixo da varanda de Lena como se estivesse dando um show só para elas.

A jovem Kara está olhando para a vastidão da vista, com os ombros tremendo. Conforme Lena se aproxima, uma única lágrima brilhante desliza por sua bochecha e respinga em suas mãos. Suas mãos, que Lena agora pode ver, estão enroladas com força no corrimão, o metal empenando e deformando em seu punho de ferro.

Lena não se importa. Não é a primeira vez que ela tem que substituir a grade depois de uma demonstração de força Kryptoniana. Ela também duvida que seja a última.

“Ei,” ela murmura baixinho, parando ao lado da garota, mas deixando uma distância respeitável entre elas, seu olhar fixo na cidade. "Você está bem?"

“Tudo bem,” a adolescente vocifera, a voz cortada e a mandíbula apertada.

Lena acena amigavelmente, mas não responde, apenas continua a olhar para as luzes cintilantes. É quieto por um longo momento, os únicos sons são o assobio do vento e a agitação abafada da cidade lá embaixo.

"Ela está esquecida", diz a jovem após um silêncio interminável, as palavras explodindo para fora dela como a liberação de uma pressão de longa data. “Ela está esquecida, e ela está feliz. Ela está feliz porque ela esqueceu.”

Ela vira a cabeça para encarar Lena, olhos vivos e queimando com o brilho desolado de estrelas mortas há muito tempo. “Como faço para esquecer?” ela sussurra, minúscula e quebrada. “Como posso ser feliz? Tudo— tudo se foi. Tudo dói. O tempo todo. Eles estão lá, o tempo todo. Meus pais. Meu mundo. Minha casa. Eles estão lá na minha cabeça, mas não consigo alcançá-los. Eu não posso nem mesmo voltar.”

O coração de Lena subiu para a garganta. Está se tornando incrivelmente difícil engolir, respirar. Ela dá meio passo mais perto da garota para que seus cotovelos se encostem. A menor demonstração de solidariedade.

“Eu quero ser feliz, mas não acho que posso ser. Agora não. Não sem eles. Eu sinto tanto a falta deles, Lena,” ela diz suavemente. “Eu não pertenço aqui, na Terra. Eu estou sozinha. Às vezes—"

A jovem respira fundo, estremecendo. Suas mãos estão tremendo. “Às vezes eu gostaria de ter morrido em Krypton,” ela sussurra, as palavras quase inaudíveis. "Eu não quero sobreviver, viver mais que eles, sozinhos."

Lena cravou os dentes com força no lábio inferior. É preciso cada resquício de seu autocontrole para não jogar os braços em volta da jovem e nunca mais soltá-la. Kara precisa dizer isso, ela sabe. Ela precisa dizer isso para se livrar disso.

“Eu quero ser feliz”, diz a adolescente novamente, mais duas lágrimas escorrendo pelas maçãs do rosto. "Mas não se isso significar que eu os esqueci."

Há silêncio por outro longo momento enquanto as palavras se encaixam como uma fina trama de teia de aranha, envolvendo as duas em um momento suspenso no tempo.

Um pequeno canto lógico do cérebro de Lena está gritando com ela que nada disso importa. Nada do que ela disser agora, nenhuma quantidade de conforto que ela tentar dar terá valor, porque a jovem vai esquecer no momento em que a mandarem para casa.

Mas ela dá outra olhada no rosto agonizante de Kara, marcado pelas lágrimas, e chuta essa parte de si mesma sem cerimônia de volta para as sombras mais escuras de seu subconsciente.

É claro que isso importa. É possível que nada do que Lena tenha feito tenha mais importância.

“Eu prometo a você,” ela começa, limpando a garganta quando sua voz falha sob o peso do momento. “Eu prometo a você que Kara não se esqueceu. Você pode manter essas memórias, manter aqueles que você ama em seu coração pelo resto de sua vida e ainda encontrar a felicidade.”

Ela engole em seco. “Eu preciso que você me ouça quando digo que você merece ser feliz. Isso não nega as perdas que você sofreu e não é uma traição às pessoas que você perdeu. Eles gostariam que você fosse feliz. Você merece ser feliz, Kara. Você ainda está aqui, você sobreviveu. Você merece viver. Prosperar."

A adolescente balança a cabeça, seu rosto enrugando. Lena se aproxima, pressiona os braços delas. “Talvez eu não devesse dizer isso, mas já que sua memória será apagada quando a mandarmos para casa de qualquer maneira—" Lena franze os lábios. “Eu suponho que está tudo bem. Não vai fazer o universo entrar em colapso nem nada.”

A jovem sorri um pouco em meio às lágrimas, e Lena cutuca um cotovelo duro como pedra com o seu.

“Kara. As coisas vão melhorar. Isso vai ficar mais fácil. Eu sei que muitas pessoas provavelmente já disseram isso para você”, ela começa, e a adolescente revira os olhos. “Mas preciso que você saiba que não sou a maioria das pessoas. Eu nunca te contaria algo que não fosse verdade. E, bem. Eu sou muito inteligente.”

