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Language:
Português brasileiro
Stats:
Published:
2025-10-09
Updated:
2025-12-01
Words:
10,901
Chapters:
2/?
Comments:
2
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12
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2
Hits:
301

To Have & Hold

Summary:

Percy Jackson desapareceu silenciosamente na calada da noite. Semanas depois, ainda não há pistas sobre o que pode ter acontecido com ele. Esgotando-se na tentativa de encontrá-lo, apenas para acabar sem nenhuma pista dia após dia, Annabeth está decidida a deixar o orgulho de lado e pedir ajuda a alguém que ela tinha certeza que nunca mais veria: seu pai.

Voltar para casa pela primeira vez desde os sete anos não é uma tarefa fácil, mas encontrar Percy é mais importante do que pequenas coisas irritantes, como o fato de ela ter fugido de casa e ter levado sua família a acreditar que ela estava morta pelos últimos dez anos.

Notes:

Chapter 1: Introduzindo: A Criança Perdida (não, não é aquela).

Chapter Text

O plano era simples: chegar e falar.

Só um bate e volta maroto; simples, fácil, duas horinhas no máximo. Tudo o que ele tinha que fazer era bater um lero, trocar um dedo de prosa, talvez comer uns biscoitinhos com um café recém passado.

Simples, fácil, impossível de dar errado.

Obviamente, tudo foi para o beleléu assim que ele abriu o grande bocão dele e tudo que não erra para dar errado, deu muito errado.

Quem foi o estrupício que decidiu que ele, entre todos os adultos mais competentes e menos propensos a trocar os pés pelas mãos, deveria ser o mensageiro? Espera, ele se voluntariou, não foi? Bem, ele nunca fingiu que era inteligente para começo de conversa, os outros deveriam saber melhor do que ir na ideia dele. Enfim, essa definitivamente vai ser a última vez que ele se voluntária para qualquer coisa. Tudo o que ele queria era fazer sua boa ação do dia, mas não, ele tinha que se ferrar bonitinho.

Homofobia dos infernos.

Claro, talvez ele devesse ter pensado um pouco melhor no plano de jogo, que, por sinal, é completamente inexistente, mas isso não é culpa dele; acontece que depois de uma vida só indo com a maré te torna meio suscetível a planejar enquanto faz. E não é como se isso fosse um plano tão ruim, ele passou todos os anos do colégio sem pegar um livro para estudar e colocando a cara a tapa nos dias de provas e apenas aceitando qualquer resultado (claro, ele era um dos poucos alunos que calavam a boca e prestavam atenção na hora da explicação, mas, ainda assim, ele estava ou lendo ou ouvindo música enquanto o professor falava). Então, que os deuses lhe perdoe por achar que tocar a campainha e pedir para falar com o dono da casa iria funcionar. Até porque, onde já se viu isso, né? Tocar a campainha e educadamente pedir para falar com o adulto responsável claramente é algo criminoso e suspeito, então é claro que ele iria se ferrar por isso.

Certo, certo, ele pode ter ultrapassado os portões e invadido propriedade privada no processo de chegar até a campainha, e ele pode ter pedido para falar com o cara que tecnicamente não mora na casa, mas tem um quarto secreto na forma de uma caverna infestada de cocô de morcego embaixo dela, e essa é uma informação que ele, supostamente, definitivamente não deveria ter, mas você pode culpar ele? Ele está nervoso e estressado e não dorme há sessenta horas, é claro que ele iria começar a falar mais do que deveria eventualmente. Pelo menos o cérebro dele ainda tem neurônios o suficiente funcionando para fazer ele falar apenas dessa coisa que ele não deveria falar e não da outra coisa que ele não deveria falar porque se ele falasse da outra coisa que ele não deveria falar aí as coisas ficariam realmente, completamente, absurdamente complicadas. E ele não precisa de mais complicações na vida dele, não, muito obrigado. O que ele precisa de uma rede para se espreguiçar e uma boa fanfic com 100K no mínimo.

Ao invés disse, o que ele tem é uma sala com a pior decoração que ele já viu na vida, portas e janelas trancadas como se ele fosse uma espécie de criminoso e um sofá tão desconfortável que quase faz ele sentar no chão. Mas ele é um convidado — quase —, e ele tem educação o suficiente para saber que você não pode sentar no chão da casa de pessoas que não são parte do seu ciclo de amizade sem parecer um esquisito. Sendo assim, contra todos os seus músculos doloridos, ele continua no sofá que deveria ser guilhotinado e então mandando para a fogueira por crimes contra a anatomia humana, em especial a lombar.

Céus, como as costas dele estão doendo.

Isso é tortura, lhes digo, tortura!

Respirando fundo, ele tenta achar alguma posição confortável, não que ele que tal empreitada lhe dê frutos positivos.

Sem nada para fazer, ele continua a olhar fixamente para frente. Seus olhos estão começando a arder, um sinal de que ele esqueceu de piscar de novo, mas não é como se ele ligasse. Talvez se ele tiver algumas lágrimas no olhos, isso vai fazer seus captores mais empáticos com o seu infortúnio.

Não, talvez captores não seja a palavra certa. Como destacado anteriormente, ele bateu na porta e pediu por uma audiência com o proprietário. Então, de certa forma, ele meio que se entregou para eles em uma bandeja de prata.

Ou de bronze.

Ou de plástico vermelho barato da praça de alimentação.

É, definitivamente de plástico vermelho barato.

Ele também, com toda a sua sabedoria milenar adquirida no ensino publico com falta de verba ou incentivos do governo, falou muito mais do que devia e já começou errado desde o inicio, quando ele muito estupidamente pediu para falar com a versão errada do dono da casa.

Veja bem, é uma verdade universalmente reconhecida que um homem solteiro, possuidor de uma grande fortuna, vai, inevitavelmente, se fantasiar e sair por aí batendo em pobre no meio da noite.

Então é claro, é claro que Bruce Wayne é o Batman, assim como o Oliver Queen é o Arqueiro Verde. E não é culpa dele se o Bruce achou que ele estava fazendo um bom trabalho em esconder a identidade dele, e ficou boladinho quando ele chegou perguntando pelo Batman antes de qualquer outra coisa. Nem o Oliver reagiu tão ruim quando ele deixou escapar que sabia quem ele era, e o sujeito atirou uma flecha na perna boa dele.

Ele sempre soube que o Batman era paranoico em um nível que faria até Zeus parecer um sujeito razoável, mas trancar ele em uma sala sem deixar ele falar nada além de duas frases? E daí se uma dessa frases era o nome super (nada) secreto dele? E não é nem como se ele tivesse exigido algo ou ameaçado ele ou dito algo idiota como "eu tenho uma bomba". Tudo o que ele fez foi estender sua mão, se apresentar como a pessoa educada que ele não é, e pedir para falar como o Batman. Nada que justifique o péssimo tratamento que estão lhe dando.

Uma pequena parte dele diz que talvez, só talvez, o motivo do tratamento ruim não seja tanto pelo nome Batman e mais pelo nome dele mesmo, afinal, mesmo sendo um filho bastardo, ilegítimo e meio que legalmente morto, ele ainda é filho do pai dele (para grande desgosto do próprio) e, mais importante, Lowell Luthor ainda é o irmão caçula de Lex Luthor; o que algumas pessoas considerariam algo muito pior e catastrófico, especialmente quando você bate na porta da casa do Batman e pede por um dedo de prosa e, consequentemente, atrapalha o encontro dele com ninguém menos que o Superman.

De todas as pessoas que odeiam o nome Luthor e tudo que vem atrelado a ele, Batman se encontra na segunda posição com o Superman saindo na frente em disparada. Sendo assim, é compreensível que os dois estejam receosos com a aparição não planejada e não desejada dele.

Em sua defesa, Lowell gostaria de dizer que se tivesse como, ele teria ligado antes para marcar um horário do jeito que gente rica metida a besta gosta, mas ele está com pressa e atualmente o celular dele se encontra no fundo de um poço (literalmente). Sendo assim, aparecer sem convite ou planejamento era a única opção. O que é irritante, claro, mas ainda assim não é motivo para tratarem ele como um criminoso. Só porque o irmão dele gosta de andar de bicicleta na linha entre a sanidade e a insanidade legal enquanto comete vários crimes, não quer dizer que ele é igual. Ninguém escolhe a família, e ninguém deveria ser julgado por ela.

