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Hanabi

Summary:

Katsuki gostava de estourar fogos de artifícios e Shouto gostava de apreciá-los.

Notes:

BKTD Month - First Times

Então, estou participando do mês Bakutodo e estou muito feliz por ter conseguido criar algo no meio do caos que está o fandom e meu emocional.

Espero que gostem do que foi feito. É simples, mas de coração.

É um carinho para você fan do Bakugou em especial.🥲

(See the end of the work for more notes.)

Work Text:

A noite estava quente e o céu estrelado, exatamente como Jirou disse alguns dias atrás, antes da turma organizar um pequeno evento de queima de fogos no campus da U.A.. Katsuki foi o primeiro a protestar, mesmo que no segredo de suas emoções fosse o mais animado. 

Desde criança, gostava de observar a pólvora explodindo em belas faíscas laranjas, como a peculiaridade que corria nas veias de seu corpo.  Obviamente, ele nunca falaria para ninguém o quanto poderia ser poético as coisas que pensava a respeito dos próprios poderes, do quanto era hipnotizado por coisas bobas como fogos de artifício, Izuku era o único que poderia desconfiar de seu lado mais sensível. Porém, quem se importa com aquele nerd?

Antes de sair dos dormitórios, Katsuki colocou na mochila alguns palitinhos de faíscas, uma pequena cascata de fogos e algumas bombinhas barulhentas (foda-se, era divertido atirá-las por aí). Com muito cuidado, organizou da maneira mais discreta para não atrair a atenção dos colegas que pareciam extremamente animados para o tal evento. Obviamente, o loiro fez pouco caso o caminho inteiro até a zona verde do campus, sentindo-se cada vez mais enérgico ao imaginar suas bombinhas estalando por aí. 

Katsuki seguiu o caminho mais afastado, longe de Kaminari, Kirishima, Sero e Mina que pareciam muito dispostos em incomodá-lo a noite toda sobre o quanto seus poderes poderiam ser úteis numa noite de queima de fogos. Os filhos da puta adoravam zoá-lo, mesmo que fosse uma verdade da qual ele não sentia-se incomodado de nenhuma forma. Afinal, quem não gosta de belas explosões?

Pacientemente, esperou que o acampamento fosse organizado pelos seus colegas e Aizawa estivesse ridiculamente acomodado em seu saco amarelo de dormir. Ele saiu discretamente da mira de seus colegas que já estavam absurdamente distraídos pelos fogos que Iida e Momo haviam montado com o auxílio de algum ''baby'' da equipe de suporte. 

Bakugou seguiu caminho por dentro da pequena floresta, até chegar próximo de um córrego, lugar que usava como refúgio em dias que não aguentava olhar-se no espelho. E que seria ótimo para soltar seu arsenal particular de fogos.

Com a mochila aberta no chão, ele começou a organizar o equipamento pirotécnico, mas foi surpreendido por um ''oh'' profundo logo atrás das orelhas, deixando-o à flor da pele. 

O loiro poderia girar numa velocidade absurda e explodir o inimigo em segundos atrás de suas costas, exceto quando fosse Shouto Todoroki e suas emoções constipadas, como aquele maldito som de surpresa. 

Katsuki olhou sobre o ombro e aprofundou a carranca, analisando o menino de cima a baixo numa clara tentativa de intimidá-lo. O problema era que o meio a meio era imune a qualquer ataque social que pudesse desenvolver para afastá-lo, Shouto parecia ter nascido com uma terceira individualidade que era ignorá-lo. 

— Porque diabos você está me seguindo, seu meio merda? — disse irritado.

O bicolor piscou algumas vezes ao refletir sobre a pergunta, sentando-se no chão como se fosse um maldito convidado ou algo do tipo. O loiro sempre ficava embasbacado com a audácia do garoto, mas não havia nada que pudesse fazer para vencê-lo naquela dura briga de pessoas emocionalmente quebradas, Todoroki sempre era o pior. 

— Eu não estou te seguindo, apenas gosto de vir aqui também. — Shouto parecia modesto em suas palavras, deixando Katsuki mais nervoso e com o coração acelerado de uma forma que repudiava até os ossos. 