Isso arranca uma risada molhada da menina. Lena sente o coração disparar no peito.

“Então eu sei do que estou falando”, ela continua calmamente. “Eu conheço você, Kara. Em seu futuro. Sei quem você é quando crescer e sei que terá uma vida maravilhosa. Nem sempre será fácil—”

Imagens disparam rapidamente por trás das pálpebras de Lena. Kara espancada até sangrar por Reign. Seu corpo cheio de kryptonita, sua força vital diminuindo. Kara na Fortaleza, quebrada pela própria mão de Lena.

Ela engole em seco, sugando o ar de que precisa para continuar. “Mas você vai superar isso. Você superará mais do que a maioria das pessoas jamais poderia sonhar. Você já fez isso,” ela reconhece, observando enquanto as lágrimas escorrem continuamente do queixo da jovem para manchas escuras no corrimão destroçado. “Mas você vai se sair mais forte para isso. E Kara—”

Lena morde o interior da bochecha, desejando afastar as lágrimas que pinicam nos cantos dos olhos. “Apesar de tudo isso, você nunca estará sozinha. Você é tão, tão amada.”

Ela estende a mão, descansando-a levemente sobre os punhos cerrados da jovem. Kara desenrola os dedos, enfiando-os nos de Lena e apertando com força. Lena não se importa com a dor.

“Você é amada agora e será amada pelo resto de sua vida”, ela diz com uma certeza que sente em sua medula. “Você é amada por esta cidade. Por todo o planeta.” Ela passa o polegar para frente e para trás nos nós dos dedos da garota. “Você é amada por seus amigos. Por sua família, Kryptoniana e humana. Eliza e Alex— você significa o mundo para elas, Kara. "

A jovem funga, o corpo tremendo onde seu ombro pressiona o braço de Lena. Lena fica quieta. Dá à criança uma chance de se recompor. Mantém o polegar firme e seguro sobre as costas da mão.

Depois de um momento, a garota levanta os olhos. Seus olhos azuis estão vidrados e úmidos e lindamente, impossivelmente sérios. Lena não consegue imaginar um mundo onde ela não acabe se apaixonando por aqueles olhos.

"E você?" a jovem Kara pergunta baixinho, e a testa de Lena franze.

"Eu?"

“Eu sou amada por você?” a jovem sussurra, a voz trêmula e suave como se a resposta pudesse parti-la em duas.

A boca de Lena fica seca, o coração batendo forte e inflexível contra suas costelas. Suas próprias palavras ecoam em sua cabeça. Eu nunca te contaria algo que não fosse verdade.

"Sim", ela sussurra, sua voz apenas meio estrangulada. “Sim, Kara. Você é tão, tão amada por mim. "

A adolescente fica quieta por um momento, absorvendo as palavras. Gradualmente, sua respiração ofegante começa a diminuir, as mãos se soltando dos amassados que formaram no corrimão.

"Eu gostaria de poder conhecê-la agora", ela murmura depois de um momento. “Meu agora, quero dizer. Quando eu pousei na Terra pela primeira vez. Eu acho que você teria facilitado.”

Lena sente que seu coração está se partindo e disparando ao mesmo tempo. Ela sente as lágrimas bem quentes nos cantos de sua visão e se vê incapaz de articular uma resposta.

“Ou eu poderia ter conhecido você em Krypton,” a jovem continua, a voz perdida em algum lugar entre as sombras nebulosas da memória. “Mas você teria que fugir comigo. Essa jornada do casulo teria sido muito aconchegante.”

Uma risada molhada se solta da garganta de Lena com isso e ela desiste de tentar se conter, deslizando os braços gentil e hesitante ao redor dos ombros da garota. Em menos de um segundo, a adolescente afunda nela, agarrando-se ao corpo de Lena com um desespero que é muito familiar.

"Oh, Kara", murmura Lena, pressionando o rosto para a coroa de cachos dourados. "Eu gostaria de ter conhecido você durante toda a minha vida também."

-

Ela leva a garota de volta para dentro, estremecendo um pouco com o frio do ar noturno.

Kara está nervosa no meio do escritório, torcendo as mãos. “Sinto muito,” ela deixa escapar assim que a adolescente entra, os dentes cravando com força em seu lábio inferior. “Eu fui insensível. Eu sei— eu me lembro como as coisas são para você agora. Eu sei o quanto elas são péssimas. Então você pode—"

Os cantos de sua boca se erguem em um sorriso esperançoso. “Você pode ser a Kara 1.”

A adolescente abaixa a cabeça, mas também sorri. "Eu gosto bastante de Pequena Kara", diz ela, os olhos cintilando timidamente para o rosto de Lena. “E eu suponho que criança está bem também. Contanto que eu possa te chamar de vovó. "

Kara finge indignação, mas ela está sorrindo amplamente para que seja eficaz. Ela ri quando seu eu mais jovem bate levemente em seu ombro no caminho de volta para o sofá, a adolescente caindo pesadamente nas almofadas e vasculhando os detritos das caixas de comida à procura de sobras.