Olhe o Superman, por exemplo, o tio dele adora invadir o planeta e destruir tudo no caminho e então ir embora sem pagar a conta. E ninguém culpa o Superman por isso, bem, ninguém além do Lex, mas o problema dos dois é dos dois e o o Lowell não deveria ser arrastado para o meio disso porque, como diz o ditado brasileiro muito questionável, em briga de marido e mulher ninguém mete a colher.

— Luthor!

Lowell pisca, tentando focar.

Ele coça seus olhos e cobre a boca para bocejar.

Batman e Superman estão lhe encaram com cara de poucos amigos.

— Que foi? — sua voz é arrastada e embolada.

— Você dormiu — o Homem-Morcego grunhi.

Lowell pisca novamente, lenta e deliberadamente, seus olhos saindo e entrando em foco. Batman e Superman estão fora de ângulo, mais altos e tortos do que normalmente são.

— Uhm — ele concorda com a cabeça. Sentando-se, ele vê a sala voltar ao normal, mas os dois continuam maiores do que deveriam (será que eles usam calço nos sapatos?). — Isso acontece as vezes — ele dar ombros.

Outro bocejo coberto, outra piscada.

Espreguiçando-se, Lowell estala sua coluna e lamenta mentalmente pelos próximos dias regados a dor e Dorflex.

— O que você quer dizer? — Batman, não, Bruce, o cara não está de fantasia, pergunta. Os olhos dele brilham com um misto entre curiosidade, suspeita e talvez preocupação? Lowell não sabe dizer.

— Tédio.

— Como? — Superman pergunta, genuinamente confuso.

O contraste entre os dois é gritante. Embora Superman seja o mais desconfiado deles em relação ao Lowell devido ao histórico familiar entre eles (que, por sinal, é inexistente uma vez que Lowell nunca tentou dominar o mundo, mas parece que não é apenas os pecados dos pais que são dos filhos, os pecados dos irmãos carecas também são, e sim, a distinção entre irmãos carecas e não carecas são importantes, pois Lowell tem vários irmãos com cabelo e ele não está sendo interrogado por uma suposta afiliação com nenhum deles), Superman é muito mais fácil de ler do que a Estrela Celeste do Heroísmo conhecida como Bruce Wayne vulgo Batman. Sinceramente, é mais fácil aprender japonês em Braille do que conseguir ler qualquer coisa nas expressões corporais do Cavalheiro das Trevas, o sujeito parece uma torre de concreto feita com cimento CP2.

— Tédio — ele repete. — Tédio da sono, simples assim. Se eu não tiver nada para fazer, eu durmo. Se você me tranca em uma sala por duas horas--

— Três horas.

— -- eu durmo.... Três horas? Que diabos! Não me admira que eu tenha dormido. Depois de meia hora encarando aquela pintura horrorosa em cima da lareira, meu cérebro deve ter se desligado sozinho para salvar o resto da minha sanidade.

— Meu filho fez aquela pintura — Bruce diz.

— O objetivo dele era tortura visual? Porque se for, ele é um gênio.

Bruce ameaça dar um passo para frente, mas o possível namorado dele se reposiciona minimamente para ficar no caminho dele. O moreno alto de olhos azuis cerra o maxilar e encara Lowell com intensidade o suficiente para gerar energia para abastecer uma pequena cidade do interior por dois dias e meio.

— O que você quer, Luthor? — o alienígena ilegal pergunta.

— Como assim? — Lowell pergunta confuso. Ele até deixa a cabeça cair para o lado para dar mais ênfase a sua confusão. Levemente fofo, duzentos por cento irritante. 

— O que você quer? — ele repete com irritação. — O que você está fazendo aqui?

— Eu vim falar com o Batman — Lowell responde. — Três horas é muito tempo, mas certamente você não esqueceu disso, né? Quero dizer, o motivo de vocês me trancarem em primeiro lugar foi exatamente por isso.

— E o que um Luthor teria para falar com o Batman?

— Sério mesmo que você continuar fazendo isso?

— Fazendo o quê? — Superman questiona.

— Agindo como se eu não soubesse quem o Batman é — ele responde. — Quero dizer, eu bati na porta do cara e pedi para falar com ele especificamente. Esse joguinho de negação em terceira pessoa pode funcionar com outros idiotas, mas esse idiota aqui não é idiota o suficiente para cair nessa idiotice.

Superman respira fundo, e dessa vez é Bruce quem tem que se reposicionar para impedir que seu amigo, igualmente moreno, alto e de olhos azuis, não ataque, pois enquanto Bruce Wayne parece pronto para socar Lowell Luthor, Superman parece pronto para jogar ele em órbita.

— Eu não estou brincando, Luthor!

— Eu não estou brincando também, senhor Cuequinha Vermelhinha Por Cima Das Calças!

Uma pessoa em plena capacidade mental talvez já teria calado a boca há essas alturas, mas, como já foi discutido antes, Lowell não dorme há pelo menos sessenta horas tirando o pequeno cochilo que ele acabou de ter no sofá mais desconfortável do mundo, então é certo assumir que ele não está em plena capacidade mental, e, sendo assim, ele não vai calar a boca a não ser que alguém lhe obrigue. E, a essas alturas, ele meio que quer ver qual dos dois vai fazer isso.

— O que você quer comigo, Luthor? — o marombeiro rico que gosta de se esconder nas sombras pergunta antes que Superman tenha a chance de dizer outra coisa. Mesmo sem a fantasia de morcego da frutas, ele ainda tem a voz de quem fuma quatro maços de Derby por dia desde os quatorze anos.

— Tu sabe que não precisa fazer essa voz, né? — Lowell comenta. — Primeiro, ela não funciona tão bem quanto você pensa sem o fursuit, e segundo, o estresse não é nada bom para as suas cordas vocais. Se você continuar assim, vai chegar aos sessenta mudo, ou pior, com a voz da Dercy Gonçalves.

— Pare de gastar o nosso tempo com essas piadas bobas! — Superman grita.

— Foi mal, não sabia que vocês são contra perder tempo, mas como é que eu poderia saber? Não é como se nós tivéssemos tido a chance de ter uma conversa amigável com café e bolo antes de vocês me trancarem sozinho por duas horas na sala mais feia que já vi na minha vida!

Se o Batman das Frutas e o Garoto Escoteiro acham que eles são os únicos que podem ficar irritados com a falta de cooperação de terceiros, estão muito errados.

Lowell também está profundamente descontente, o que é péssimo, porque isso quer dizer que alguém vai levar uma porrada, e esse alguém com certeza vai ser ele.

— Pela última vez, Luthor, o que você está fazendo aqui? — Homem Super pergunta. Ele parece exausto, como um CLT que acordou às quatro da manhã para pegar o trem às cinco e chegar no trabalho atrasado às sete e meia. Bom, porque Lowell se sente igual, e entre os dois, ele é o mais propenso a se ver em um cenário infernal desse (supervelocidade e voo deve fazer milagres na vida de um pobre CLT).

— Você não deveria ser inteligente? Digo, sua raça não era superior e avançada ou algo do tipo? Todos esse anos na Terra atrofiaram o seu cérebro ou algo assim? — Lowell encara ele. — Você continua se repetindo como um disco arranhado, perguntando o que estou fazendo aqui, o que quero aqui, sendo que já respondi isso várias vezes! Estou aqui para falar com o Bruce Man, com o Bat Wayne. Com a porcaria do dono dessa casa!

Lowell não percebeu quando ele se levantou e começou a gritar, mas de repente ele está na cara do Homem de Aço, e isso não é nada bom. Isso deveria ser uma visita diplomática, algo simples, algo educativo e, mais importante, um pedido de ajuda. Porque esse é o real motivo dele estar ali, ele — eles precisam de ajuda, e o autodenominado maior detetive do mundo é a última opção que eles têm (literalmente, eles tentaram tudo antes disso e nada ajudou).

— Terminou? — Bruce pergunta.

Por fora, ele parece mais irritado que nunca, desgostoso com a forma como a visita indesejada se vê no direito de gritar e avançar contra o Superman quando é ele quem está tornando tudo mais difícil do que deveria ser (por dentro, seu coração está batendo forte e sua mão está apertando forte o controle remoto que libera um gás sonífero na sala. Bruce não sabe o porque, mas algo nesse franzino magricela que poderia ser derrubado pelo vento lhe causa um medo primitivo, uma resposta de correr ou lutar, e faz uma voz ecoar no fundo de sua mente, uma voz que parece muito com uma risada que é tudo, menos alegre ou divertida, é que zomba de todos as suas fraquezas e aponta todos os seus pecados. E, olhando para Clark, ele consegue perceber que seu amigo está sentido os meus instintos).