Bakugou não conseguia desfazer a carranca que se tornava mais e mais profunda ao encará-lo. Todoroki parecia levemente surpreso ao olhar para o kit de explosivos que estava sendo organizado no chão. A emoção só foi perceptível aos olhos rubros por causa do ângulo elevado das sobrancelhas, pois qualquer um poderia acreditar que o bicolor estava indiferente como 98% do dia. Às vezes (muitas vezes), Katsuki queria explodir a própria cara por ser tão consciente dos trejeitos do menino. 

E porra, quem ele desejava enganar quando era apaixonado desde o primeiro ano de colégio pelo meio a meio? Ele já havia decorado todos os sons, gestos e expressões que o bicolor pudesse desencadear em situações mundanas ou no campo de batalhas. 

Katsuki fingiu não sentir as trepidações no meio do peito e o vazio no fundo do estômago, sentando-se ao lado do garoto com alguns palitos de fogos na mão.

Era fodidamente esquisito estar sentado na grama fresca ao lado de Shouto, com estrelas brilhantes piscando acima de suas cabeças e a brisa agradável acariciando os cabelos em torno das bochechas. O cenário parecia mais um conto romântico da Disney do que qualquer espaço que pudesse ser ligado a U.A..

— Acho que estou um pouco nervoso. — Shouto admitiu, inclinando-se um pouco mais para perto de Katsuki até que seus ombros se tocassem. O loiro trancou o oxigênio nos pulmões e fitou para onde a atenção do colega estava voltada, os fogos em sua mão. — Eu nunca vi fogos tão de perto. 

—  O quê? — disse curioso, olhando para o objeto nas mãos e depois olhando para a cara emocionada do bicolor. — Você nunca acendeu fogos de artifício?

— Não. — O bicolor inclinou-se para longe novamente, abraçando as pernas, fixo no córrego há alguns metros de distância. — Eu vi algumas vezes meus irmãos brincarem, mas eu sempre estava treinando ou dormindo de exaustão. 

Katsuki queria falar qualquer merda para dissipar o clima tenso que estava sendo construído entre eles, mas falar de emoções era um tópico intocado entre eles e deveria permanecer assim por hora. Ainda mais quando estava sentindo falta do calor que estava percorrendo seu braço segundos atrás. 

Não era exagero dizer que gostaria de perseguir o contato até tê-lo por todo seu corpo e trazer qualquer emoção para Shouto do que pensar na família fodida que possuía. Com gentileza (ele trabalha com bombas, óbvio que sabia ser gentil), Bakugou entregou um palitinho para o bicolor que não soube disfarçar o brilho de comoção nos olhos díspares. 

— Pra mim? — Ele parecia chocado e Katsuki apenas queria abraçá-lo ou socá-lo. Foda-se.

— Sim! — Com todo autocontrole que ainda possuía, enfiou o objeto nas mãos de Todoroki e deu um peteleco no meio da testa para que o mesmo parasse de fazer os olhos pidões. Ele iria infartar, sem brincadeiras. — E pare de fazer essas caras de merda, são apenas fogos de qualquer forma. 

— Creio que essa seja a minha cara de todos os dias, Bakugou. — Shouto tombou a cabeça para o lado e sorriu pequeno, numa singela provocação que os dois já estavam acostumados a trocar todos os dias. 

— Apenas use seu único neurônio para acender as faíscas antes que eu me arrependa de não ter expulsado você do meu acampamento particular. — Katsuki grunhiu impaciente com as besteiras do colega, perguntando-se quando começou a se sentir tão amolecido com os próprios sentimentos.

Porra, ele estava muito fodido não é mesmo?

— É só queimar?

— Sim. — Ele coçou a nuca sentindo-se cada vez mais ansioso. — Mas queime só a ponta e não o palito todo, meio a meio.

Shouto confirmou com um aceno de cabeça antes de fazer uma pequena chama na palma da mão. Os olhos heterocromáticos estavam buscando alguma validação de Katsuki, que murmurou positivamente ao levar o próprio fogo de artifício para a peculiaridade do bicolor.

O som dos estalos ganhou vida junto da chama que inflamou, revelando uma linda chuva de faísca entre eles. 

Katsuki estava muito satisfeito com a escolha de seus fogos, que cintilavam furiosamente contra as cores azuladas da noite. Eles eram fodidamente belos, mas não podiam competir com os cílios de Shouto reluzindo as cores quentes do sol, aquecendo o lado albino e incendiando o ruivo do cabelo. 