“Obrigada,” Kara, a mais velha, murmura enquanto Lena se aproxima, inclinando-se para dar um beijo suave em sua bochecha que faz o coração de Lena bater um samba em seu peito. "Novamente. Não existe nenhum problema que você não possa resolver com esse seu grande e lindo cérebro?”

“Apenas a questão da viagem no tempo reversa”, Lena diz em tom ede piada, inexpressiva, passando a mão pelo cabelo com um suspiro. “Está ficando tarde e tenho a sensação de que a resposta não está em nenhum desses arquivos.”

A testa de Kara franze, e ela faz um gesto para a jovem no sofá se levantar. “Rao, você está certa. Sinto muito por termos mantido você por tanto tempo. Eu não sabia que era tarde.”

"Não, não é isso que eu—" Lena começa, mas Kara já está sobrecarregada com o pensamento sobre ela.

“Eu sinto muito, Lena. Vamos deixá-la sozinha,” ela murmura, puxando a manga da adolescente.

Mas a jovem planta os pés, fazendo beicinho. "Nós não podemos ir."

Kara suspira. “Nós não estamos tomando as decisões aqui, criança. Eu estou, e digo que é hora de ir.”

“Mas você disse, você disse—” a jovem choraminga, o tom se tornando petulante enquanto ela estica o lábio inferior em indignação. “Você disse que tínhamos que ir ver Lena porque ela poderia me mandar para casa. Você disse que ela sabe como resolver todos os problemas. Você me disse que ela torna tudo melhor—”

Os olhos de Kara se arregalam comicamente com cada palavra que sai da boca de seu eu mais jovem, suas bochechas brilhando mais quentes a cada segundo. Ela não está sozinha. Lena sente o calor começar a subir pela nuca, se perguntando qual das duas está corando mais naquele momento. Entre elas, a força de seus resplendores combinados provavelmente poderia alimentar um centro juvenil desprivilegiado ou algo assim.

Kara solta um pequeno ruído sufocado, com os olhos arregalados. "Eu também não disse para você calar a boca?" ela sibila por entre os dentes. "Rao, sua memória é seletiva."

“Kara, podemos tentar novamente amanhã,” Lena diz, apaziguando. “Se eu puder acessar o processador diretamente, terei mais sorte em encontrar o comando reverso.”

Kara acena com entusiasmo. "Sim. Perfeito. Amanhã iremos para a Fortaleza, resolveremos tudo isso. Vamos, crian— Pequena Kara. Vamos dar a Lena um pouco de paz.”

Ela abre um sorriso caloroso na direção de Lena. "Nós vamos buscá-la de manhã?"

Mas a adolescente ainda não aceita nada disso. "Eu não quero ir embora", ela lamenta, virando seus grandes olhos azuis para Lena. "Pode eu ficar com você?"

Kara suspira, batendo os nós dos dedos levemente contra o crânio da garota para pontuar cada palavra. “Sujeito, em seguida, verbo, então objeto.”

A jovem faz beicinho. Ela volta o olhar para Lena, olhos de cachorrinho com força total. "Eu posso ficar com você?"

"Não, você não pode", Kara responde antes que Lena tenha uma chance. “Já incomodamos Lena o suficiente por um dia. Eu tenho uma cama de casal; você vai ficar comigo.”

A jovem faz uma careta. "Ugh. Eu não quero dividir a cama com você. Você chuta.”

A boca de Kara se abre em indignação. "Bem, você baba."

A adolescente faz beicinho. "Você flutua para fora da cama durante o sono e leva todos os cobertores com você."

"Você também!"

"Eu sei! É por isso que não quero compartilhar com você!”

É preciso cada grama do treinamento de propriedade e decoro de Lena para não cair na gargalhada do confronto que está ocorrendo no meio de seu escritório. As duas loiras se encararam, duas mandíbulas definidas em linhas rígidas, dois lábios inferiores salientes. Se não fosse pelo potencial de, tipo, quebrar o continuum espaço-tempo ou algo assim, Lena tiraria uma foto.

“Eu tenho um quarto de hóspedes”, ela ouve a si mesma dizendo antes de realmente pensar nas implicações da oferta. Dois pares de olhos azuis se fixam em seu rosto. “Vocês duas poderiam ficar comigo. Então vocês não teriam que compartilhar.”

O que ela esquece de mencionar – o que seu próprio cérebro havia esquecido de mencionar até que a sugestão já saísse de sua boca – é que com duas camas entre as três, alguém vai acabar compartilhando.

Mas se essas ramificações particulares foram registradas em qualquer uma das loiras, elas não demonstram. A jovem salta animadamente para cima e para baixo, cada vez flutuando apenas uma fração de segundo a mais para obedecer às leis da gravidade terrestre. Mas Kara balança a cabeça. "Lena, já impusemos tanto—"

“Certamente eu posso decidir o que constitui uma imposição?” Lena sorri, não querendo examinar por que a necessidade de manter Kara - ambas Karas - perto é tão forte.