— Desculpa — Lowell pede. Ele toma alguns passos para trás e coloca uma certa distância entre ele e Superman. Perder a cabeça nunca ajudou ninguém, pelo menos não do jeito que era esperado. — Olha Clark--

Lembrete: se você não falou para um super-herói que você sabe a identidade secreta dele, não use o nome civil dele em uma frase, principalmente, e essa talvez seja a parte mais importante, se você acabou de gritar e quase atacar tal super-herói e se ele e o seu irmão são ex-namorados que se odeiam.

Em um momento, Lowell está trocando os pés pelas mãos e no outro ele está contra a parede com o jornalista moderadamente educado do Planeta Diário, Clark Kent vulgo Superman, segurando ele pega gola da camisa.

— Como você sabe esse nome?! — Superman praticamente grita. Ele faz questão de pontuar sua perguntar empurrando Lowell com mais força contra a parede. Lowell chora por sua lombar que vai odiar ele mais ainda em algumas horas. — O que você quer aqui? Qual é o seu objetivo em vir aqui e fazer esses joguinhos mentais? Como você sabe meu nome? Como você sabe o nome do Batman?

Superman — não, Clark, isso é pessoal agora — está tão perto que Lowell consegue sentir seu bafo quente em seu rosto, com seu hálito uma mistura repulsiva de café ruim de repartição com atum e abacate?

— Cara, você precisa aprender a escovar os dentes entre as refeições. — Lowell, em toda a sua sabedoria, decide que fazer piadas é mais importante que responder as perguntas.

— Luthor! — Clark rosna.

— Sabe, toda vez que você diz Luthor, eu imagino um cão raivoso espumando pela boca.

— Pare de nos fazer perder tempo e comece a falar ou vou fazer você se arrepender de ter aparecido na minha frente!

— Não se preocupe, Clarkinho, já estou devidamente arrependido. — Lowell sorri por meio segundo, um sorriso aberto e travesso e extremamente debochado, antes de fechar a cara novamente e falar em um tom sério que não combina com nada que ele fez até o momento. — Agora, você vai se afasta de mim antes que eu faça você se arrepender de ter nascido.

Lowell Luthor não é a pessoa mais intimidadora do mundo. Nem a mais atlética ou a mais capaz de ganhar uma briga de rua. Ele é magrelo, raquítico, anêmico. Puro osso, um varapau. Lowell é alto, nós podemos colocar isso a favor dele, mas ter 1,77 não é nada perto dos 1,93 do Superman ou dos 1,85 do Batman, então, nesse cenário, nem alto ele é. Diante de Superman e Batman, Lowell Luthor é nada mais do que uma criança vitoriana morrendo de tuberculose.

Contudo, elo fraco ou não, uma pessoa não vive tanto tempo quanto ele sendo o que ele é sem aprender a lidar com oponentes maiores e mais fortes.

Sendo assim, Clark Kent se afasta de Lowell Luthor, soltando ele como se seu toque queimasse.

— Obrigado — Lowell diz como o rapaz bem educado que ele é quando quer. — Agora, que tal nós pararmos de perder tempo? Os primeiros dez minutos foram engraçados, mas agora isso está ficando velho muito rápido.

— Você que está gastando o nosso tempo, Luthor! — Superman realmente não larga o osso.

— Para com isso! — ele ralha. — Você continua cuspindo o meu nome como se fosse alguma espécie de maldição. Que tal você sentar a merda da sua bunda e calar a bosta da sua boca e me deixar falar em primeiro lugar? Toda essa titica de interrogatório poderia ter sido evitada se vocês tivessem me deixado falar desde o começo, mas não! Tu escutou a praga do meu sobrenome e decidiu me trancafiar como se eu fosse uma espécie de criminoso ao invés de falar comigo como uma pessoa civilizada, só para voltar horas depois e começar a exigir respostas que eu não tenho diacho de obrigação nenhuma em te dar, porque, veja bem, eu não sou um bandido! Saber que vocês gostam de usar fantasia de Carnaval em dezembro não é crime! E só porque o Lex é um chorume de gente e eu, infelizmente, sou irmão dele, não me torna uma extensão dele e de seus crimes! Porque se fosse assim, você deveria ser acusado pelos crimes do seu titio, e o Batzinho ali deveria responder pelo fato de que metade da família dele já mandou alguém ir dormir com os peixes! Então, que tal você perceber logo que, da mesma forma que os pecados do pai não são os pecados do filhos, os pecados dos irmãos também não deveriam entrar nessa lista, e tirar a sua cabeça do rabo e me deixar falar como venho tentando fazer desde que cheguei aqui!

O ar fica pesado ao redor deles, como as nuvens carregadas esperando para o temporal cair. E,  se alguém prestar bastante atenção, há possível sentir um leve odor de uvas recém prensadas.

Ou notar a brisa que vem da janela fecha.

Ou como os olhos de Lowell parecem mudar de cor, oscilando com o humor dele.

Infelizmente, Lowell não percebe nada disso, porque não é como se conseguisse ver seus próprios olhos em primeiro lugar, e as outras coisas são tão comuns que ele nem percebe mais quando acontecem (felizmente, Clark está tão emocionalmente comprometido com a simples existência do Luthor mais novo, que ele também não percebe nada particularmente fora do normal.

E, melhor ainda, Bruce está tão preocupado em impedir que seu amante ataque um civil supostamente inocente, que ele também não percebe nada demais além do brilho tóxico nos olhos multicoloridos de sua visita, contudo, isso não é algo que pode se pode dar ao luxo de pensar no momento, embora seja algo que faria ele perder o sono pelas próprias semanas). 

Respira fundo, Lowell tenta manter o resto de controle que ele tem. Perder a paciência é a última coisa que ele precisa. Coisas ruins acontecem quando ele não está pensando com clareza — não tão ruins quanto explodir uma montanha, mas ruins mesmo assim.

Deuses, ele nunca mais vai passar mais do que vinte e quatro horas sem dormir de novo — talvez trinta no máximo. E quando foi a última vez que ele comeu comida de verdade? Tempo demais se ele não consegue se lembrar. Ele deveria ter ao menos pedido um milkshake para viagem quando ele parou na lanchonete a caminho da mansão, pelo menos ele ia ter algo no estômago além de água.

Bruce e Clark nem para oferecer algo para ele comer. Um cafezinho, chá ou biscoitos, ele nem gosta de café ou chá, mas os biscoitos cairiam tão bem agora. Bolo seria preferível, mas gringo não sabe o poder de uma fatia de bolo a qualquer hora do dia, então ele aceitaria os biscoitos de bom grado. 'Tá certo que ele é um visita que apareceu sem ser convidada, porém Alfred e Ma Kent devem ter dado uma educação melhor para esses dois. Todo mundo sabe que primeiro você trata a visita bem, depois você encarecidamente e do jeito mais descarado, contudo ainda educado, para ela se retirar pois você tem coisa melhor para fazer do que aturar ela. Em outra palavras, você oferece um bolo, um café, e arruma uma desculpa, tipo dizer que vai sair, para expulsar a visita. Eles não oferecem nem água, e ao invés de tentar se livrar dele, deixaram ele trancador em uma câmara de tortura glorificada disfarçada de sala de estar. Sério, todos os móveis nessa sala poderiam ser classificados como instrumentos de tortura, seja por serem mais desconfortáveis do que uma cama de prego ou por serem tão feios que fazem te questionar a sua sanidade, pois claramente é impossível algo ser realmente tão feio assim, ou seja, você tem que estar alucinando a feiura.

Talvez esse seja o ponto da sala, fazer você odiar ter saído de casa em primeiro lugar e querer sair correndo de volta para a cama. Infelizmente, para todos os envolvidos, Lowell é um homem em uma missão, o que quer dizer que essa sala não é nada além de algo que ele definitivamente vai queimar no futuro.

— Eu acredito que o jovem esteja correto — diz uma nova voz. 

Voltando-se para à entrada da câmara de tortura sala de estar, os três encontram Alfred Pennyworth em toda a sua glória mordômica, trazendo consigo uma bandeja com chá e biscoitos.

— Biscoitos!

— Alfred, quando chegou? — Bruce pergunta. 