Os olhos vermelhos leram com atenção cada contorno de sua face, as rugas da cicatriz, o brilho dourado que refletia sobre os lábios pequenos e de aparência macia também não passou despercebido. Bakugou nunca pensou que acharia alguém tão etéreo em cores de ouro.

Ele sabia que estava perdendo um pouco do espetáculo que deslizava pelo graveto em seus dedos, mas era impossível não sentir as emoções transbordando ao lado do menino mais lindo da classe.

O garoto sem neurônio, mais lerdo, mas também o mais talentoso, aquele que despertava uma súbita vontade de protegê-lo todas as vezes que o via perambulando pelos corredores. Katsuki prometeu para si mesmo que ainda derrubaria Endeavor para assumir o posto mais alto, para livrar Shouto daquele sofrimento.

 O loiro queria embalá-lo em torno dos braços e beijá-lo como se fosse algo sagrado, nascido no mundo um para o outro. Bakugou sabia que estava louco quando a mente viajava para histórias que eram apenas dele e não de Todoroki. 

— É lindo. 

A voz profunda de Shouto chamou a atenção para o presente, sem saber ao certo quanto tempo ficou perdido em cada detalhe do colega. Com certeza, daquela distância era possível ver o quanto estava corado, já que o calor parecia pinicar na ponta das orelhas. 

— É claro que é. — Katsuki sorriu afiado, observando os últimos resquícios da faísca estourar e o cheiro de pólvora preencher os pulmões. — Eu sou o melhor na escolha deles, meio a meio.  

As palavras zombeteiras ainda pareciam gravadas na língua, mas Shouto parecia sereno demais, entregue demais, esperando algo do qual não fazia ideia do que era. Ou sabia e tinha medo de arriscar por medo.

O fogo se apagou e a penumbra voltou a reinar entre eles, exceto pelo brilho pálido da lua e alguns pontos luminosos dos refletores no horizonte. Era noite, mas algumas coisas pareciam muito claras, gritando nos ouvidos que talvez, por um milagre, pudesse entregar-se aos sentimentos que fluíam de uma nascente em seu peito.

— Quando disse bonito, era sobre você. — a voz sussurrante de Shouto parecia uma canção doce e que vinha de muito longe, implorando para ser ouvida. Katsuki estremeceu sob o hálito quente perto de sua boca, o embrulhado numa atmosfera íntima, feita especialmente para eles.

— Você está louco, garoto bonito?

Ele tinha que estragar as coisas, Bakugou sempre teve o dom de falar as coisas erradas, nos momentos errados. Mas Todoroki riu baixinho, rouco e mais nada importava para ele. 

Os verdadeiros fogos estavam explodindo dentro dele, levando-o diretamente para o espaço na velocidade de um foguete. Ele largou o restante dos palitos no chão e deslizou uma das mãos para os cabelos do bicolor, enterrando os dedos no vão da nuca até senti-lo vivo abaixo de suas palmas. 

Katsuki sempre foi afobado, sempre rápido nas exceções, mas desta vez ele queria beber lentamente tudo que Shouto estivesse disposto a dar.  Ele apreciou o aroma de perfume na lateral do pescoço, engoliu o calor de cada respiração, os lábios tremeram na ansiedade de tê-lo em sua essência.

Ele nunca pensou que pudesse se sentir tão carente, tão necessitado por uma pessoa que até segundos atrás era apenas um delírio mental. Em algum ponto, ele já havia desconfiado que Shouto poderia nutrir algo, Mina e Uraraka já haviam mencionado coisas do tipo. O problema era que Bakugou nunca trabalhava com incertezas, mantendo-se protegido por trás de sua armadura de raiva e indiferença.

Porém, lá estava ele juntando os lábios contra os de Todoroki que pareciam chamas ardentes, ansiosos em queimar tudo que tocassem. Queimando até que tudo virasse pó de estrelas entre eles.

A boca do loiro foi ousada, pintando sabores no céu do bicolor através da dança de línguas que o fez abandonar um sussurro quase pecaminoso ao se inclinar mais sobre o corpo do garoto. 

Katsuki não queria voltar para acampamento, apenas oferecer os mais belos fogos de artifício na vida de Shouto. Aquelas luzes seriam as primeiras de muitas que traria para a vida do menino que roubou seu coração desde que se viram pela primeira vez nos campus da U.A.. 

 

 

 

Notes:

Obrigada por terem lido.
Qualquer erro de português, não teve beta.