A boca da loira mais velha abre e fecha. Ela não pode argumentar contra isso, Lena sabe.

"Bom", diz ela com finalidade, voltando-se para pegar o casaco e a bolsa. “Isso está resolvido então. Lá vamos nós."

-

Considerando todas as coisas, a noite passa sem grandes incidentes.

A devastação total que Pequena Kara experimenta ao saber que o terceiro filme de Diário de uma Princesa ainda não existe é amenizada apenas por sua alegria em poder assistir Os Incríveis 2 na tela plana de Lena menos de uma semana depois de ela ter visto o primeiro filme nos cinemas de sua cidade.

No momento em que a adolescente foi vestida com o menor casaco e calça de moletom de Lena e conduzida para o quarto de hóspedes, Lena está prestes a adormecer onde está.

Ela e Kara repassam suas rotinas noturnas lado a lado, sem mencionar seus inevitáveis arranjos para dormir. Vestida com a velha camiseta do acampamento de ciências de Lena e shorts de dormir, Kara apenas desliza para baixo dos lençóis no que Lena passou a pensar – muito em particular e com uma onda secreta de prazer – como seu lado da cama e apaga a luz.

É fácil – é tão fácil – subir ao lado dela. Para deixar o estresse do dia sair de si enquanto a mão de Kara alcança a lacuna entre elas e entrelaça seus dedos, levando as mãos unidas aos lábios para pressionar um beijo leve na palma de Lena.

É fácil, perigosamente fácil, cair na armadilha desse conforto, dessa normalidade. Para fingir que esta é uma noite como qualquer outra; que Kara está sempre aqui, permanentemente, aquecendo sua cama e seu coração.

Lena se assusta com o quanto gostaria que fosse esse o caso.

Mas isso é um desejo, um desejo muito grande e indisciplinado para ser enfrentado esta noite. Então, por enquanto, ela apenas aperta seus dedos entrelaçados e deixa o calor inebriante de Kara ao seu lado, a cadência constante de sua respiração, embalá-la até a inconsciência.

-

Ela foi arrancada do sono por um grito.

Kara já está de pé e pulando da cama antes que Lena possa piscar de volta à consciência, quase voando para fora do quarto e quase levando um pedaço considerável da parede de gesso de Lena com ela.

Lena sai tropeçando atrás dela, seguindo os ruídos de perturbação pelo corredor até onde a porta do quarto de hóspedes está entreaberta.

Lá dentro, iluminada pela luz fraca do corredor, ela encontra duas figuras amontoadas no chão ao lado da cama em uma confusão de lençóis e cobertores. Enquanto seus olhos se ajustam, Lena pode perceber que a jovem Kara está enrolada em si mesma em uma bola de soluços, sua respiração áspera e instável enquanto pressiona o rosto contra os joelhos dobrados. Kara, a mais velha, envolveu-se nas costas da jovem, moldando-se firmemente ao seu corpo e balançando a criança choramingando suavemente para frente e para trás.

Com o coração na garganta, Lena caminha cambaleante pelo quarto escuro para se ajoelhar diante das duas.

"Terrores noturnos", murmura Kara quando seus olhos se encontram, quase inaudível sobre os gritos da adolescente. “Eu costumava ter muitos ataques de pânico. Segurá-la assim é bom, a pressão—”

"Acalma o sistema límbico", Lena fornece, balançando a cabeça. Ela concentra sua atenção na jovem. “Ei, Kara. Você está segura. Você está segura, querida. "

Ela mantém a voz calma e baixa, não faz movimentos bruscos nem tenta tocar a garota trêmula. “Eu sou Lena,” ela diz suavemente. “Você está no meu apartamento. Você está bem segura e vai ficar bem. Você acha que se eu segurar suas mãos, você será capaz de apertar meus dedos? "

A jovem está praticamente hiperventilando, sufocando em grandes soluços fortes, mas seus olhos emergem do berço de seus braços cruzados para travar nos de Lena. "Bom", incentiva Lena. "Isso é bom. Aqui, aperte minhas mãos.”

"Lena, não", interrompe Kara com urgência. “Ela vai quebrar seus dedos. Aqui, criança,” ela diz, afrouxando seu aperto no abdômen da garota para segurar suas mãos. "Aperte a minha, no lugar."

Depois de um momento, a garota obedece, os nós dos dedos brancos com o esforço. Atrás dela, Kara faz uma careta, mas não reclama.

"Bom trabalho", acalma Lena. “Agora que suas mãos estão ocupadas, vamos dar uma olhada em nossa respiração, hmm? Observe-me,” ela pede, esperando até que os olhos cheios de lágrimas encontrem os dela novamente. “Respire quando eu respirar, ok? Isso é tudo que você precisa fazer. Apenas respire quando eu respirar."

Demora vários minutos longos e agonizantes, mas eventualmente a respiração rápida da garota se torna mais lenta e profunda, seu corpo trêmulo começando a se acalmar.