— Há pouco — o mordomo responde. Ele toma seu tempo para servir os três cavalheiros. — Não o bastante para saber todos os detalhes, mas o suficiente para ouvir o discurso de nosso jovem convidado e, como disse, acredito que ele esteja certo sobre os senhores precisarem dar, no mínimo, uma chance para ele se explicar. Embora, devo dizer, que gostaria que ele pudesse se expressar sem usar de tais palavras. 

— Desculpa — Lowell diz sincero. Ele pode ter perdido a cabeça, mas isso não é desculpa para falar o que quiser da maneira que quiser e desrespeitar as regras da casa. — Esses biscoitos estão ótimos, seu Alfred. Graças aos céus alguém nessa casa sabe como receber convidados. Você acredita, seu Alfred, que nenhum deles se dignou a me oferecer um copo de água? — Ele muda de assunto, jogando os outros dois na lama com ele. Se ele vai se ferrar por sua falta de modos, eles também. 

— Não me diga. — O mordomo lança aos dois um olhar deverás significativo. Bruce e Clark tem a decência de parecerem envergonhados. — Pois bem, meu jovem, lhe peço desculpa pela falta de consideração dos dois.

— Tudo bem, seu Alfred — Lowell dispensa as desculpas do senhor com um sorriso. — Se alguém aparecesse na minha casa anunciando que sabe sobre a minha vida secreta como furry, eu também esqueceria de oferecer bebidas.

— Certamente.

Lowell Luthor pode ser um idiota, mas ele não é burro. Ele sabe que Alfred o considera um inimigo tanto quanto os outros dois, contudo, o mordomo tem biscoitos recheados e suco de maçã, sendo assim, ele não se importa em ser alvo do olhar inquisitivo do cavalheiro.

— Meu nome é Lowell, por sinal. Lowell Luthor.

— Alfred Pennyworth, aos seus serviços. Diga, meu jovem, em que posso ajudá-lo?

— Eu preciso de ajuda — Lowell responde, pois alguém finalmente está fazendo as perguntas certas. — Bem, nós precisamos de ajuda.

— E quem seria nós?

— Todos, mas em especial ela. Foi ela quem me mandou aqui, sabe?

— E quem seria ela?

— Elizabeth Wayne.

Dentre todas as coisas que Lowell Luthor imaginou que poderiam vir a acontecer quando ele finalmente conseguisse falar sobre o porquê dele estar incomodando Bruce Wayne para começo de conversa, receber um gancho de direito de Alfred Pennyworth não estava na lista.

Todavia, ele não deveria estar tão surpreso. Afinal, ele sempre acaba levando um soco de um jeito ou de outro, dessa vez ao menos ele pode dizer que o mordomo é o culpado.

Chapter 2: Bruce Wayne em: por que tem um twink na minha porta?

Summary:

— Você acha que é outro clone meu com o Lex?

— Hum.

— Eu não posso ter outro filho com o Lex, Bruce!

— Hum.

— E se ele for um clone seu com o Lex?

— Hum.

— Não sei o que é pior, outro filho meu com o Lex ou um filho seu com o Lex.

— Hum.

Chapter Text

Por incrível que pareça, Bruce estava tendo um ótimo dia — ou tanto quanto é possível em uma cidade eternamente como Gotham. Nenhum acidente químico estranho ou maluco fantasiado pagando de louco nas ruas, e Alfred tinha feito seu almoço preferido.

Viu, todos os requisitos para um ótimo dia. E nem era duas da tarde ainda.

Para o resto do dia, seus planos incluíam relaxar, participar de um evento de caridade e terminar a noite patrulhando a cidade com seus filhos e agregados. Tudo estava ótimo, de um jeito único que só acontece quando os planetas se alinham e o Universo sente piedade de sua pobre alma. É claro que algo tinha que dar errado.

O começo do fim veio com uma notificação de seu smartwatch dizendo que havia alguém no portão de entrada.

— Que foi? — Clark Kent, sua companhia para a tarde, pergunta.

— Tem alguém no portão — Bruce responde. Ele pega seu celular e puxa a imagem da câmera do portão de entrada. — Hum.

Bruce não consegue ver o rosto da pessoa pois ela está usando um chapéu de aba reta que cobre boa parte do seu rosto. O que ele reconhece é alguém alto, não tão alto quanto ele ou até mesmo Clark, mais um tanto acima da média. O desconhecido está usando uma jaqueta preta com detalhes brancos nos braços e uma calça preta e sapatos também pretos — é assim que eu pareço quando me recuso a usar cores?

— Problemas? — Clark pergunta.

Antes que Bruce possa responder que quem quer que seja é só mais um em uma longa lista de desocupados que acham que podem ir até a Mansão Wayne seja para pedir favores ou para tentar sequestrar alguém — Esse pelo menos não está fantasiado, embora a roupa monocromática não ajude muito ('Sim, Steph, eu sou hipócrita, não, eu não ligo.') — o canal de voz de interfone se ativa sozinho.

— Essa campainha esquisita funciona? — o desconhecido murmura. Ele parece ter percebido o que fez.

— Quem é você? — Bruce pergunta com sua melhor voz de rico irritado e um leve sotaque para disfarça sua identidade.

— Espera, essa campainha é telefone? — o desconhecido fala surpreso. — Nossa, gente rica é outro nível. Na minha casa a gente só grita perguntando quem é mesmo.

— O quê você quer? — Se fosse uma situação publica, Bruce fingiria ter uma pouco mais de paciência, contudo, ele aprendeu há muito tempo que o jeito de lidar com as pessoas que apareciam na porta de sua casa sem convite era com grosseria ou isso abriria mais precedentes para outras pessoas acharem que podem fazer o mesmo.

— Eu quero falar com o dono da casa, por favor — o desconhecido é educado o suficiente. Porém, educado ou não, ele ainda é alguém que apareceu sem convite e está atrapalhando o dia perfeito do Bruce.

— Você tem hora marcada?

— Eu preciso de uma?

— O senhor Wayne não pode atender ninguém sem hora marcada.

— Por que você está falando em terceira pessoal?

— Como?

— Você é o senhor Wayne, não? — o desconhecido vira a cabeça para o lado em confusão e olha diretamente para câmera enquanto ele fala, o que não deveria ser possível pois as câmeras são escondidas. — Sua voz está meio diferente da televisão, mas você ainda é você, né?

Como esse sujeito sabe que o Bruce é Bruce? Disfarce vocal é uma de suas várias habilidades. É quase impossível para as pessoas saberem quem ele é se ele não quiser que ele saiba.

— Por favor, se você quiser falar com o senhor Luthor, entre em contato com a W.E. e marque uma reunião em horário comercial — Bruce decide que o melhor é encerrar a conversa.

— Espera!

Bruce desliga o canal desliga o seu canal de áudio, mas mantém o do desconhecido aberto, não que isso sirva de muita coisa pois o sujeito começa a resmungar em um idioma que Bruce não reconhece.

— Tudo certo? — Clark pergunta.

— Não sei — Bruce responde. Com um rápido deslizar de dos, Bruce sobe a imagem da câmera de entrada no programa de reconhecimento facial e o áudio do idioma estranho em um programa similar, mas para áudios. Ele não sabe o que é, mas tem algo esquisito sobre o desconhecido.

Segundos depois, o relógio de Bruce apita uma segunda vez avisando que o portão foi aberto, e para terror de Bruce o vídeo mostra o desconhecido passando pelo portão e seguindo em direção a porta da frente.

— Você abriu o portão? — Clark pergunta confuso.

— Não — Bruce verifica sua tela e não encontra nenhuma prova de que ele deu o comando para abrir o portão, de fato, seu celular nem reconheceu a abertura do portão. O que só pode significar que o desconhecido fez isso por ele. — Clark, você vai para caverna e troca de roupa e espera o meu comando.

— Você tem certeza que quer lidar com isso sozinho?

— Por enquanto, isso é um assunto referente há Bruce Wayne, não vamos fazer nada de forma precitada — Bruce fala, seguindo em direção a entrada. — O computador já está rodando um programa de reconhecimento facial, se ele achar algo que classifique o desconhecido como perigoso, você pelo meu ponto, qualquer coisa fora isso, você espera o meu sinal.

Bruce e e Clark se separam na entrada. Com Clark seguindo em direção ao estúdio de Bruce, e Bruce se preparando para encarar o intruso.

— Alto lá! — Bruce diz de seu lugar a porta da frente, invocando toda a intensidade de sua persona publica.

O desconhecido para na base dos degraus de entrada. Ele encara Bruce com olhos semicerrados e testa franzida, como se enxergar Bruce fosse difícil.

