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A rua estava molhada do recente temporal que caiu em São Paulo, as pessoas aos poucos voltando a circular. Eu estava saindo da minha padaria favorita com o melhor bolo que eu já comi nos meus mil anos quando ela me parou. Uma garota bonita, de cabelos castanhos escuros levemente ondulados com um cigarro nos lábios, me chamou com um sorriso nos lábios pintados de vermelho. O vestido dela estava com a barra úmida e o isqueiro nas mãos encharcado, com certeza não funcionava mais.
Eu me aproximei e ela me perguntou se eu tinha um isqueiro, o peguei no bolso do meu jeans e joguei para ela. O sorriso dela aumentou e me agradeceu, antes de acender o cigarro e me devolve-lo. Ela tragou e soltou a fumaça, visivelmente aliviada em finalmente sentir a nicotina circular por seu sistema.
Puxou um assunto comigo, sobre de onde eu era, a quanto tempo morava lá e se estava gostando da cidade. Eu continuei o assunto e quando dei por mim tinha perdido a noção do tempo, ali eu deveria ter saído correndo, ido o mais longe que eu pudesse e não olhado para trás. Mas eu achei que conseguia, que seria como sempre.
No fim do dia, acabamos fumando alguns cigarros juntas e descobrindo que as coisas em comum. Já tínhamos até marcado de ouvir o novo álbum dos Beatles, isso sem nem nos apresentarmos. Ela se chamava Ágata, tinha 18 anos e era a típica adolescente rebelde que se recusava a ir na Igreja e andava com pessoas que os pais odiavam.
Um encontro, virou dois, que virou três e acabou que estávamos nos vendo praticamente todo dia. Naquele mesmo mês, eu sabia que estava apaixonada e que se não fosse embora, cometeria o pior erro da minha vida. E em muito tempo, eu me permiti ser egoísta e fiquei.