"Muito bem, querida", diz Lena, estendendo a mão e muito lentamente, muito deliberadamente, colocando as mãos sobre os punhos cerrados de ambas Karas. “Você está no meu apartamento, no quarto de hóspedes”, ela continua. "Você pode me dizer cinco coisas que consegue ver?"

É um processo longo e árduo, mas eventualmente a jovem consegue, sua consciência trazida de volta ao ambiente físico ao invés do terror que toma conta de sua mente. "Bom trabalho", Lena sorri, acariciando os nós dos dedos da menina. "Agora me diga quatro coisas que você pode ouvir."

Elas se movem por todos os cinco sentidos até que a jovem não esteja mais tremendo nos braços de seu eu mais velho. Até que o aperto dos nós dos dedos brancos nas mãos de Kara finalmente afrouxa e ela cai contra o peito da loira mais velha, exausta.

"Que tal tentarmos levá-la de volta para a cama?" Lena murmura para Kara, afastando os cachos emaranhados de suor da testa da jovem. "Não é muito confortável aqui."

Kara acena com a cabeça, endireitando-se e pegando o corpo mole da garota para colocá-la suavemente de volta no colchão. Lena a cobre com os cobertores descartados, ouvindo sua respiração calmamente.

"Eu deveria ficar com ela", sussurra Kara uma vez que a menina está acomodada. “Isso foi— essa é uma grande parte do terror. Apenas— estar sozinha."

Lena acena com a cabeça, uma potente mistura de empatia e tristeza e amor avassalador batendo nela como um maremoto. Ela espera até que Kara se acomode atrás da garota antes de se virar para ir embora. "Devo deixar a porta aberta?" ela pergunta baixinho. "Ou uma luz acesa em algum lugar?"

"A porta aberta é boa", sussurra Kara da cama. Lena balança a cabeça, virando-se para sair, mas uma mão quente em seu pulso a impede. "Você— você poderia ficar também", diz Kara hesitante. "Se você quiser."

Lena engole em seco em torno do nó repentino em sua garganta antes de assentir, dando a volta na cama para rastejar do outro lado da jovem. Ela encara as duas, os olhos traçando seus perfis quase idênticos na luz fraca, e se pergunta se há algo que ela não faria por esta mulher.

O braço de Kara se estende de onde está enrolado em torno de seu eu mais jovem, os dedos empurrando os cobertores até que possam se enroscar nos de Lena novamente. "Obrigada", sussurra Kara, acariciando o polegar sobre a palma da mão de Lena. “Você foi incrível. Eu gostaria de ter tido você por todos os meus terrores noturnos. "

Ela olha para a versão mais jovem de si mesma deitada entre elas. Balança a cabeça com uma risada suave. "Você sabe o que eu quero dizer."

Lena sabe. Ela aperta os dedos entrelaçados com os seus, passando a outra mão pela testa da jovem, alisada agora pelo sono. "Você me tem agora", ela sussurra, suave e honesta.

Através da escuridão, ela pensa que pode apenas ver o sorriso de Kara. “Você me tem também,” a loira responde, tão suave quanto. "Enquanto você me quiser."

-

A manhã nasce clara e fria, pontuada pelos sons suaves de cantos e o cheiro inconfundível de panquecas cozidas.

Lena acorda com uma cama vazia, mas uma cozinha completa, tropeçando para fora do quarto para encontrar as duas loiras dançando ao redor do fogão ao som de um antigo clássico de Britney. A visão a faz sentir-se aquecida do topo da cabeça às pontas dos pés.

A sensação de leveza só se intensifica quando a pequena Kara senta Lena cerimoniosamente na ilha da cozinha, oferecendo a ela uma caneca extragrande de café e uma tigela de frutas cortadas.

“Fizemos o café da manhã para dizer obrigada por ontem à noite e por nos receber e nos ajudar, embora sejamos ambas idiotas”, a jovem recita solenemente. Lena ri da maneira como a adulta Kara está balbuciando as palavras por cima do ombro da criança, como se esse fosse um roteiro em que tivessem trabalhado juntas.

Depois de uma quantidade desumana de panquecas e pedaços de chocolate, elas tomam banho e se vestem e pousam na antecâmara gelada da Fortaleza.

Kara estende a mão para puxar o chapéu de lã, que ela insistiu que Lena usasse, um pouco mais confortável para baixo sobre as orelhas enquanto a adolescente sai para investigar a Fortaleza, gritando de alegria.

“Não quebre nada!” Kara a chama com um suspiro de resignação, oferecendo o braço para Lena segurar e liderando o caminho – em um ritmo muito mais humano – para a caverna principal.

-

Quatro horas depois, Lena ainda não desvendou o segredo da viagem no tempo.

Kara, por sua vez, tenta ajudar. A jovem Kara, em contraste, passa as primeiras duas horas explorando cada centímetro da Fortaleza e as duas seguintes deitada de costas com as pernas para cima, recitando cada música de propaganda cafona que ela já ouviu com crescente deleite.