— Olá — cumprimenta com um aceno. — Nossa, a sua casa é muito grande, você está tentando compensar alguma coisa? É um trauma de infância ou geracional? Que tipo de arquitetura é essa? Faz um tempo que decidi ser arquiteto só de raiva e estou tentando aprender coisas novas, mas eu não sei muito ainda então não consigo reconhecer muitas coisas só de bater o olho, nem todo mundo pode ser uma Sabidinha da vida, né.

— Como você passou pela minha segurança?

— Que segurança?

— Meus alarmes e armadilhas e os cães e o meu portão de ferro maciço de seis metros que pesa cinquenta quilos.

— Oh. — O intruso deixa a cabeça pender para o lado e segura o queixo em pensamento, o gesto estranhamente faz Bruce lembrar um painel de um quadrinho. — Bem, o portão abriu sozinho. E os cachorros só vieram e me cheiraram e saíram de perto depois que eu fiz carinho neles. E eu não vi nenhuma armadilha, mas tinha umas bagunças jogadas pelo caminho que eu tive que evitar pisar em cima para não acabar caindo de cara no chão.

O olho de Bruce treme. Esse sujeito não apenas viu todas as armadilhas, como também evitou pisar nelas sem nem notar o real motivo. E Titus e Ace, que não gostam de estranhos e foram pessoalmente treinados por Damian e Bruce para lidar com invasores, deixaram ele tocar neles sem atacar? Se antes Bruce o classificou como uma inconveniência, ele está rapidamente fazendo o seu caminho para possível ameaça.

— E o quê você quer aqui? — Bruce usa o seu melhor sorriso de 'Brucie Wayne'. Se o desconhecido quer bancar o cabeçudo sem cérebro, Bruce pode fazer igual. Sem falar que a correia da câmera escapando do bolso interno da jaqueta dele pode ser uma indicação de que o intruso não é nada mais do que um jovem aspirante a fotógrafo em busca de uma foto fácil para vender para o jornal que pagar mais. Não seria a primeira vez que alguém dá imprensa invadiu a propriedade em busca de um escândalo e, infelizmente, não vai ser a última.

— Quero falar com o Batsy-- Digo, com o Bruce Man, não, Wayne. Isso, Bat Wayne. Não! — O desconhecido grunhi. Ele leva uma das mãos ao rosto e bufa, balançando negativamente a cabeça. O intruso atrapalhado murmura alguma coisa no idioma estranho que Bruce não consegue entender. Ele respira fundo e levanta o olhar para encarar Bruce, e usando um tom que poderia ser considerado sério pela primeira vez desde que abriu a boca, ele diz: — Quero falar com você, quero falar com o Batman.

Bruce cerra a mandíbula e encara o intruso. Ele é alto, esguio. Sua jaqueta preta coberta boa parte do seu corpo, mas seus ombros largos ainda são bem proeminentes. Ele coloca o seu peso na perna esquerda — e Bruce percebeu em sua pequena caminhada dos portões até a entrada que ele manca da perna direita. Não há armas visíveis em seu corpo, e, considerando o quão justas sua roupas são, a possibilidade de armas ocultas é bem baixa, porém não nula — nunca nula em Gotham.

Tudo nele, do jeito que ele fala ao modo que ele fica em pé com uma postura relaxada como se não tivesse uma preocupação no mundo, grita 'irritante' e 'aborrecimento' com letras garrafais bem grandes. E, ainda assim, ainda sem ativar nenhum alarme mental ou passar uma grama de animosidade, esse sujeito que não deveria ser nada mais do que uma mera inconveniência passou a ser uma ameaça.

— Quem é você? — Bruce estreitou os olhos.

— Bem, isso depende — o suspeito desconhecido começa —, eu sou várias coisas diferentes para várias pessoas diferentes. Irmão, amigo, camarada, marido, tio, amante, filho. Tem essa pessoa em particular que acha que sou uma grande decepção e uma maldição em sua vida, ou até mesmo um emissário demoníaco enviado pessoalmente por Satanás para acabar com a vida dele. Cá entre nós, eu acho que Luce tem o que fazer do que se preocupar com gentalha.

— Eu quis dizer como você se chama.

— É fofo como você acha que isso resolve alguma coisa — ele ri. Genuinamente, sem nenhuma seriedade ou preocupação pela ansiedade que está induzindo. — Como me chamo depende muito. Sou parcial com Dalek, mas gosto de usar Nezumi quando estou jogando. Nemo ou Zero são opções quando Nezumi não está disponível. Agora, como outras pessoas pessoas me chamavam é outros quinhentos, sabe? Um seleto grupo de amigos me chama de Ba--

— Seu nome! — Bruce interrompe. Cinco minutos e essa é a interação mais longa e cansativa que ele teve nos últimos tempos. Bruce se arrepende profundamente de ter saído da cama de manhã. — Qual é o seu nome?!

— O batismo, o que era oficial ou o ilegalmente legal?

— Qualquer um!

— Bem, meu nome de batismo não te interessa — ele responde —, mas atualmente o meu nome legal é Jamu-El Rodrigues Thorul. Contudo, meus advogados estão tentando me ajudar a voltar como o meu nome anterior, já que esse de agora foi adquirido de uma forma não tão lícita quando fui declarado morto uns anos atrás e precisava de documentos urgente. Porém, quando minhas sanguessugas conseguirem reverter a minha morte, meu nome vai voltar a ser Lowell Luthor.

— Luthor?

— Isso, Lowell Luthor.

— Alguma relação com Lex Luthor? — Bruce escuta Clark exclamar em seu ouvido pelo ponto, mas ignora o kryptoniano por enquanto.

— José? Parente meu.

— José?

— É, Lexa do Paraguai — ele responde. — Alexander Joseph Luthor. Joseph equivale a José, sabe?

'Não,' Bruce pensa. 'Não sei de nada, que diabos você está falando?' Bruce tentar não deixar sua confusão transparecer em seu rosto, mas falar com esse sujeito está começando a lhe dar dor de cabeça.

— E ele é seu parente?

— Foi o que eu disse — confirma. — Morcegos não deveriam ter uma ótima audição para compensar pela baixa visão?

Bruce não reage a referência a sua persona, ele não sabe como esse sujeito que se autodeclara um Luthor e não vê problemas nenhum em reclamar Lex Luthor como seu parente, sabe quem ele é, e isso é um problema. Porém, se tem algo que Bruce Wayne sabe fazer é compartimentalizar, e nesse momento a prioridade está no fato dele não reconhece o suposto Luthor, pois Bruce tem certeza de que ele tem uma lista de todos os Luthor que já viveram e espaço de sobra no SSD para adicionar qualquer Luthor que possa vir a existir — não, isso não é esquisito, é só precaução, uma vez que quando um careca maníaco dedica a sua vida a atormentar o seu melhor amigo, fazer uma lista é o mínimo que você pode fazer.

Bruce — Clark diz no ponto —, caverna, agora.

Colocando seu melhor sorriso falso no rosto, Bruce finge-se surpreso (não tão difícil assim) e feliz com a nova informação (totalmente falso) e convida sua visita inesperada para dentro de casa, guiando-o por entre corredores até uma das salas de visitas escondida em um dos cantos mais afastados da casa — seus filhos gostam de chamar a tal sala de 'sala de interrogatório' devido aos móveis desconfortáveis, decoração gritante que agride aos olhos, e o fato de que há apenas uma entrada e uma saída, sem falar de todas as câmeras escondidas.

Quinze minutos depois, uma vez garantido que o suspeito (sim, ele é um suspeito até que se prove o contrário) estava bem guardado e preso sem saber que estava preso, Bruce estava debruçado sobre o teclado do batcomputador.

— Luthor! — Clark grita.

— Hum.

— Ele é um Luthor!

— Hum.

— De onde ele saiu?

— Hum.

— Você acha que é outro clone?

— Hum.

— Você acha que é outro clone meu com o Lex?

— Hum.

— Eu não posso ter outro filho com o Lex, Bruce!

— Hum.

— E se ele for um clone seu com o Lex?

— Hum.

— Não sei o que é pior, outro filho meu com o Lex ou um filho seu com o Lex.

— Hum.

— E se for alguém de outra realidade? Cara, nós acabamos de lidar com o Hal do mal, não quero ter outra bagunça interdimensional.

— Hum.

— Bruce, use suas palavras, eu estou surtando aqui!

Ao invés de oferecer uma resposta multissilábica como uma pessoa normal ('Fica quieto, Dick'), Bruce abre os resultados da pesquisa que ele mandou o Batcomputador fazer, puxando o boletim de ocorrência e a certidão de óbito do suposto Luthor que está esperando em sua sala de estar — além de abrir o vídeo das câmeras escondidas por toda a sala em questão.

— Lowell Luthor — Clark lê em voz alta. — Dado como desaparecido depois do terremoto de quatro anos atrás, e declarado como morto dois dias depois quando seu corpo foi resgatado em alto mar.

— Hum.

— Você acha que isso é mentira? — Bruce não responde, mas o olhar de 'o cara está no meu sofá no momento, o que tu acha?' é mais do que Clark precisa. — Digo, você me entendeu.

— Hum.

— E como podemos ter certeza de que ele é quem ele diz que é?

— Estou rodando o DNA dele no banco de dados da Watchtower.

— E como você conseguiu o DNA dele?

— Fio de cabelo. Blusa.

O computador escolhe esse momento para apitar. Com grandes letras vermelhas e garrafais, o alerta indica que não há nenhuma compatibilidade com o DNA pesquisado.

— Nenhum resultado?

— Parece que o DNA de Lowell Luthor não está no sistema.

Bruce não perde tempo e volta a dar mais comandos para o computador, dessa vez ele faz uma busca mais abrangente para graus de parentesco direto.

— Mas como isso é possível? Eles não tiveram que fazer um teste para comprovar a identidade dele?

— Lowell Luthor nunca foi encontrado, não realmente — Bruce responde. Ele abre outro arquivo, esse tem o logo da LuthorCorp e "confidencial" escrito bem grande em letras vermelhas por todo o arquivo. — Lionel declarou ele morto e encerrou as busca sem nem procurar por ele, e depois pagou alguém para dizer que acharam o corpo, mas isso nunca aconteceu.

— Mas por que ele fez isso? Ele nem se preocupou em achar o filho?

— Hum.

— Você tem uma teoria.

— Lionel odeia ele — Bruce diz.

— O quê?

Com mais alguns cliques e umas sete ou dez leis sendo quebradas, Bruce puxa outro arquivo confidencial da LuthorCorp.

— Ninguém além de Lionel Luthor sabe ao certo da origem de Lowell Luthor — Bruce começa. — Ele apareceu do nada alguns anos atrás, pouco depois de fazer dezoito anos. Certo dia, ele só estava lá. — Bruce abre seis artigos diferentes. Um deles escrito pelo próprio Clark. — Primeiro ele apareceu junto com Lena, depois ele foi visto com Louis e por fim há registros de pelo menos duas interações com o Lex. Nesse tempo todo, nenhum Luthor falou com a impressa ou deu nenhuma explicações sobre o garoto misterioso e suas origens. Contudo, todo mundo notou as semelhanças físicas entre Lowell e os outros, e daí surgiram várias especulações de um possível filho ilegítimo.

— Eu lembro disso. Perry encheu meu saco por horas porque um jornal publicou a noticia do Luthor misterioso primeiro que a gente — Clark resmunga.

— Hum — Bruce puxa um pronunciamento oficial de Lionel. — Até que três meses depois do surgimento de Lowell, e de várias especulações e assédio midiático, Lionel Luthor veio a público e reconhece Lowell como seu filho.

— Louis e Lowell se autodeclararam gêmeos, não?

— Eles nasceram no mesmo dia com sete minutos de diferença.

— Nossa.

— Hum.

— E como isso explica sua teoria sobre Lionel odiar ele?

Bruce abre a gravação da conversa que teve com Luthor na porta de entrada.

Tem essa pessoa em particular que acha que sou uma grande decepção e uma maldição em sua vida, ou até mesmo um emissário demoníaco enviado pessoalmente por Satanás para acabar com a vida dele — Luthor disse.

— Você acha que essa pessoa em particular é o Lionel?

— Exceto por dois eventos obrigatório e as fotos de Natal da LuthorCorp, os dois nunca foram vistos no mesmo lugar — Bruce abre seis outros arquivos. — Não apenas isso, mas há relatos de funcionários que viram Lionel mudar de caminho ou sair de uma sala quando ele percebeu que Lowell estava se aproximar.

— Sério?

— Todos foram obrigados a assinar documentos falando que nunca tocariam no assunto em voz alta com direito a demissão e processo.

— Abusivo.

— Hum.

— E o quê mais?

— Isso.

Bruce abre um arquivo do FBI com o nome de Lowell Luthor nele.

Lowell Luthor tem uma ficha criminal quase tão grande quanto Lex Luthor. Única diferença é que o Luthor mais novo não tem nenhuma implicação sobre tentar dominar o mundo, mas fora isso? Wow.

Roubo de carros, assalto a mão armada, roubo e furto, evasão da polícia, agressão a um policia, vandalismo, vandalismo de propriedade pública, falsidade ideológica, fuga de convocação de juri, estelionato, tentativa de assassinato, suspeita ocultação de cadáver, fuga de cadeia, motim, terrorismo, tráfico de drogas, tráfico internacional de pessoas, sequestro de helicóptero, e aliciamento e sequestro de menores.

— Nossa! — O kryptoniano exclama.Meu Rao, Bruce, como esse cara está livre?

— Nada foi comprovado.

— Lex? Lena? Louis?

— Nenhum deles — Bruce puxa outro arquivo. É de uma firma de advocacia da qual ele nunca ouviu falar, mas acabou de ganhar um lugar no topo da sua lista de lugares para investigar ('Não, isso não é perseguição, quieto Alfred'). — Toda vez que algo acontecia e Lowell Luthor estava no meio, alguém dessa firma de advocacia aparecia sem nem ser chamado e dava um jeito de comprovar que ele não tinha culpa de nada. Na maioria dos casos realmente parece uma situação de lugar errado na hora errada, porém, mesmo em situações com provas, como o negócio com o helicóptero e todas às vezes que ele resistiu a prisão e consequentemente agrediu um policial, no final ele saiu pela porta da frente sem nem pagar fiança, só para se meter em outro problema dois dias depois.

— E ninguém nunca suspeitou que tinha algo errado?

— Muitos, porém todas as investigações deram em nada — Bruce abre um arquivo sobre doze investigações que nunca saíram da primeira fase.

— E você tem certeza que os Luthors não estão metidos nisso? — Clark pergunta com ceticismo.

— Pelo contrário, dois meses depois Lowell aparecer e certas acusações sobre ele surgirem, Lionel tentou abrir sua própria investigação contra ele, mas Lowell teve um encontro ele dois dias depois e Lionel pediu para encerrarem as investigações.

— Você está me dizendo que esse garoto tem Lionel Luthor no bolso dele? — Clark pergunta escandalizado.

— Hum — Bruce compartilha do sentimento, seja lá o que for com que Lowell Luthor está envolvido, nada parece cheira bem. Não apenas pela ficha criminal gigantesca ou pelo fato dele sempre sair impune no final do dia, mas por ele parecer ter algo contra Lionel Luthor ruim o suficiente para mantê-lo em rédeas curtas. Alguém com tanto poder não deveria estar solto por aí sem controle. Lowell Luthor é perigoso de um jeito que Bruce não consegue contabilizar ainda.

O computador apita outra vez. Os resultados para o segundo teste de DNA aparecem na tela.

99% de compatibilidade com Lionel Luthor.

50% de compatibilidade com Louis Luthor.

25% de compatibilidade com Lex Luthor e Lena Luthor.

— Bem, um problema resolvido, dezoito mais adicionados a lista.

— Hum.

— Como Lowell e Louis tem 50% de compatibilidade quando eles são meio irmãos?

— Hum.

— Será que eles realmente são gêmeos?

— Hum.

— Será que ele é um clone do Louis?

— Clark.

— O que foi? Luthors têm mania de fazer clones, vocês sabe disse.

— Se ele fosse um clone, seria 100% de compatibilidade.

— Talvez ele seja um clone do Lionel.

— Então o computador teria apontado DNA dele como sendo do Lionel, e a compatibilidade dele com os outros seria maior pelo grau de paternidade.

— Então Louis e Lowell são filhos da mesma mulher?

— Louis Luthor é filho biológico de Lilian e Lionel Luthor — Bruce coloca as informações sobre Louis Luthor na tela.

— Então de onde saiu esses 50%?

— Eu não sei! — Bruce se exalta momentaneamente. Ele não grita, mas considerando a sua personalidade, qualquer um na sua família diria que isso é praticamente um grito.