Lena estaria mentindo se tentasse alegar que não estava irritando seus nervos, mas ela havia passado por muito mais situações perturbadoras do que essa no passado. Kara, por outro lado, está ficando cada vez mais irada com cada slogan que sai da boca de seu eu mais jovem.

Quando a adolescente canta a música do Lucky Charms pela terceira vez em vinte minutos, a compostura de Kara se quebra.

“Rao, você é irritante. Você é como a irmã mais nova mais irritante do mundo,” Kara resmunga baixinho. "Se eu era assim com Alex, não é de admirar que ela me odiasse."

“Você é tão cruel comigo,” a jovem faz beicinho. “Eu não quero mais falar com você. Vou falar com a nossa Lena.” Ela empurra o bloco de gelo que estava usando como poltrona para se jogar sem cerimônia ao lado de Lena.

"Você vai parar com essa coisa de nossa Lena?" Kara diz incrédula. “O inglês não usa títulos honoríficos assim, e nem é gramaticalmente correto em Kryptoniano. Pare com isso.”

“Bem, sim,” a jovem admite. “Tecnicamente, devo dizer minha Lena. Isso é o que você diria, certo? E nós somos a mesma pessoa.”

Kara gagueja, o rosto arroxeado. "Isso não é o que eu— eu não diria—"

"Por que?" a jovem pergunta inocentemente. "Ela não é sua?"

"Não!" Kara e Lena dizem ao mesmo tempo. O coração de Lena está batendo forte em seus ouvidos. Kara nem mesmo olha para ela.

"Huh." A jovem pensa por um momento. "Bem, por que não?"

Lena tem certeza de que ouviu o momento exato em que duas mandíbulas atingiram o chão, com audição ou não. Os olhos de Kara estão movendo rapidamente de um lado a outro entre Lena e seu eu mais jovem, sua boca aberta. Parece que ela perdeu completamente a capacidade de responder em qualquer idioma.

Lena é salva da agonia de ter que formular uma resposta por meio de um bipe insistente. Ela digitou várias mensagens no processador antes de ofegar de prazer. "Eu descobri!"

"O quê? Mesmo?" Kara pergunta animadamente, ao seu lado em um instante. Ambas as loiras a cercam, uma cabeça espiando sobre cada um de seus ombros enquanto Lena verifica o código que acabou de escrever, depois verifica novamente. Rosto se abrindo em um largo sorriso, ela balança a cabeça.

"Uau", Kara respira, maravilhada, enquanto a adolescente joga os braços em volta dos ombros de Lena. "Como você administrou isso?"

“Eu olhei para quais botões tinham mais óleo de pipoca e trabalhei para trás a partir daí.”

Kara fica boquiaberta. “Sério?

"Não!" Lena revira os olhos em exasperação bem-humorada. "Claro que não. Eu examinei o histórico de comandos do processador e descobri como fazer a engenharia reversa.”

"Você é um gênio", diz Kara solenemente, pressionando um beijo estalado na bochecha esquerda de Lena.

"Você realmente é", a jovem concorda, imitando a ação em seu lado direito e todo o rosto de Lena está brilhando mais forte do que um hidrante, mas neste momento ela não consegue se importar. Ela tinha acabado de desvendar o segredo da viagem no tempo, pelo amor de Deus. Ela pode corar se quiser.

“Agora eu só tenho que descobrir um apagamento de memória à prova de falhas para quando nós mandarmos você de volta e você estará pronta para ir”, ela sorri para a adolescente, cujos braços apertam seu pescoço.

Com o coração batendo forte e o peito cheio a ponto de explodir, tudo que Lena pode fazer é retribuir o abraço.

-

Kara saiu correndo para comprar pizzas para comemorar enquanto Lena tenta resolver a peça final do quebra-cabeça.

As Kryptonianas ingerem pelo menos uma dúzia cada, enquanto Lena pega delicadamente em sua única fatia. Luta para terminar até isso e entrega sua crosta para Kara, que aceita com gratidão.

Com o fim à vista, o clima na Fortaleza torna-se leve e jovial. A adolescente finalmente parou de recitar antigos comerciais de cereais, pelos quais Lena é imensamente grata.

Ela ouve as brincadeiras fáceis entre as duas loiras enquanto trabalha, deixando as risadas gentis e os trocadilhos terríveis envolvê-la como um cobertor quente.

"Então, você já tem um Combinação?" a adolescente pergunta depois de um tempo, a boca cheia de pizza.

“Não há Combinação na Terra.”

“Ficante, então. O que?" Ela pergunta com a expressão chocada de Kara. "Foi assim que Alex me disse que vocês chamam aqui."

"Alex está zoando com você", diz Kara sem rodeios, e Lena tem que reprimir um sorriso. "Não dê ouvidos a nenhuma tradução que ela tente dar a você por pelo menos mais um ano, está me ouvindo?"

A jovem bufa. "Você está evitando a pergunta."

Nas costas de Lena, Kara suspira. "Não. Eu não tenho um— um parceiro.”

"Por que não?" a adolescente pergunta, aparentemente alheia à natureza delicada do assunto em questão. “Não existem, tipo, sete bilhões de pessoas neste planeta? Não tem ninguém que se adeque?”