— Se ele é mesmo o Luthor, o que você acha que aconteceu? — Clark nuda de assunto.

— Minha teoria no momento é que ele planejou seu desaparecimento para fugir de questões legais, e Lionel se aproveitou disse para matá-lo.

— Que questões legais? Tem mais coisa além daquela lista infinita?

— Dias antes de seu desaparecimento, Lowell Luthor foi citado como instigador de um caos generalizado em Las Vegas — Bruce abre um arquivo da polícia em uma tela e seis artigos de jornais diferentes em outra. Os artigos mostram Luthor em Las Vegas montado em uma zebra. Há também uma ilhama de chapéu no fundo da imagem, além de um leão.

— Ele roubou uma zebra?

— Achou.

— O quê?

— Uma companhia de transporte de animais chamada Kidness International teve seu caminhão violado horas antes e os animais que eles estavam transportando, ilegalmente, por sinal, foram soltos. — Bruce passa o vídeo da comoção.

— E nós sabemos que não foi o Luthor como?

— Na hora que os animais foram soltos, Lowell e duas outras pessoas estavam sendo expulsas do sexto casino consecutivo por suspeita de trapaça e roubo. — Bruce coloca um vídeo da segurança de um dos casinos mostra Luthor e dois desconhecidos antagonizando a equipe de seguranças. — Os três ganharam dois milhões em quatro horas.

— Dois milhões?

— O mais interessante é que nenhum dos casinos conseguiram comprovar nenhum tipo de trapaça — Bruce lê o boletim da polícia. — Luthor, por sua vez, nem estava apostando.

— Como?

— Ele entrou no casino com os outros dois, porém enquanto a mulher foi para as máquinas de caça-níquel e o outro rapaz foi para a roleta, Luthor estava nas máquinas de pegar bichinhos de pelúcia — Bruce abre vários vídeos diferentes do Luthor gastando uma quantidade absurda de dinheiro na garra. — Ele não ganhou uma única vez.

— Ele realmente é ruim — Clark conta seiscentos dólares gastos em apenas uma das máquinas.

— Dentro de meia hora, os dois desconhecidos ganharam quase trezentos mil sem perder uma única vez. Eventualmente, alguém percebeu que havia algo de errado com os dois, e eles foram encurralados pelos seguranças, que os levaram para um canto sem câmeras. Dez minutos depois, os dois apareceram e foram até o Luthor e então deixaram o cassino depois de trocarem as fichas sem ninguém pará-los um segunda vez. Os seguranças não aparecem mais em nenhuma filmagem depois disso, porém há registro deles dando entrada no hospital algumas horas depois com múltiplos ferimentos. Os três repetiram o mesmo padrão pelo resto do dia, com a mulher indo para os caça-níqueis, o rapaz para a roleta e Luthor para a máquina de bichinhos, até eles serem questionados pela segurança, sumirem da câmera só para aparecer depois como se nada tivesse acontecido e seguir para o próximo cassino, até que depois do sexto cassino, Luthor decidiu que cavalgar uma zebra no meio de uma Las Vegas em pânico era uma excelente ideia.

— E depois de tudo isso nenhum deles foi preso?

— Luthor e a zebra juntamente com os outros animais saíram de Vegas em direção ao leste e depois disso nenhum dos animais foram visto. Luthor, no entanto, apareceu em uma praia em Santa Mônica alguns dias depois, onde Perseus Jackson, até então alvo de uma caçada em nível nacional por suspeita de terrorismo doméstico, estava lutando a mão armada contra um sujeito desconhecido que foi apontado como o verdadeiro culpado por trás dos atos de vandalismo e terrorismo, além de ter sido acusado de ter sequestrado Perseus e duas outras crianças.

— E Luthor simplesmente estava no meio disso tudo?

— Ele apareceu no final da luta, e se ofereceu para pagar as passagens de avião das três crianças de volta para Nova Iorque, de onde Perseus havia sindo raptado no começo das férias de verão.

— E se Perseus e os outros chegaram em casa?

— Sim.

— E o Luthor?

— Ele pegou um táxi em direção a São Francisco, porém algo aconteceu no caminho e o táxi foi achado seis horas depois queimado em uma vala. Dentro veículo foi achado apenas a carteira de Luthor, provando que ele esteve no carro em algum momento. O motorista nunca foi achado.

— E dois dias depois o "corpo" de Lowell Luthor foi encontrado no mar — Clark fala com aspas imaginárias.

— Hum.

— E os dois de Las Vegas, o que aconteceu com eles?

Com uma sequencia rápida de comandos, Bruce isola as imagens das câmeras de segurança além aumenta elas. Ele também passa as imagens pelo banco de dados nacional e pelo sistema de reconhecimento de facial.

— Nada.

— Como disse, os cassinos nunca puderam provar que eles trapacearam.

— Eles só pegaram o dinheiro e foram embora?

— Isso.

— E quem são eles?

— Não sei.

— Como?

— Os dois aparecem em vários lugares por todo o mundo. Brasil, Porto Rico, México, Galês, além de dezenas de localidades diferentes pelo país — Bruce puxa várias fotos diferentes. — Sempre dois passos atrás de Lowell Luthor, no entanto, o computador não consegue achar nenhuma identidade atrelada aos dois.

— Como isso é possível? Mesmo se eles tivessem identidades falsas, isso ainda apareceria no sistema.

— Hum — Bruce responde a contragosto. Ele odeia não saber das coisas.

Clark encara as imagens espalhadas por vários monitores. Seu olhar é tão intenso que se ele tivesse menos controle sobre suas habilidades, Bruce ficaria com receio dele sem querer atravessar o computador com sua visão de calor.

— Essa mulher junto com o Luthor, eu sinto que já vi ela antes — Clark eventualmente diz. Sua testa está franzida e ele tem aquela expressão de quem está tentando muito lembrar de algo, mas não consegue por nada no mundo.

— Hum.

— Sabe, eu conheço uma pessoa que é boa em achar pessoas que não querem ser achadas — Clark comenta. — Talvez, eu possa mandar uma foto dos dois para ela e pedir ajuda com a desculpa de ser para uma matéria.

— Lois?

— Não — Clark nega com a cabeça. — É outra, gosta de trabalhar com reportagens investigativas, em especial qualquer coisa relacionada a bilionários.

— Hum?

— Ela gosta de tentar destruir eles — Clark sorri. — Ela também odeia o Lex, tipo, muito. Quase tanto quanto a Lois.

— Você confia nela?

— O suficiente para pedir ajuda.

Bruce pondera por um instante. Por um lado, ele não gosta de outras pessoas se metendo em suas investigações, por outro lado, ele não tem tempo o suficiente para se dedicar a dois desconhecidos, pois além de todos os seus problemas como Bruce Wayne e todos os seus casos em abertos como Batman, ele tem que lidar com um Luthor em sua casa que sabe sobre sua identidade secreta.

— Tente — Bruce concordou por fim. Com mais alguns comandos, ele envia as imagens que recolheu dos desconhecidos para o e-mail de Clark.

Enquanto Clark se recolhia em um canto da caverna para fazer uma ligação para a tal conhecida, Bruce deu outro olhada em seu visitante que continuava sentando sem fazer nada. Garantindo que o vídeo ainda estava ao vivo e que o Luthor realmente só não estava fazendo nada mesmo, Bruce voltou a sua pesquisa.

Nada sobre Lowell Luthor faz sentido. Desde o seu aparecimento aos dezoito anos até a sua suposta morte aos vinte e três anos. O Luthor mais novo (ele nasceu sete minutos depois de Louis) é como um grande ponto de interrogação verde neon piscando de forma grotesca e implorando para alguém prestar atenção e desvendar ele — e se tem uma coisa que Bruce entende, é de pontos de interrogação verde neon.

Luthor mencionou um suposto nome de batismo, contudo, Bruce não consegue achar o tal nome em nenhum dos bancos de dado que ele tem acesso, sendo assim, não existe nenhuma informação sobre Lowell Luthor antes de Lionel reconhecê-lo legalmente como filho. Não existe nem mesmo um pedido legal ou um processo para forçar o patriarca Luthor a fazer isso, nem mesmo um teste de DNA para comprovar a paternidade.

Lowell Luthor apenas apareceu, e pronto.