"Claro que existem— é claro que algumas pessoas são adequadas", Kara administra, a voz um pouco estrangulada. “Mas não é tão simples aqui.”

"Por que não?"

Kara suspira novamente, longo e pesado. “Há apenas— há muito a considerar. Muitos fatores diferentes em jogo. Você vai entender quando for mais velha.”

“Isso é muito uma resposta vazia,” a adolescente diz indignada. “Tudo é baseado no amor aqui, não é? Então, o que pode ser tão complicado?”

Lena não consegue explicar por que seu coração de repente está batendo tão forte contra suas costelas. Por que todos os seus sentidos de repente estão sintonizados com a Kryptoniana do outro lado da sala, em vez de com o código que ela deveria estar escrevendo.

Kara bufa uma respiração áspera. "Você não entende—"

"Claro que não!" a jovem concorda. “Se você ama uma pessoa e ela retribui o amor, vocês são parceiras. Juntas, devidamente. Em todos os sentidos isso conta.” Ela revira os olhos. "O que poderia ser mais simples que isso?"

Fica quieto por um longo momento. Lena tenta manter a respiração regular, o batimento cardíaco estável, para que a mudança não seja percebida pelos dois pares de ouvidos superpoderosos na sala.

E então Kara solta um suspiro longo e lento, a voz ofegante e questionadora. "Talvez você esteja certa."

Ela pode praticamente ouvir o sorriso da adolescente. "Eu geralmente estou", ela sussurra assim que a interface na ponta dos dedos de Lena fica verde e brilhante.

“Consegui,” ela diz, limpando a garganta e virando-se para as loiras. “Código de apagar mente, pronto para ir.”

Ela ajuda a adolescente a pressionar sua impressão digital no scanner biométrico para que o programa trave em seus marcadores genéticos. "Isso vai funcionar?" a jovem pergunta. "Não vai, tipo, me explodir em cem bilhões de átomos espalhados pelo universo?"

“Só se você tiver muita sorte”, Lena pisca, estendendo a mão para tirar um cílio perdido da bochecha da garota. “Tenho certeza que funciona,” ela continua, o tom ficando sério. "Eu nunca arriscaria você se não tivesse certeza."

A adolescente surpreende Lena jogando os braços em volta dela, o rosto pressionado contra o pescoço e ombro de Lena. "Eu sei", ela abafa contra a pele de Lena. “Obrigada, Lena. Eu tenho muita sorte de ter você no futuro.”

Lena descobre que seus próprios braços se erguem para combinar, alisando as costas e os ombros da garota. "Bem, eu realmente tenho sorte de ter você", ela responde, com a voz grossa e a garganta entupida. “Passado, presente e futuro.”

A jovem ri, afastando-se depois de um longo momento para voltar-se para o seu eu mais velho. "Bem. Vejo você em dezesseis anos, eu acho? "

Kara engole, a garganta trabalhando. “Vem cá, criança,” ela murmura, puxando a menina para um abraço apertado. Lena não escuta as palavras Kryptonianas trocadas entre as duas. Ela provavelmente não seria capaz de traduzi-las se tentasse.

Eventualmente, as duas se separam, com as bochechas rosadas e os olhos brilhantes. "Não deixe isso te derrubar", murmura Kara com um sorriso, apertando carinhosamente o queixo da jovem.

A adolescente sorri. "E você, não deixe isso escapar", diz ela incisivamente, e Kara acena com a cabeça.

“Tudo bem então,” a garota diz, satisfeita. "Transmita-me, Lena."

Kara bufa. “Deus, você é tão uma estranha.”

A adolescente revira os olhos. "Eu me pergunto de onde tirei isso."

Com um último sorriso e um último aceno, Lena digita o comando final no processador e a garota sorridente se derrete em um flash de luz azul prateada.

-

Fica mortalmente silencioso em seguida.

Ambas estão congeladas, de olhos arregalados, preparadas para o apocalipse. Para que o tempo todo se desvendasse na ponta dos dedos, para que toda a realidade desabasse ao seu redor.

Nada acontece.

"Hum," Kara diz depois de um momento interminavelmente longo. "Isso significa que funcionou?"

"Sim?" Lena responde hesitante. “Quero dizer, é o seu passado. Você se lembra de alguma coisa disso ter acontecido quando você tinha quatorze anos? "

Kara faz uma pausa por um momento, pensando muito. "Nadinha."

“E você ainda está aqui no presente, então não consegui apagá-la acidentalmente da existência”, diz Lena, para se tranquilizar tanto quanto a outra mulher. "Então, eu diria que funcionou."

"Funcionou?"

"Funcionou."

Funcionou!” Kara deu um pulo, correndo para frente e pegando Lena em um abraço de urso gigante, girando-as em voltas e mais voltas até que Lena estava sem fôlego e rindo contra ela.

"Rao, você realmente é um gênio", murmura Kara contra o cabelo de Lena, colocando-a suavemente de volta em seus pés. Elas se separam lentamente, sem realmente recuar muito. O ar entre elas de repente parece pesado e espesso com antecipação.

"Bem, não fui eu que acidentalmente inventei a viagem no tempo", Lena diz com a garganta seca de repente.

"Não, você é apenas aquela que reinventou de propósito", Kara sorri, com as mãos ainda pesadas e quentes nas costas de Lena.

O momento parece carregado com possibilidades infinitas, e Lena de repente se sente ousada. "O que ela quis dizer, quanto mais jovem você?" ela pergunta baixinho. "Não deixe o que escapar?"

Kara engole em seco, a garganta trabalhando. Um caleidoscópio de emoções se desenrola em suas feições, choque e surpresa dando lugar ao medo e antecipação antes de finalmente se decidir por algo que parece um pouco mais com bravura. Um pouco mais de esperança.

A loira respira fundo. "Ela quis dizer isso", ela sussurra, sua respiração passando pelos lábios de Lena. "Ela— ela quis dizer você."

O coração de Lena para. Então começa de novo, freneticamente, vibrando rápido como o de um beija-flor.

Kara alisa uma mão quente em suas costas, emaranhando em seu cabelo solto. “Se você ama uma pessoa e ela retribui o amor, vocês são parceiras. Juntas, de todas as maneiras que contam”, ela diz baixinho, os olhos azuis doloridos de sinceridade. Ela dá uma respiração profunda e incerta. "Se ela te amar de volta."

O peito de Lena estala no centro, seu coração batendo forte e saindo de seus limites. Já não pertence apenas a ela, ela percebe. Não faz um bom tempo.

"Ela ama você de volta", ela sussurra, imediatamente e sem hesitação. Não é nem mesmo uma decisão consciente. É simplesmente inevitável. "Eu também te amo."

"Você ama?"

“É claro que eu a—”

Ela nunca consegue terminar a declaração porque no segundo batimento cardíaco, os lábios de Kara colidem com os dela. Elas se moldam quentes e perfeitos, uma maciez ondulante cobrindo a paixão turbulenta e Lena pensa que toda a realidade poderia desabar ao redor delas neste momento e ela realmente não se importaria. Honestamente, ela poderia nem mesmo perceber.

Demora muito até que elas se separem. Um longo, lindo e perfeito momento de beijo como Lena nunca beijou antes. Kara a beija profundamente, viciosamente. Como se ela quisesse se afogar nele, puxar Lena com ela para as profundezas. Se esta for a correnteza abaixo da superfície lisa, Lena não acha que vai resistir ao puxão.

Quando elas finalmente se afastam, ofegando por ar, Kara inclina suas testas juntas com uma risada ofegante.

Lena não pode deixar de sorrir também. Ela talvez possa nunca mais parar de sorrir. "O que é tão engraçado?"

Kara bufa uma risadinha contra a boca de Lena, beliscando seu lábio inferior antes de suavizá-lo com a língua. "Eu só— eu não posso acreditar que meu eu de quatorze anos foi minha casamenteira."

Lena não consegue conter a própria risada com isso, cutucando o nariz contra o de Kara enquanto ela aperta os braços em volta do pescoço da loira. “Pelo menos ela não vai se lembrar disso. Esse tipo de coisa pode deixar uma criança com uma marca para o resto da vida.”

Kara se inclina para dar beijos suaves nas bochechas de Lena, na testa, na ponta do nariz. "Ela pode não se lembrar, mas eu nunca vou esquecer um segundo disso", ela murmura contra a mandíbula de Lena. "Nem um segundo de você."

Lena aperta os olhos fechados contra a repentina e inexplicável picada de lágrimas, apenas para sentir os lábios de Kara roçarem como uma pena sobre suas pálpebras. "Eu não esquecerei um momento de você também", ela sussurra, os dedos torcendo os pelos finos de bebê na nuca de Kara.

Kara pressiona outro beijo que se parece com adoração em seus lábios antes de colocar suas testas juntas novamente. "Nem mesmo o momento em que espirrei água do meu nariz em você ontem?" ela pergunta, pressionando seu sorriso na bochecha de Lena. "Eu realmente não me importaria se você esquecesse esse."

Lena sorri. Ela sorri, sorri e sorri. “Bem, eu fiz a quebra dos códigos tanto para a viagem no tempo quanto para a limpeza de memória agora”, diz ela afetadamente, puxando a loira para outro beijo ardente. "Vou ver o que posso fazer."

Notes:

oioi :))
se gostaram da história não se esqueçam de deixar kudos aqui e na original (para deixar comentários e kudos não precisa ter conta)
original: https://archiveofourown.org/works/28821918
Para mais trabalhos incríveis (em inglês): https://archiveofourown.org/users/searidings/pseuds/searidings

Também têm artes inspiradas na fic:
https://searidings.tumblr.com/post/651412733324099584/ah-yes-well-funny-story-actually-based
https://searidings.tumblr.com/post/653866391845421056/you-and-me-and-you-makes-three-by-searidings