Por mais que Bruce não falar isso em voz algo para instigar mais ainda a paranoia de Clark ('O sujo falando do mal lavado.'), a verdade é que a possibilidade de que ele talvez seja um clone não é nula. Bruce não descarta nem a possibilidade do Luthor sentando em sua sala de estar seja um clone do Lowell que foi dado como morto — com os Luthors você nunca sabe. Única coisa que prova a existência de um Lowell Luthor original é a existência de um registro de nascimento datado há vinte e sete anos atrás, seguido por um documento de terminação de direitos parentais e uma criança sendo colocado para adoção logo em seguida que achou nos arquivos da LuthorCorp (lê-se: Bruce teve que quebra unas vinte camadas de proteção e várias outras leis para acessar). Não há nenhum nome na papelada do hospital e nos documentos de adoção além de um dos alias de Lionel Luthor, sendo assim, Bruce não faz ideia de quem seja a mãe de seu visitante. Ele também não consegue achar nenhum dos documentos de adoção.

É como se, por dezoito anos, Lowell Luthor tivesse parado de existir. Ou como se alguém tivesse tentado com muito afinco fazer com que ninguém descobrisse que ele existia em primeiro lugar. O que, conhecendo Lionel, é bem possível.

Luthor por sua vez, na única entrevista pública que deu desde que foi reconhecido legalmente como filho de Lionel, apenas disse que, ao completar dezoito anos, fez um pedido para o governo do Brasil (onde, aparentemente, ele nasceu e cresceu) para receber a sua certidão de nascimento original e, de acordo com a lei do país, ele recebeu. E assim ele descobriu que era um Luthor. Lowell também disse que não se importava com o dinheiro ou a fama, ele só queria conhecer os seus irmãos e por isso ele foi atrás de Lena e Louis primeiro e subsequentemente Lex — 'Estava esperando para ver se ele era mentalmente instável antes de me comprometer em ter alguma relação com ele. Nada contra pessoas insanas, conheço várias, mas existe insanidade e existe megalomania, e eu não estou disposto a lidar com outro parente que se acha o rei do mundo,' Luthor na mesma entrevista. 'Esse tipo de pessoa é um saco e eu não vou ficar batendo palma para maluco, sinceramente.'

Lionel, por sua vez, não foi mencionada nenhuma vez por Lowell, as únicas vezes que ele é mencionada foram as vezes que Lois (porque é claro que Lois fez a entrevista) mencionou ele — o que pode explicar porque ele nunca entrou com um pedido de reconhecimento de paternidade.

Na realidade, se Bruce suspeita que Lionel odiava Lowell o suficiente para forjar a morte dele só para não gastar esforços para procurá-lo, Lowell parece odiar o pai na mesma intensidade se todo o tempo que ele levou para garantir que eles nunca interagissem e todas as vezes que ele nunca falou sobre o pai são algum indicativos.

Luthor realmente parece se importar apenas com os irmãos. Com Lena e Louis sendo obviamente seus favoritos, e Lex sendo mais como um parente que ele tolera mais que qualquer coisa (geralmente durante os períodos onde Lex não estava trabalhando ativamente como um supervilão).

Mudando sua pesquisa para o nome falso que Luthor lhe ofereceu mais cedo, Bruce encontra mais do mesmo.

Jamu-El Rodrigues Thorul.

'El? Como em Kal-El?' Bruce tem um pressentimento ruim sobre isso.

'Espera, Thorul é só Luthor fora de ordem.' Ele nem estava tentando se esconder, estava?

O alias de Luthor também uma lista de acusações que nunca deu em anda, o que prova que o sobrenome Luthor nunca foi o motivo dele se livrar da cadeia tantas vez. Bruce também acha alguns imóveis e estabelecimentos sobre o nome — complexos de apartamentos, redes de cafés e padarias, ginásios e centros comunitários. A primeira vista, tudo legal e limpo, tirando o fato de que foram comprados usando um nome falso. Os apertamentos são em sua maioria para universitários ou parentes solos, e os centros comunitários e ginásios têm vários programas grátis com uma proposta para manter as crianças e adolescentes fora das ruas e ocupadas depois da escola — tudo coisas que Bruce tentar fazer por Gotham.

Contudo, com um pouco mais de pesquisa, uma uma longa lista de reclamações de pertubação doméstica e reclamações de vizinhos que, surpresa, nunca deram em nada — duvido que esses lugares são legais e limpos quanto parecem.

O mais preocupante, no entanto, é o recibo da compra de um prédio em Gotham.

Por que ele comprou um prédio no Beco do Crime?

E por que Bruce não fui notificado?

Jason não vai gostar da ideia de um Luthor se envolvendo no território dele.

Bruce consegue sentir a dor de cabeça se formando.

Luthor não apenas comprou um complexo de apartamento inteiro em Park Row, mas ele também fez outras compras com duas sendo em Bowery e outra em Narrows. Esse sujeito que nunca pois os pés em Gotham antes comprou três prédios nos locais onde até as pessoas que nasceram e cresceram em Gotham evitam se podem.

'Juro por Deus, se isso for outro aspirante a lorde do crime, eu vou deixar o Jason atirar nele.'

Diferente de sua identidade original, a pegada virtual de Lowell como Thorul é um tanto mais prominente. Enquanto os únicos registro de Lowell Luthor são em terceira pessoa, Jamu-El Rodrigues Thorul tem pelo menos uma conta no finado Twitter que pode ser ligada a ele, além de um Instagram e um Tumblr — quem ainda usa isso?

Luthor não dá a entender quem ele é em nenhuma das publicações no Twitter, usando o aplicativo só para reclamar da vida de assalariado como se ele não fosse o filho legalmente morto de um bilionário. E seu Tumblr é uma colagem de publicações sobre várias mídias diferentes e textos gigantes sobre as coisas que ele gosta e textos maiores ainda sobre as coisas que ele odeia, separadas cronologicamente por suas obsessões da vez (há também um blogue secundário dedicado inteiramente a falar sobre como Superman e Lex Luthor são casal de divorciados, mas Bruce não vai tocar nesse assunto — por hora).

Seu Instagram, por outro lado, é interessante. Não apenas Luthor tem dezenas de fotos com os dois desconhecidos de Las Vegas, como também têm fotos com Perseus Jackson datadas de antes e depois do caso em Santa Mônica — o que é outro item para a lista gigante de coisas para averiguar. Jackson e os suspeitos de Las Vegas aparecem em fotos em um local que parece um acampamento, com várias árvores e um lago em algumas fotos, e chalés e crianças de todos os tamanhos e idades usando a mesma blusa de um laranja vibrante. Há algo escrito na blusa, mas em nenhuma das fotos é possível lê o que é. Não importa o ângulo, Luthor ou quem quer que esteja tirando a foto, nunca pega a logo e o nome na blusa — se isso é intencional ou não, Bruce não pode confirmar.

Bruce não consegue achar nada tentando rastrear a geolocalização das fotos ou passando o cenário no fundo pelos vintes programas de reconhecimento de paisagem que ele tem acesso.

É como se o lugar onde as fotos foram tirados não existe no mesmo plano que o resto do mundo, e Bruce odeia isso.

Além das fotos no suposto acampamento, há fotos em Nova Iorque, no Rio de Janeiro, em Porto Rico e até no Tibete, e em diferentes lugares pelos Estados Unidos, além do Canadá e México. Uma parte dos destaque é reservada há uma sessão especial de fotos na Doctor Who Experience em Cardiff, datada na mesma semana que Bruce foi arrastado por Dick para visitar a mesma exibição porque eles iriam fechar e Tim queria muito ir, mas não sabia como pedir — para horror de Bruce, Dick e Tim e Steph aparecem no fundo de uma das fotos.

'Como essas fotos nunca apareceram em nenhum dos meus programas de busca? O perfil nem está trancado.'

— Bruce? — Clark chama.

— Hum? — Bruce fecha todas as abas envolvendo Jamu-El Rodrigues Thorul. Ele não quer lidar com Clark descobrindo esse pequeno detalhe no momento.

— Ele está dormindo? — O jornalista pergunta.

Bruce volta sua atenção para o monitor no canto superior direito que mais parecida uma tela de descanso do que uma transmissão ao vivo. Luthor está deitado no sofá, com as pernas vazando para fora do sofá por cima do braço do sofá, e com seu chapéu protegendo seus olhos da claridade.

— Eu acho que sim?

— Esse não é o sofá mais desconfortável que você tem?

— Hum.

Sim, esse é. Nem Dick, que consegue dormir em qualquer lugar, conseguiria dormir nesse sofá em especial.

Nada, absolutamente nada sobre Lowell Luthor faz sentido.